UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS – FCF MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS Profª Dra. Ângela Líbia M. P. Cardoso Discentes: Deizi Ferreira – 21200075 Guilherme Bindá – 21201011 Ivanildo Pereira – 21204912 Ray Ney Soares – 21202321 Rayssa Lamaniere – 21203555 Manaus, AM Fevereiro, 2015 2 Introdução O Clostridium perfringens é uma bactéria patogênica cujas DTAs são classificadas em dois grupos de risco (ICMSF, 2002): CEPA Tipo A Tipo C GRUPO DESCRIÇÃO III Perigo moderado; curta duração; sem ameaça de morte/sequelas; sintomas autolimitados; severo desconforto. IB Severo perigo; longa duração; ameaça de morte/sequelas crônicas. 3 • A bactéria é a principal responsável pela gangrena gasosa (toxina α), intoxicações alimentares e diarreias associadas ao uso de antibióticos em humanos; • Tem sido isolada de doenças inflamatórias crônicas, como colite ulcerativa e doença de Crohn, e mais recentemente, em casos de câncer de cólon; • Pode causar enterite necrótica em aves, ocasionando enormes perdas econômicas em países exportadores de carne de aves, principalmente frangos. • Amplamente distribuída no solo e na vegetação, faz parte da microbiota intestinal de homens e outros animais; • Esporos podem contaminar bovinos, aves, peixes, condimentos, massas, leite, produtos cozidos ou assados, entre outros. 4 Caracterização Geral: • Bastonetes gram-positivos; anaeróbias estritas; imóveis; esporogênicas; esporulam facilmente no intestino; ¾ formam cápsulas; Aa mínima de 0,93; • Sulfito redutoras; fermentam a lactose; reduzem o nitrato; fermentam a gelatina; são sensíveis a baixas temperaturas e ao NaCl. CARACTERÍSTICA MÍNIMO MÁXIMO IDEAL pH 5,5-5,8 8,8-9,0 7,2 Temperatura 12-15ºC 50ºC 43-47ºC 5 Doenças transmitidas por alimentos Cepas e toxinas: • Associadas com DTA’s: Cepas A (toxina CPE) e C (toxina β). DTA por C. perfringens tipo A: Ingestão de grande nº de células condições ácidas do estômago/sais biliares no intestino esporulação e liberação da CPE no intestino desordem intestinal (duração de 24h/2 semanas em idosos ou enfermos) Diagnóstico: detecção de C. perfringens em alimentos suspeitos, em fezes dos pacientes ou CPE nas mesmas, esfregaço ou coloração de Gram. 6 Doenças transmitidas por alimentos DTA por C. perfringens tipo C: Ingestão de grande nº de células toxina β enterite necrótica. Primeiros casos durante a 1ª Guerra Mundial (carne enlatada) e Nova Guiné (carne de porco); Sendo a toxina beta sensível à tripsina, fatores alimentares, nutricionais e etários podem contribuir para diminuição de seus níveis no TGI, levando a uma predisposição maior à doença. 7 Métodos de Análise • Há vários meios de cultura para a enumeração da bactéria em alimentos, sendo os mais adequados o SFP, OPSP e Ágar Sangue Neomicina – pouco seletivos, não inibem outras cepas de C. perfringens; • A seletividade é resultante da incorporação de antibióticos (inibe outros anaeróbios e anaeróbios facultativos) e a característica diferencial, salvo nos meios com sangue, é a presença de ferro e sulfito nos meios; • O clostrídio reduzirá sulfito a sulfeto, que reagirá com o ferro e se precipitará na forma de sulfeto de ferro, resultando em colônias de cor enegrecida. • Para contagem, há o método de plaqueamento direto e o teste de presença/ausência para a verificação destes fatores em amostras de alimentos com baixas contagens e provável incidência de células injuriadas; ambos com etapas presuntivas/confirmativas. 8 Placa com colônias de C. perfringens em meio OPSP. Fonte: http://www.himedialabs.com 9 Prevenção • Refrigeração dos alimentos sempre que o consumo não for imediato: impedir aumento do nº de células vegetativas; • Reaquecimento com temperaturas superiores a 75ºC no interior da carne. 10 Clostridium botulinum Bacilo gram-positivo; Formador de esporos; Anaeróbio estrito; Produz toxina pré-formada; Tipos de toxinas A, B, C1, C2, D, E ,F e G. 11 Toxinas A, B, E e F CeD Causa botulismo no homem Patogênico para animais 12 Classificação das cepas: GRUPOS GRUPO I • Cepas produtoras de neurotoxina do tipo A; • Cepas proteolíticas produtoras das toxinas B e F. GRUPO II • Cepas produtoras da toxina do tipo E; • Cepas não-proteolíticas produtoras de toxinas B e F. GRUPO III • Cepas produtoras de toxinas C e D. GRUPO IV • Cepas produtoras de toxina G. 13 Tipo B Tipo A Tipo E Microrganismo Fatores que afetam o crescimento pH Temperatura °C mín. Ótima máx. Mín. Ótima máx. Aw mínimo Clostridium botulinum A e B 10 37 50 4,8 7 8,5 0,95 Clostridium botulinum E 3 30 45 5,0 7 8,5 0,97 14 Característica da doença Botulismo clássico: Ingestão de toxinas pré-formadas; Distúrbios digestivos e neurológicos. Botulismo infantil: Ingestão de esporos presente em mel ; Crianças menor < 1 ano de idade. Período de incubação: 12 a 36 horas 15 Medidas de controle Microbiota competitiva; Nitrito e nitrato; NaCl > 8%; Toxina Termolábil – aquecimento a 80°C/30 min ou 100°C/ 5min; Destruir esporos – aquecimento a 120°C/30min; Acidificação- pH inferior a 4,6 (Acético, cítrico, fosfórico, tartárico, láctico e málico); Referências • ALBORNOZ , Luís A. L.; NAKANO, Viviane; AVILA-CAMPOS, Mario J. Clostridium perfringens e a enterite necrótica em frangos: principais fatores de virulência, genéticos e moleculares. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v. 51, n. 3, p. 178, 2014. 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