
1-Origem/sob uma perspectiva universalista

2-Breve histórico da luta das mulheres
negras
CONDIÇÃO DAS MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS
O Brasil, que se favoreceu do trabalho escravo ao longo de mais de quatro séculos, colocou à
margem o seu principal agente construtor, o negro, que passou a viver na miséria, sem trabalho,
sem possibilidade de sobrevivência em condições dignas. Nesse contexto se encontra a mulher
negra que por ser negra, mulher e pobre sua exclusão ocorre de forma mais acentuada e
gritante.
Desde a chegada da mulher negra no Brasil, na condição de escrava, iniciou-se a luta em prol de
vida com dignidade na sociedade brasileira. Assim mesmo sendo a discriminação racial ou
racismo declarada crime, a sociedade, ainda age em relação ao negro, camufladamente de forma
bastante preconceituosa e racista. Nesse contexto estão “as mulheres negras que em geral,
sofrem de várias discriminações: sexual, social, e racial.
Portanto tudo o que se coloca como problemático para a população negra atinge especialmente
as mulheres negras.
A situação da mulher negra no Brasil de hoje manifesta um prolongamento da sua realidade
vivida no período de escravidão com poucas mudanças, pois ela continua em último lugar na
escala social e é aquela que mais carrega as desvantagens do sistema injusto e racista do país.
Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta menor
nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento menor, e as poucas que conseguem
romper as barreiras do preconceito e da discriminação racial e ascender socialmente (SILVA,
2003).
MULHERES NEGRAS
RESISTÊNCIA
Tereza de Benguela
Teresa de Benguela foi a mulher de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho (ou
Quariterê), em Guaporé, O Quilombo do Quariterê em Cuiabá ficava próximo à
fronteira de Mato Grosso com a Bolívia. Sob a liderança da Rainha Teresa, a
comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até
1770.
A Rainha Teresa comandou a estrutura política, econômica e administrativa do
Quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou
resgatadas das vilas próximas. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade
negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, visto que
dominavam o uso da forja.
O Quilombo do Quariterê, além do parlamento e de um conselheiro para a rainha,
desenvolvia agricultura de algodão e possuia teares onde fabricavam tecidos que eram
comercializados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes.
Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – 25 de Julho
Luiza Nahim
Luísa Mahin nasceu no início do século XIX, foi uma ex-escravizada africana, radicada no Brasil, mãe do
abolicionista Luís Gama.
Pertencia à tribo Mahi, da nação africana Nagô, praticantes da religião islâmica, conhecidos no Brasil como
malês.
Embora se desconheça a sua origem, tendo vivido em Salvador, na Bahia, foi alforriada em 1812. Afirmava ter
sido princesa, na África. De sua união com um fidalgo português, nasceu Luís Gama. Aos cuidados do pai,
dissipador, a criança, então com dez anos de idade, foi vendida ilegalmente como escrava, para quitar uma
dívida de jogo.
Luísa esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravizados que sacudiram a então
Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX. Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram
distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes.
Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Caso o levante dos
malês tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da Bahia.[1]
Descoberta, foi perseguida, logrando evadir-se para o Rio de Janeiro onde foi encontrada, detida e,
possivelmente, degredada para Angola, na África.
Alguns autores acreditam que ela tenha conseguido fugir, vindo a instalar-se no Maranhão, onde, com a sua
influência, desenvolveu-se o chamado tambor de crioula.
Em suas notas biográficas, o poeta e abolicionista Luís Gama, registrou acerca de sua mãe:
"Sou filho natural de negra africana, livre, da nação nagô, de nome Luísa Mahin, pagã, que sempre recusou o
batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto sem lustro, os
dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa."
Irmandade da Boa Morte, 1820 até
os dias atuais
A história da confraria religiosa da Boa Morte se confunde com a maciça importação de
escravizados da costa da África para o Recôncavo canavieiro da Bahia, em particular para a
cidade de Cachoeira, a segunda em importância econômica na Capitania da Bahia durante três
séculos.
O fato de ser constituída apenas por mulheres negras, numa sociedade patriarcal e marcada por
forte contraste racial e étnico, emprestou a esta manifestação afro-católica, como querem alguns
autores, notável fama, seja pelo que expressa do catolicismo barroco brasileiro, de indeclinável
presença processional nas ruas, seja por certa tendência para a incorporação aos festejos
propriamente religiosos de rituais profanos pontuados de muito samba e comida.
Há que acrescentar ao gênero e raça dos seus membros a condição de ex-escravizadas ou
descendentes deles, importante característica social sem a qual seria difícil entender tantos
aspectos ligados aos compromissos religiosos da confraria, onde ressalta a enorme habilidade
dos antigos escravizados para cultuar a religião dos dominantes sem abrir mão de suas crenças
ancestrais, como também aqueles aspectos ligados à defesa, representação social e mesmo
política dos interesses dos adeptos.
Mãe Senhora
Maria Bibiana do Espírito Santo, a Mãe Senhora, Oxum Muiwá, filha legítima de Félix do
Espírito Santo e Claudiana do Espírito Santo, nasceu em 31 de março de 1900, na
Ladeira da Praça em Salvador, Bahia.
Era descendente da nobre e tradicional família Asipá, originária de Oyo e Ketu na
África, importantes cidades do império Yoruba. Sua trisavó, Sra. Marcelina da Silva,
Oba Tossi, foi uma das fundadoras da primeira casa da tradição nagô no Brasil o Ilê Axé
Aira Intile, Candomblé da Barroquinha, depois Casa Branca do Engenho Velho, que deu
origem aos terreiros do Gantois (Ilê Axé Omi Iyamassê) e o Ilê Axé Opô Afonjá, do São
Gonçalo do Retiro.
Mesmo não residindo “na roça”, estava presente e tudo controlava com extremo rigor e
pontualidade, empenhando todos os esforços para a fidelidade dos preceitos com
entusiasmada dedicação.
Esta Senhora de Oxum de forte personalidade, deu seguimento às comemorações e
festas tradicionais de acordo com o calendário estabelecido por Dona Aninha. Mantinha
muitos dos hábitos instituídos por sua mãe-de-santo, como ter a sua manutenção
econômica assegurada por atividade independente do sacerdócio.
HOMENAGENS
Dona Senhora de Oxum teve a satisfação de ver reconhecida a sua liderança espiritual,
ainda em vida, em muitas homenagens que recebeu:
Em 1957, por ocasião do cinquentenário de sua iniciação, foi homenageada com uma
grande festa no barracão do Axé lotado dos filhos-de-santo, obás e demais integrantes
da casa,delegações dos mais diversos candomblés da Bahia, personalidades da vida
intelectual, muitas delas vindas do Rio de Janeiro e São Paulo, inclusive
representações do presidente Juscelino Kubitschek e do seu ministro da Educação.
Em 1959, por ocasião do IV Colóquio Luso-Brasileiro, realizado pela UFBA, Dona
Senhora ofereceu no Axé um grande amalá de Xangô, numa festa pública dedicada aos
congressistas. Durante a festa, o escritor Jorge Amado saudou os convidados, em
nome do terreiro e de sua Yalorixá, dizendo “…Estais em vossa casa porque este
terreiro de Xangô, este candomblé de Senhora, tem sido – permanentemente e sempre
– uma casa da cultura e da inteligência baiana… somos orgulhosos deste templo e de
seu significado. Aqui passaram e estudaram Martiniano do Bonfim, babalaô da casa,
nosso Édison Carneiro, o feiticeiro Pierre Verger e hoje nós, homens de cultura, somos
os defensores do seu segredo e de sua grandeza, ao lado desta figura invulgar de
mulher, feita de uma só peça, rainha, se a este título damos sua significação mais
profunda…”
TÍTULO E FALECIMENTO
Em 1965, Mãe Senhora recebeu o título de “Mãe Preta do Brasil” e foi aclamada
pelas comunidades religiosas afro-brasileiras, que lotaram o Maracanã, no Rio de
janeiro, com seus representantes, além de políticos e jornalistas.
Deixamos com Mestre Didi, seu filho e importante historiador da tradição da sua
comunidade, a notícia do seu falecimento: “No dia 22 de janeiro de 1967, Maria
Bibiana do Espírito Santo veio a falecer pela manhã, ao nascer do sol… Mãe
Senhora, assim, como todos os de sua família, morreu de repente, e talvez por isso
pareceu impossível a muitos acreditar na notícia da sua morte. Tão forte ainda,
aparentemente tão sadia, com aquela presença de rainha, sua força de comando,
sua intimidade com os orixás!”
.
*José Felix dos Santos – Bisneto de Mãe Senhora, Otun Algba do Ilê Axipa, Ogã do
Ilê Axé Opô Afonjá
]
“Não sou descendente de escravos, eu
descendo de seres humanos que foram
escravizados.”
Makota Valdina
Feminismo tradicional/ Feminismo
negro
Cidadania universal/ cidadania
diferenciada
 Dominação/ Opressão masculina sobre a
feminina
 Questão sexual/ Questão racial
 Gênero e classe/ Raça, gênero e classe
 Ideologia patriarcal

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Mercado de trabalho- Nessa área vem se lutando pela
implementação do sistema de cotas, em todos os
níveis, aliado a melhoria do grau de escolaridade, por
maior acesso á educação e condições de permanência,
através de Programas Específicos.

Saúde- se destaca nos debates da saúde da população
negra, em especial da mulher negra, com ênfase na
temática dos direitos reprodutivos e reconhecimento
das diferenças étnicas e raciais e pela implementação
da PNISPN.

A luta pela inclusão do quesito raça/cor nos
formulários de atendimento, para se obter dados, os
quais servirão para a implementação de políticas
públicas.
O Brasil é o segundo país no mundo com a maior população
negra – 95 milhões de afrodescendentes – o que não impede a
existência de sinais alarmantes de racismo e sexismo.
Assim como em outros locais, as mulheres negras continuam a
enfrentar obstáculos para alcançar representatividade em
órgãos públicos e privados.
Por exemplo, a presença de mulheres negras em cargos de
direção nas empresas é muito pequena: apenas 0,5% estão no
executivo, 2% na gerência, 5% na supervisão e 9% nas áreas
funcionais, de acordo com o estudo do Instituto Ethos 2012.

Violência- doméstica e sexual- o movimento vem
exigindo que a Lei Maria da Penha seja implementada
plenamente, realizando recomendações e ações para
que essa efetivação ocorra, ampliação dos
equipamentos, DEAMS, varas especializadas.

Violência contra a imagem da mulher negra- essa
representativa negativa tem acarretado diversas
consequências como: dificuldade em acessar o
mercado de trabalho; tem sua auto estima rebaixada;
tem seu envolvimento afetivo comprometido.

O movimento tem combatido a teoria da beleza de
branquitude, buscando a valorização da beleza negra e
o resgate da auto estima da mulher negra.
As novas agendas feministas
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reconhecer
a
autonomia
e
a
autodeterminação dos movimentos sociais de
mulheres negras;
comprometer-se com a crítica ao modelo
neoliberal injusto, predatório e insustentável
do ponto de vista econômico, social, ambiental
e ético;
reconhecer os direitos econômicos, sociais,
culturais e ambientais das mulheres negras;
comprometer-se com a defesa dos princípios
de igualdade e justiça econômica e social;
reconhecer o direito universal à educação,
saúde e previdência;
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comprometer-se com a luta pelo direito à terra
e à moradia;
comprometer-se com a luta anti-racista e a
defesa dos princípios de eqüidade racial-étnica;
comprometer-se com a luta contra todas as
formas de discriminação de gênero, e com o
combate a violência, maus-tratos, assédio e
exploração de mulheres e meninas;
comprometer-se com a luta contra a
discriminação as lésbicas negras, que sofrem
preconceito acentuado;
comprometer-se com a luta pela assistência
integral à saúde das mulheres e pela defesa dos
direitos sexuais e reprodutivos;
reconhecer o direito das mulheres de ter ou
não ter filhos com acesso de qualidade à
concepção e/ou contracepção;
 reconhecer a discriminalização do aborto
como um direito de cidadania e uma questão
de saúde pública e reconhecer que cada
pessoa tem direito as diversas modalidades
de família e apoiar as iniciativas de parceria
civil registrada [...]

Referências :
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
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
SANTOS, Jaqueline Lima, O feminismo negro como
perspectiva – Artigo/ Diálogo
YOUNG, Iris Marion,Vida política y diferencia de grupos.
Uma crítica Del ideal de ciudadania universalBarcelona/1996
COSTA, Ana Alice Alcantara,O movimento feminista no
Brasil: dinâmicas de uma intervenção política- Estudos
Feministas/2005
CALDWELL,Kia Lilly, Fronteiras da diferença, raça e mulher
no Brasil- Estudos Feministas, 2000 SCOTT,Joan, Gênero
uma categoria útil de análise histórica-Educação e
realidade/1995
SAFFIOTI, Heleieth, Rearticulando gênero e classe social –
São Paulo/ 1992
CARNEIRO, Sueli, Enegrecer o feminismo: A situação da
mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva
de gênero- Artigo/ São Paulo
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feminismo negro combate ao racismo.