Sessão de Esclarecimento sobre o novo ACORDO ORTOGRÁFICO da LÍNGUA PORTUGUESA Organização Grupo Língua Portuguesa, 3º ciclo EB2,3 Professor Amaro Arantes 10 de janeiro de 2012 10/01/2012 Odete Duarte 1 [...] Creio que a razão fundamental é que os adultos, habituados a escrever de uma certa maneira, têm dificuldade em mudar essa forma de escrever. Quando se aprende uma palavra nova aprendemos três coisas: o significado da palavra, a pronúncia e a sua grafia. Tanto a pronúncia como a grafia fixam-se como imagens na nossa mente. Alterar a imagem gráfica de uma palavra é sempre uma espécie de violência. As pessoas reagem negativamente contra essa imposição de mudar a sua forma de escrever, pois quando escrevemos fazemo-lo de uma forma automática, mecânica. [...] E há ainda outra razão mais particular. Portugal, por ser o país-berço da língua, considera-se o proprietário, o dono da língua portuguesa. Ora o maior êxito da nossa expansão pelo mundo foi a língua, que ficou implantada em oito novos países. [...] Malaca Casteleiro, in África 21 in Francisco Álvaro Gomes, O Acordo Ortográfico. Porto Editora 10/01/2012 Odete Duarte 2 Instrumentos e ferramentas importantes para além da leitura do AO (1990) Portal da Língua Portuguesa http://www.portaldalinguaportuguesa.org/ 1. VOP (vocabulário ortográfico do português) 10/01/2012 Odete Duarte 3 2. Conversores Lince – Portal da Língua Portuguesa http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=lince Permite converter ficheiros de múltiplos formatos e em simultâneo para a nova ortografia. Aparentemente não existe limitação no tamanho dos ficheiros e pode ser usado em ambiente Windows, Linux e Mac OS. Porto Editora http://www.portoeditora.pt/acordo-ortografico/conversor-texto/ Além de permitir converter texto numa caixa, permite fazer conversão de ficheiros .DOC e .DOCX até 3MB e com um máximo aproximado de 50.000 palavras. FLIP http://www.flip.pt/FLiPOnline/ConversorparaoAcordoOrtográfico/tabid/56 6/Default.aspx Permite converter texto em português europeu e português brasileiro até a um limite de 3000 caracteres online. 10/01/2012 Odete Duarte 4 Resolução da Assembleia da República n.º 26/91 Aprova, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164.º, alínea j, e 169.º, n.º 5, da Constituição, aprovar, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa a 16 de Dezembro de 1990, que segue em anexo. Aprovada em 4 de Junho de 1991. O Presidente da Assembleia da República, Vítor Pereira Crespo 10/01/2012 Odete Duarte 5 O texto do Acordo (1990) organiza-se em 21 bases NOTA: O ACORDO ORTOGRÁFICO de 1945 tinha 51! 10/01/2012 Odete Duarte 6 Base I - Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados Base II - Do h inicial e final Base III - Da homofonia de certos grafemas consonânticos Base IV - Das sequências consonânticas Base V - Das vogais átonas Base VI - Das vogais nasais Base VII - Dos ditongos Base VIII - Da acentuação gráfica das palavras oxítonas (agudas) Base IX - Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas (graves) Base X - Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas Base XI - Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas (esdrúxulas) Base XII - Do emprego do acento grave Base XIII - Da supressão dos acentos em palavras derivadas Base XIV - Do trema Base XV - Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares Base XVI - Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação Base XVII - Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver Base XVIII - Do apóstrofo Base XVIX - Das minúsculas e maiúsculas Base XX - Da divisão silábica Base XXI - Das assinaturas e firmas 10/01/2012 Odete Duarte 7 O AO introduz novidades em cinco áreas: • a supressão de consoantes mudas (c e p), em certas sequências de consoantes; • a (não) acentuação de algumas palavras graves; •a introdução das letras k, w e y no alfabeto (mantendo-se, no entanto, as regras de utilização do anterior acordo); 10/01/2012 Odete Duarte 8 • a (não) utilização do hífen (em palavras compostas por justaposição – c. morfossintática – em palavras prefixadas ou com pseudoprefixo ou radical – derivação e composição morfológica – , em locuções); • a utilização de maiúscula/minúscula. 10/01/2012 Odete Duarte 9 Caso a caso... 10/01/2012 Odete Duarte 10 1. Supressão de consoantes mudas (c, p) Não se dizem, não se escrevem Exemplos de eliminação: 1) Sequência cc • acionista em vez de accionista • lecionar em vez de leccionar 2) Sequência cç • ação em vez de acção (repare-se na grafia inflação, anterior ao acordo) • seleção em vez de selecção 3) Sequência ct • ator em vez de actor • atual em vez de actual 10/01/2012 Odete Duarte 11 1. Supressão de consoantes mudas (c, p) Não se dizem, não se escrevem Exemplos de eliminação: 4) Sequência pc • adocionismo em vez de adopcionismo 5) Sequência pç • adoção em vez de adopção 6) Sequência pt • adotar em vez de adoptar • Egito em vez de Egipto; Nota: Mas continuamos a escrever egípcio, porque nesta palavra o p pronuncia-se. 10/01/2012 Odete Duarte 12 A supressão não se dá quando a consoante é articulada se se dizem, escrevem-se Palavras em que a consoante se mantém. adepto compacto ficção núpcias aptidão erupção fricção pacto 10/01/2012 Odete Duarte 13 Casos de dupla grafia uns dizem, outros não Existem consoantes que, de país para país, ou mesmo dentro do mesmo país, ora se pronunciam ora são mudas. Para os brasileiros não muda nada, já que há muito usam grafias duplas para casos de pronúncia oscilante no seu país, como aspeto e aspecto ou excecional e excepcional. 10/01/2012 Odete Duarte 14 Casos de dupla grafia uns dizem, outros não Ortografia luso-africana 1) facto Ortografia brasileira 1´) fato 2) contacto 2´) contato 3) receção 3’) recepção 4) dececionar 4’) decepcionar 5) amnistia 5’) anistia 10/01/2012 Odete Duarte 15 Casos de dupla grafia uns dizem, outros não CONCLUSÃO: Acordo Ortográfico estabelece ortografias duplas para estes casos de pronúncia oscilante. Vejamos mais alguns exemplos: • cato e cacto • aspeto e aspecto • excecional e excepcional • jacto e jato • subtil e sutil • omnipotente e onipotente • amígdala e amídala • súbdito e súdito • aritmética e arimética. NOTA: em Portugal já temos inúmeras grafias duplas: guiché e guichê, bêbado e bêbedo, avalanche e avalancha, ouro e oiro, etc. 10/01/2012 Odete Duarte 16 2. A utilização do hífen (-) • Nas palavras formadas por prefixos ou falsos prefixos terminados em consoante (hiper-, inter- e super-), quando o elemento seguinte começa por uma consoante igual: hiper-realista inter-regional super-resistente ATENÇÃO: Se o elemento seguinte começa por uma consoante diferente ou por uma vogal, nunca se usa hífen: hipermercado, superinteressante… 10/01/2012 Odete Duarte 17 2. A utilização do hífen (-) • Nas palavras formadas por prefixos ou falsos prefixos terminados em vogal, quando o segundo elemento começa pela mesma vogal: auto-observação anti-inflamatório micro-ondas semi-interno contra-almirante contra-ataque 10/01/2012 Odete Duarte 18 2. A utilização do hífen (-) • Nas palavras formadas por prefixos ou falsos prefixos terminados em vogal ou consoante, quando o segundo elemento começa por h: pré-história super-homem semi-hospitalar anti-herói anti-hemorrágico 10/01/2012 Odete Duarte 19 2. A utilização do hífen (-) • Nas palavras compostas por composição morfossintática (justaposição), cujos elementos mantêm a sua independência e acentuação próprias: ano-luz arco-íris decreto-lei tio-avô guarda-chuva segunda-feira • Nos nomes de espécies botânicas ou zoológicas: cana-de-açúcar couve-flor bicho-da-seda feijão-frade 10/01/2012 Odete Duarte 20 2. A utilização do hífen (-) • Nas palavras formadas com adição dos prefixos ab-, ad-, sob-, sub-, quando o primeiro elemento termina em consoante igual à que inicia o segundo elemento, ou quando este começa por b ou r, para preservar a pronúncia do r inicial do segundo elemento e para salvaguardar a devida lógica de translineação: sub-rés do chão ab-rogar sub-região 10/01/2012 Odete Duarte 21 2. A utilização do hífen (-) • Nas palavras formadas pelos prefixos circume pan-, quando o elemento seguinte começa por vogal, m ou n. circum-escolar circum-navegação pan-africano 10/01/2012 Odete Duarte 22 A supressão do hífen (-) • Certos compostos, em relação aos quais se perdeu a noção de composição: pontapé madressilva girassol paraquedista paraquedas mandachuva 10/01/2012 Odete Duarte 23 A supressão do hífen (-) • Nas palavras com elementos de ligação – locuções - isto é, um conjunto de palavras que exprime uma ideia, como animal de companhia e se bem que. fim de semana cor de laranja dia a dia NOTA: São exceções a esta regra grafias consagradas pelo uso como: água-de-colónia arco-da-velha cor-de-rosa mais-que-perfeito pé-de-meia ao deus-dará à queima-roupa. faz-de-conta 10/01/2012 Atenção! No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Porto Editora, optou-se pela supressão do hífen em todas as locuções de uso geral. Em alguns dicionários, aparecem as duas grafias. Odete Duarte 24 A supressão do hífen (-) • Nas formações com o prefixo co, este aglutinase em geral com o segundo elemento, mesmo quando iniciado por o: coordenar coadministração coobrigação coautor... 10/01/2012 Odete Duarte 25 A supressão do hífen (-) • Nas formações em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por: - r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se: contrarregra, antirreligioso, autorrádio, autossuficiente, ultrassónico, minissaia; - vogal diferente: agroindústria, antiaéreo, coeducação, autoestrada, autoavaliação, extraescolar, hidroelétrico 10/01/2012 Odete Duarte 26 A supressão do hífen (-) • Nas formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo “haver” acompanhado da preposição “de”. hei de hás de há de heis de hão de 10/01/2012 Odete Duarte 27 3. (Não) Acentuação de algumas palavras • SUPRESSÃO DO ACENTO: - em palavras graves com o ditongo oi na penúltima sílaba: jibóia > jiboia jóia > joia heróico > heroico 10/01/2012 Odete Duarte 28 3. (Não) Acentuação de algumas palavras • SUPRESSÃO DO ACENTO: - formas verbais da 3ª pessoa do plural terminadas em –êem: lêem > leem vêem > veem crêem > creem dêem > deem. ATENÇÃO: Os verbos ter e vir (e seus derivados) continuam a ser acentuados na terceira pessoa do plural: Eles têm dois carros. Eles vêm de Lisboa. 10/01/2012 Odete Duarte 29 3. (Não) Acentuação de algumas palavras • SUPRESSÃO DO ACENTO: - formas dos verbos com –gu- ou –qu-, quando a vogal tónica é o u: adeque argui - palavras graves homógrafas: para (verbo/preposição) pela Coa (rio/flexão verbo coar) pelo pera polo Pero Pinheiro Castanheira de Pera 10/01/2012 Odete Duarte 30 3. (Não) Acentuação de algumas palavras • MANTÉM-SE O ACENTO: Pôr Pôde 10/01/2012 Odete Duarte 31 3. (Não) Acentuação de algumas palavras • É FACULTATIVO O ACENTO: - formas verbais terminadas em -ámos do pretérito perfeito do indicativo na 1.ª pessoa do plural: amámos ou amamos passámos ou passamos 10/01/2012 Odete Duarte 32 3. (Não) Acentuação de algumas palavras • É FACULTATIVO O ACENTO: - dêmos. Passa a facultativo o acento de dêmos, flexão do presente do conjuntivo do verbo dar: quer que lhe dêmos atenção ou quer que lhe demos atenção. 10/01/2012 Odete Duarte 33 3. (Não) Acentuação de algumas palavras • DUPLA ACENTUAÇÃO - em casos como as palavras graves ou esdrúxulas com é e ó tónicos, seguidas das consoantes nasais m ou n, com as quais não formam sílaba: ténis e tênis fenómeno e fenômeno NOTA: Os portugueses continuarão a usar o acento agudo nestas palavras por ser o que corresponde à sua pronúncia. Portanto, na prática e pelo menos no que diz respeito a Portugal, não haverá alteração na ortografia destas palavras. 10/01/2012 Odete Duarte 34 3. (Não) Acentuação de algumas palavras • DUPLA ACENTUAÇÃO: - em casos como as palavras agudas com é e ó tónicos, geralmente provenientes do francês, em que há oscilação de pronúncia: bebé e bebê 10/01/2012 guiché e guichê Odete Duarte 35 4. Introdução de novas letras • O alfabeto da língua portuguesa passa a ter 26 letras com a inclusão de: k (capa ou cá) w (dáblio ou dâblio) y (ípsilon ou i grego) 10/01/2012 Odete Duarte 36 4. Introdução de novas letras a A (á) b B (bê) c C (cê) d D (dê) e E (é) f F (efe) g G (gê ou guê) h H (agá) i I (i) j J (jota) k K (capa ou cá) l L (ele) m M (eme ou mê) 10/01/2012 n N (ene) o O (ó) ATENÇÃO: p P (pê) A introdução do q Q (quê) k, do w e do y r R (erre) não aumenta o s S (esse) seu uso! t T (tê) u U (u) v V (vê) w W (dáblio ou dâblio) x X (xis) y Y (ípsilon ou i grego) z Z (zê) Odete Duarte 37 4. Introdução de novas letras • ESSAS LETRAS SÃO USADAS NOS SEGUINTES CASOS: - em nomes originários de outras línguas e seus derivados, como: Kant – kantismo Kafka – kafkiano Darwin – darwinismo - em nomes de lugares originários de outras línguas e seus derivados: Kosovo – kosovar Nota: Nos casos em que já exista uma forma aportuguesada (vernácula), esta deve ser dada como preferencial, como é o caso da substituição de New York por Nova Iorque. 10/01/2012 Odete Duarte 38 4. Introdução de novas letras • ESSAS LETRAS SÃO USADAS NOS SEGUINTES CASOS: - nas siglas, símbolos, abreviaturas e unidades de medida internacionais, como é o caso de: WWW (World Wide Web) WC W (oeste, watt) km (quilómetro) - unidades monetárias: kwanza 10/01/2012 Odete Duarte 39 4. Introdução de novas letras • ESSAS LETRAS SÃO USADAS NOS SEGUINTES CASOS: - em vocábulos de origem estrangeira de uso corrente, como os seguintes exemplo : web software kit hobby - desportos e desportistas windsurfe / windsurfista 10/01/2012 Odete Duarte 40 5. Tipo de Letra (maiúscula ou minúscula?) • INICIAL MINÚSCULA: - Os dias da semana, os meses e as estações do ano: segunda-feira outubro primavera - Palavras que mencionam alguém cujo nome se desconhece: fulano sicrano beltrano 10/01/2012 Odete Duarte 41 5. Tipo de Letra (maiúscula ou minúscula?) • INICIAL MINÚSCULA: - Os pontos cardeais e colaterais: norte sul nordeste exceto: - quando usados de forma absoluta: Norte, por norte de Portugal; - nas abreviaturas: N S OE 10/01/2012 Odete Duarte NE 42 5. Tipo de Letra (maiúscula ou minúscula?) • USO FACULTATIVO DE MINÚSCULA OU MAIÚSCULA - Os títulos dos livros (sempre com a primeira letra e os nomes próprios em maiúscula): Uma família inglesa ou Uma Família Inglesa O crime do padre Amaro ou O Crime do Padre Amaro - Os nomes das disciplinas escolares, dos cursos e domínios do saber: língua portuguesa ou Língua Portuguesa engenharia informática ou Engenharia Informática 10/01/2012 Odete Duarte 43 5. Tipo de Letra (maiúscula ou minúscula?) • USO FACULTATIVO DE MINÚSCULA OU MAIÚSCULA - Nas formas de tratamento e expressões de respeito, hierarquia: senhor doutor Manuel ou Senhor Doutor Manuel sr. eng. Pereira ou Sr. Eng. Pereira - Nos títulos dos santos (hagiónimos): santo António ou Santo António -Nos nomes de ruas, lugares públicos, monumentos ou edifícios: rua ou Rua da Liberdade palácio ou Palácio da Pena igreja ou Igreja do Carmo 10/01/2012 Odete Duarte 44 5. Tipo de Letra (maiúscula ou minúscula?) • USO DE MAIÚSCULA: Ana Silva D. Quixote Branca de Neve Braga Beira Atlântida Adamastor Saturno Instituto Camões (instituição) Natal/Ramadão Jornal de Notícias N/Norte ( no seu valor absoluto) NATO UE V. Exª 10/01/2012 Odete Duarte 45 Bibliografia • Acordo Ortográfico Guia Prático. 2008. Porto Editora • CASTELEIRO, JOÃO MALACA E CORREIA, PEDRO DINIS, Atual O Novo Acordo Ortográfico – O Que Vai Mudar na Grafia do Português. 3ª edição. 2008. Texto Editores, Lda. • GOMES, FRANCISCO ÁLVARO, O Acordo Ortográfico. Maio 2008. Edições Flumen. Porto Editora. • PINTO, PAULO FEYTOR, Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 2010. Imprensa Nacional – Casa da Moeda • MATEUS, MARIA HELENA e outros , Gramática da Língua Portuguesa. 6ª edição2003. Caminho • Portal da Língua Portuguesa, em 10/01/2012 Odete Duarte 46 FIM 10/01/2012 Odete Duarte 47