MaCLEOD, Arlene E. 1991. Accomodating Protest. Working Women, the New Veiling and Change in Cairo. N. Iorque : University of Columbia Press. Cap. 1, 6 e 7. MOGHADAM, Valentine M. 2002. “Islamic Feminism and its Discontents. Towards a resolution of the Debate”. Signs vol.7 (4): pp 1135-71. FCSH-UNL, Departamento de Antropologia Licenciatura em Antropologia, 2ºAno Contextos Etnográficos Árabes e Islâmicos, Professora Mª Cardeira da Silva Trabalho realizado por: Andreia Mendes, Camilla de Faro Pacheco, Daniela Pereira, Esmeralda Pereira, Sónia Soares 30 de Outubro de 2014 Debate sobre o feminismo Islâmico, Irão Foco no debate Iraniano Definição e significado de “Feminismo” A Revolução Iraniana: uma visão global 1979: Irão 1. Revolução Popular Substituição da monarquia pela República Islâmica 2. Revolução Islâmica Novas mudanças politicas radicais, domínio de uma casta clerical, aplicação da Sharia Medidas tomadas pela RII hejab obrigatório Desencorajar as mulheres da prática da Lei Exclusão das mulheres de certas profissões Anulação da lei da “protecção familiar” Guerra Irão-Iraque (1980-88) Consequências: o Criação de lugares para a educação das mulheres o 1972: encorajamento à integração das mulheres no trabalho Feminismo Islâmico e 3 debates: i. Fundamentalismo Islâmico ii. República Islâmica do Irão (RII) e a reforma iii. Definição de Feminismo (iv. Debate contínuo entre a esquerda Iraniana expatriada) Em defesa do Feminismo Islâmico • Afsaneh Najmabadi • Ziba Mir-Hosseini • Nayereh Tohidi o Estudaram e vivem no Reino Unido/EUA • Journals como Zanan “Islamic feminism, a movement of women who have maintained their religious beliefs while trying to promote egalitarian ethics of Islam by using the female-supportive verses of the Qur’an in their fight for women’s rights, especially for women’s access to education.” (Tohidi) (Moghadam 2002: 1147) • Descriminação de género: natureza social e não divina (Najmabadi) • Revolução Islâmica Iraniana aumentou consciência de género (Hosseini) • RII falha as promessas no que toca às mulheres Feminismo (Hosseini) • RII e política de género (Tohidi) Feminismo Islâmico: Interacção entre religião (Islão) e pensamento secular. O caso contra o Feminismo Islâmico • Haideh Moghissi • Hammed Shahidian • Shahrzad Mojab • Iranian leftists “in a country like Iran, Islam is not a matter of personal spiritual choice but rather a legal and political system” (Moghissi) (Moghadam 2002: 1148) • Reinterpretação do Corão obscurece as diferenças politicas, ideológicas e religiosas (Moghissi) • Alternativa ao discurso e práticas de género e sexualidade dominantes? (Shahidian) • Homossexualidade e autonomia pessoal? (Shahidian) • Elite religiosa rejeitar, deslegitimizar, ou proibir reinterpretações (Mojab) Véu, sexualidade, lei religiosa? “He [Shahidian] is especially critical of a growing trend in Middle East women’s studies wherein authors justify Muslim women’s veiling, domesticity, moral behaviour, and adherence to Islamic precepts as signs of individual choice and identity” (Moghadam 2002: 1150) o “feminist theology and reinterpretations of Islamic texts, Shahidian argues that these attempts are futile, given the strength of conservative, orthodox, traditional, and fundamentalist interpretations, laws, and institutions.” (Shahidian) (Moghadam 2002: 1150) Em suma: Feministas Islâmicas Campo oposto • Algumas reformas legais benefício para as • mulheres da IRI • Legislação que suporta mães que trabalham, que • rejeitam reconhecer a alteração de permite mulheres solteiras estudarem no políticas discriminatórias, estrangeiro, e que permite viúvas de guerra principalmente o que toca à educação manterem a custódia dos filhos e receberem e ao emprego compensação • • Emenda de 1992 à lei do divórcio: possibilita a atribuição de valor monetário ao trabalho • doméstico da mulher;atribuição de ujrat al-mithl (wages in kind) pelo trabaho realizado durante o casamento • • Proposta de lei divisão mais justa de heranças. Derrotada em parlamento em 1998 • Número cada vez maior de mulheres concorrem e são eleitas para o parlamento e assembleias locais. rejeita a possibilidade de qualquer melhoria nas condições das mulheres, ou qualquer reforma no sistema Islâmico negam o papel das mulheres na IRI definem feminismo como uma ideia Anglo-Americana radical rejeitam a ideia de um feminismo global Ponto de vista de Moghadam • Objectivo feminista melhorar o status da mulher na familia • Homem como chefe de família: construção • É necessário: Releitura dos textos Islâmicos central Avaliar fontes Islâmicas Criticar interpretações patriarcais Sublinhar igualdade no Corão Revisão integral da constituição do Irão, da lei da família e da lei penal Estado secular “Religious doctrine should not be the basis of law, policies, or institutions. Iran’s constitution (or any other constitution) should not state that ‘Islam [or Christianity or Judaism or Hinduism] is the official [or state or national] religion.’ Family law should not derive from religious texts, whether in Iran or in Israel. Blasphemy laws should be removed, and religion should be the subject of historical and critical inquiry. All citizens should be equal before law, with equal rights and obligations. Civil, political, and social rights of citizens should be protected by the state and by the institutions of civil society. This includes worker participation in decision making and an active role for independent unions, professional associations, citizenship groups, and so on.” (Moghadam 2002: 1163) Paradoxo? • Segundo Moghadam, não é um paradoxo • Só é possivel após a secularização do Estado • Após releitura dos textos Islâmicos Feminismo e questões • Definição de feminismo? • Pode existir uma feminista enquadrada em termos Islâmicos? • O Islão é compatível com o Feminismo? • O Feminismo é uma ideologia Ocidental? • O Feminismo é definido e compreendido apenas através de escritos e acções Anglo-Americanas? • É possível desenvolver um ‘Feminismo global’ que se baseie em escritos de intelectuais de todo o mundo, tal como em actividades, movimentos e organizações de mulheres? • O que são Direitos Humanos Islâmicos? • O Feminismo Islâmico desafia ou reinforça a fusão entre religião e política/lei? Mulheres, Relações de poder e Mudança no Cairo História da vida de Aida e as origens da sua família: classe média baixa. Escalões definidos pelo rendimento, tamanho do apartamento, e ocupação. Aida trabalha fora de casa, tal como as suas irmãs REPRESENTAM A PRIMEIRA GERAÇÃO DE MULHERES DA FAMÍLIA A TRABALHAR FORA DE CASA. Uso do véu: Aida revela a sua intenção de se tornar uma Muhaggaba (mulher coberta) e começa a usar o higab – o novo véu. PARADOXO: Modernização vs. Tradição O uso do véu tem-se tornado comum, não só no Egipto, mas também em muitas partes do Médio Oriente e do Mundo Muçulmano. Mulheres trabalhadoras e o Novo Véu no Cairo Outras mulheres no Cairo tiveram a mesma atitude que Aida e iniciaram o uso do véu. Reforma Nasser: - Providenciava educação e possibilidade das famílias de classe baixa terem estudos, especialmente as filhas dessas famílias. Mulheres: Igualdade de oportunidades na educação e contratação, benefícios e pagamentos. AUMENTO DOS JOVENS (homens e mulheres) QUE TERMINAM OS SEUS ESTUDOS. Mulheres de classes mais altas no Cairo, tem participado na força de trabalho desde alguns anos para cá, atingindo um sucesso considerável em muitas áreas profissionais. Para se considerar o paradoxo das mulheres trabalhadoras usam voluntariamente o véu, é necessário perceber as suas motivações das mulheres e o contexto em que se inserem. A atual situação da condição da mulher é complexa, e moldada por interesses locais e económicos, diferenças étnicas, exigências da vida urbana ou da aldeia, de confronto de culturas, etc. Todos estes fatores interagem com as crenças de género e contextos envolventes. Há controvérsias sobre a mulher e o Médio Oriente: é necessário estudar um contexto mais alargado de relações de poder e mudanças ao longo do Médio Oriente. A maneira como a classe e o género interagem é importante, pois muitos dos problemas das experiências das mulheres no Cairo, são problemas de pobreza e não totalmente desigualdade de género. O status e a classe afetam mulheres de classe média baixa de formas diferentes, mais do que em relação aos homens, que são o assunto de muitas das pressões de género. O egipto é visto pelo mundo árabe como um centro de vida política e cultural. Tem um grande sentido identitário. Mas situações de tensão política e trazem a bordo problemas de estatuto de mulheres e os papéis familiares. O papel da mulher é constantemente politicizado. O higab não deveria ser considerado um “reveiling” (voltar ao véu), mas sim um novo véu. De facto, o movimento do novo véu não deveria ser lido como um exemplo de mulheres que mantém ou reativam um modo tradicional, mas antes uma apropriação ativa de um símbolo cultural para novos propósitos, reconhecendo uma nova ação da sociedade. O novo véu como uma forma de Protesto Mulher trabalhadora moderna no Cairo e o Uso do Véu Hegemonia (Gramsci): relações de poder Consentimento: moldagem do senso comum Exemplo clássico de hegemonia: através da decisão do uso do véu, reproduzindo a sua própria desigualdade “After all, why else would women decide to wear the veil again, in a sense to reject opportunity and actively seek to reinstate old patterns of identity and role - patterns that have limited women in the past and would seem to predict and even ensure further constraint in the future?” Poderoso Simbolismo Modo de protesto: uso do véu Protesto Indireto Relações de Género, de Classe e de Posição Global Higab/Hijab Tradição Veiling A mudança é colocado não nos homens, mas nas mulheres. «Women's struggle in lower-middle-class Cairo, waged through the ambiguous symbolism of the new veil, is just such an immediate, personal and fundamentally equivocal struggle a form of accommodating protest.» (p.141) Protesto Acomodado e a Reprodução da Desigualdade • Gramsci: • • • • classes mais baixas como uma massa desorganizada, fragmentada e incoerente, com objetivos inconsistentes e até mesmo contraditórias. E a classe dominante como propositada, organizada e coerente em suas visões e crenças. Mulheres ≠ Outros grupos sociais Protesto Acomodado Subordinado – Dominante Feministas Marxistas (relações de classe sobre os gêneros) X Feministas Radicais (relações de sexo e gênero) • As mulheres não culpam seus maridos porque as relações de • • • • • • • • classe o fazem desse jeito. O marido e esposa são igualmente chaves para a estrutura familiar Classe média e classe média baixa: mais tolerância com os maridos. Mulheres de classes mais baixas não sentem essa ligação forte. Confronto Laços de família e amor ligados às restrições que as relações de gênero impõe Bordieu e o conceito de habitus Mulheres usam as redes sociais e manipulam os homens A haqq A imagem da mulher muçulmana como de esposa e mãe • Esforços subordinados (manipulação, negociação, evasão) • Véu como faca de dois gumes • Luta das mulheres do Cairo: símbolos e signos emaranhados • • • • na realidade opressora O uso do véu é decisão pessoal, digno de bastante reflexão Força de trabalho feminino como nova causa para problemas sociais e cotidianos Líderes religiosos e o véu: manipulação do simbolismo da hijab Véu como status social/mercantilização Protesto Acomodado e Alternativas • Uso do véu como memória e símbolo poderoso • De Certeau: tática x estratégia • O véu como uma forma aberta de protesto: resistência • • • • x ambiguidade Gramsci e a contra-hegemonia “Consciência contraditória” Alternativas usadas: humor e manipulação Alto preço pessoal e social Estilo feminino de luta política • Condescendência na luta • O mito da modernidade • Dupla intenção (tradição + modernidade/paradoxo) ↔ Protesto acomodado Conceitos Higab Sitt al Bayt Muhaggaba/Muhaggabat Hegemonia Relações de poder Paradoxo: Tradição vs. Modernização Debate “Why would woman like Aida – educated, dedicated to working, modernized – voluntarily return to a traditional symbol like the veil? Why would she initiate and encourage what seems to be a return to a traditional and inferior status?” (MacLeod 1991: 3) Bibliografia Imagens http://www.lib.utexas.edu/maps/cia98/egypt_sm98.jpg http://i.guim.co.uk/static/w-700/h--/q-95/sysimages/Guardian/Pix/pictures/2011/12/20/1324403041288/Women-protest-in-Cairo- 009.jpg http://womenfound.files.wordpress.com/2011/03/opposite-women-together.jpg http://www.inayahcollection.com/images/BOTTLE_GREEN_SOFT_G_HIJAB.jpg http://n.i.uol.com.br/noticia/2012/03/27/mulheres-se-reunem-em-apoio-a-hazemsalah-abu-ismail-na-universidade-do-cairo-1332870598197_956x500.jpg