Organização e execução de projectos
Conteúdo
• Organização e execução de projectos.
• Classificação de instalações.
ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJECTOS
FASES DO PROJETO
Os projectos de instalações eléctricas devem ser elaborados
em duas fases:
• Projecto básico;
• Projecto executivo.
Projecto Básico
• O projecto básico deve estabelecer critérios gerais das
instalações eléctricas e possibilitar a elaboração de orçamento
preliminar.
• Nesta fase deve-se definir também o tipo de alimentação e a
localização da entrada de energia, assim como a disposição da
previsão dos principais equipamentos e materiais a serem
implantados.
• O projecto deve detalhar as soluções definitivas que eliminem
conflitos gerados pelas interferências dos projectos a serem
desenvolvidos, indicando as áreas em que pode haver
remanejamento de redes de serviços públicos existentes que
eventualmente possam interferir durante a execução da obra.
Projecto Executivo
• Seu objectivo é a indicação clara da instalação eléctrica em
sua totalidade, através de plantas, cortes, detalhes e
memoriais de cálculo, possibilitando sua implantação.
• Os quantitativos de materiais e equipamentos para cada
sistema devem fornecer a base para a elaboração do
orçamento definitivo.
Partes componentes de um projecto eléctrico
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Plantas;
Esquemas (unifilares e outros que se façam necessários);
Detalhes de montagem, quando necessários;
Memorial descritivo;
Memória de cálculo (dimensionamento de condutores,
condutos e protecções);
Critérios para a elaboração de projectos
• Acessibilidade;
• Flexibilidade (para pequenas alterações) e reserva de carga
(para acréscimos de cargas futuras);
• Confiabilidade (obedecer normas técnicas para seu perfeito
funcionamento e segurança)
Etapas da elaboração de um projecto de instalação
eléctrica
• Informações preliminares
– Plantas de situação
– Projecto arquitectónico
– Projectos complementares
– Informações obtidas do proprietário
• Quantificação do sistema
– Levantamento da previsão de cargas (quantidade e
potência nominal dos pontos de utilização – tomadas,
iluminação, elevadores, bombas, ar-condicionado, etc.)
Etapas da elaboração de um projecto de instalação
eléctrica
• Desenho das plantas
–
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–
Desenho dos pontos de utilização
Localização dos Quadros de Distribuição de Luz (QLs)
Localização dos Quadros de Força (QFs)
Divisão das cargas em circuitos terminais
Desenho das tubulações de circuitos terminais
Localização das Caixas de Passagem dos pavimentos e da prumada
Localização do Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT), Centros de
Medidores, Caixa Seccionadora, Ramal Alimentador e Ponto de
Entrega
– Desenho das tubulações dos circuitos alimentadores
– Desenho do Esquema Vertical (prumada)
– Traçado da fiação dos circuitos alimentadores
Etapas da elaboração de um projecto de instalação
eléctrica
• Dimensionamento de todos os componentes do projecto,
com base nos dados registrados nas etapas anteriores +
normas técnicas + dados dos fabricantes
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Dimensionamento dos condutores
Dimensionamento das tubulações
Dimensionamento dos dispositivos de protecção
Dimensionamento dos quadros
• Quadros de distribuição
–
–
–
–
Quadros de distribuição de carga (tabelas)
Diagramas unifilares dos QLs
Diagramas de força e comando de motores (QFs)
Diagrama unifilar geral
Etapas da elaboração de um projecto de instalação
eléctrica
• Memorial descritivo:
descreve o projecto sucintamente, incluindo dados e documentação
do projecto
• Memorial de cálculo, contendo os principais cálculos e
dimensionamentos
– cálculo das previsões de cargas
– determinação da demanda provável
– dimensionamento de condutores, electrodutos e dispositivos de
protecção
PREVISÃO DE CARGAS DA INSTALAÇÃO ELÉTRICA
• Cada aparelho ou dispositivo eléctrico (lâmpadas, aparelhos
de aquecimento de água, electrodomésticos, motores para
máquinas diversas, etc.) solicita da rede uma determinada
potência.
• O objectivo da previsão de cargas é a determinação de todos
os pontos de utilização de energia eléctrica (pontos de
consumo ou cargas) que farão parte da instalação.
• Nesta etapa são definidas a potência, a quantidade e a
localização de todos os pontos de consumo de energia
eléctrica da instalação.
Iluminação
• Critérios para a determinação da quantidade mínima de pontos de
luz:
– ≥ 1 ponto de luz no tecto para cada recinto, comandado por interruptor de
parede;
– arandelas no banheiro devem ter distância mínima de 60cm da caixa
• Critérios para a determinação da potência mínima de iluminação:
– Para recintos com área ≥ 6m2, atribuir um mínimo de 100W;
– Para recintos com área ≥ 6m2, atribuir um mínimo de 100W para os
– primeiros 6m2, acrescidos de 60W para cada aumento de 4m2 inteiros;
Nota: Para iluminação externa em residências a norma não
estabelece critérios cabe ao projectista e ao cliente a definição.
Níveis de Iluminamento
Áreas operacionais
Áreas técnicas
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•
acessos 150 lux;
banheiros 150 lux;
circulação 150 lux;
sala de pessoal da operação 500
lux;
escritórios 500 lux a 700 lux;
sala de manutenção 300 lux;
depósitos 200 lux;
material de limpeza 100 lux;
copa e refeitório 200 lux.
salas técnicas 500 lux a 700 lux;
subestações 300 lux;
sala de baterias 350 lux;
sala de controle 500 lux;
porão de cabos 20 lux;
poço de bombas 100 lux.
outros níveis de iluminamento:
• jardins 50 lux;
• passarelas 30 lux;
• estacionamento 30 lux.
Tomadas
• Critérios para a determinação da quantidade mínima de
TUGs:
– Recintos com área ≤ 6m2 – no mínimo 1 tomada
– Recintos com área> 6m2 – no mínimo 1 tomada para cada 5m ou
fracção de perímetro, espaçadas tão uniformemente quanto possível
– Cozinhas e copas – 1 tomada para cada 3,5m ou fracção de perímetro,
independente da área; acima de bancadas com largura ≥ 30cm prever
no mínimo 1 tomada
– Banheiros – no mínimo 1 tomada junto ao lavatório, a uma distância
mínima de 60cm do boxe, independentemente da área
– Subsolos, varandas, garagens, sótãos – no mínimo 1 tomada,
independentemente da área
Tomadas
• Critérios para a determinação da potência mínima de TUGs:
– Banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviço, lavandeiras e assemelhados
– atribuir 600W por tomada, para as 3 primeiras tomadas e 100W para
cada uma das demais
– Subsolos, varandas, garagens, sótãos – atribuir 1000W
– Demais recintos – atribuir 100W por tomada
• Critérios para a determinação da quantidade mínima de TUEs:
– A quantidade de TUEs é estabelecida de acordo com o número de
aparelhos de utilização, devendo ser instaladas a no máximo 1.5m do local
previsto para o equipamento a ser alimentado
• Critérios para a determinação da potência de TUEs:
– Atribuir para cada TUE a potência nominal do equipamento a ser
alimentado
DEMANDA DE ENERGIA DE UMA INSTALAÇÃO ELÉTRICA
• Observando o funcionamento de uma instalação eléctrica
residencial, comercial ou industrial, pode-se constatar que a
potência eléctrica consumida é variável a cada instante. Isto
ocorre porque nem todas as cargas instaladas estão todas em
funcionamento simultâneo.
• A potência total solicitada pela instalação da rede a cada
instante será, portanto, função das cargas em operação e da
potência eléctrica absorvida por cada uma delas a cada
instante (comentar refrigerador e motores em geral).
DEMANDA DE ENERGIA DE UMA INSTALAÇÃO ELÉTRICA
• Carga ou Potência Instalada
É a soma de todas as potências nominais de todos os aparelhos
eléctricos pertencentes a uma instalação ou sistema.
• Demanda
É a potência eléctrica realmente absorvida em um determinado
instante por um aparelho ou por um sistema.
• Demanda Média de um Consumidor ou Sistema
É a potência eléctrica média absorvida durante um intervalo de tempo
determinado (15min, 30min)
• Demanda Máxima de um Consumidor ou Sistema
É a maior de todas as demandas ocorridas em um período de tempo
determinado; representa a maior média de todas as demandas
verificadas em um dado período (1 dia, 1 semana, 1 mês, 1 ano)
DEMANDA DE ENERGIA DE UMA INSTALAÇÃO ELÉTRICA
• Potência de Alimentação, Potência de Demanda ou Provável
Demanda
É a demanda máxima da instalação. Este é o valor que será utilizado para o
dimensionamento dos condutores alimentadores e dos respectivos
dispositivos de protecção;
• Demanda Máxima de um Consumidor ou Sistema
É a maior de todas as demandas ocorridas em um período de tempo
determinado; representa a maior média de todas as demandas verificadas em
um dado período (1 dia, 1 semana, 1 mês, 1 ano).
• Factor de Demanda
É a razão entre a Demanda Máxima e a Potência Instalada
FD = Dmáx / Pinst
DEMANDA DE ENERGIA DE UMA INSTALAÇÃO ELÉTRICA
• Exemplo do cálculo de demanda de um apartamento típico
com as seguintes cargas:
Descrição
Quant.
Potencia (W)
lâmpadas incandescentes de 100W
10
1000
lâmpadas incandescentes de 60W
5
300
TV de 100W
1
100
aparelho de som de 60W
1
60
refrigerador de 300W
1
300
ferro eléctrico de 1000W
1
1000
1 lava-roupa de 600W
1
600
chuveiro eléctrico de 3700W
1
3700
Total
• Maior demanda possível = 7060W
7060
DEMANDA DE ENERGIA DE UMA INSTALAÇÃO ELÉTRICA
• Admitindo que as maiores solicitações sejam:
Demanda diurna
Descrições
Potencia (W)
Lâmpadas
200
Aparelho de som
60
Refrigerador
300
Chuveiro eléctrico
3700
Lava-roupa
600
TOTAL
4860
Demanda nocturna
Descrições
Potencia (W)
Lâmpadas
800
TV
100
Refrigerador
300
Chuveiro eléctrico
3700
Ferro Eléctrico
1000
TOTAL
5900
DEMANDA DE ENERGIA DE UMA INSTALAÇÃO ELÉTRICA
• Factores de demanda
Diurno -> Fd = 4860 / 7060 = 0,69 ou 69%
Noturno -> Fd = 5900 / 7060 = 0,84 ou 84%
• Curva diária de demanda
As diversas demandas de uma instalação variam conforme a utilização
instantânea de energia eléctrica, de onde se pode traçar uma curva diária de
demanda
DEMANDA DE ENERGIA DE UMA INSTALAÇÃO ELÉTRICA
A demanda deverá sempre ser expressa em termos de potência
absorvida da rede (normalmente expressa em VA ou kVA). Deve-se estar
sempre atento ao FATOR DE POTÊNCIA das cargas, observando a relação
entre potência aparente (VA) e potência activa (W). Assim:
2
2
2
𝑃
𝑆
𝑃
𝑄
𝑆 =
=
+
𝑐𝑜𝑠𝜑
Onde:
S = potência aparente (VA)
P = potência activa (W)
Q = potência reactiva (VAR)
𝑐𝑜𝑠𝜑 = factor de potência
Em instalações de residências e apartamentos, a maioria das cargas são
puramente resistivas.
ELETRODUTOS
• Funções
– Protecção mecânica dos condutores;
– Protecção dos condutores contra ataques químicos da atmosfera ou
ambientes agressivos;
– Protecção do meio contra os perigos de incêndio resultantes de
eventuais superaquecimentos dos condutores ou arcos voltaicos;
– Proporcionar aos condutores um envoltório metálico aterrado (no
caso de electrodutos metálicos) para evitar perigos de choque
eléctrico
• Tipos
– Não-metálicos: PVC (rígido e flexível corrugado), plástico com fibra de
vidro, polipropileno, polietileno, fibrocimento;
– Metálicos: Aço carbono galvanizado ou esmaltado, alumínio e flexíveis
de cobre espiralado
Prescrições Para Instalação
• Nos electrodutos devem ser instalados condutores isolados,
cabos unipolares ou multipolares, admitindo-se a utilização
de condutor nu em eletroduto isolante exclusivo quando este
condutor for de aterramento;
• As dimensões internas dos electrodutos devem permitir
instalar e retirar facilmente os condutores ou cabos após a
instalação dos electrodutos e acessórios.
• A taxa máxima de ocupação em relação à área da seção
transversal dos electrodutos não deverá ser superior a:
– 53% no caso de um condutor ou cabo
– 31% no caso de dois condutores ou cabos
– 40% no caso de três ou mais condutores ou cabos
Prescrições Para Instalação
• A taxa máxima de ocupação deve obedecer a tabela a seguir:
Condutor (mm2)
Eléctrodo (𝟏" 𝟐)
Eléctrodo (𝟑" 𝟒)
Eléctrodo 𝟏"
1,5
6
9
-
2,5
4
9
-
4,0
3
9
-
6,0
3
7
9
10,0
2
4
6
16,0
-
3
4
Caixas de Derivação
• Têm a função de abrigar equipamentos e/ou emendas de
condutores, limitar o comprimento de trechos de tubulação,
ou limitar o número de curvas entre os diversos trechos de
uma tubulação
DISJUNTORES
 Elemento de comando (accionamento manual) e protecção
(desligamento automático) de um circuito;
 Intercalado exclusivamente nos condutores;
 FASE Pode ser mono, bi ou tripolar (para circuitos mono, bi ou
trifásicos)
 Capacidades típicas: 10 A, 15 A, ... 150 A (~75kW @ 220V)
 Características Fusível x Disjuntor
DISJUNTORES
– Fusível
•
•
•
•
Operação simples e segura: elemento fusível
Baixo custo
Não permite efectuar manobras
São unipolares -> podem causar danos a motores caso
o circuito não possua protecção contra falta de fase
• Não permite rearme do circuito após sua actuação,
devendo ser substituído
• É essencialmente uma protecção contra curto-circuito
• Não é recomendável para protecção de sobrecorrentes
leves e moderadas
DISJUNTORES
– Disjuntor
• Actua pela acção de disparadores: lâmina bimetálica e
bobina
• Tipos mono e multipolar; os multipolares possibilitam
protecção adequada, evitando a operação monofásica
de motores trifásicos
• Maior margem de escolha; alguns permitem ajuste dos
disparadores
• Podem ser religados após sua actuação, sem
necessidade de substituição
• Podem ser utilizados como dispositivos de manobra
• Protegem contra sobrecorrente e curto-circuito
• Tem custo mais elevado
DIMENSIONAMENTO - CIRCUITOS
CRITÉRIOS BÁSICOS:
 Capacidade de corrente;
 queda de tensão admissível.
CIRCUITOS PARCIAIS:
Conforme o tipo de carga, por norma, as seções dos condutores de fase e de
neutro deverão ser iguais ou superiores aos seguintes valores:






iluminação ....................................................................………………..1.5 mm2
tomadas de corrente em salas, quartos ou similares.......................1.5 mm2
máquina de lavar roupa ..................................................................4.0 mm2
aparelhos de ar condicionado ........................................................2.5 mm2
fogões elétricos ..............................................................................6.0 mm2
Cálculo da corrente da carga:
DIMENSIONAMENTO - CIRCUITOS
Terceiro nível
Quarto nível
Quinto nível
Cabo de menor secção que suporta a corrente da carga.
CLASSIFICAÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS
• De Serviço Público (1º Grupo) - As instalações eléctricas
destinadas a tracção eléctrica e aquelas que forem
estabelecidas com o fim de fornecer energia eléctrica a
quaisquer consumidores que a pretendam adquirir, ou que
sirvam para o transporte ou transformação de energia
eléctrica destinada ao mesmo fim.
• De Serviço Particular (2º Grupo) – Todas as outras que se
destinam a abastecer exclusivamente o próprio consumidor.
Estas dividem-se em três tipos:
Tipo A
Tipo B
Tipo C
Tipo A
• Instalações de carácter permanente com produção própria, não
incluídas no Tipo C (destinadas exclusivamente a abastecer o
próprio consumidor)
Ex: Grupos Geradores (de recurso, emergência ou para produção
autónoma).
Tipo B
• Instalações que sejam alimentadas por instalações de serviço
público em média, alta ou muito alta tensão;
Ex: Subestações, Postos Transformação e/ou de seccionamento e
respectivas instalações de utilização associadas.
Tipo C
• Instalações alimentadas por uma rede de distribuição de serviço
público em baixa tensão ou instalações de carácter permanente
com produção própria em baixa tensão até 100 kVA, se de
segurança ou de socorro.
Ex: Moradias; recintos públicos ou privados destinados a
espectáculos ou outras diversões.
Casos Especiais:
• As antigas 3.ª s Categorias (Instalações eléctricas de baixa
tensão situadas em recintos públicos ou privados destinados a
espectáculos ou outras diversões )
• Passam a ser classificadas como instalações do Tipo C
• As antigas 4.ª s Categorias (Instalações eléctricas de carácter
permanente que ultrapassam os limites de uma propriedade
particular, alimentadas por uma rede pública em média ou
baixa tensão)
• Ex: Uma instalação constituída por um ramal de BT alimentado
através de um grupo gerador de 300kVA, que ultrapasse os
limites de uma propriedade particular, passa a ser
classificada como uma instalação do Tipo A.
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