Reportagem
No dia 23 de Abril de 2010, numa sexta-feira, pelas
15h deslocou-se à Escola Secundária com 3º ciclo de
Ferreira Dias no Cacém o conhecido estilista Manuel Alves.
Esperava-o um entusiástico auditório repleto de jovens e
alguns professores animados com a prestigiante visita. Bem
como uma simpática e disponibilizada equipa do jornal que
apadrinhou todo o evento. Manuel Alves a todos
agradavelmente surpreendeu com uma esfusiante boa
disposição e alegria.
Após a leitura de uma breve nota biográfica da responsabilidade
do professor organizador do evento, Manuel Alves circunscreveu a
importância que o universo da indumentária representa no viver
quotidiano: quem não se preocupa com o que diariamente veste? Quem
já não se sentiu bem consigo e com os outros por se sentir satisfeito com
o que trajava?
A moda e a indumentária são, por sua vez, o reflexo da cultura,
do movimento histórico das ideias e um designer de moda deverá
possuir a curiosidade do historiador e do sociólogo, procurando
interpretar nas suas criações os sinais do tempo. Assim, à pergunta do
nosso grupo, as “ferreirinhas”, qual o conselho que daria aos jovens que
pretendem seguir os primeiros passos no domínio do estilismo, Manuel
Alves respondeu com a curiosidade e a procura do conhecimento. Só
quem está aberto à cultura no seu sentido mais amplo ( literatura,
história, cinema…) poderá ser um verdadeiro criador, porque a moda de
criatividade se trata, e toda a criatividade supõe fontes de inspiração.
Perguntámos ainda a Manuel Alves quais são os maiores obstáculos
que os jovens poderão enfrentar neste universo, mas para o estilista os
obstáculos são na maioria das vezes de natureza psicológica, resultam da
descrença e do desânimo. Com força de vontade, tenacidade, persistência
podemos alcançar os nossos objectivos. Manuel Alves sempre soube que
era este o seu ecossistema e cedo lutou por ele não hesitando em
trabalhar em part-time para subsidiar os seus estudos. Quando lhe
perguntámos se por vezes não se sente vítima de um certo preconceito
intelectual que se tece a propósito da moda, considerando-a uma forma
de arte inferior julgando-se as pessoas que frequentam o meio algo
superficiais, o estilista respondeu que não julga aprioristicamente
ninguém e que frequentemente as pessoas não são o que aparentam.
Também o estilista não considera a moda especificamente uma arte,
embora comporte criatividade e imaginação, e isto porque as criações do
designer de moda são delineadas tendo em vista pessoas concretas com
características físicas específicas enquanto a arte comporta uma dimensão
universal.
Manuel Alves considera o seu trabalho em parceria com Manuel
Gonçalves como bastante frutuoso, tendo os estilistas visões divergentes
que se complementam e enriquecem mutuamente. Manuel Alves que
sempre alimentou desde a infância um grande amor pela vida animal
repudia terminantemente que as peles destes viventes possam ser
utilizadas na industria da moda e interpelou todos os presentes que se
mobilizem activamente contra todas as graves violações dos direitos dos
animais.
Quando, por fim, perguntámos a Manuel
Alves como tem sido a receptividade
internacional aos seus trabalhos, o estilista
reconhece o bom acolhimento das suas criações,
nomeadamente na cidade Brasileira de S. Paulo
onde o estilista tenciona abrir brevemente uma
loja; todavia, o grande sonho deste designer
seria abrir um espaço na cidade dos seus
sonhos, Nova York; dificuldades ligadas às
elevadas taxas aduaneiras que são impostas aos
produtos europeus, bem como à competição
neste domínio onde a marca “Portugal” é tão
pouco expressiva têm impedido, a concretização
deste projecto, mas conhecendo Manuel Alves,
como hoje o conhecemos, um homem repleto
de energia e acreditando profundamente no que
faz, estamos em crer que para este estilista o
céu é mesmo o limite.
Muito obrigado Manuel Alves por nos ter
inspirado e auxiliado a acreditarmos um pouco
mais em nós mesmos!
As ferreirinhas:
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