UNIDADE CURRICULAR DE GERIATRIA
Faculdade de Medicina - Universidade de Coimbra
Regente: Prof. Doutor Manuel Teixeira Veríssimo
Ano Letivo: 2012 - 2013
Sumário das aulas
1. Definição, teorias e demografia do envelhecimento
2. Anatomofisiologia do envelhecimento e suas relações
clínicas
3. Tipos de envelhecimento / envelhecimento saudável
4. História clínica do idoso
5. Avaliação multidimensional do idoso
6. Particularidades clínicas do idoso
7. Síndromes geriátricas1
8. Síndromes geriátricas 2
9. Farmacologia do idoso
10. Nutrição do idoso
11. Atividade física no idoso
DISCIPLINA DE GERIATRIA
Aula teórica 1
Definição, teorias e demografia do
envelhecimento
Manuel Teixeira Veríssimo
Definições
 Geriatria
- Ramo da medicina que estuda as doenças do
idoso
• Interessa essencialmente médicos e outros técnicos de saúde
 Gerontologia
- Ciência que estuda o processo do
envelhecimento
• Abarca todas as áreas com interesse no envelhecimento
– Sociólogos, biólogos, médicos, epidemiologistas,
antropologistas, etc.
Definição de envelhecimento
• Processo intrínseco dinâmico e progressivo no qual
há modificações morfológicas, fisiológicas,
bioquímicas e psicológicas que determinam perda
progressiva da capacidade de adaptação do
indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior
vulnerabilidade e maior incidência de processos
patológicos que terminam por levá-lo à morte.
Definição de envelhecimento
• Ladislas Robert (1994):
É a perda progressiva e irreversível da
capacidade de adaptação do organismo às
condições do ambiente.
Características dos mecanismos
implicados no envelhecimento
 Características dos mecanismos
implicados:
- são progressivos
- são nocivos
- são irreversíveis
- São comuns a todos os seres vivos,
embora variem de espécie para espécie.
Teorias sobre envelhecimento
 Existem mais de 300 teorias para explicar o
envelhecimento
- Muitas estão ultrapassadas e
- Todas as outras são incompletas na sua explicação

O envelhecimento não pode ser reduzido a uma
única causa, dependente de um único
mecanismo biológico
O envelhecimento é multifactorial devendo ser
visto como um intrincado de mecanismos para
os quais ainda não há explicação completa.
Teorias do envelhecimento
 Teorias Estocásticas
-
Lesão/reparação do ADN
Oxidação/radicais livres
ADN mitocondrial
Radiações
O envelhecimento é consequência de lesões sucessivas
que conduzem ao desgaste,
disfunção celular e morte bem
traduzidas pela expressão
“desgaste e ruptura”.
 Teorias Deterministas
-
Mutações somáticas
Genética
Neuroimunoendócrina
Telomerases
O envelhecimento é consequência directa de um programa
genético, sendo o genoma um
tipo de relógio molecular,
biológico.
-Hayflick defende que o nº de vezes que uma
-célula se reproduz está geneticamente determinado
Idade de início do envelhecimento
 Controversa. Segundo a maioria dos Autores:
- Período seguinte à fase de maturidade
- Fim da 2ª década de vida, mantendo-se pouco perceptível
por mais uma década
- Cerca dos 23 A
- Dependendo dos órgãos, aceita-se que haja uma perda de
função de 1%/ano depois dos 30A
 O timo e os ovários são os órgãos que mais
rapidamente envelhecem
Demografia do Envelhecimento
 O aumento crescente do nº de idosos e
sobretudo de muito idosos é uma realidade
universal.
 Existem actualmente cerca de 400 milhões de
idosos em todo o Mundo prevendo-se que em
2020 sejam mais de 1000 milhões.
 60-70% dos idosos pertencem aos países
desenvolvidos.
Envelhecimento no Mundo
Idosos no Mundo
Demografia do envelhecimento
II
Envelhecimento em Portugal
VI
100+
95-99
90-94
85-84
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
Homens
1960
6,0
5,0
4 ,0
3,0
2,0
1,0
2025
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Homens
2005
1,0
2,0
100+
95-99
90-94
85-84
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
Homens
5,0
0,0
0,0
Mulheres
100+
95-99
90-94
85-84
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
3,0
4,0
5,0
6, 0
5,0
Mulheres
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
Homens
5,0
5,0
4,0
3,0
0, 0
1,0
2,0
3,0
100+
95-99
90-94
85-84
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
2050
0,0
Mulheres
2,0
1,0
0,0
4,0
5,0
Mulheres
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
INE - 2007
5,0
Envelhecimento em Portugal
 Census de 2011:
- 19,1% da população tem mais de 65 A
- > 1.9 milhão de idosos
 Previsão para 2050:
- 1/3 da população
- > 3 milhões de idosos
Esperança de vida em Portugal
Masc.
Fem.
1981
68.2
75.2
1990
70.5
77.5
1995
71.5
78.6
2001
73.4
80.4
2006
75.2
81.7
2011
± 76
± 82
Evolução da esperança de vida em Portugal
90
80
80.4
76.7
77.3
81.7
82
75.2
75.3
78.6
73.4
70.8
70
69.1
70.2
71.5
66.4
64.2
60
60.5
60.7
55.5
52.8
50
49.2
48.6
44.8
40
40
35.8
30
1920
1930
1940
1950
1960
1970
masculino
1980
1990
feminino
1995
2000
2005
2011
Causas do envelhecimento demográfico
 Melhoria das condições sócio-económicas
 Melhoria dos cuidados de saúde
 Migrações e guerras
 Diminuição da natalidade
Consequências do Envelhecimento
Demográfico
 Económicas
 Sociais
 Sanitárias
 Éticas
Consequências Económicas
 < % de população produtiva
 > % de população dependente
 > despesa com a segurança social
Consequências Sociais
 < mobilidade social
 Alterações das relações profissionais
 Alterações das relações familiares
 Conflito de gerações
 > necessidade de instituições de assistência
ao idoso
Consequências Sanitárias
 > nº de doentes ou em risco.
 > consumo de cuidados primários.
 > consumo de cuidados diferenciados.
 > consumo de medicamentos.
 > necessidade de pessoal especializado.
 Necessidade de instituições especializadas.
Consequências Éticas
 Problemas do doente crónico e terminal.
 Problemas da morte.
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 2
Anátomo-fisiologia do envelhecimento
e suas implicações clínicas
Manuel Teixeira Veríssimo
Anátomo-fisiologia do envelhecimento
 O envelhecimento pode ser entendido como um
processo dinâmico e progressivo, no qual há:
- Alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas
- Que vão alterando progressivamente o organismo
- Tornando-o mais susceptível ás agressões
extrínsecas e intrínsecas
- Que terminam por levá-lo à morte
 Quais são essas alterações?
Alterações com o envelhecimento
 Alterações celulares
-
Núcleo
Citoplasma
Membrana
Outros componentes celulares
 Matriz extracelular
- Colagénio
- Elastina
 Alterações dos tecidos e órgãos
Velocidade de envelhecimento dos
órgãos e sistemas
 O envelhecimento afecta de modo desigual as
funções dos tecidos.
- Declínio mais rápido nos tecidos elásticos
*Aparelho circulatório
*Aparelho respiratório
*Pele
- Declínio mais lento nos tecidos nervosos
*O envelhecimento só anularia a condução nervosa por
volta dos 400A
Variação Inter-Individual do Envelhecimento
 A idade cronológica não afecta de igual modo
todos os indivíduos.
 Razões da variabilidade individual:
- Genéticas
- Doenças
- Condições de vida
Condicionam
diferentes tipos de
envelhecimento
Tipos de envelhecimento
 Normal ou Fisiológico
- Usual ou comum
- Bem sucedido ou saudável
 Patológico
- Associado e acelerado por doenças
durante a vida
Envelhecimento usual ou comum
 Os factores extrínsecos intensificam
os efeitos do próprio envelhecimento
- Má alimentação
- Sedentarismo
- Alcoolismo
- Consumo de drogas
- Poluição
- Tabagismo
- Stress
- Sono inadequado
Envelhecimento bem sucedido
ou saudável
 O envelhecimento é apenas influenciado pelos
factores intrínsecos
- Sem efeito negativo dos factores extrínsecos
 Algumas práticas podem mesmo atrasar o
envelhecimento
- Actividade física regular
- Alimentação adequada
- Hábitos higiénicos de vida em geral
Envelhecimento patológico
 Situação em que as doenças ao longo da
vida aceleram o envelhecimento
Hereditárias
Crónicas
Acidentais
Doenças reumáticas
- Artrite reumatóide
- Esclerodermia
Doenças infecciosas
Progeria
- SIDA
- Tuberculose
Tumores
D. cardiovasculares
Paraplégicos
Tetraplégicos
Lesões C.E.
ALTERAÇÕES ANÁTOMOFISIOLÓGICAS COM
O ENVELHECIMENTO
 Modificação a nível da composição
corporal
 Alterações a nível dos aparelhos e
sistemas
Alterações com envelhecimento
Efeito do envelhecimento na composição
corporal:
 Diminuição da massa magra
•
•
•
•
Água
Músculo
Osso
Vísceras
 Aumento da massa gorda
• Predominância da gordura abdominal
Modificação da composição corporal com
o envelhecimento
Consequências
 Gerais
- Alterações farmacodinâmicas
 Específicas
- Relacionadas as modificações
• Da massa gorda
• De cada componente da massa magra
Consequências da modificação da
composição corporal com o envelhecimento
 Consequências anatómicas e clínicas da
diminuição da massa magra:
-  Tamanho dos órgãos
•  Capacidade de reserva funcional dos órgãos
-  Massa muscular
•  Força muscular   capacidade funcional
-  Água corporal
• Maior risco de desidratação
-  Massa óssea
• Osteoporose  fracturas
Consequências da modificação da
composição corporal
• Consequências do aumento da massa gorda
• Principalmente a nível abdominal
  risco de diabetes
  risco cardiovascular
  risco cancro do cólon e mama
 Problemas ortopédicos
 Outros
Estatura, peso e envelhecimento
 A estatura diminui cerca de 1cm por cada 10
anos dos 40 até aos 70, acentuando-se depois
essa redução:
-
achatamento das vértebras (osteoporose)
redução dos discos inter-vertebrais
cifose dorsal
arqueamento dos membros inferiores
achatamento do arco plantar
 O peso aumenta ao longo da idade adulta até
atingir um “plateau” por volta dos 60-65 A, tendo
depois tendência a diminuir.
Relação peso/estatura e envelhecimento
 O IMC (peso/altura²m) é o índice de avaliação
nutricional mais usado no Mundo
 No idoso tem limitações
- Sobrevalorizado em relação ao não idoso
• Devido à diminuição da altura
Normal
IMC
<18.5
> 18.5 < 25
 25<30
 30
OMS - 1998
Classificação
Desnutrição
Normal
Pré-obesidade
Obesidade
Idoso
IMC
<21
 21<25
 25 <30
> 30
Classificação
Desnutrição
Risco desnutrição
Normal
Obesidade
Ferrry e Alix - 2002
Alterações morfológicas
associadas ao envelhecimento
  circunferência do crânio
  tamanho do nariz e pavilhões auriculares
  diâmetro antero-posterior e redução do
diâmetro transverso do tórax
  diâmetro antero-posterior do abdómen e do
diâmetro bi-ilíaco
  pregas cutâneas dos membros
- Distribuição centrípeta da gordura
Alterações morfológicas
associadas ao envelhecimento
 Despigmentação, perda e enfraquecimento do
cabelo
  pilosidade corporal, com excepção:
- No homem: aumento dos pêlos das narinas,
pavilhão auricular e sobrancelhas
- Na mulher: crescimento dos pelos no lábio superior
e mento
 Edema da pálpebra inferior
- Herniação de gordura e retenção de líquido
Alterações morfológicas
associadas ao envelhecimento
 A nível da pele:
- Tendência para a palidez
– Devido à diminuição da quantidade de melanócitos
- Manchas hiperpigmentadas acastanhadas
• Presentes especialmente nas mãos e face
– Devido a alterações do funcionamento dos melanócitos
- Equimoses por pequenos traumas
• Mais frequentes nas superfícies de extensão
– Devido à menor elasticidade da pele e adelgaçamento
da epiderme
-  Secreção glandular sebácea e sudorípora
• Pele mais seca e mais sensível às variações de temperatura e
infecções
Alterações osteoarticulares
associadas ao envelhecimento
 Fracturas associadas a pequenos traumatismos
- Vértebras
- Colo do fémur
- Rádio
Associadas a osteporose
 Cifose dorsal
- Fractura em cunha do corpo vertebral
 Artrose com deformação articular
- Mãos
- Joelhos
- Pés
Alterações musculares associadas
ao envelhecimento
  Massa muscular
-  Tamanho e n.º de fibras musculares
-  Força muscular
 Capacidade funcional
 Independência
 Qualidade de vida
 Importante a prática regular de actividade física
- Contraria esta tendência
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 3
Anátomo-fisiologia do envelhecimento
e suas implicações clínicas (continuação)
Manuel Teixeira Veríssimo
Alterações cardiovasculares
associadas ao envelhecimento
 Ao contrário dos outros órgãos o coração
aumenta de tamanho e de peso com a idade
- Aumento da espessura das paredes do ventrículo
esquerdo (cerca de 30% entre os 25 e 80A)
 Há diminuição do nº de miócitos cardíacos
 Há aumento do tecido fibroso
- Duplicação relação à idade jovem
Diminuição da reserva cardíaca
Insuficiência cardíaca
Alterações cardiovasculares
associadas ao envelhecimento
 A aterosclerose está virtualmente presente em
todos os idosos
 Espessamento e calcificação valvular
- Mitral e aórtica mais atingidas
Sopros
Estenose
Insuficiência
Endocardite
  pressão arterial
- principalmente a sistólica
• 35 mm entre idade jovem e avançada
  reflexos barorreceptores
- A hipotensão postural está presente em a 30-50%
dos idosos acima dos 75A
Envelhecimento do aparelho respiratório
 O envelhecimento influencia anatómica e
funcionalmente o aparelho respiratório
- Aos 60 anos a resistência elástica da parede torácica
é o dobro da do adulto jovem
Alterações torácicas
-  diâmetro antero-posterior
Deterioração
da elastina
-  diâmetro transverso
-  altura do tórax
- calcificação das cartilagens condro-costais
Volume corrente: =
Capacidade vital:
Volume residual: 
CRI: 
CRE: 
VEMS 
- rigidez da caixa torácica
-  capacidade dos músculos respiratórios
Envelhecimento do aparelho respiratório
Alterações anatómicas
+
Alterações brônquicas
-  produção de muco
-  actividade ciliar
+
 reflexo da tosse
+
 Frequência de aspiração de alimentos
+
 defesas imunológicas
Grande vulnerabilidade dos idosos às infecções respiratórias
Envelhecimento do aparelho digestivo
 Apresenta grande capacidade de reserva, mas
Perda de dentes
 quantitativa e qualitativa da saliva
 coordenação neuro-muscular do esófago
- Disfagia
-
- Regurgitação
- - Dor retro-esternal
- - Engasgamento
- - Desnutrição
Estômago
Anemia
 produção de ácido clorídrico
 produção de factor intrínseco
- ↓Absorção de Vit. B12
- ↓Absorção de ferro
Cólon
  motilidade
  pressão intra-luminal
- - Obstipação
- Divertículos
Envelhecimento renal
 À medida que a idade avança o rim vai sofrendo
alterações anatómicas e estruturais:
-  tamanho e volume (280  220 g aos 80 A)
- Redução do n.º de glomérulos (30-50% aos 70 A)
 Menor capacidade de reserva funcional
- Mais fácil a insuficiência renal aguda
 Alterações farmacodinâmicas
- Ajuste na posologia medicamentosa
Envelhecimento do sistema reprodutor
Mulher
- Órgãos atrofiam-se e diminuem de peso
- Útero
• aos 50 A pesa ½ do que pesa aos 30
• a sua elasticidade diminui com invasão por fibrose
• o útero desce por fraqueza dos ligamentos
- Ovários: os quistos são mais frequentes
- Vagina
• diminui de comprimento e de largura
• o revestimento torna-se mais seco e atrófico
– mais fácil as infecções
– por vezes dores nas relações sexuais
– Prolapso uterino
Envelhecimento do sistema reprodutor
Homem
 No homem as alterações são menos evidentes
- não há diminuição do peso e tamanho dos testículos,
embora as células envolvidas na reprodução diminuam e
sejam menos activas
- o n.º de espermatozóides diminui para metade aos 60 A,
mas mantêm-se férteis
 A próstata aumenta de volume (>40A), havendo:
- Atrofia do tecido prostático
- Aumento do tecido fibroso
•Retenção vesical
•Disúria e
•Infecção urinária
•Hidronefrose
•Insuficiência renal
Sangue e envelhecimento
 Em idosos saudáveis não se encontram diferenças
significativas nestes parâmetros
 Quando é necessário um aumento de produção a
resposta é mais lenta do que no jovem
 A anemia, que é frequente nos idosos, tem sempre uma
causa patológica e não deve ser atribuída ao
envelhecimento isoladamente
Envelhecimento do do sistema endócrino
 Hormona do crescimento: diminui com o envelhecimento
- importante acção na síntese proteica e lipólise
 Hormona anti-diurética: aumenta ligeiramente do idoso
opondo-se à tendência do rim para perder sódio e água
 Podem observar-se níveis ligeiramente aumentados de
cortisol e ACTH, mas a resposta ao stress pode estar
diminuída nas situações mais agressivas
 Produzem também aldosterona – diminuída no idoso devido
à diminuição da renina
Envelhecimento do sistema endócrino
Tiróide
 Diminui de tamanho com o envelhecimento e tornando-se
mais fibrótica e nodular
 Há diminuição da produção de T3 e T4, mas os níveis
séricos mantêm-se devido a menor utilização
 O hipotiroidismo e o hipertiroidismo são muitas vezes
confundidos com a velhice
 Produzem hormona paratiroideia (PTH) que é importante
para o equilíbrio do cálcio
 Aumentam de volume com a idade devido a infiltração de
gordura
 Alguns estudos mostram que a PTH aumenta nos idosos
para manter o nível de cálcio
 Os hiper e hipoparatiroidismos podem ser mais difíceis de
diagnosticar nos idosos
Envelhecimento do sistema endócrino
 Com o envelhecimento a capacidade do pâncreas produzir
insulina altera-se
 Mais de 50% das pessoas com mais de 60 A têm
alterações do metabolismo dos hidratos de carbono
Causas: - défice de produção de insulina
- aumento da resistência à insulina
 A glicemia em jejum aumenta 1% por década depois dos
20 A enquanto a glicemia pós-prandial aumenta cerca de
9-10 mg por década
 A diabetes acelera o envelhecimento
Envelhecimento do sistema imunitário
 Com o envelhecimento verifica-se essencialmente
diminuição dos linfócitos T - CD8, enquanto os TCD4 e os linfócitos B se mantêm estáveis e os NK
aumentam
 Não só o n.º mas também a função podem estar
alterados
 As alterações do sistema imune estão na base da
maior frequência de infeções, cancro e doenças
autoimunes verificadas no idoso
Envelhecimento do sistema autoimune
 O envelhecimento do sistema autoimune conduz a
imunodeficiência – designada como
imunosenescência
 Alguns autores pensam que a imunossenescência
é mais devida a doenças do que ao envelhecimento
em si
 Defendem por isso que nos saudáveis existe
imunorremodelação e não propriamente
imunodeficiência
 A nutrição e o exercício físico têm grande
importância na prevenção do envelhecimento do
sistema imunitário
Envelhecimento do sistema nervoso
  peso do cérebro
- 5% aos 70A e 20% aos 90A
  n.º neurónios (10 milhões à partida)
- ↓cerca de 50.000 a 100.000 por dia
  neuromediadores
(quantidade e qualidade)
Lentificação das funções cerebrais
Alterações cognitivas
Coordenação neuro-muscular
Diminuição dos reflexos
Perturbações do equilíbrio
 ↓Capacidade cognitiva
aos 100 A = 20%
 Perdas significativas
significam patologia
 Algumas são patologias
reversíveis
- défice vitamínico
- hipotiroidismo
Síndromes de desaferenciação
“SÍNDROMES DE DESAFERENCIAÇÃO”
ou
“SÍNDROMES DE DIMINUIÇÃO NEURO-SENSORIAL“
•
•
Decorrem da diminuição dos estímulos
sensoriais que informam o indivíduo sobre as
condições do ambiente e da consequente
diminuição ou desadequação das respostas a
esses estímulos
Resultam das alterações determinadas pelo
envelhecimento, a nível central ou periférico, no
sistema neuro-sensorial (órgãos dos sentidos)
Desaferenciação neuro - sensorial
S. N. C.
Resposta sensorio-motora
Síndromes de desaferenciação
CONSEQUÊNCIAS
 Diminuição do desempenho intelectual
 Alterações da perceção e alucinações
 Desorientação temporo-espacial
 Perturbações do esquema corporal
 Perturbações afectivas (ansiedade, depressão,
agressividade)
 Fadiga
 Somatização
GOSTO
Síndromes de desaferenciação
GOSTO
 As alterações da sensação gustativa decorrem da
elevação do limiar de estimulação central
 A discriminação do doce e do salgado é a mais
afectada, sendo menos atingida a discriminação do
amargo e do ácido
 Isso explica a utilização exagerada do açúcar e
do sal, pelos idosos. Estas alterações podem
ter implicações sérias na sua saúde, pelo que
devem ser tidas em conta pelos nutricionistas e
por quem tem responsabilidades nesta área
OLFACTO
Síndromes de desaferenciação
OLFATO
 Com o envelhecimento diminui a acuidade
olfactiva e o poder de discriminação dos odores
 O limiar de estimulação pode chegar a elevarse 10 vezes
 Isto deve-se à diminuição do nº de recetores
olfativos das vias respiratórias altas e à atrofia
da mucosa orofaríngea
 Pode ser agravado por alguns medicamentos
TATO
Síndromes de desaferenciação
TATO
 A atrofia cutânea, a diminuição e a
degenerescência dos recetores táteis e o atraso na
transmissão do influxo nervoso decorrentes do
envelhecimento, explicam a diminuição da resposta
aos estímulos táteis e a elevação do limiar da dor
após os cinquenta anos
 Carências vitamínicas, alcoolismo, diabetes e
arterioesclerose agravam o défice de
transmissão do influxo nervoso
 Estes factos, particularmente no que se refere à
elevação do limiar da dor, devem ser tidos em
consideração pelas implicações que têm na
expressão da doença, no diagnóstico e na
prescrição medicamentosa
VISÃO
Síndromes de desaferenciação
VISÃO
 5 % dos indivíduos com mais de 65 anos e 15 %
dos maiores de 80 anos sofrem de diminuição
visual significativa com implicações importantes na
sua funcionalidade
 A prevenção e o diagnóstico em tempo oportuno
podem corrigir e evitar situações de compromisso
visual que poderão comprometer seriamente a
autonomia e qualidade de vida do idoso
Síndromes de desaferenciação
VISÃO
- Causas

Alterações anatómicas do aparelho ocular

Degenerescência de diversas estruturas
(cristalino, córnea, retina, mácula)

Arterioesclerose dos vasos retinianos

Hemorragias e tromboses

Alterações do vítreo

Diminuição da secreção lacrimal

Doenças extra-oculares (diabetes, hip. arterial, nefropatia)
Síndromes de desaferenciação
 Patologias oftalmológicas mais frequentes
nos idosos
•inflamações
•degenerescência macular
•infecções
•glaucoma
•entropion
•retinopatia diabética
•ectropion
•tumores
•presbiopia
•perdas de visão súbitas
•catarata senil
•Tromboses vasos retina
•Descolamento da retina, etc.
Perda de visão no idoso








SÚBITA
Hemorragia ocular
Oclusão da artéria ou da
veia central da retina
Hemorragia do vítreo
Glaucoma de ângulo
fechado
Descolamento da retina
Nevrite ótica
Traumatismo
A.V.C.
PROGRESSIVA
 Presbiopia
 Opacificação do cristalino
(catarata)
 Degenerescência macular
 Glaucoma de ângulo
aberto
 Atrofia da córnea
 Retinopatia diabética
AUDIÇÃO
Síndromes de desaferenciação
AUDIÇÃO
 30 % dos indivíduos com mais de 65 anos e
60 % dos maiores de 85 anos têm perda
significativa da audição
 Além de sérias implicações na capacidade de
comunicação do idoso, com reflexos na sua
autonomia e independência, a diminuição da
audição aparece com frequência nestas idades
associada a psicoses paranoides
Síndromes de desaferenciação
AUDIÇÃO
CAUSAS
 envelhecimento do aparelho auditivo
 cerumen / corpos estranhos
 rotura do tímpano
 lesão do nervo auditivo
 otite
 traumatismo craniano
 a.v.c./ tumores
 exposição ao ruído
 fármacos
Síndromes de desaferenciação
AUDIÇÃO
PATOLOGIAS FREQUENTES NOS IDOSOS
 presbiacusia
 otosclerose
 otites
 tumores
 zumbidos e acufenos
 ototoxicidade medicamentosa
 vertigens
Síndromes de desaferenciação
AUDIÇÃO
TIPOS DE SURDEZ
 SURDEZ DE CONDUÇÃO
(SURDEZ PERIFÉRICA)
- Ouve a voz normal
- Tolera o ruído ambiente
- Discrimina as palavras
- Lesão do ouvido externo / tímpano
 SURDEZ DE PERCEPÇÃO
(SURDEZ NEURO-SENSORIAL)
- Só ouve a voz alta
- Tolera mal o ruído ambiente
- Discrimina mal as palavras
- Lesão do ouvido interno ou central
Síndromes de desaferenciação
AUDIÇÃO
Reabilitação da surdez
 Possível e importante na qualidade de
vida dos idosos
- Amplificação dos sons
- Aparelhos / próteses auditivas
- Estratégias de comunicação
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 4
História clínica do idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Particularidades da Propedêutica do Idoso
 Consequência do envelhecimento
- Anatómico
- Fisiopatológico
- Funcional
A pesquisa e interpretação dos dados da
anamnese e exame físico deverão ter em
conta as particularidades do idoso
História clínica dos idosos
 Grupo heterogéneo
 Necessário conhecimentos médicos e não só
- Os idosos pertencem, geralmente, a uma ou duas
gerações anteriores ao médico
• Realidades sociais e culturais diferentes (Vocabulário e hábitos próprios)
 A expressão semiológica é frequentemente fraca
 A forma de expressar as queixas é por vezes
confusa e difícil de entender
 Os idosos apresentam, frequentemente várias
doenças crónicas que confundem a sintomatologia
aguda
História clínica dos idosos
 Os idosos queixam-se por vezes do que os
incomoda mais, mas que não é o mais importante
- É preciso ter perícia para procurar o mais importante para
o diagnóstico
 Deve-se ter em atenção que alguns défices podem
ser omitidos por
- Pudor (incontinência urinária, prolapso uterino, hemorróidas, patologias genitais, etc.)
- Vaidade (negação da velhice)
 Quando se interroga um doente idoso deve-se ter
em mente que:
- “O médico foi treinado para exercer o seu mister, mas os
doentes não foram treinados para ser enfermos”
Particularidades clínicas do doente idoso
 Manifestações clínicas do idoso
- Manifestações clínicas de doença?
ou
- Manifestações do próprio envelhecimento?
Importante fazer o diagnóstico diferencial
entre o que é patológico e fisiológico
Senescência versus senilidade
 Senescência, eugeria ou envelhecimento
primário:
- Efeitos naturais do envelhecimento
- Processo fisiológico
 Senilidade, patogeria ou envelhecimento
secundário:
- Alterações produzidas pelas doenças
Senescência versus senilidade
 O diagnóstico diferencial evita dois erros
de interpretação frequentes:
- Alterações patológicas serem erradamente
atribuídas ao envelhecimento natural
• Negligenciando processos patológicos passíveis de
tratamento
- Sinais e sintomas explicados pela senescência
serem erradamente atribuídos a doenças
• Realização de exames e tratamentos desnecessários
Normas para a colheita da anamnese
 Nem sempre é fácil e credível
- Necessidade, por vezes, de recorrer a familiares ou
pessoas com quem vive
 Ter em atenção os défices sensoriais e cognitivos
que dificultam a recolha de dados
 É importante conhecer a pluripatologia e
polimedicação, habitual no idoso
 Ter em atenção que os familiares podem ter
motivações capazes de influenciar a informação que
dão
Condições para a colheita da anamnese
 Interrogatório com o doente vestido, comodamente
sentado à frente do médico ou se deitado com o
médico sentado de modo a estar ao seu nível
 Ambiente calmo, aquecido e com boa luz
 A palavra não deve ser gritante
- O idoso sofre de presbiacúsia e não houve sons de alta frequência
 A palavra deve ser cadenciada
- O idoso por vezes requer mais tempo para a intuir
Particularidades da anamnese
 Deverá reforçar alguns aspectos, como:
- Perfil do idoso
• Interesses, “hobbies”, estilo de vida, ocupações, etc.
• História dos problemas correntes
• Listagem dos principais problemas
- Revisão por sintomas e sistemas
- História da medicação
O interrogatório não deverá exceder os 20 min
Para além disto a história é frequentemente fruto
do cansaço do doente e da imaginação do médico
Particularidades do exame físico
 Semelhante ao do não idoso, podendo contudo
tornar-se mais difícil:
- Exigindo mais tempo
- Necessitando de colaboração
• Família
• Profissionais de saúde
- Pressupõe o conhecimento das alterações decorrentes
do envelhecimento a nível dos aparelhos e sistemas
Única maneira de não desvalorizar ou, pelo contrário,
sobrevalorizar certos achados semiológicos
Particularidades do exame físico
 Dificuldade em pôr-se na posição necessária
- Necessário mais tempo
 Mais difícil avaliar a desidratação
- Pesquisar a prega na zona do esterno
 Tons cardíacos são menos audíveis
 4º tom está mais vezes presente
 Sopros sistólicos audíveis em cerca de ½ dos
idosos
- Espessamento valvular e endurecimento e dilatação
da aorta - sem grande significado patológico
 Endurecimento arterial periférico
Particularidades do exame físico
 Em decúbito dorsal para a palpação abdominal,
não esquecer de pôr uma pequena almofada
por baixo do pescoço
- A cifose impede o relaxamento muscular abdominal
 Pesquisa sistemática de sopros abdominais
- Estenose aterosclerótica da artéria renal
 Pesquisa de alterações músculo-esqueléticas
- Artroses
- Fracturas osteoporóticas (pequenos traumatismos)
- Deformações da coluna vertebral
 O tremor pode ser fisiológico
Particularidades do exame físico
 Pupilas pequenas e irregulares. Reacção à luz 
 Postura em flexão
 Tendência para o tremor
 Marcha com passos curtos
 Dismetria; atrofia dos músculos interósseos
  tónus muscular e  força muscular
  sensibilidade vibratória distal e propioceptiva
  limiar à dor e da temperatura
  reflexos músculo-tendinosos
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 5
Avaliação multidimensional do idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Avaliação multidimensional do idoso
 Os idosos apresentam problemas relacionados
com:
- O próprio envelhecimento fisiológico
- As doenças que frequentemente os atingem
- A sociedade onde estão inseridos
 Estes problemas obrigam à utilização de métodos
e estratégias que permitam:
- Uma avaliação correcta e completa
- Uma visão global do complexo bio-psico-social
que é o idoso
Avaliação multidimensional do idoso
 Deverá utilizar instrumentos de natureza diversa,
numa perspectiva multidisciplinar
e
interdisciplinar
 Deverá fazer o levantamento, o mais completo
possível de:
- Estado de saúde
- Problemas sociais, económicos, familiares, etc.
Que condicionem a qualidade de vida do idoso
Avaliação multidimensional do idoso
 Deverá ir para além da avaliação clínica
 Deverá avaliar áreas onde há habitualmente
défices no idoso como:
- Estado físico
- Estado nutricional
- Estado mental
- Estado funcional
- Estado social
Com vista à elaboração de um plano que
responda às reais necessidades do idoso
Avaliação multidimensional do idoso
 A quem cabe a responsabilidade desta
avaliação?
- Médico de família (deverá ser o principal
responsável, em ambulatório), mas apelando
em maior ou menor grau a outros profissionais:
•
•
•
•
•
Enfermeiro
Assistente social
Psicólogo
Fisioterapeuta
Noutro plano, a própria família
Porquê e para quê a avaliação
multidimensional do idoso?
 O idoso é um indivíduo física, psíquica e socialmente
diminuído, cuja capacidade de recuperar e repor o seu
equilíbrio é mais lenta e difícil.
 O padrão da doença no idoso decorre de um terreno
diminuído, de uma patologia múltipla e frequentemente
inexpressiva, tendo uma estreita relação com o social.
 As soluções para os problemas do idoso têm quase sempre
um carácter multi e interdisciplinar e envolvem sectores
diversos.
 Torna-se assim necessário usar metodologias, estratégias e
instrumentos que só um trabalho de equipa pode recolher e
descodificar, para encontrar a melhor solução para cada
caso.
Objectivos da avaliação
multidimensional do idoso
 Aumentar a precisão do diagnóstico
 Diminuir o risco iatrogénico
 Adequar o prognóstico
 Facilitar condutas preventivas
 Orientar os tipos de intervenção
 Seleccionar medidas assistenciais
 Facilitar o acompanhamento
 Melhorar a qualidade de vida
Como fazer a avaliação
multidimensional do idoso?
 Usando metodologia própria e instrumentos
adequados
 Avaliando o idoso nos planos físico, nutricional,
mental e funcional
 Enquadrando o idoso na sua realidade familiar e
social
É importante notar que muitas vezes não é
a doença detectada que condiciona a
qualidade de vida do idoso ou o seu futuro,
mas sim a sua autonomia e independência
A avaliação multidimensional
deverá ser composta por:
 Anamnese
 Exame físico
 Avaliação nutricional
 Exame mental
 Avaliação funcional
 Exames laboratoriais
Anamnese do idoso
 Nem sempre é fácil e credível
 Necessidade, por vezes, de recorrer a familiares
ou pessoas com quem vive
 Ter em atenção os défices sensoriais e cognitivos
que dificultam a recolha de dados
 É importante conhecer a pluripatologia e
polimedicação a que frequentemente o idoso
está sujeito
 Ter em atenção que os familiares podem ter
motivações capazes de influenciar a informação
que dão
Exame físico do idoso
 Semelhante ao do não idoso, podendo
contudo tornar-se mais difícil:
- Exigindo mais tempo
- Necessitando da colaboração da família ou
outros profissionais de saúde
- Pressupõe o conhecimento das alterações
decorrentes do envelhecimento a nível dos
aparelhos e sistemas
Única maneira de não desvalorizar ou, pelo
contrário, sobrevalorizar certos achados
semiológicos
Avaliação nutricional do idoso
 Os métodos são semelhantes aos dos não
idosos
 Algumas particularidades, por poderem
interferir com a avaliação, deverão ser tidas
em conta:
- Diminuição da altura
- Modificação da composição corporal
- As doenças crónicas
- Polimedicação
- Problemas cognitivos
- Menor cooperação, etc.
Avaliação nutricional do idoso
 A avaliação completa á constituída por
- História clínica
• Sinais e sintomas de desnutrição
- Inquérito alimentar
• Vários métodos
- Avaliação da composição corporal
• Peso, IMC, pregas cutâneas
- Avaliação bioquímica
• Albumina, Pré-albumina e Transferrina
Avaliação nutricional do idoso
 Na prática é necessário um método :
- Rápido
- Barato
- Fácil aplicação
 “Mini Nutritional Assessment” é a resposta:
- Instrumento de rastreio da desnutrição
- Criado especificamente para idosos
- Permite classificar em:
• bem nutridos
• em risco de desnutrição
• desnutridos
Exame mental
 Quase sempre esquecido na prática habitual é
fundamental na avaliação geriátrica
 Não deve ser um exame aprofundado, o qual
está reservado ao Psiquiatra, se necessário
 Deve avaliar o estado afectivo e cognitivo usando
instrumentos simples, mas que permita detectar,
se realizado periodicamente:
- Mudanças comportamentais
- Deterioração mental em fases incipientes
- Fazer o diagnóstico diferencial de situações de
confusão mental
Avaliação do estado mental
 Existem diversos instrumentos de
avaliação, contudo, dada a sua
fidedignidade e facilidade de execução os
mais usados no idoso são:
- “Mini Mental State Examination” de Folstein
(avalia as capacidades cognitivas)
- “Escala de Depressão Geriátrica”
(avalia o estado depressivo)
Digitalizar0001.jpg
Digitalizar0001.jpg
Escala de depressão geriátrica (short form)
 1 – Satisfeito com a sua vida?
 2 – Teve de abandonar muitas
das suas actividades?
 3 – Acha que a sua vida é
vazia?
 4 – Aborrece-se muitas vezes?
 5 – Está alegre a maior parte
das vezes?
 6 – Tem medo de que lhe
aconteça algo de mau?
 7 – Sente-se feliz a maior parte
do tempo?
 8 – Sente-se frequentemente
sem auxílio?
 9 – Prefere ficar em casa a sair
para a rua e fazer coisas
novas?
 10 – Acha que tem mais
problemas de memória que os
outros?
 11 – Acha que é bom estar
vivo?
 12 – Acha que a sua vida,
como está agora, já não tem
valor?
 13 – Acha-se cheio de energia?
 14 – Acha que a sua situação
não tem remédio?
 15 – Acha que a maior parte
das pessoas está melhor que
você?
Avaliação funcional
 Componente habitualmente ignorada no exame do
idoso
 Importante no idoso: por vezes, mais que a doença
é a perda de autonomia funcional que condiciona o
futuro do idoso, podendo estar na origem de
situações patológicas
 Os instrumentos de avaliação mais usados são:
- Escala de Barthel: avalia as actividades da vida diária
(comer, vestir-se, lavar-se, etc.)
- Escala de Lawton: avalia as actividades instrumentais da
vida diária (telefone, ir às compras, escrever, etc.)
- Testes de performance de Reuben: avalia as
capacidades físicas para a vida usual (caminhar, rotação,
extensão, etc.)
Índice de Barthel
Avalia as actividades da vida diária
*Comer (10; 5; 0)
*Tomar banho (5; 0)
*Vestir-se (10; 5; 0)
Pontuação máxima: 100
independente em todas as actividades
*Toilette (5; 0)
*Defecação (10; 5; 0)
*Micção (10; 5; 0)
*Ir à sanita (10; 5; 0)
*Deambulação(15;10;5;0)
*Entrar e sair da cama (15; 10; 5; 0)
*Subir e descer escadas (10; 5; 0)
Actividades instrumentais da vida diária
 Avaliam níveis mais elevados da capacidade
funcional
 A escala de Lawton é a mais utilizada
* Escrever
* Arrumar a casa
* Ler
* Fazer compras
*Telefonar
* Utilizar os transportes
*Cozinhar
* Lidar com o dinheiro
*Tomar a medicação * Lavar a roupa
Teste de performance física de Reuben
 Escrever uma frase
 Simular comer
 Apanhar um livro e pô-lo em cima de um
armário
 Vestir e despir o casaco
 Apanhar um lápis do chão
 Fazer uma rotação de 360 graus
 Andar 15 m
 Subir escadas
Avaliação Social
 Conhecimento genérico dos problemas diários do
idoso
 Condições domiciliares
 Disponibilidade e aptidões das companhias
 Possibilidade de cuidados urgentes
 História ocupacional e aptidões
 Necessidade de serviços de apoio e acolhimento
 Falta de transportes
 Situação financeira
Exames laboratoriais
 Embora se aceite que alguns valores aumentem:
- VS, glicemia, creatininemia, globulinas séricas e fosf.
alcalina
E outras diminuam:
- Albumina, hemoglobina, nº de leucócitos
 Em condições normais os seus valores andam
sempre próximos dos limites máximo ou mínimo do
jovem
Valores anormais nos idosos devem ser primariamente
atribuídos a patologia e não à idade
Exames aconselhados habitualmente
 Hemograma completo
- Albuminemia
 Creatininemia
- Transaminases
 Glicemia
--glutamil transpeptidase
 Ionograma sérico
- Fosfatase alcalina
 Uricemia
- Bilirrubinas
 Ficha lipídica
- Velocid. sedimentação
 PSA no homem
- Mamografia na mulher
 Sumária de urina
- Electrocardiograma
 RX tórax
Quando fazer a avaliação
multidimensional?
 Quando o idoso é avaliado pela 1ª vez
(retrato tão fiel quanto possível dos seus problemas)
 Periodicamente a intervalos regulares,
particularmente depois dos 75 A, aceitando-se
que se faça anualmente nos idosos estáveis
 Sempre que o idoso se encontre em situação de
risco:
- Perdas de qualquer tipo
- Alterações significativas do seu modo de vida
- Institucionalização, hospitalar ou assistencial
Conclusão
 Os idosos, fruto dos problemas multivariados que
geralmente os afectam, devem ser avaliados
sistematicamente numa perspectiva global e
multidisciplinar que permita a elaboração de um
plano geral que responda não só aos seus
problemas de doença, mas também aos problemas
físicos, psíquicos e sociais relacionados com as
suas incapacidades e necessidades.
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 6
Particularidades clínicas do idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Doenças dos idosos
 Não há doenças exclusivamente dos idosos
 Há doenças próprias do envelhecimento
 A incidência de algumas doenças aumenta
com o envelhecimento
 Há doenças que mais frequentemente se
apresentam de modo inespecífico no idoso
Doenças próprias do envelhecimento
- D. Alzheimer
- D. Parkinson
- Polimialgia reumática
- Arterite de células gigantes ou arterite temporal
- Mieloma múltiplo
- Amiloidose
Doenças cuja frequência aumenta
com o envelhecimento




Degenerativas osteoarticulares (Artroses, Osteoporose)
Infecciosas (Pneumonia, Infecção urinária)
Neoplásicas (Próstata, Mama, Cólon, etc.)
Doenças cardiovasculares
-
AVC
Enfarte do miocárdio
Hipertensão arterial
Insuficiência cardíaca
Arritmias cardíacas
 Diabetes Mellitus
 Etc.
Doenças que mais frequentemente se
apresentam de modo inespecífico no idoso
 Pneumonia
 Enfarte do miocárdio
 Embolia pulmonar
 Hipotiroidismo
 Depressão
 Meningite
 Tuberculose
 Alcoolismo
Apresentação da doença no idoso
 A frequente pluripatologia e polimedicação
podem confundir o quadro clínico
 Os idosos doentes apresentam-se com
frequência angustiados
- Comparação com outros que tiveram má evolução
- Sensação de estar no fim da vida
 Apresentação inespecífica da doença
- Por vezes sem sintomas directamente relacionados
- Outras com sintomatologia pobre
Evolução das doenças no idoso






Maior duração
Maior probabilidade de complicações
Maior perda funcional
Recuperação mais demorada
Pior prognóstico
Prognóstico mais dependente do doente do
que da doença
- Idade
- Doenças concomitantes
- Fármacos
Características gerais do Doente Idoso
 Importante variação individual
 > vulnerabilidade ao stress
 < capacidade de adaptação
 > dependência funcional
 < expressão semiológica
 > gravidade da patologia
 Declínio funcional mais acelerado
 > tempo de recuperação
 > morbilidade e mortalidade perante a mesma doença
 Prognóstico mais dependente do doente do que da
doença
Quadros patológicos
 Em todas as áreas patológicas existe alguma
especificidade na clínica do idoso
 A mesma doença tem, por vezes,
manifestações clínicas diferentes no idoso
 A mesma doença tem repercussões diferentes
no idoso, justificando, por vezes, terapêuticas
diferentes ou adaptadas
Diabetes Mellitus
Alt. Metabólica
Jovem
Idoso
Osm. Sérica
Polidipsia
Desidratação
Confusão; Delírio
 acuidade visual
Glicosúria
Poliúria
Incont. Urinária
Hipercatabolismo
Polifagia
Anorexia
Perda de peso
Pneumonia
 Eventual ausência de febre, tosse produtiva, dor
tipo pontada, etc.
 Começo insidioso e inespecífico com anorexia,
hipodipsia, quedas, incontinência, etc.
 Estado confusional; deterioração rápida
 Proeminência das doenças subjacentes
 Condensação pulmonar discreta e não homogénea
 Discretas alterações auscultatórias
 Resolução lenta; frequentes as complicações
Enfarte do miocárdio
 Silencioso em 15% dos casos (Framingham)
 Frequentemente quadro clínico atípico:
- Sem dor ou opressão
- Estado confusional
- Queda
- Queixas abdominais
- Síncope
-  sensibilidade dos meios auxiliares diagnóstico
Infecção urinária
 Prevalência muito maior nos idosos
- Principal causa de bacteriémia no idoso
 Declínio do predomínio da Escherichia Coli
- Mais frequentes outras enterobacteriáceas
 Pielonefrite frequente
- 50% mulheres institucionalizadas
 Muitas vezes sem a clínica habitual, mas apenas:
- Febre
- Confusão mental
- Deterioração geral
 Frequente a resistência ao tratamento
Patologia da tiróide
 O hipotiroidismo, cujo quadro clínico é
muitas vezes confundido com demência:
- Confusão mental
- Amnésia
- Alterações afectivas e comportamentais
- Fraqueza muscular
 Hipertiroidismo apático
Depressão
 Muitas vezes entendida como demência
 Tem aspectos muito próprios no idoso
- Marcada perda de interesse
- Minimização da disforia
- Apatia em vez de melancolia
- Perda de auto-estima
- Alcoolismo
- Diminuição da memória
Caso clínico 1





A.P.G., mulher, 85 A
Prof.ª Primária Reformada
Vivendo só na sua casa
Saudável e activa antes
Veio à consulta porque a
família notou que tinha
edemas periorbitários
 Refere desde há 1 ano
astenia e apatia, que a
família atribuía à idade
 Interrogada referiu,  peso,
rouquidão, obstipação e
maior sensibilidade ao frio
 Ex. objectivo:
- Tumefacção périorbitária
- Edemas pré-tibiais ligeiros
 TA: 125/70 FC: 52/min
 AC: hipofonese AP: N
 Restante EO: N
RX Tórax:  s. cardíaca
ECG:  amplitude complexos
Hemograma: Hb- 11,4
VGM – 114; CPK: 312; CT-295
VS: 21; f. renal e hepática – N;
DIAGNÓSTICO?
Diagnóstico?
 Hormonas da tiróide:
- T3: 0,2μg/dl 
- T4: 1,2 μg/dl 
- TSH: 41 μg/dl ↑
HIPOTIROIDISMO
 TRATAMENTO
- Levotiroxina 25mg/dia com aumento de 25mg de 15
em 15 dias até à dose adequada
Caso clínico 2
 M.J.O.; 78 A; Agricultor reformado; refere
astenia, anorexia, emagrecimento (5kg desde há
6M) e dores nas regiões coxo-femurais,
obrigando-o a usar muletas.
 Tomava 2xdia 100mg de diclofenac, receitado
pelo Médico de Família que lhe disse tratar-se de
coxartroses, o que foi confirmado com RX.
 História de HTA, medicado com Lisinopril 20 1id.
 Foi enviado a uma consulta de Medicina Interna
por causa das queixas gerais, acompanhadas de
VS elevada e anemia NN.
CASO CLÍNICO 2
 Sem outras queixas para além das mencionadas
anteriormente
 Ex. Objectivo: dor à mobilização das articulações
coxo-femurais e dos ombros; restante - N
 Exames complementares:
-
Rx tórax: N
ECG: N
Hb: 10,2; VGM: 89; restante hemograma N
VS: 110mm 1ª h
Bioquímica (f. renal, hepática, ionograma): N
Cintigrama ósseo: N
DIAGNÓSTICO?
 POLIMIALGIA REUMÁTICA
 TRATAMENTO:
- PREDNISOLONA 20mg/dia
 Resultado ao fim de 3M:
-
Fazia vida normal sem muletas
Tinha engordado 4kg
Hg: 13,2
VS: 35
Caso clínico 3
 M.J. T., 89 A, residente em Lar, é trazida ao SU por apatia
e perturbações do comportamento
 AP: HTA, I. cardíaca e Diabetes medicada com ADO,
furosemido, enalapril e aspirina.
 Pouco colaborante e desorientada
 Temp. 37 ºC
 Ex. Neur. Sumário – sem alterações significativas
 AC – N
PA: 123/73 FC: 76/min
 AP -  Base direita
 Restante ex. objectivo: N
Caso clínico 3
 M.J. T., 89 A, residente em Lar, é trazida ao SU por apatia
e perturbações do comportamento
 AP: HTA, I. cardíaca e Diabetes medicada com ADO,
furosemido, enalapril e aspirina.
 Pouco colaborante e desorientada
 Temp. 37 ºC
 Ex. Neur. Sumário – sem alterações significativas
 AC – N
PA: 123/73 FC: 76/min
 AP -  Base direita
 Restante ex. objectivo: N
CASO CLÍNICO 3
 Hemograma: leucocitose (17000/mm3) com
neutrofilia
 PCR: 16
 Restante bioquímica: N
Diagnóstico?
 RX Tórax: pneumonia da base dtª
Caso clínico 4
 A.R.P., 82 A, residente no domicílio, acamada
desde há 1 A após AVC.
 É trazida ao SU por apresentar febre e
desorientação desde o dia anterior, não
apresentando outra sintomatologia.
 AP: AVC há 1A; HTA
 Medicação: amlodipina 10mg id; Losartan 50 +
HCT 12,5 id; AAS 100 mg id
 AP – N AC – N PA: 110/67 FC: 98/min
 Abdómen – N Restante Ex. Objectivo: N
Caso clínico 4
 RX tórax – N
 Hemograma: 14000 L/mm3 com 88% N
 PCR: 8,9
Restante bioquímica: N
 Combur: nitritos; vestígios de Sangue
DIAGNÓSTICO?
INFECÇÃO URINÁRIA
Requerem particular atenção no
idoso
 Acidentes
 Institucionalização
 Quedas
 Imobilidade
 Iatrogenia
 Instabilidade
 Malnutrição
 Alterações motoras e
sensitivas
 Alterações do sono
 Depressão
 Suicídio
 Luto
 Alterações psíquicas
e comportamentais
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 7
Síndromes geriátricas
Manuel Teixeira Veríssimo
Síndrome Geriátrica
 Conjunto de sintomas relacionados com o estado
de saúde de idosos
- Conceito mal definido, não havendo uniformidade quanto
á definição e temas nele incluídos
- Termo usado em quadros clínicos de idosos que não se
enquadram em categorias de doenças distintas
 Síndrome: conjunto de manifestações clínicas que
ocorrem em simultâneo associados a um processo
mórbido, dependentes de uma só causa
 Síndrome Geriátrica: conjunto de manifestações
clínicas dependentes de várias causas
SÍNDROMES GERIÁTRICAS
 Imobilidade
 isolamento
 desequilíbrio e queda
 úlceras de pressão
 desnutrição
 iatrogenia / polifarmácia
 deterioração cognitiva
 déficit sensorial : visão
e audição
 obstipação
 incontinência fecal e
urinária
 depressão e ansiedade
 distúrbio do sono
 problemas de
comunicação
 disfunção sexual
 déficit de recursos
 Etc.
SINDROMES GERIÁTRICAS
“ OS 4 GIGANTES DA GERIATRIA”
( Isaacs, 1975)
 IMOBILIDADE
 INSTABILIDADE
 INCONTINÊNCIA
 INSUFICIÊNCIA CEREBRAL
+
SÍNDROME DA FRAGILIDADE
Os “Gigantes da Geriatria”
CARACTERÍSTICAS COMUNS
 Etiologia múltipla
 Evolução crónica
 Interdependência
 Tratamento complexo
 Perda de autonomia
 Necessidade de prevenção
SÍNDROME
de
IMOBILIDADE
SÍNDROME DE IMOBILIDADE
• DIMINUIÇÃO DA CAPACIDADE PARA DESEMPENHAR
ACTIVIDADES AS ACTIVIDADES DA VIDA DIÁRIA
DEVIDO A DETERIORAÇÃO DAS FUNCÕES MOTORAS
OU
•INCAPACIDADE PROGRESSIVA DE DESLOCAÇÃO
DO IDOSO NO SEU ESPAÇO VITAL ATÉ À SUA
CONFINAÇÃO AO LEITO
•
IMOBILIDADE
“ UMA CRIANÇA LEVA UM ANO A ADQUIRIR O
MOVIMENTO E DEZ A ADQUIRIR A MOBILIDADE
UM IDOSO PODE PERDER AMBOS NUM SÓ DIA”
ISAACS
Causas da imobilidade
FÍSICAS
•Neurológicas
•Osteo-mio-articulares
•Cardio-respiratórias
•Metabólicas
•Iatrogénicas
PSICOLÓGICAS
•Medos
•Desorientação
•Ansiedade
•Depressão
•Alterações
cognitivas
SOCIAIS
•Familiares
•Socio - económicas
•Arquitectónicas
•Climáticas
Consequências da imobilidade
FÍSICAS
•Agravamento da patologia
•Desequilíbrio homeostático
•Desequilíbrio nutricional
•Diminuição sensorio-motora
•Incontinência
•Úlceras de pressão
•Perda da marcha e equilíbrio
PSICOLÓGICAS
•Instabilidade emocional
•Perda de identidade
•Desorientação
•Depressão
•Morte
SOCIAIS
•Alteraçâo do ambiente
familiar
•Rejeição/proteccionismo
•Isolamento social
•Necessidade de ajuda
•Institucionalização
Factores de risco da imobilidade
-
Viver só
Ausência de contactos sociais
Luto recente
Mudança de residência
Diminuição sensorio – motora
Alterações da marcha / equilíbrio
Deterioração intelectual
Doença
Hospitalização recente
Iatrogenia
Tratamento da imobilidade
- Etiológico
- Apoio psicológico e emocional
- Estimulação sensorial
- Prevenção das complicações
- Reabilitação precoce
- Reeducação da marcha
- Uso de ajudas técnicas
- Suporte nutricional
Prevenção da imobilidade
 Programas de educação para a saúde,
estimulando a actividade física
 Detecção precoce de factores de risco intrínsecos
-
Doenças
Perturbações do equilíbrio
Idoso sedentário
Idoso frágil
 Diminuição dos riscos ambientais
- Escadas com boas condições
- Portas e mobiliário adaptadas
- Altura da cama, etc.
Síndrome
de
Instabilidade
Síndrome de instabilidade
“ DIMINUIÇÃO OU PERDA DA CAPACIDADE
DE MANTER OU RESTABELECER O EQUILÍBRIO,
NA MARCHA OU NO REPOUSO “
Síndrome de instabilidade
 Pode ser de causa central ou periférica:
- Descordenação da informação a nível periférico
- Integração incorrecta da informação a nível central
- Resposta periférica alterada
Desequilíbrio (instabilidade)
O medo de cair (imobilidade)
A QUEDA
Causas de instabilidade
 Alterações anatomofuncionais do
envelhecimento
 Alterações neurológicas e neuro-sensoriais
 Alterações da marcha e do equilíbrio
 Patologias (aparelho locomotor; cardiovasculares;
neurológicas; etc.)
 Fármacos
Marcha senil
 Encurtamento dos passos
 Alargamento dos passos (afastamento dos pés)
 Diminuição da altura dos passos
 Aumento da superfície do pé no chão
 Flexão das ancas e dos joelhos
 Diminuição dos movimentos dos braços
QUEDAS
Quedas

Idosos com > 65 anos NO DOMICÍLIO
35 % caiem pelo menos 1 vez no ano
40 % destes são hospitalizados
50% destes falecem no prazo de 1 ano

Idosos com > 65 anos EM INSTITUIÇÃO
50 % caiem pelo menos 1 vez no ano
20 % têm consequências graves

Idosos com > 75 anos
40 % caiem pelo menos 1 vez no ano

A mulher, até aos 75 anos, cai mais do que o homem
Quedas
Causas Intrínsecas
Causas Extrínsecas
Sem causa evidente
Doença
Diminuição visual
e auditiva
Alterações neuromusculares do
envelhecimento
Fármacos
Quedas
Factores
ambientais
Prescrição / uso
incorrecto de ajudas
mecânicas
Consequências das quedas
 Lesões dos tecidos moles (feridas, hematomas,
roturas)
 Fraturas: anca, fémur, úmero, punho, costelas,
crânio (hematoma subdural)
 Imobilidade
 Iatrogenia
 Hospitalização
 Incapacidade física e psicológica
 Perda e autonomia
 Institucionalização
 Morte
Prevenção das quedas
DETECTAR AS CAUSAS E CORRIGI-LAS
 Circunstâncias da queda → o que aconteceu:
Antes - Durante - Depois
 Exame clínico
- Procura de causas clínicas (Anemia, hipotensão,
arritmia
cardíaca, défices neuro-sensoriais, problemas do ap. locomotor, etc.)
 Avaliação da marcha e do equilíbrio
- Prova de Reuben; Prova de Tineti
 Revisão da medicação
 Prevenção dos riscos arquitetónicos e ambientais
 Reabilitação física e psicológica
Avaliação do risco de queda
ESCALA DE MORSE
1.
HISTÓRIA DE QUEDAS
NÃO - 0
SIM - 25
2.
DIAGNÓSTICOS MÉDICOS ( > duas patologias) NÃO - 0
SIM - 15
3.
AJUDA NA MARCHA
Nenhuma / Ajuda cuidador / acamado _________________ 0
Bengala / canadiana / andarilho ______________________ 15
Apoio nos móveis ________________________________ 20
4.
TERAPÊUTICA I.V. ou CATETER PERMANENTE_____________ 20
5.
MARCHA
Normal / cadeira de rodas / acamado __________________ 0
Com dificuldade, mas sem ajuda ____________________10
Incapaz, sem ajuda ________________________________ 20
6.
ESTADO MENTAL
Orientado__________________________________________ 0
Dificuldade de orientação ___________________________ 15
Morse JM, Morse RM, Tylco SJ. “ Development of a scale to identify the
fall prone patient “.
Canadian Journal on Aging 1989; 8 : 366 – 377.
Avaliação do risco de queda
ESCALA DE MORSE
Classificação do nível de risco e recomendações
 0 – 24: sem risco
- Nenhuma
 25 – 50: baixo risco
- Implementar medidas de prevenção standard para
quedas
 > 50: alto risco
- Implementar
quedas
medidas de prevenção para alto risco de
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 8
Síndromes geriátricas (continuação)
Manuel Teixeira Veríssimo
Síndrome de incontinência
 Incontinência urinária
 Incontinência fecal
Incontinência urinária
“Perda involuntária de urina que,
pelo volume ou pela frequência, se torna
para o idoso um problema social ou de
saúde“
Incontinência urinária
Consequências
 FÍSICAS
 infeção, risco de queda, imobilidade
 PSICOLÓGICAS
 ansiedade, depressão
 ECONÓMICAS
 custos em cuidados
 FAMILIARES
 rejeição, institucionalização
 SOCIAIS
 marginalização, institucionalização
Incontinência urinária
PREVALÊNCIA
No Domicílio: 10 a 20 %
No Hospital : 30 a 35 %
Nos Lares :
50 %
- A prevalência aumenta com a idade
- Prevalece na mulher
- Não é inerente ao envelhecimento
Incontinência urinária
CAUSAS
 Envelhecimento do aparelho urinário
-
Atrofia dos tecidos e órgãos do excretor urinário
Alterações do Sistema Nervoso Autónomo
Diminuição da hormona antidiurética
Aumento do peptido natriurético,
↓ capacidade vesical; ↑ volume vesical residual
Aumento da frequência das contrações, etc.
 Doença urológica
-
Prostatismo
Infecção
Apertos
Algaliação
 Doença ginecológica
- Prolapso
- Tumores
- Alterações do pavimento pélvico
Incontinência urinária
CAUSAS (continuação)
 Doença neurológica
- Avc; epilepsia; lesões medulares; parkinson
 Doença mental
- Alteração cognitiva; doença de Alzheimer; ansiedade
 Doença cardiovascular
- Insuficiência cardíaca
 Doença metabólica
- Diabetes mellitus; diabetes insípida
 Fármacos
- Diuréticos; anticolinérgicos; psicofármacos; anti-depressivos;
antagonistas do cálcio
Incontinência urinária
AVALIAÇÃO
 EXAME CLÍNICO (geral e urológico)
 MEDICAÇÃO
(fármacos e outros)
 EXAMES LABORATORIAIS (urina e sangue)
 EXAMES IMAGIOLÓGICOS (ecografia; urografia e outros)
 ESTUDO URODINÂMICO (cistometria; resíduo vesical; fluxo;
pressão do detrusor)
Deve ser enviado ao urologista se houver:
- PROLAPSO GENITAL
- AUMENTO DA PRÓSTATA
- RESÍDUO VESICAL > 200 ml
- HEMATÚRIA
- CIRURGIA OU RADIOTERAPIA ANTERIORES
- DIAGNÓSTICO INCONCLUSIVO OU DUVIDOSO
Incontinência urinária
TRATAMENTO

MÉDICO (fármacos)

REEDUCAÇÃO DA MUSCULATURA

CIRURGIA
PÉLVICA
 PSICOLÓGICO e COMPORTAMENTAL
As fraldas, cuecas, cateteres e outros meios de
contenção só devem ser introduzidos após a avaliação
e o diagnóstico da situação
INCONTINÊNCIA FECAL
Incontinência
fecal
“ Perda involuntária e continuada de
fezes, líquidas ou sólidas, pelo ânus“
Incontinência
Prevalência
fecal
(E U A)
 É a segunda causa de institucionalização
 7 a 10 % dos idosos têm Incontinência fecal pelo
menos uma vez por semana
 > 50 % dos idosos institucionalizados sofrem de
Incontinência Fecal
Aumenta com a idade
É mais frequente no homem
É mais frequente para fezes líquidas
Incontinência
fecal
CAUSAS
 Cirurgia ano-rectal
- fissuras; hemorróidas; episiotomia
 Prolapso rectal completo
 Neuropatia diabética
 Lesões do parto
- lesão dos nervos pudendos
 Doença inflamatória intestinal
 Radioterapia
 Lesão medular a nível L5 – S4
 Alterações cognitivas
Incontinência
fecal
Consequências
 Declínio físico
 Declínio das atividades
 Perda de contactos sociais
 Isolamento
 Institucionalização
Incontinência fecal
AVALIAÇÃO
 EXAME CLÍNICO
 EXAME ANO-RECTAL (eritema; prolapso; hemorróidas;
fecaloma; tumor)
 EXAMES LABORATORIAIS (sangue e fezes)
 RECTOSIGMOIDOSCOPIA
 MANOMETRIA RECTAL
 CONTENÇÃO DOS ESFÍNCTERES (externo e interno)
Incontinência fecal
TRATAMENTO

MÉDICO
- fibra alimentar; fármacos
 TERAPÊUTICA COMPORTAMENTAL
- Biofeedback
 CIRURGIA
- reparação pélvica; reconstrução dos esfinteres;
ileocolostomia
Conclusão
A incontinência
 Não
é inerente ao envelhecimento
 Compromete
 Afecta
vida
a independência do idoso
significativamente a qualidade de
É
preditor de risco de institucionalização
É
controlável em grande parte dos casos
Síndrome de insuficiência cerebral
Insuficiência cerebral
“O CORAÇÃO É UMA BOMBA E QUANDO
FALHA, É UMA BOMBA AVARIADA.
O CÉREBRO É UM MISTÉRIO E QUANDO
FALHA, CONTINUA A SER UM MISTÉRIO“
ISAACS
Envelhecimento cerebral
Alterações anatómicas
 Neurónios
 Sinapses
 Neuromediadores
 Mielina
 Débito sanguíneo
 Extracção da glicose
 Células gliais
 Lipofuscina
Envelhecimento cerebral
Alterações funcionais
1.
Lentificação dos processos mentais
 Sensações e perceções
 Respostas motoras
 Rapidez de decisão
 Capacidades de aprendizagem
 Capacidade de resolver problemas
Envelhecimento mental
Alterações funcionais
2.
Diminuição da memória recente
3.
Diminuição da atenção e concentração
4.
Diminuição da inteligência fluida
5.
Diminuição do pensamento abstrato
Envelhecimento mental
Funções alteradas
• Perceção
• Memória recente
• Conceptualização
• Capacidade de aprendizagem
• Relacionamento causa/efeito
• Orientação temporo-espacial
Envelhecimento mental
Funções conservadas
 Memória remota
 Pensamento lógico
 Capacidade verbal
 Emoções
 Personalidade
Insuficiência cerebral
Sinais e sintomas
-
-
Desorientação
Errância
Confusão
Diminuição cognitiva
Alterações da linguagem
Incapacidade funcional
Incontinência
Agitação
Violência
Insuficiência cerebral
“Deterioração global do funcionamento
cerebral, consequência de lesões focais
ou generalizadas a todo o cérebro“
INSUFICIÊNCIA
CEREBRAL
EXTRÍNSECA
INTRÍNSECA
VASCULAR
Multi-enfartes
D. Binswanger
NÃO VASCULAR
Alzheimer
Huntington
Creutzfeld- Jacob
Pick
Parkinson
Hidrocéfalo de
pressão normal
Sífilis
Anóxica
Tóxica
Endócrina
Metabólica
Nutricional
Infecciosa
Demências
 Mais frequente em idosos mas pode aparecer em
adultos e jovens
 A demência não é obrigatoriamente progressiva
 A demência não é obrigatoriamente decorrente de
doença degenerativa do SNS
 O envelhecimento não é uma causa de demência
Prevalência das demências
Demência
Envelhecimento normal
Transtorno cognitivo leve
 Memória episódica
Queixa em relação à memória
= memória n.
declarativa
Alteração objetiva da memória
Redução leve da
fluência verbal,
nomeação, capacidade
de compreensão
Função cognitiva geral normal
Leitura preservada
Demência
Atividades diárias preservadas
Não preenche critérios para
demência
Causas de demência
 Neurodegenerativas (50 a 60 %)
- D. Alzheimer, corpúsculos de Lewy, frontotemporal,
Parkinson, Huntington, outras
 Não Degenerativas
-
Vascular
Distúrbios endócrinos
Déficits de vitaminas
Quadros infecciosos
Doenças sistêmicas
Traumatismo craniano
Toxinas
Classificação das demências
Demências
Primárias
Secundárias
Degenerativas
Formas Mistas
CérebroVasculares
Demência tipo
Alzheimer
Demência tipo
Alzheimer
+
Demência por
múltiplos
infartos
Demência por
infarto único
Frontotemporais
Corpúsculos de
Lewy
Parkinson
Outras
Com probabilidades de
reversibilidade
Mecânicas
Tóxicas
Demência por
múltiplos infartos
Infecciosas
Binswanger
Metabólicas
Deficiência de Substâncias
Pseudodemência
(depressão)
Demência de alzheimer
PREVALÊNCIA
 A forma GRAVE atinge: 5 % da população > 65 A
15 % da população > 85 A
 A forma LIGEIRA atinge: 10 % da população > 65 A
30 % da população > 85 A
 A incidência duplica cada 5 anos
 Não há prevalência de sexo
Síndrome da Fragilidade
Síndrome da fragilidade
 Situação de enfraquecimento físico
generalizado, mesmo na ausência de
doenças agudas ou crónicas
 Caracterizado por:
- Perda de peso (espontânea)
- Sarcopenia (perda de músculo)
- Falta de força
- Lentidão de movimentos
- Diminuição da capacidade para praticar um
mínimo de actividade física
O idoso frágil
É definido como o grupo que apresenta maior risco de:
 DEPENDÊNCIA
 INSTITUCIONALIZAÇÃO
 QUEDA
 DOENÇAS AGUDAS
 HOSPITALIZAÇÃO
 RECUPERAÇÃO LENTA
 MORTALIDADE
Características
 Idade avançada
 Disautonomia
 Presença de múltiplos e complexos problemas
médicos e de enfermagem com manifestações atípicas
 Alteração no equilíbrio e marcha
 Déficits cognitivos
 Incontinência
 Depressão
 Incapacidade adquirida recentemente
 Risco de institucionalização prematura ou inadequada
Importância
 A identificação, avaliação e tratamento do
idoso frágil constitui ainda grande desafio
 Alta prevalência na comuniddade
- entre 10 e 25% > 65 anos
- 46% > 85 anos
 Representa alto risco de complicações
Consequências da S. Fragilidade
 Quedas
 Lesões
 Doenças agudas
 Hospitalizações
 Incapacitação
 Dependência
 Institucionalização
 Morte
Tratamento
 Tratar as causas e fatores associados
 Tratar a dor
 Estimular capacidade funcional
 Estimular autonomia
 Exercícios de resistência e equilíbrio
 Reposição testosterona no hipogonadismo
 Suporte nutricional e social
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 9
Fármacos e envelhecimento
Manuel Teixeira Veríssimo
Importância nos idosos
 Os fármacos são fundamentais nos
idosos
- Tratamento das doenças agudas
- Controlo das doenças crónicas
- Controlo dos sintomas
• Importante na qualidade de vida
 Mas também são causa de malefícios
- Reacções adversas
- Interacção medicamentosa
- Uso inadequado
Que o envelhecimento
facilita e potencia
Problemas relacionados com os
medicamentos nos idosos
 Indicação não tratada
 Medicamento utilizado sem indicação
 Selecção de droga inapropriada
 Dosagem subterapêutica
 Superdosagem
 Erro medicação / não aderência
 Interação de drogas
 Reacção adversa a drogas
Reacção adversa a drogas
 Resposta nociva e inesperada ao uso de uma
droga que ocorre em associação a doses
normalmente empregadas para profilaxia,
diagnóstico ou tratamento de doenças e para a
modificação de uma função fisiológica
 Por várias razões são mais frequentes e graves
no idoso
Reacção adversa a drogas no idoso
 Idoso tem 2-3x > probabilidade de reacções
adversas a fármacos do que os jovens
 Habitualmente toma múltiplos fármacos com
potencial de interacção
 Sofrem mais com as consequências das
iatrogenias
 Em cerca de 30% dos internamentos em
idosos – há problemas relacionados com
fármacos
Factores predisponentes para
reacções adversas em idosos
 Alterações fisiológicas devido à idade
 Interacções Fármaco – doenças
 Interacção fármaco – fármaco (polifarmácia)
 Problemas de adesão á terapêutica
-
Cognição (défices)
Estado funcional (doenças)
Crenças
Capacidades financeiras
Alterações fisiológicas devidas á idade
Absorção
 Embora mais lenta , a capacidade de
absorção mantém-se
 O pico de concentração do fármaco pode
ser mais baixo no idoso
 No geral o envelhecimento não afecta a
absorção dos fármacos de modo a haver
repercussões clinicamente significativas
Alterações fisiológicas devidas á idade
Distribuição
 Os idosos têm:
- Menos água
- Menos massa magra
- Mais gordura corporal
 Os fármacos hidrossolúveis têm volume de
distribuição diminuido
- Atingem o pico de concentração mais rapidamente
- Digoxina, litio, etanol
 Os fármacos lipossolúveis têm volume de
distribuição aumentado
- Atingem o pico de concentração mais lentamente
- Fármacos que actuam no sistema nervoso central
Alterações fisiológicas devidas á idade
METABOLISMO
 O fígado é o principal local de metabolização
dos fármacos
 Com o envelhecimento verifica-se
diminuição da massa hepática e do fluxo
sanguíneo hepático
Redução da clearance dos fármacos
Alterações fisiológicas devidas á idade
Eliminação
 A via renal é a mais comum
- Com o envelhecimento diminui o fluxo sanguíneo renal
- O nº de nefrónios diminui
- Diminui o tamanho dos rins
 O declíneo começa a partir da 3ª - 4ª década
 A creatinina sérica não é um bom meio para
avaliar a clearance no idoso
- Diminuição da massa muscular
CÁLCULO DA DOSE COM BASE NA
“CLEARANCE” OU DEPURAÇÃO DA CREATININA
•A
medida da depuração da creatinina pode ser
útil no cálculo da dosagem
• Pode calcular-se a depuração da creatinina com
base na fórmula (de Gault-Cockcroft):
Depuração da creatinina
[(140 – idade) x peso corporal (kg)] / [72 x creatinina sérica (mg%)]
(multiplicar por 0,85 na mulher)
Alterações associadas ao envelhecimento
que afectam a farmacocinética
Água corporal
Massa magra corporal
Massa gorda corporal
Albumina sérica
Função renal
Fluxo sanguíneo hepático
Função das enzimas de
metabolização dos fármacos
Medicação potencialmente inapropriada
Lista de Beers - HIGH RISK

Analgesics
- indomethacin
- pentazocine
- trimethobenzamide
 Muscle
relaxants/antispasmodics
- metocarbamol
- Carisoprodol
- Chlorzoxazone (paraflex)
 Benzodiazepines–long acting
- Diazepam
- Chlodiazepoxide
- Flurazepam
Fick DM, Cooper JW et al. Arch Intern Med
2003;163:2716-24
 Antidepressants
- Tricyclic antidepressants,
Doxepin
 Antiarrythmics
- Disopyramide
 Antihypertensives
- Methyldopa
- Reserpine
 GI antispasmodics
- Dicyclomine
- Hyoscyamine
- Donnatal
 Antihistamines
 Diphenhydramine
Medicação potencialmente inapropriada
Lista de Beers – BAIXO RISCO
 Digoxin – dose > 0.25mg /day
 Ferrous sulfate – dose >325mg/day
 Propoxyphene
 Dipyridamole
 Clonidine
 Cimethidine
 Chlorpropamide
Fick DM, Cooper JW et al. Arch Intern Med 2003;163:2716-24
INTERACÇÕES FÁRMACOS – DOENÇAS
 Quanto maior o peso da doença associada
maior o risco de reacções adversas
 O uso de medicação inapropriada (40%) é
maior nos “idosos frágeis” e nos que têm
mais doença
Rigler SK - Am J Geriatr Pharmacother - 01-DEC-2004; 2(4): 239-47
Interacções fármacos – fármacos
(Polifarmácia)
 Os estudos mostram que os indivíduos com mais
de 65 A tomam em média 2-6 medicamentos
prescritos e 1-3 de venda livre
 É maior nos idosos vivendo no seu domicílio
 Nos lares verifica-se menos uso potencialmente
inapropriado de fármacos (em Portugal não há estudos)
 Em alguns estudos a média de fármacos de idosos
à entrada para o lar era de cerca de 11, com
variação entre 0 e 30
- Aumenta o risco de reacções adversas e interacção
medicamentosa
- Torna a adesão à terapêutica mais difícil
PAPEL DA IDADE NAS INTERACÇÕES
 Idade = aumento do risco
 Terapêuticas inadequadas
 Fármacos que deveriam ser evitados nos idosos
 Doses excessivas
 Duração excessiva de uso
Interacções a nível farmacêutico, farmacocinético
ou farmacodinâmico, entre fármacos, outros
compostos, alimentos, poluentes…
Outros factores de risco para
reacções adversas
Compliance
 43% dos idosos são capazes de identificar
correctamente a sua medicação
 32% sabem correctamente as doses
Outros
 Sexo feminino
 Baixo nível educacional
 Baixo nível social
Reacção adversa a medicamentos
 Idosos (EUA):
- 12% utilizam ≥ 10 medicamentos
- 23% utilizam pelo menos 5 medicamentos
 Hospitalizações em idosos:
- 2,4 a 6,5% de todas as admissões
- Idosos: ↑Taxa 4 X (16,6%)
- Internamentos evitáveis: 88%
 R. adversas esperadas e dose-dependentes
 R. adversas relacionadas com os efeitos
farmacológicos dos medicamentos utilizados
JAMA 2002; 287: 337
REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS
NO IDOSO
 Incidência em > 65 anos:10- 20 %
 São mais demoradas e aumentam 2 vezes o
risco de morte
 Idosos:
- Consomem mais de 25% dos fármacos dispensados
nas farmácias
- Consomem > 50% dos fármacos de venda livre
FACTORES DE RISCO PARA
REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS
 Medicação múltipla
 Maior número de doenças
 Maior gravidade das doenças
 Maior sensibilidade aos efeitos dos fármacos
 Eliminação alterada
 Fármacos com > possibilidade de interacções
FACTORES DE RISCO PARA
REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS
 Idade > 85 anos
 ≥ 6 Doenças Crónicas Concomitantes
 ≥ 12 Doses de Medicamentos / Dia
 ≥ 9 Medicamentos em Uso
 Reacção adversa prévia
 Baixo Peso ou Baixo IMC
 Clearence de Creatinina < 50mL/min
Fármacos mais frequentemente associados
a reacções adversas no idoso
- Psicotrópicos
• Especialmente benzodiazepinas
- Anti-hipertensores
- Digoxina
- AINS
- Corticosteroides
- Varfarina
- Teofilina
Conceito de Polifarmácia
Não consensual
 Muitos fármacos
 Uso de mais medicação do que o clinicamente
indicado ou desejado
 5 ou mais fármacos
 7 ou mais fármacos
A polifarmácia aumenta
o risco de reacções
adversas
Aumento de Risco de de reacções adversas
com o aumento do nº de fármacos
percent of patients with ADR
100
10
1
0
2
4
6
8
10 12 14
number of drugs taken
16
18
20
TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA NO IDOSO
 Razões a ter em conta aquando da prescrição
para idosos
- A elevada prevalência de doenças sintomáticas e
polimedicação nos idosos
 A variabilidade acentuada no processo de
envelhecimento
- Personalização da terapêutica
 Os fármacos devem ser prescritos
- Com indicações precisas
- Quando absolutamente necessários
- Na menor dose eficaz
RAZÕES A TER EM CONTA AQUANDO DA
PRESCRIÇÃO EM IDOSOS
 A maior incidência de múltiplas doenças (co-morbilidade)
 Os problemas nutricionais
 Os recursos financeiros reduzidos
 A diminuição do cumprimento das terapêuticas por
várias razões (adesão)
 A maior tendência para prescrever muitos medicamentos
(polifarmácia)
 A variação genética que se combina com os efeitos
fisiológicos do envelhecimento na afectação dos
resultados dos fármacos
 O aumento potencial de interacções com a idade
ALTERAÇÕES FISIO/FARMACOLÓGICAS
ASSOCIADAS COM A IDADE
 O envelhecimento influencia
- a farmacocinética
• O que o organismo faz aos medicamentos
- a farmacodinâmica
• O que os medicamentos fazem ao organismo
 As modificações mais relevantes
ocorrem na farmacocinética
- a mais importante das quais é a redução da função
renal
FARMACODINÂMICA
 Efeito dos fármacos no organismo
 Menos estudada no idoso por dificuldades de
realização
 Maior sensibilidade do idoso a alguns fármacos
- > o risco de hemorragia com a varfarina no idoso
• Necessária ½ da dose no idoso
- > sensibilidade aos efeitos dos depressores do SNC
• analgésicos centrais e ansiolíticos/hipnóticos- BZD)
OS IDOSOS
Maior sensibilidade aos efeitos de:
 AINEs:
têm acrescido o risco de:
- hipercaliémia
- insuficiência renal
- morte, por hemorragia g.i.
 Diuréticos:
- Tornam os idosos mais susceptíveis a alterações
hidro-electrolíticas (depleção do volume,
hipocaliémia, hiponatrémia e hipomagnesémia
 Lidocaína:
- pode causar confusão, parestesias, depressão
respiratória, hipotensão e convulsões
IDOSOS - MAIOR SENSIBILIDADE AOS EFEITOS
DOS FÁRMACOS
 Antipsicóticos:
- delírio
- síndroma parkinsónica,
- arritmias, morte súbita
- hipotensão postural
discinésia tardia, acatísia
 Antidepressivos:
- hipotensão postural
- retenção urinária
- sedação
- quedas com fractura do colo do fémur têm sido
associadas com estes dois grupos
 Necessidade de:
- Doses iniciais reduzidas e administração só
imediatamente antes de ir para a cama
DIFICULDADES DA TERAPÊUTICA
70-80% dos idosos não cumprem a prescrição:




Esquecem-se de tomar a medicação
Omitem intencionalmente doses
Escolhem uma terapêutica descontínua
Maior frequência de reacções adversas
 Dificuldades com a visão, audição e memória
 Redução da qualidade de vida
 Dificuldades económicas
Risco elevado de recaídas e re-hospitalização
Recomendações para prescrição médica
em geriatria
 Evitar prescrever muitos medicamentos na mesma
receita
• Considerar os efeitos do envelhecimento fisiológico
• Considerar os efeitos farmacológicos próprios e
adversos
• Ter em atenção as interações medicamentosas
• Iniciar o tratamento sempre com a dose mais baixa
possível e, se necessário, aumentar progressivamente
• Tentar não começar com 2 novos fármacos ao mesmo
tempo
• Dar as indicações em letra legível e tamanho grande
Recomendações para prescrição
médica em geriatria
 Limitar o nº de fármacos e evitar prescrever um medicamento
para cada doença, se possível (há fármacos que servem para mais que
uma doença)
 Evitar mediação potencialmente inapropriada (critérios de Beers)
 Evitar fármacos novos/caros cujo benefício não é bem claro
 Interrogar o doente sobre a medicação que faz, incluindo a
de venda livre e herbanárias
 Eliminar medicações desnecessárias
 Simplificar a medicação ao máximo
- O menor nº de fármacos e de tomas por dia
 Se possível utilizar monitorização informática para detectar
interacções medicamentosas e com doenças
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 10
Nutrição do idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Uma adequada alimentação do
idoso é fundamental para:
 Evitar a desnutrição ( morbilidade e mortalidade)
 Prevenir certas doenças crónicas:
-d. cardiovasculares (aterosclerose,HTA)
-d. Osteoarticulares (osteoporose, artrose)
-d. Metabólicas (diabetes, obesidade, gota)
 Prevenir doenças agudas (infecciosas)
 Manutenção da capacidade física e funcional
Necessidades nutricionais dos idosos
 Alterações fisiológicas do envelhecimento que
influenciam as necessidades de nutrientes:
necessidade de energia
 Cerca de 600 calorias entre 20 e 80 anos
 metabolismo basal; massa muscular
necessidade de proteínas
 síntese proteica
 absorção
necessidade de micronutrientes
 absorção
Causas dos problemas nutricionais
dos idosos
 Causas sociais
- Recursos económicos
- Falta de apoio de familiares e amigos
- Falta de apoio das estruturas oficiais
 Causas psicológicas
- A depressão é uma das principais causas de
malnutrição nos idosos
*isolamento
* falta de ocupação
*problemas económicos
* sensação de inutilidade
*doenças crónicas
*problemas familiares
Causas dos problemas nutricionais
dos idosos (cont.)

Causas médicas
-
Polipatologia
•
-

Doenças crónicas e agudas mais frequentes
Polifarmacologia
Causas culturais
•
•
•
•
Religião
Hábitos tradicionais
Alcoolismo
Analfabetismo
Consequências dos problemas
nutricionais dos idosos
 Obesidade
 Carência isolada em micronutrientes
 Desnutrição
Consequências dos problemas
nutricionais dos idosos
 Obesidade
- Aumento da frequência de:
•
•
•
•
•
•
•
Diabetes Mellitus tipo2
Hipertensão arterial
Enfarte do miocárdio
AVC
Insuficiência cardíaca
Artroses
Cancro do cólon e mama
 Morbilidade
 Mortalidade
Obesidade
< Importância nos idosos
Consequências dos problemas
nutricionais dos idosos
 Carência isolada em micronutrientes
- Vitaminas
- Minerais
- Ácidos gordos
Pode aparecer em idosos aparentemente
bem nutridos:
- Aumento de doenças infecciosas,
mentais, neoplásicas, cardiovasculares
Consequências dos problemas
nutricionais dos idosos
 Desnutrição
-  do risco de doenças infecciosas
-  da capacidade funcional
- Anemia
- Úlceras de pressão
- Quedas e fracturas
-  da mortalidade
DESNUTRIÇÃO:
Principal problema
nutricional dos
idosos
Desnutrição no Idoso
 1 a 15 %
 ambulatório
 25 a 60 %  institucionalizados
 35 a 65 %  hospitalizados
Problema de saúde Pública
Idoso desnutrido
- 2 x mais consultas
- 3 x mais inetrnamentos hospitalares
- Infecção mais frequente
• 2 - 10 x mais que no normonutrido
- Mais tempo para a cura
- Pior prognóstico
Desnutrição: um círculo vicioso
Desnutrição
Apatia, depressão
↓ capacidade
de se alimentar
↓ apetite
↓ mobilidade
↓ força
muscular
Causas da desnutrição no idoso
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
 dos recursos económicos
Dificuldade no abastecimento
Ignorância nutricional
Padrão alimentar inadequado
Dificuldade na confecção e ingestão
Falta de refeições
Isolamento social
Solidão e viuvez
Alcoolismo
Depressão
Iatrogenia medicamentosa
Causas da desnutrição no idoso
Alterações funcionais e metabólicas
 Digestivas
•
•
•
•
•






Dentição
Xerostomia
Alteração do gosto e cheiro
 da actividade secretória
 da absorção intestinal
Cardiovasculares
Pulmonares
Renais
Endócrinas
Neurológicas
Osteoarticulares
Anorexia do
envelhecimento
Causas de desnutrição no idoso
•
•
Alterações funcionais
 da ingestão e assimilação
+
Doenças agudas
Alterações patológicas
Doenças crónicas
 das necessidades

DESNUTRIÇÃO
Consequências da desnutrição no idoso
Alteração do estado geral
 Anorexia
• Deficiente ingestão crónica
• Carência de oligoelementos
 Astenia
 Apatia
• Carência vitamínica
 Emagrecimento
Consequências da desnutrição no idoso
 Alterações cardiovasculares
-  risco cardiovascular
• Défice de folatos, Vit B6 e B12
•  homocisteína
-  mortalidade por insuficiência cardíaca
 Alterações intelectuais e psíquicas
- Défice intelectual
- Quadros depressivos
• Défice de folatos e Vit B12
•  homocisteína
Consequências da desnutrição no idoso
 Alterações músculo-esqueléticas
-  da massa e força muscular
• Perturbações do equilíbrio
• Quedas
-  da massa óssea
• Osteoporose
 Alterações da função gastrointestinal
Consequências da desnutrição no idos
 Depressão dos mecanismos imunitários
-  da imunidade celular
• Défice proteico e calórico
• Défice de folatos, Vit B6, Vit B12, Zinco, Selénio
 susceptibilidade às infecções
Desnutrição no idoso
Desnutrição
Défice imunitário
Envelhecimento
Anorexia
Infecção
Risco infeccioso
Hipercatabolismo
Desnutrição 
Défice imunitário
Infecção
Cura + difícil
Morte
Risco infeccioso 
Desnutrição no idoso
  incapacidade física
Frequentemente
Subdiagnosticada
  qualidade de vida
  morbilidade
Reconhecimento
precoce - importante
  mortalidade
Correcção adequada
Avaliação nutricional do idoso
 Baseia-se nos métodos usados para os não
idosos, mas com algumas particularidades:
- História clínica
- Inquérito alimentar
- Avaliação antropométrica
- Parâmetros bioquímicos
Avaliação nutricional do idoso
 História clínica (dados sugerindo risco de deficiência nutricional)
- Sinais/sintomas de carência alimentar
- Perda de peso recente (>5kg nos últimos 6 M)
- Dieta restritiva (por problemas médicos ou outro motivo)
- Problemas psíquicos (depressão, demência)
- Problemas sociais (isolamento, dificuldades económicas)
- Problemas de mastigação/deglutição
- Problemas gastrintestinais (diarreia, malabsorção)
- Doença interferindo no apetite (cancro, IRC, etc.)
- Alcoolismo
- Medicação interferindo com o apetite/nutrientes
Avaliação nutricional do idoso
 Inquérito alimentar
-Retrospectivo: 24h do dia anterior; última semana
( não adequado  problemas de memória do idoso)
-Prospectivo: o mais adequado
(registo durante 3-7 dias de todos os alimentos
consumidos)
-Frequência de consumo
(Avalia padrões de consumo durante meses)
Avaliação nutricional no idoso
Antropometria
 O índice de massa corporal (peso/altura²m)
 No idoso o IMC tem limitações:
- Sobrevalorizado em relação ao não idoso
• Devido à diminuição da altura (1cm por cada 10ª depois dos 40)
- Os valores de referência deverão ser diferentes:
Normal
IMC
<18.5
> 18.5 < 25
 25<30
 30
OMS - 1998
Classificação
Desnutrição
Normal
Pré-obesidade
Obesidade
Idoso
IMC
< 21
 21<25
 25 <30
> 30
Classificação
Desnutrição
Risco desnutrição
Normal
Obesidade
Ferrry e Alix - 2002
Avaliação nutricional no idoso
Antropometria
 Pregas cutâneas
- Mais usadas: tricipital, bicipital, supraescapular, suprailíaca
- Menos interesse nos idosos por reflectirem mal a gordura
corporal total (deslocação centrípeta da gordura com o envelhec.)
- Não existem tabelas fiáveis para idosos

Perímetros
- usados como
parâmetros de
-Perímetro bicipital
desnutrição
-Perímetro muscular braquial (PMB)
- Existem critérios para
(PMB=Perímetro bicipital-prega tricipital x 3.14)
diagnóstico de
-Perímetro da barriga da perna
desnutrição
Avaliação nutricional no idoso
Parâmetros bioquímicos de desnutrição
 Albumina
 Transferrina
 Pré-albumina
desnutrição: <3.5g/dl
os mais
“
<200mg/dl usados
“
<14mg/dl
 Proteína ligadora do retinol
 Fibronectina
 3-Metilhistidinúria
boa precisão
> dificuldade técnica
pouco usados
Avaliação nutricional no idoso
Parâmetros bioquímicos de desnutrição
 Hemoglobina (anemia)
 Linfócitos (<1500/mm3)
 Colesterol (<150mg/dl)
 T3 baixa
- Baixa
especificidade
- Sem interesse
nos idosos
 Teste de anergia cutânea
 Índice creatinina/altura (problemas da altura)
Testes de triagem de desnutrição
 Necessidade de métodos que de uma forma
- Rápida
- Simples
- Barata
Identifiquem na prática o risco de
desnutrição nos idosos
Mini Nutritional Assessment
Mini Nutritional Assessment (MNA)
 Instrumento validado que permite dum modo rápido
e simples fazer a avaliação nutricional do idoso.
 Objectivo: avaliar o risco de desnutrição, de modo a
poder haver uma intervenção precoce, sem
necessidade de técnicos especializados.
 Duração: <10 min
 Permite classificar em:
*Bem nutrido
*Em risco de desnutrição
*Desnutrido
Máximo 30 pontos
≥ 24: bem nutrido
≥ 17 < 24: em risco de desnutrição
< 17: desnutrição
MNA – versão curta
1. Índice de massa corporal (kg/m2)
2. Perda de peso nos últimos 3 meses
3. Doença aguda ou stress major nos
últimos 3 meses
4. Mobilidade
5. Demência ou depressão
6. Apetite e diminuição da ingestão
alimentar nos últimos 3 meses
Máximo 14 pontos
≥ 12: normal
≤ 11: possível desnutrição
Fazer MNA completo
Rubenstein LZ et al., J Gerontol 2001;56:M366-M372
Alimentação aconselhada ao idoso
 Assenta nas bases da alimentação saudável
com algumas particularidades
 Deve ser:
- Energeticamente suficiente (quantidade de calorias)
- Equilibrada nos seus constituintes
• Proteínas – 15%; Lípidos – 25-30%; Glícidos – 55-60%
- Variada
• Quanto mais variada menor o risco de carência em
micronutrientes
- Adaptada ao gosto e eventuais limitações devido a
doenças concomitantes e envelhecimento
Regras gerais para a alimentação do idoso
 Boa distribuição das refeições
- 3 principais (pequeno almoço, almoço e jantar)
- 3 colações (meio manhã, lanche, ceia)
 Intervalo entre refeições não superiores a 3.30-4h
 Jejum nocturno não superior a 10 h
 Refeições pouco volumosas
 Fáceis de digerir
 Servidas de forma agradável e à temperatura
adequada
Regras gerais para a alimentação do idoso
 Carne uma vez por dia
- De preferência magra (frango, perú, coelho)
- Não comer as gorduras visíveis das outras carnes
(porco, vaca, etc.)
 Peixe uma vez por dia
- Alternando com a carne
 3 ovos por semana
- Pode substituir carne ou peixe
 Ter cuidado com os produtos de charcutaria
Regras gerais para a alimentação do idoso
 Consumo regular de legumes/hortaliças
- Sopa diariamente (pode ser enriquecida se necessário)
- Arroz de legumes, esparragado, jardineira, etc.
(Alguns idosos toleram mal as saladas cruas e legumes cozidos)
 Preferir pão e massas pouco refinadas
- O pão torrado é mais fácil de digerir
 2 a 3 peças de fruta por dia
 Consumo moderado de leguminosas secas
- De acordo com os hábitos (feijão, grão, etc.)
 Preferir os produtos lácteos meio-gordos/magros
Regras gerais para a alimentação do idoso
Bebidas
 Bebidas alcoólicas
- Preferível o vinho tinto (não mais que 250 cc/dia)
 Chá e café
- Efeito protector, mas efeito estimulante  sem excessos
 Infusões
- Tília, hipericão, funcho, limonete
 Leite
- 500 ml/dia de preferência magro ou meio gordo
ÁGUA: 1.5 L/dia
Sob várias formas: Água, leite, vinho, infusão, etc.
Cuidados alimentares no idoso
 Confecção dos alimentos
- Pouca gordura
• Retirar as gorduras visíveis da carne
• Preferir o azeite
- Preferir: cozidos, grelhados, assados sem molho,
estufados com pouca gordura
- Evitar: fritos, guisados, refogados, assados gordos
- Pouco ou nenhum sal
• Usar ervas aromáticas e especiarias
- Preferir alimentos frescos ou congelados em vez
dos processados e conservados (fumeiro e conservas)
Cuidados alimentares no idoso
 Problemas de mastigação
- Bater com varinha mágica os vegetais
- Ralar as frutas mais duras
- Picar a carne
- Puré de fruta madura é mais nutritivo que fruta
assada / cozida
- Peixe ou carne picada é mais adaptado do que bife
- Sopa passada de vegetais é melhor tolerada que
vegetais crús / cozidos
Conclusões
 O principal problema nutricional do idoso é a
desnutrição, sendo importante a sua
prevenção.
 O rastreio do estado nutricional deve ser feito
regularmente através do MNA, devendo as
situações de desnutrição ser precocemente
identificadas e corrigidas.
 Na alimentação variada e adequada ao gosto e
necessidades do idoso está a pedra angular da
prevenção dos problemas nutricionais dos
idosos.
Disciplina de Geriatria
Aula teórica 11
Actividade física no idoso
Manuel Teixeira Veríssimo
Exercício físico e composição
corporal
 Os estudos transversais mostram que os
idosos exercitados têm mais massa magra e
menos massa gorda
 Estudos em idosos ex-atletas que
continuaram a praticar desporto ao longo da
vida mostram que a perda de massa magra
e o ganho de massa gorda é mínimo
Saúde e exercício físico no
idoso
 Em 1995, a OMS lançou um novo programa para
os idosos onde destacou a importância da
actividade física na manutenção da saúde neste
escalão etário
 De facto, definindo-se saúde como “ bem estar
físico, mental e social” talvez nenhuma outra
medida possa contribuir de um modo tão global
para este fim como a actividade física
Como é que o exercício físico pode
contribuir para a saúde dos idosos?
 Atrasando a involução dos vários aparelhos
e sistemas:
*Estudos demonstram que a diminuição
das capacidades de alguns aparelhos é
mais devida ao desuso do que ao
envelhecimento em si
 Prevenindo doenças agudas e crónicas
 Promovendo a independência e bem estar
Benefícios da actividade física
nos idosos
 A nível físico
*Composição corporal *Ingestão alimentar
*Respiratório
*Locomotor
*Neurológico
*Imunológico
*Cardiovascular
*Digestivo
*Sistema endócrino-metabólico
 A nível mental
*Cognição
*Bem estar psicológico
 A nível social
*Combate ao isolamento
 A nível da capacidade funcional e bem-estar
 A nível da longevidade e mortalidade
Composição Corporal
Efeito do envelhecimento
 Diminuição da massa magra
-Água
-Músculo
-Osso
-Vísceras
 Aumento da massa gorda, com
predominância da gordura abdominal
Composição Corporal
Consequências do envelhecimento
- Desidratação mais fácil e perigosa
- Excesso de gordura abdominal
(diabetes,HTA, aterosclerose, gota)
- Osteoporose ( do risco de fracturas)
-  capacidade muscular
* rendimento do trabalho muscular
* capacidade funcional
* independência e autonomia
Composição Corporal
Efeito do exercício físico
 Aumento da massa muscular
 Aumento da água corporal
 Prevenção da perda de massa óssea
 Diminuição da gordura corporal
*Aumento do consumo energético
*Aumento do metabolismo basal
  gordura abdominal
Aparelho Locomotor
Efeitos do envelhecimento
 densidade óssea
Degeneração da cartilagem articular
elasticidade das cápsulas e tendões
 massa muscular
 força muscular
Aparelho locomotor
Efeitos do exercício físico
 Previne a osteoporose

“
as artroses

“
a perda de massa e força musculares

Fundamental para a manutenção da
capacidade funcional, autonomia e
independência dos idosos
Aparelho Cardiovascular
Efeitos do envelhecimento sobre o aparelho
cardiovascular:
 Diminuição da elasticidade das artérias
 Desenvolvimento de aterosclerose
 Maior estimulação beta- adrenérgia
 Aumento da pressão arterial (sistólica)
 Fibrose do miocárdio
Aparelho Cardiovascular
Consequências clínicas do envelhecimento
 HTA (sistólica)
 Insuficiência cardíaca
 Acidentes vasculares
- Enfarte do miocárdio
- AVC
- Isquémia periférica
Aparelho Cardiovascular
Efeitos do exercício físico
 Diminuição da pressão arterial
 Manutenção da função do músculo cardíaco
 Controlo dos factores de risco de aterosclerose
-HTA
-Dislipidemias
-Obesidade
-Hiperglicémia -Hiperinsulinémia
 Controlo dos factores de risco trombogénico
(Prevenção do acidente isquémico agudo)
-fibrinogénio
-factor VII
- agregregação plaquetar
-PAI-1 -viscosidade plasmática
Exercício físico no tratamento das
doenças cardiovasculares no idoso
 HTA
 Cardiopatia isquémica
- Reabilitação
- Controlo dos factores de risco
 AVC
- Reabilitação
- Controlo dos factores de risco
 Insuficiência cardíaca
- Benefícios nas classes I-III da NYHA
Aparelho Respiratório
Com o envelhecimento verifica-se
 Alterações da parede
- Cifose, calcificação das cartilagens condrocostais, perda
de eficacia dos músculos respiratórios etc.
 Alterações dos brônquios
- Aumento do nº e tamanho das glândulas mucosas
- Diminuição da função ciliar
- Maior facilidade de colapso brônquico (menos cartilagem)
 Alterações dos pulmões
- Perda de elasticidade
 Alterações da circulação pulmonar
- Aumento de pressão; espessamento capilar
Aparelho Respiratório
Consequências das alterações do
envelhecimento
 compliance pulmonar
 volume residual
 Capacidade vital
 VEMS
 Capacidade de trocas gasosas
 Maior limitação ao esforço
 Maior susceptibilidade às infecções
Aparelho Respiratório
Efeito do exercício físico
 Melhoria da ventilação com repermeabilização das
bases
-Mantêm a eficácia dos músculos respiratórios
-Mantêm a expansibilidade da caixa torácica
 Atrasa os efeitos negativos a nível dos valores
espirométricos
 Melhoria das trocas gasosas
 Melhoria da limpeza da árvore tráqueo-brônquica
Melhor oxigenação dos tecidos
Aparelho Digestivo
Efeitos do envelhecimento
 Problemas de mastigação
 Problemas de deglutição
  secreções digestivas
  motilidade intestinal
- Obstipação
 Diverticulose
 Maior incidência de cancro
Aparelho Digestivo



Efeitos do exercício físico
secreções digestivas
motilidade intestinal
Importante em certas patologias do
envelhecimento
*Obstipação
*Diverticulose
*Cancro
*Má absorção
Sistema Imunológico

O sistema imunológico envelhece com a
idade, principalmente a imunidade celular
- Diminuição dos linfócitos T
• Principalmente CD8
• Manutenção do nº de D4
• Manutenção ou ligeiro aumento de NK
- Manutenção do nº de linfócitos B
- Diminuição da capacidade funcional linfocitária
Sistema Imunológico
Consequências clínicas do envelhecimento
Imunológico:
 Maior susceptibilidade a:
- Infecções
- Neoplasias
- Doenças auto-imunes
Efeito do exercício físico
 Os idosos que praticam exercício mostram
menor grau de imuno-senescência do que os
sedentários
Sistema Nervoso
Efeitos do envelhecimento
 Morte celular
 Diminuição da perfusão cerebral
 Diminuição da secreção de
neuromediadores
 Modificação da sensibilidade aos neuromediadores
Sistema Nervoso
Consequências clínicas do
envelhecimento
 Lentificação das funções cerebrais
 Aterações cognitivas
  Coordenação neuro-muscular
 Perda de reflexos
 Perturbações do equilíbrio
Sistema Nervoso
Efeitos do exercício físico
Beneficia a coordenação neuro- muscular
Mantem os reflexos
Melhora o equilíbrio
Importante na reabilitação do AVC outras
patologias neurológicas
Saúde mental
Problemas frequentes no idosos
 Cognitivos
 Imagem corporal
 Auto-estima
 Auto-eficácia
 Satisfação
 Ansiedade
 Depressão
Saúde mental
Efeito do exercício físico
 Estudos recentes mostram efeito positivo:
- Na manutenção das capacidades cognitivas
- Na imagem corporal
- Na auto-estima
- Na auto-eficácia
- Na satisfação
- Na ansiedade
- Na depressão
O efeito não é só do aspecto lúdico
Actividade física e longevidade
no idoso
Alguns dados apontam para que o exercício
físico atrase o envelhecimento e aumente a
duração da vida:
O alto nível de actividade física foi o factor comum
encontrado em 3 comunidades com grande
longevidade (Paquistão, Geórgia, Equador)
Ex-atletas que continuaram a praticar desporto até
à 3ª idade mostram melhor capacidade funcional e
maior longevidade que os sedentários
Vários estudos mostram menor mortalidade e maior
longevidade nos idosos fisicamente activos
Actividade Física e Mortalidade no
idoso
Aerobics Center Longitudinal Study
• Avaliados 6878 homens e 2054 mulheres
• Idade > 50A no início do estudo
• Classificados à entrada em 3 níveis de capacidade
física: Baixo, Moderado e Alto, sendo seguidos
posteriormente
Conclusão
A taxa de mortalidade geral foi inversamente
proporcional ao nível de capacidade física
verificado à entrada
Actividade Física e Mortalidade no
idoso
Harvard Alumni study
 Avaliação, durante 16A, de 16936 antigos alunos
de Harvard com 35-70A à entrada para o estudo
 O nível de actividade física foi medido no início e
periodicamente durante o estudo
Conclusões
 A mortalidade nos que dispendiam mais de 2000 cal/sem. em
exercício foi 25-30% menor do que nos sedentários
 Os que iniciaram a prática de exercício depois da entrada no
estudo, apresentaram menor taxa de mortalidade geral do que
os sedentários
Actividade física e mortalidade no
idoso
 Alameda County Study
- 6928 adultos
- Seguidos de 1965-1985
Conclusão
A baixa actividade física associou-se a um
aumento da mortalidade a partir dos 70 anos
Actividade física e mortalidade no
idoso
 Adventist Mortality Study
- 9484 indivíduos
- Seguidos durante 26 anos
Conclusão
- A idade média da morte foi de 76.3 anos para
os que tinham um baixo nível de actividade
física e de 79.1 para os que tinham elevado
nível (+2,8 A)
Actividade física aconselhada
 Inserida na vida quotidiana
 De forma organizada
- Exercício programado
- Desporto
 O importante é que seja:
- Praticada com regularidade
- Adaptada à capacidade física e
disponibilidade de cada um
- Praticada com prazer
Actividade física quotidiana
 Utilizar as escadas em vez do elevador
 Deslocar- se para o trabalho, compras, café, etc..
a pé
 Quando for necessário utilizar transporte, parar
antes e ir a pé até ao destino
 Fazer trabalhos manuais
*Jardinagem *Horticultura *”Bricolage”
*Limpezas
 Criar o hábito de passear
Actividade física de forma organizada
 Exercício organizado
- Orientado por Prof. Educação Física
- Praticado autonomamente (necessário cuidados)
 Sob a forma de desporto
- Modalidades mais aconselhadas:
*Marcha
*Corrida *Ciclismo *Golfe
*Natação
*Remo
*Dança
*Ginástica
Características do exercício físico
 Frequência: 3-5 sessões/semana
 Duração: 30-60 min
 Intensidade: 60-80% da frequência
cardíaca máxima
* A duração deverá ser inversamente
proporcional à intensidade
Regras gerais para a prática de
exercício físico no idoso
 Exame médico prévio e observação regular
 Mínimo de regularidade e intensidade
 Exercício aeróbico adequado a cada idoso
 Evitar os desportos de contacto físico
 Desporto sem fim competitivo (excepto o golf)
 Não treinar com frio ou calor excessivos
 Boa hidratação e usar equipamento adequado
 Parar ao mínimo sinal de alarme:
*Cansaço *Tontura*Dor torácica*Dispneia*Perturbação visual
Conselhos práticos
 Ser capaz de conversar durante o exercício.
 Ter a sensação que pode continuar por mais
tempo sem sacrifício.
 Fazer alguns minutos de aquecimento antes do
exercício e alguns de arrefecimento depois.
 Para os sedentários começar com intensidade
baixa aumentando depois progressivamente.
 Preferir maior quantidade em vez de maior
intensidade.
Conclusão
 Actividade física e envelhecimento têm
efeitos antagónicos.
 Os seus benefícios no atraso do
envelhecimento, na prevenção de doenças
e na manutenção da qualidade de vida está
bem demonstrado.
 Assim, como forma de manter a saúde e
bem-estar, o exercício físico deverá ser
estimulado em todos os idosos.
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