IMUNIZAÇÃO Ana Maria Carmona Gonzales Nº 09 – 4º ano Pediatria – 16/09/10 TIPOS DE IMUNIZAÇÃO Ativa: induzida através de vacinas ou quando o indivíduo contrai a doença. Dura muitos anos. Passiva: induzida através da administração de anticorpos pré-formados de origem humana (imunoglobulina) ou animal (soro). Dura apenas algumas semanas e é utilizada quando a imunidade ativa falhou ou ainda não teve tempo de agir. Pode também ser obtida verticalmente. TIPOS DE VACINAS 1. Vacinas com microorganismos vivos atenuados, capazes de multiplicarem-se no organismo, estimulando uma resposta imune, mas incapazes, geralmente, de causar doença, sendo necessária uma única dose ou poucas doses para a imunização. Exemplos: Tríplice viral, Pólio – Sabin, Febre amarela, Varicela e BCG. 2. Vacinas compostas por microorganismos inativados (ou parte destes), ou seja, incapazes de multiplicarem-se. Gera uma resposta imune humoral, com pouca ou nenhuma imunidade celular. Exemplos: DPT, Hepatites A e B, Raiva, Pólio – Salk, Pneumococo, Meningococo, Influenza, Haemophilus do tipo B, Febre tifóide e Cólera. COMPONENTES DAS VACINAS 1. Agente imunizante: vírus vivo atenuado, bactéria viva atenuada, vírus inativado, bactéria inativada, toxoides ou componentes da estrutura bacteriana ou viral. 2. Líquido de suspensão: água destilada ou soro fisiológico. Algumas vacinas contêm no seu líquido de suspensão antígenos derivados da produção da própria vacina, tais como antígenos do ovo ou gelatina. 3. Conservante: evita o crescimento de bactérias e fungos. Podem ser mercuriais (timerosal) ou antimicrobianos (neomicina ou estreptomicina). 4. Adjuvante: aumenta e prolonga o poder imunogênico da vacina. Geralmente são sais de alumínio (Al(OH)3) – vacinas inativadas. SEGURANÇA E CONSERVAÇÃO 1. Produção, armazenamento, distribuição e conservação adequadas das vacinas e imunoglobulinas; 2. Manipulação correta e feita por profissionais capacitados; 3. Cadeia de frio: variações da temperatura interferem diretamente na qualidade; 4. Prazo de validade, de acordo com o fabricante, deve ser respeitado; 5. Sensibilidade à luz: tríplice viral, varicela, febre amarela e BCG; 6. As vacinas disponíveis atualmente são, de forma geral, bastante seguras e eficazes. Entretanto, em alguns pacientes, uma resposta imune adequada poderá não ocorrer e, em outros, podem surgir reações adversas. EVENTOS ADVERSOS A imensa maioria das reações adversas é leve e transitória, sendo as mais comuns: dor no local da aplicação e febre (nas primeiras 48h após); É importante questionar os pais ou o paciente sobre reações graves em doses anteriores, alergia a ovo e a alguns antibióticos; Sempre que possível, os pacientes devem ser observados por 15 minutos após porque o choque anafilático grave (1:200 000) geralmente manifesta-se neste período. Embora sejam descritas encefalopatias pós-uso de certas vacinas, na prática, o que se vê, mais frequentemente, é: • Síncope: por estimulação do sistema nervoso autônomo. O paciente apresenta ansiedade, palidez, sudorese, extremidades frias e hipotensão. • Reação Anafilática: reação imunológica multissistêmica mediada por IgE. Os sintomas são: urticária, rinite, conjuntivite, broncoespasmo, angioedema, estridor inspiratório, falência respiratória e choque. A identificação do quadro e o tratamento devem ser feitos imediatamente. APLICAÇÃO As vacinas podem ser administradas por via: 1. Oral: Poliomielite, Rotavírus e Cólera; 2. Intramuscular: em menores de 2 anos, o local mais adequado é o vasto lateral da coxa, por ser mais desenvolvido, menos vascularizado e inervado. Após, pode-se utilizar o deltoide ou o dorso glúteo; 3. Subctutânea: nádegas, região superior e externa da coxa ou região posterior dos braços; 4. Intradérmica: BCG – inserção inferior do deltoide direito. Forma-se uma pápula esbranquiçada. CONTRAINDICAÇÕES FALSAS VERDADEIRAS Doenças leves com febre baixa, do trato respiratório ou digestivo Doença febril moderada a grave (para ñ confundir sintoma c/efeito adverso) Prematuros, exceto aqueles com peso < 2 Kg Hipersensibilidade grave a algum componente da vacina ou a alguma dose anterior Reação local a uma dose anterior da vacina Uso de antibiótico ou de corticóides em dose não imunosupressora Desnutrição Encefalopatia nos primeiros 7 dias após a vacina pertussis Alergias, exceto se for a algum componente Imunossupressão ou uso de quimio e radioterapia Doença neurológica estável Convulsão 72h após tríplice Aleitamento Gravidez (vivos atenuados) SIMULTÂNEA Consiste na administração de duas ou mais vacinas em diferentes locais ou vias. Todas as vacinas de uso rotineiro podem ser administradas simultaneamente, sem que isso interfira na resposta imunológica ou na ocorrência de reações adversas. Única exceção: febre amarela e cólera (resposta imune reduzida para ambas as vacinas) ≠ COMBINADA Consiste na aplicação conjunta de várias vacinas diferentes. Exemplos: DPT + Hib (difteria, coqueluche e tétano + Influenza B) e Tríplice viral (sarampo, caxumba e rúbeola). A combinação é uma estratégia para reduzir o nº de injeções e aumentar a aderência ao calendário vacinal, porém é preciso aprovar previamente a combinação a ser feita. PRINCIPAIS VACINAS DO CALENDÁRIO BÁSICO CONTRA TUBERCULOSE (BCG) • Produzido com bacilo de Calmette e Guérin (vivo atenuado). • Eficaz (85%) contra formas graves da TB (meningite tuberculosa e disseminada). • Aplicação intradérmica - deltoide direito. • A reação local é a formação de uma pápula no local da injeção, que progride em tamanho até 6 semanas após a inoculação, formando uma úlcera, que cicatriza ao redor da 12ª semana, restando uma cicatriz circular. Se isso não ocorrer até os 6 meses, revacinar. CONTRA HEPATITE B • Contém partículas de HbsAg produzidas por DNA recombinante. • 95 % de eficácia • Se a sorologia não indicar soroconversão, repetir a série de 3 doses. • Dor local e febre baixa são os efeitos colaterais mais relatados. • Aplicação intramuscular (região ânterolateral da coxa). CONTRA ROTAVÍRUS • Vírus vivo atenuado – via oral. • Versões: monovalente (SUS) e pentavalente. • 70% de proteção contra diarréias e 92% para formas graves. • Efeitos colaterais nos primeiros dias: diarréia e vômitos. • Contra-indicada em casos de doença gastrointestinal crônica, malformação congênita do TGI e história prévia de intussuscepção. CONTRA DIFTERIA, TÉTANO E COQUELUCHE (DTP) • Também conhecida como Tríplice bacteriana. Existem 3 tipos: células inteiras (DPT), acelular (DPaT) e dupla tipo adulto (DT). • Contém toxoides diftérico e tetânico e suspensão de Bordetella pertussis inativada (ou Ag purificados desta). • Eficácia: 95% • Fazer reforços a cada 10 anos (DT) • A parte contra coqueluche é a que mais comumente causa E. colaterais • Tetravalente: combinada com Hib. • Aplicação intramuscular profunda no vasto lateral da coxa, glúteo ou deltoide. CONTRA MENINGITE (Hib) • Polissacáride da cápsula do Hib. • Eficácia de 95 % • Não há relatos de eventos pósvacinais graves atribuíveis à vacina • Geralmente combinada à DTP. • Aplicação via intramuscular CONTRA POLIO (PARALISIA) Há 2 tipos: • Pólio oral (OPV) – vírus vivos atenuados. Contra-indicada se há algum imunodeprimido na residência, porque elimina vírus nas fezes. Utilizar a inativada. • Pólio inativada (IPV) – vírus inativados • Tendência à erradicação • A OPV pode causar paralisia flácida (1:750 000) – risco > em imunodeprim. • IPV – via subcutânea ou intramuscular. CONTRA MENINGITE, OTITE E PNEUMONIA (PNEUMO 10) • Conjugação de sacarídeos dos Ag capsulares de 10 sorotipos de pneumococo • Não foram observadas reações graves • A vacina não deve ser utilizada em crianças acima de 9 anos de idade, adultos e idosos. • Aplicação via intramuscular CONTRA MENINGITE (MENINGOCÓCICA TIPO C) • Conjugação de polissacarídeos capsulares do meningococo C a proteínas. • Não foram descritos eventos adversos graves • Não é recomendável a combinação com qualquer outra vacina • Postergar a vacinação em casos de doença febril aguda • Aplicação via intramuscular CONTRA FEBRE AMARELA • Vírus vivo atenuado. • 100 % de proteção nos vacinados acima dos 9 meses de idade. Os títulos protetores de Ac levam, pelo menos, 10 dias após a vacinação para serem obtidos. A proteção dura, pelo menos, 10 anos (doses-reforço). • Há casos descritos de encefalite pós-vacinal • Não combinar com nenhuma outra vacina • Devem-se vacinar todos os indivíduos que vivem em áreas endêmicas ou p/lá viajam • Aplicação via subcutânea na região posterior do antebraço ou no glúteo. CONTRA GRIPE (INFLUENZA) • Vacina composta por vírus inativados: 2 subtipos da Influenza A e 1 da Influenza B. A composição da vacina é ajustada anualmente. • Eficácia de 75 % • A duração da imunidade é fugaz, requerendo revacinação anual • É comum a ocorrência de outras doenças do trato respiratório superior após a vacinação, não sendo eventos adversos da vacina • Não combinar com nenhuma outra vacina • Os meses de março a abril são os ideais para a vacinação. • Via intramuscular ou subcutânea CONTRA SARAMPO, CAXUMBA E RUBÉOLA (TRÍPLICE VIRAL) • Vírus vivos atenuados • Eficácia: 97 % para sarampo e rubéola e 87 % para caxumba • Não recomenda-se combinar c/outras vacinas • Contra-indicada se há alergia à neomicina e em pacientes com neoplasia em evolução • ♀ em idade fértil: evitar a gravidez por 1 mês • Aplicação subcutânea CONTRA VARICELA • Vírus vivo atenuado • 95 a 100 % de eficácia. Mesmo nos casos de infecção, esta é leve, com febre mais baixa e nº muito menor de lesões cutâneas • Há relatos de ocorrência de Herpes-zóster em adultos previamente vacinados • Contra-indicada em alergia à neomicina e gelatina e em caso de tuberculose ativa • Aplicação subcutânea • Todo paciente que receber a vacina deve ser orientado a evitar o uso de derivados do AAS por 8 semanas após a vacinação, devido ao risco teórico de desenvolver Sdme de Reye. CONTRA HEPATITE A • Vírus inativado • Proteção próxima a 100 % • Não foram relatados eventos adversos graves • Pode ser combinada com Hepatite B • Via intramuscular • Não deve ser administrada em crianças abaixo de 1 ano de idade porque os anticorpos maternos transmitidos por via transplacentária podem interferir na resposta. BIBLIOGRAFIA Manual de imunizações – Hospital Israelita Albert Einstein – Alfredo Elias Gilio – 4ª edição – Editora Elsevier – 2009. Pediatria básica – Volume I – Eduardo Marcondes – 9ª edição – Editora Sarvier - 2005