CURSO DE FISIOLOGIA ENDÓCRINA ATIVIDADE COMPLEMENTAR 2º ano Medicina Profa Regina Matsunaga Martin Médica assistente Unidade de Doenças Osteometabólicas Disciplina de Endocrinologia do HC-FMUSP HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO PTH SECUNDÁRIO PTH Ca PTH PTH Ca 1,25(OH)2D 1,25(OH)2D FISIOPATOLOGIA DO HPP Vitamina D PTH 25OH vitamina D 1α-hidroxilase Ca ↑↑ P ↓ ou normal Reabsorção óssea de Ca e P 1,25(OH)2 vitamina D Reabsorção tubular de Ca Excreção de P Absorção intestinal de Ca e P CASO CLÍNICO 1 Identificação • AJC, 29 anos, masculino, branco, professor de Educação Física, natural e procedente de São Paulo. História pregressa da moléstia atual • Paciente previamente hígido relata que há 2 anos passou a apresentar dor em quadril à D, com piora importante aos esforços. Fratura de úmero D após queda da própria altura enquanto corria. Dez meses após 1ª fratura, fratura em úmero E ao se apoiar no membro superior para se erguer de uma cadeira. • Refere emagrecimento de 7 kg no período, acompanhada por astenia e desânimo, náuseas e vômitos eventuais. Notou ainda, obstipação intestinal, polidipsia e poliúria há 2 meses. Negava história de cólicas nefréticas. CASO CLÍNICO 1 Exame Físico • Bom estado geral, corado, hidratado, eupnéico, emagrecido. • Peso: 72 kg Alt: 1,82 m • FC: 70 bpm PA: 13 x 8 cm Hg • Região cervical sem massas ou nódulos palpáveis. • Avaliação cardiológica: sem alterações dignas de nota. • Avaliação pulmonar: sem alterações dignas de nota. • Abdome: plano, flácido, indolor, sem visceromegalias. • Neurológico e osteomuscular: força muscular preservada, limitação da movimentação do ombro D. IMC: 21,7 kg/m2 CASO CLÍNICO 1 Exames laboratoriais Data VR Ca Ca i P Cr PTH Ca u Ca u (mg/dl) (mg/dl) (mg/dl) (mg/dl) (pg/ml) (mg/24 h) (mg/kg/24 h) 8,6-10,2 4,6-5,3 2,3-4,6 0,6-1,2 11-62 75-300 1,5-4,0 1ª avaliação 14,4 8,8 2,5 1,6 1957 928 6,2 2ª avaliação 13,4 8,1 2,1 1,5 953 634 5,4 ANATOMIA ÓSSEA CLASSIFICAÇÃO QUANTO À COMPOSIÇÃO E FUNÇÃO EPÍFISE OSSO TRABECULAR DIÁFISE EPÍFISE OSSO CORTICAL AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Rx simples de mãos: reabsorção subperiosteal na face medial das falanges médias e distais (local mais evidente). Padrões de perda óssea nos compartimentos cortical e trabecular dos ossos longos. AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Rx crânio: lesão tipo “sal e pimenta”. Pré tratamento Pós tratamento AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Cintilografia óssea Tc-MDP (metil difosfonato): áreas hipercaptação (remodelação óssea aumentada); menor radiação e maior sensibilidade quando comparada ao Rx de esqueleto; permite “rastrear” áreas comprometidas. Cintilografia óssea normal Cintilografia óssea de paciente com HPP e doença óssea AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Cintilografia óssea x RX esqueleto: crânio e tórax AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Cintilografia óssea x RX esqueleto: MMSS e mãos AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Cintilografia óssea x RX esqueleto: MMII AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Cintilografia óssea x RX esqueleto: MMII AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Cintilografia óssea x RX esqueleto: MMII AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Ação do PTH nos ossos • Efeito anabólico (osso trabecular): fisiológico • Efeito catabólico (osso cortical): PTH em excesso = HPP Coluna lombar L1-L4 (osso trabecular) Fêmur proximal: colo e total (osso cortical > trabecular) 1/3 distal antebraço (osso cortical) Regiões mais sujeitas a fraturas de fragilidade AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO ÓSSEO Densitometria óssea (DXA) Coluna lombar L1-L4 (osso trabecular) Fêmur proximal: colo e total (osso cortical > trabecular) 1/3 distal antebraço: rádio + ulna (osso cortical) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA OSTEOPOROSE COM BASE NO BMD (OMS, 1994) CATEGORIA CRITÉRIO Normal BMD acima de -1 DP (T-score) Osteopenia BMD entre -1 DP e -2,5 DP (T-score) Osteoporose BMD abaixo de -2,5 DP (T-score) Osteoporose estabelecida BMD abaixo de -2,5 DP (T-score) + fratura de fragilidade CASO CLÍNICO 1 Densitometria óssea Sítios analisados BMD T Z L1-L4 0,922 -1,53 -1,53 Colo fêmur 0,360 -5,63 -5,27 Fêmur total 0,380 -5,32 -5,12 1/3 distal do antebraço 0,537 -5,01 -4,94 NEFROLITÍASE e NEFROCALCINOSE Calcificação intersticial Cálculo intratubular: “móvel”, migra dependendo do tamanho Cálculo intersticial (placas de Randall): “aderido” ao sistema coletor AVALIAÇÃO DAS REPERCUSSÕES DO HPP COMPROMETIMENTO RENAL Nefrolitíase e Nefrocalcinose Rx simples de abdome TC de abdome CASO CLÍNICO 1 USG de rins e vias urinárias • • • • • Rim D mede 12,1 x 5,2 x 4,8 cm; espessura à D: 1,9 cm; Rim E mede 11,0 x 7,5 x 5,3 cm; espessura à E: 2,5 cm; Camada córtico-medular com ecogenicidade e espessura normais, notando-se hiperecogenicidade das pirâmides renais bilateralmente, com imagens sugestivas de microcalcificações; Sem evidências de hidronefrose ou litíase urinária. Conclusão: sinais de nefrocalcinose bilateralmente. ANATOMIA DAS PARATIREOIDES CASO CLÍNICO 1 Ultrassom cervical • Ausência de lesões focais em tireoide; • imagem nodular em topografia de paratireoide, medindo 2,0 x 3,7 x 1,4 cm em região posterior e abaixo do pólo inferior E da tireoide. Cintilografia de paratireoides com MIBI 99mTc CASO CLÍNICO 2 • Homem de 38 anos deu entrada em Serviço de Emergência com parestesias faciais e câimbras nos membros superiores. • Seus sintomas foram progressivos, tendo início com parestesias discretas no 1º PO com intensificação dos sintomas nas últimas 24 horas. • Histórico de diagnóstico de carcinoma papilífero de tireoide, motivo pelo qual foi submetido a uma tireoidectomia total há 2 dias. • Exames físico: cicatriz cervical; sinal de Chvostek +; sinal de Trousseau + • Exames laboratoriais: o Ca total = 5,8 mg/dL (VR: 8,4 a 10,3 mg/dL) o Ca i = 3,36 mg/dL (VR: 4,48 a 5,28 mg/dL) o P = 6,6 mg/dL (VR: 2,7 a 4,5 mg/dL) o PTH = indosável (VR: 15 a 65 pg/mL) o Cr = 0,9 mg/dL (VR: 0,7 a 1,2 mg/dL) CÁLCIO TOTAL x CÁLCIO IÔNICO Pseudo-hipocalcemia CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS HIPOALBUMINEMIA (em fase inicial) HIPOALBUMINEMIA (resultado final) PTH Ca ligado a proteínas transportadoras (albumina) Proteína → Cai Cai normaliza → Ca total Ca iônico Ca total Ca corrigido = Ca total dosado + [(4,0 – albumina) x 0,8] Ca total (VR): 8,8 a 10,2 mg/dL Ca total = 7,8 mg/dL Ca corrigido = 9,0 mg/dL Albumina = 2,5 mg/dL CÁLCIO TOTAL x CÁLCIO IÔNICO Pseudo-hipercalcemia HIPERPROTEINEMIA (resultado final) HIPERPROTEINEMIA (em fase inicial) CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS PTH Ca ligado a proteínas transportadoras (albumina) Proteína → Cai Cai normaliza → Ca total Ca iônico Ca total Ca corrigido = Ca total dosado + [(4,0 – albumina) x 0,8] Ca total (VR): 8,8 a 10,2 mg/dL Ca total = 10,6 mg/dL Ca corrigido = 9,0 mg/dL Albumina = 6 mg/dL HOMEOSTASE DO CÁLCIO acidose [Ca++] + [ Alb ] [Ca-Alb] alcalose pH: ligação Ca-Alb, Ca++ com consequente PTH [Ca-Alb] acidose [Ca++] + [ Alb ] alcalose pH: dissociação Ca-Alb, Ca++ com consequente PTH DISSOCIAÇÃO ENTRE VALORES DE CÁLCIO TOTAL E CÁLCIO IONIZÁVEL VR Paciente Caso clínico 3 Ca (mg/dL) 8,6-10,2 10,0 Ca i (mg/dL) 4,6-5,3 4,7 P (mg/dL) 2,3-4,6 3,5 PTH (pg/mL) 11-62 162 HCO3 Até 23 41 ileostomia + perda de eletrólitos; reposição através de sais à base de óxidos. ↓ Formação de HCO3↓ Alcalose metabólica acidose [Ca++] + [ Alb ] [Ca-Alb] alcalose pH: ligação Ca-Alb, Ca++ com consequente PTH ALCALOSE METABÓLICA CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS ALCALOSE (resultado final) ALCALOSE (em fase inicial) PTH Ca ligado a proteínas transportadoras (albumina) Ca iônico Ca total pH → Cai Cai normaliza → Ca total DISSOCIAÇÃO ENTRE VALORES DE CÁLCIO TOTAL E CÁLCIO IONIZÁVEL VR Paciente Ca (mg/dL) 8,6-10,2 8,4 Ca i (mg/dL) 4,6-5,3 5,3 P (mg/dL) 2,3-4,6 2,0 PTH (pg/mL) 11-62 50 HCO3 Até 23 14,6 Caso clínico 4 perda de eletrólitos por ATR ↓ Excreção de HCO3↓ Acidose metabólica acidose [Ca++] + [ Alb ] [Ca-Alb] alcalose ↓ pH: ligação Ca-Alb, Ca++ com consequente PTH ACIDOSE METABÓLICA CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS ACIDOSE (em fase inicial) ACIDOSE (resultado final) PTH Ca ligado a proteínas transportadoras (albumina) Ca iônico Ca total pH → Cai Cai normaliza → Ca total