• Não há como se falar do uso de antibióticos sem falar em infecções cirúrgicas • Com a introdução da antibiótico terapia em meados do sec. XX houve uma esperança no tratamento e na prevenção de infecções cirúrgicas com quem sabe até sua eliminação total. • Porem, a antibioticoterapia tem feito uma prevenção e um controle de infecções cirúrgicas mais difíceis. • Outro fator que tem colaborado para o aparecimento de infecções mais difíceis são a performance de mais e maiores operações, o aumento do numero de pacientes geriátricos com acompanhamento crônico ou doença debilitante, novos procedimentos com implantes de materiais externos, entre outros fatores. • As infecções em área cirúrgica (IACs) envolvem infecções pós-operatórias presentes em qualquer nível (incisional superficial, incisional profundo ou relacionadas a órgão) de um procedimento. • As infecções incisionais são as mais comuns(60-80%). E IACs relacionadas a órgãos respondem por 93% das mortes relacionadas a IACs.* • A IAC é a infecção hospitalar mais comum em pacientes cirúrgicos. 38%* • Três áreas tem sido identificadas como fatores de risco para IAC: fatores bacterianos (carga virulenta e bacteriana), fatores locais da ferida (quebra de barreira pelo cirurgião), fatores relacionados ao paciente (idade, imunossupressão, esteróides, malignidade, obesidade...) • O período de estadia pré-operatório, infecção remota na hora da operação e duração de procedimentos também são associados a taxas mais altas de IACs. Classificação de ferida cirúrgica de Riscos de IAC acordo com a contaminação Limpa 1-5% Potencialmente contaminada 3-11% Contaminada 10-17% Infectada 27% Fatores de Risco Nº de fatores de risco positivos Risco de IAC Tempo de procedimento >75° percentil 0 1,5% Ferida contaminada ou suja 1 2,9% ASA III, IV, V 2 6,8% 3 13% • Entender os fatores de risco e as medidas preventivas promovem o melhor controle com menores taxas de infecção. • A técnica asséptica e anti-séptica, o uso profilático de antibióticos e a implementação de programas de vigilância tem provado apresentar um impacto significativo nas IACs. • Deve ser feita levando em conta o equilíbrio entre possíveis benefícios e malefícios. • Desvantagens: • Seleção de cepas resistentes ao antibiótico • Reações de hipersensibilidade • Uso prolongado pode mascarar sinais de infecção, tornando o diagnostico mais difícil. • Indicação: • cirurgias limpas com uso de telas ou próteses. • Cirurgias limpas em pacientes imunodeprimidos. • Cirurgias potencialmente contaminadas. Profilaxia antimicrobiana • A antibioticoterapia é mais eficaz quando iniciada préoperatoriamente, e continuada no período intra operatório. • Administração: • Deve ser administrado intravenoso, no momento da anestesia, com uma dose única. • Em cirurgias prolongadas – doses repetidas, em intervalos de 1 a 2 meias vidas, da droga escolhida. • Não e indicado o uso por mais de 12 h. Profilaxia antimicrobiana • É normalmente ineficaz em situações onde ocorre provável infecção continua como: • Traqueostomia, ou entubação traqueal • Cateteres urinários permanentes • Cateteres venosos permanentes • Feridas ou drenos torácicos • Feridas abertas(incluindo queimaduras. Infecções em feridas locais • Depende muito das medidas intraoperatórios tai como: • Manipulação apropriada dos tecidos • Garantia de suprimento vascular final, com controle de sangramentos • Debridamento de tecidos necrosados, e retirada de corpos estranhos • Escolha adequada do fio, e do tipo de sutura. Infecções em feridas locais • Curativo: • O uso de curativo adequado por 48 a 72 h se mostra eficaz diminuindo a contaminação da ferida. • No entanto seu uso após esse período aumenta o numero de bactérias , alterando o processo de cicatrização. Patógenos em infecções cirúrgicas • A maior parte destas infecções são causadas por bactérias endógenas. • Desta forma temos agentes específicos , dependendo do local da cirurgia. • Cocos Gram-Positivos: • Estafilococos • Coagulase +(S.aureus)- endocardites em pacientes com uso de drogas intravenosa • coagulase – (S. epidermites)-associados a infecçoes de dispositivos intravasculares • Estreptococos • S.pyogenes, S.pneumoniae, Enterococus. • Dificilmente encontrados como causadore de uma infecção cirúrgica • Bastonetes Gram-negativos: • Comuns em infecções cirúrgicas , e relativamente resistentes à uma ampla variedade de antibióticos. • Pseudômonas, acinetobacter. • causam pneumonias assoc. ao hospital, infec. No tecido frouxo e cav. peritoneal. • Bactérias anaeróbias • Habitantes mais numerosas do trato intestinal e boca. • Importantes causadores de infecçao, tendo como fonte principal o trato GI. • Fungos • Não são os patógenos mais presentes, no entanto nota-se um aumento no nº de infec. • Gen. Cândida é freqüente em pacientes que receberam antibióticos de amplo espectro. CONSIDERAÇÕES GERAIS (1) A antibióticoprofilaxia está indicada em cxs cuja ocorrência de complicações é elevada. Devem ser utilizadas, de modo geral cefalosporinas de 1a e 2a geração. (2) Deve ser inciada 30 min antes da incisão por via EV (3) Nível sérico mantido por todo o ato cirúrgico (4) Geralmente não há vantagem em se manter a profilaxia além do tempo operatório (*24h *48) (5) Manter profilaxia com atb em pctes com drenos e cateteres é errado, pode ocasionar superinfecções. (6) Pctes portadores de MRSA devem ser previamente descolonizados, se não possível inclua glicopeptídeos na profilaxia PROFILAXIA: Cabeça e pescoço Acesso por mucosa, op. pot contaminada ou pctes. Oncológicos. CLINDAMICINA (C/ OU S/ GENTAMICINA) OU AMOXACILINA/CLAVULANATO Cir. Cardíaca Todos os pctes. CEFAZOLINA ou (VANCOMICINA ASSOCIADA COM GENTAMICINA) Cir. Plástica CEFAZOLINA Cir. Torácica CEFAZOLINA (CLINDAMICINA) Cir. Vascular Exceto para vasos dos MM e carótida. CEFAZOLINA (VANCOMICINA ASS. C/ GENTAMICINA) Esôfago Se envolver mucosa. AMOXICILINA/CLAVULANATO (CLINDAMICINA + GENTAMICINA) Estômago e duodeno Dças malig. ou sangramentos. CEFAZOLINA (CLINDAMICINA + GENTAMICINA) Ginecologia Pot. Contaminadas. CEFAZOLINA (CLINDAMICINA) Jejuno, íleo, cólon e reto METRONIDAZOL ou CLINDAMICINA ASS. GENTAMICINA. Em contaminações acidentais máx. 24h, em perfurações traumáticas 3 a 5 dias, em apendicite manter atb conforme se desenvolvem os achados clínicos. Mama Não usar em biópsias, resecção de nódulos ou cxs seguimentares. CEFAZOLINA (CLINDAMICINA) Neurocirurgia CEFAZOLINA (VANCOMICINA). Se acesso por mucosa AMOXICILINA/CLAVUNALATO (CLINDAMICINA) Oftmalmologia * PVPI apenas. Ortopedia Apenas para colocação de próteses ou fraturas expostas. CEFAZOLINA (VANCOMICINA + GENTAMICINA). Otorrinolaringologia Cxs do ouvido. CEFAZOLINA (CLINDAMICINA) Urologia Se urinocultura (+) tratar de acordo com o antibiograma. Se urinocultura (-) CEFAZOLINA (CIPROFLOXACINA) Vias Biliares Pcts. Idosos, icterícia obstrutiva, litíase coledociana, colicistite aguda. CEFAZOLINA (GENTAMICINA). Penicilinas Dois grupos: • Estáveis contra penicinilase estafilocócica: - Estafilococos suscetíveis a meticilina • Outras: - Hidrolisadas pela penicilase estafilocócica * - Gram-positivos e bastonetes gramnegativos - Bactérias aeróbicas Associação com inibidores da Blactamase (ác. Clavulânico, sulbactam): - Estafilococos - Gram-negativos* - Anaeróbico * - Aeróbicos, resistentes a penicilina devido B-lactamase * Cefalosporina Maior e mais usado grupo de antibióticos Três gerações: Primeira: - Estafilococos suscetíveis à meticilina - Estreptococos - (X) enterecocos Segunda: - Aumenta a atividade Gram-negativa - Anaeróbicos - Usada com a suscetibilidade conhecida e com baixa resistência. Não é usada empiricamente em hospitais Terceira: - Elevada atividade Gram-negativos (bastonetes*) - Diminui a atividade contra estafilo, estreptococos e anaeróbicos - Diferencia entre com e sem ação contra Pseudomonas. - Desvantagem: aumento da incidência desenvolvimento de VRE / Resposta séptica por endotoxinas e TNF nos bastonetes gram-negativos Monobactâmicos (Aztreonam) - Gram negativos (Psudomonas) - Sem ação contra cocos gram-positivos e anaeróbicos Carbapenes - Cocos gram-positivos, exceto SARM - Anaeróbicos - Bastonetes Gram-negativos (Pseudomonas, resistência durante o tratamento) - Enzima inibidora da cilastatina (Hidrólise renal e nefrotoxicidade) Quinolonas Grupo das Fluoroquinolonas: (2a. geração) - Norfloxacina - aeróbicos, gram-negativos, Pseudomonas - Infecção do trato urinário (3a. geração) Levofloxacina - aeróbicos, gram-negativos, grampositivos(strepto e pneumococo) e SARM - Infecções do trato respiratório e urinário. - Desvantagem: o uso frequente tem levado a níveis elevados de patógenos resistentes. Aminoglicosídeos: • Boa atividade contra: Bacilos gramnegativos aeróbios. • Pouca atividade contra: Cocos grampositivos. • Nenhuma atividade contra: Bactérias anaeróbias. • Dificuldade na utilização clínica : Nefrotoxicidade e ototoxicidade. • Tratamento empírico de infecções causadas por gram-negativos ou em combinação para tratar infecções complicadas por enterococcus. Antianaeróbios: • Droga mais antiga: Cloranfenicol. • Ativo contra maioria dos anaeróbios porém pouco usada devido à toxicidade para a medula óssea. • Clindamicina: anaeróbios e grampositivos. Usada em combinação para cobrir bacilos gram-negativos. • Metronidazol: mais completa atividade contra anaeróbios. Combinação necessária devido a sua falta de atividade contra aeróbios. Combinação mais eficaz: cefalosporinas 3ª geração ou fluoroquinolonas. Macrolídeos: • Eritromicina: • Boa atividade antianaeróbia e cocos gram-positivos. • Utilizada na forma oral em combinação com aminoglicosídeos para reduzir o número de bactérias intestinais antes da realizações de operações no cólon. • Azitromicina e Claritromicina: aplo espectro, disponíveis somente na forma oral. Tetraciclinas: • Atividade contra: anaeróbios, bacilos gram-negativos e cocos gram-positivos. • Pouco utilização em infecções cirúrgicas. Glicopeptídeos: • Vancomicina: Ativa contra cocos gram-positivos, especialmente MRSA. Atividade moderada contra enterococos. Efetiva contra Clostridium difficile, porém não devendo ser utilizada no tratamento da diarréia causada pelo patógeno, devido ao aumento de resistência de enterococos. Oxazolidinonas: • Linezolide: Ativa contra quase todas as bactérias gram-positivas, incluindo a VRE e S. aureus. Também é ativo contra alguns anaeróbios. Disponível na forma oral e parenteral. Antifúngicos: • Triazol: atuação na parede celular, inibindo o citocromo P-450. • Fluconazol: Amplo espectro contra: Criptococcus e maioria das espécies de Cândida. Uso cirúrgico: tratamento de infecções sistemicas por cândida e em pacientes de alto risco. • Voriconazol: triazol com maior espectro que o fluconazol, atingindo todas as espécies de Candida. • Anfotericina B: Antifúngico com ampla atividade porém alta toxicidade. Utilizado apenas em infecções letais.