Helena – Machado de Assis
Acesso Educação – Aula II
ESCOLA ROMÂNTICA (?)
Helena – Machado de Assis
Ângela Soledade
Salvador
Vicente(pajem)
Helena
Conselheiro Vale
D. Úrsula
Mendonça
Estácio
Dr. Camargo
Eugênia
Helena – Machado de Assis
A MENTIRA CONSTITUI O EIXO CENTRAL DA NARRATIVA
Machado segue à risca o modelo do FOLHETIM ao
escrever a história da “pobre órfã”, Helena, que se
transforma em intrusa na família Vale, em decorrência do
testamento do Conselheiro.
Romance emoldurado no tema do INCESTO e do
PATERNALISMO, sendo formado pelos três beijos que a
frívola Eugênia recebe de seu pai, o Dr. Camargo, para o
qual somente a ambição inspira ternura.
1º beijo ocorre quando da morte do Conselheiro faz
de Estácio o herdeiro da família;
2º beijo ocorre quando Estácio pede Eugênia em
casamento;
3º beijo no momento da morte de Helena, que
representa o último obstáculo.
ESPAÇO GEOGRÁFICO DO ROMANCE
Vale morava no Andaraí, em uma chácara; Dr.
Camargo vive no Rio Comprido; Ângela, a mãe de
Helena, e amante do Conselheiro, vivia em São
Cristóvão. Há cenas do passeio público no centro e
do colégio de Helena que fica em Botafogo.
PERSONAGENS PRINCIPAIS:
REDONDOS:
Helena, além de ser a protagonista da obra, é
idealizada por Machado de Assis, sua fonte
Inspiradora.
“... uma moça de 16 a 17 anos, delgada sem
magreza, estatura um pouco acima da mediana, talhe
elegante e atitudes modestas. A face de um moreno
pêssego, tinha a mesma imperceptível penugem da
fruta de que tirava a cor.”;
Estácio protagoniza o romance ao lado de Helena.
“... tinha 27 anos e era formado em matemática. O
conselheiro tentara encarreira-lo na política, depois na
diplomacia; mas nenhum desses projetos tiveram
começo de execução.”
PERSONAGENS SECUNDÁRIOS
PLANOS:
Conselheiro Vale, pai de Estácio e suposto pai de
Helena.
Dona Úrsula, irmã do falecido Conselheiro;
Dr.Camargo, médico da família e amigo do Conselheiro;
Eugênia, filha de Dr. Camargo e apaixonada por
Estácio;
Padre Melchior era amigo do Conselheiro e confidente
da família;
Salvador, verdadeiro pai de Helena;
D. Ângela da Soledade, mãe de Helena e amasiada com
o Conselheiro Vale
Mendonça pretendente de Helena;
Vicente, pajem de Helena, escravo, diz ao Padre que
Helena é irmã de Salvador, mas Helena revela ao Padre
que Salvador era seu pai.
O Padre Melchior é senhor absoluto das leis sociais
(em 1876, época da publicação a questão com os
Maçons - desde 1872 estava agitando o Império e com
simpatia dos governantes. Dom Vital, em Pernambuco
foi uma das vítimas deste jogo), Machado, quase
anticlerical, endossa o poder da Igreja mais do que
questiona. Ele obedece/ responde às expectativas de
uma sociedade, colocando sua pena a serviço das
ideologias dominantes (classe média
ascendente
/aristocracia decadente). Sua guinada rumo ao
positivismo auto-crítico só fez acentuar sua
acomodação irônica.
É importante perceber, no estilo machadiano, conversas
com o leitor durante a narrativa.
“Agora mesmo, se o LEITOR lhe descobrir o perfil em
camarote de teatro, ou se a vir entrar em alguma sala de
baile, compreenderá.”
Ao se analisar os aspectos estilísticos: percebe-se que
faz uso de figuras de linguagem: eufemismo,
comparação, hipérbole, anástrofe, só para exemplificar.
Dos padrões românticos aos realistas;
A personagem que se mostrava bondosa e compasiva,
cheia de virtudes, como espelho da boa moça e boa
filha, de acordo com os padrões românticos, vai
mostrar-se ambiciosa e até mesmo mentirosa, falsa e
dissimulada em relação às pessoas que a rodeiam,
inclusive ao verdadeiro pai.
Helena é descrita de forma mais indefinida, pois seus
interesses só serão revelados ao leitor no final da
trama.
NARRADOR – 3ª pessoa Trata-se de um narrador que fala além do que devia, mas
não se pode esquecer o quanto ele, em sua necessidade de
explicitar juízos, é ambíguo. Afinal, o narrador é cúmplice de
Helena.
Narrador sutil e contido. Ainda que falastrão, ele não deixa
de omitir ao leitor pistas para a resolução da história. A
descrição das personagens é ambígua ao mesmo tempo em
que parece ser explícita ao extremo. Como exemplo a
apresentação do Conselheiro Vale.
“Estácio ficara satisfeito consigo mesmo, Seu caráter vinha mais
diretamente da mãe que do pai. O conselheiro, se lhe
descontarmos a única paixão forte que realmente teve, a das
mulheres, não lhe acharemos nenhuma outra saliente feição. A
fidelidade aos amigos era antes resultado dos costumes que da
consistência dos afetos. A vida correu-lhe sem crises nem
contrastes; nunca achou ocasião de experimentar a própria
têmpera. Se a achasse, mostraria que a tinha mediana.”
O narrador tece comentários sobre como as mulheres
eram criadas na sociedade do século XIX. A mãe de
Estácio era uma dessas mulheres caladas que deixavam
por conta do marido todos os afazeres e iam cuidar da
criação dos filhos. O filho herda da mãe as qualidades
robustas. Estácio seria, assim, um homem com alta carga
de espírito feminino, mas é bom notar que sua mãe só lhe
legou o que as mulheres possuem de bom: força,
elevação da alma, altivez, dignidade.
Máscaras sociais:
O narrador dá mostras de que está falando de traços de
caráter bastante rígidos, de papéis culturais bem
definidos: o pai não tem sentimento da sociedade -; a mãe
é altiva, mas calada e sabe reconhecer seu lugar – sua
posição depende de seu silêncio. O status quo tem de ser
defendido pela mulher que quer permanecer casada e com
uma posição respeitável na sociedade.
Helena é um modelo romântico, mas é preciso notar
entrecruzamento intertextual: a personagem é descrita
como um ser angelical. A comparação de Helena a um
anjo traz para a cena do texto, novamente o jogo da
máscara – a máscara da personagem, angelical, que vai
se contrapor à sua maldade dissimulada e fraudulenta.
Comparada a Eugênia, Helena “pensa demais” para a
época, já que Eugênia é fútil e só pensa em se casar;
Helena, ao contrário, tem as virtudes da diplomacia, e,
ao mesmo tempo, não pensa em casamento.
As heroínas românticas são as que arrufam, brigam e
choram por grandes amores desesperados. Helena é
calma, altiva, tranquila e dissimulada. O narrador vai
amarrar as duas faces de Helena, objeto multifacetado,
e por isso mesmo complexo: o anjo e o demônio
unidos numa mesma personagem.
Tempo cronológico: o romance dura pouco menos
de um ano.
O romance inicia com a morte do Conselheiro Vale
no dia 25 de abril de 1850.
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