Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Educação Básica e Profissional COLÉGIO TÉCNICO Oficina de percepção e vivência ambiental na Gruta de Cerca Grande Testemunho e Registro Derek Walter, brasileiro filho de ingleses, que provou seu amor pelos animais e pelos lugares da natureza; tendo sido o seu maior incentivador junto a várias gerações de jovens. Foi o mestre-guia que ensinou a entrar e superar os obstáculos na gruta de Cerca Grande, e que posteriormente, a partir de 1976, conformou basicamente as oficinas de percepção e vivência na Gruta de Cerca Grande pelo COLTEC/UFMG. in memorian Derek Edmund Walter Significado de Gruta s.f. Escavação natural ou artificial. Sinônimos de Gruta algar, antro, catacumba, caverna, cavidade, cova, covil, fossa, furna e lapa Parque Estadual Cerca Grande É uma das mais expressivas regiões cársticas do Brasil, considerada o berço da espeleologia, arqueologia e paleontologia brasileira. O naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880) iniciou os seu estudos no século XIX - 1835, revelando ao mundo a existência da arte rupestre em Lagoa Santa. Cerca Grande A gruta de Cerca Grande é o único sítio arqueológico atualmente protegido por tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, localizado no município de Matozinhos/MG. É importante monumento arqueológico (por seus fósseis humanos e por suas 302(?) pinturas rupestres), paleontológico (fósseis de animais pré-históricos), espeleológico e histórico). A gruta possui sete entradas e 13 “janelas”. Levar alunos do COLTEC à gruta de Cerca Grande, preparando-os de maneira a poderem vivenciar um ambiente natural mais ‘selvagem’ (sem as estruturas de apoio aos turistas existentes em grutas como Maquiné, Rei do Mato, Lapinha, entre outras). Seguem outras experiências pedagógicas ... Depois a do COLTEC. Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do Centro Educacional Leonardo da Vinci embarcaram para uma Viagem Acadêmica a Matozinhos e Cordisburgo. A Uggi - Educação Ambiental leva crianças entre 11 e 17 anos, a atividades obrigatórias curriculares. A empresa realiza a “supressão da lousa” para as escolas contratantes. Gruta de Botuverá é a maior do Sul do país, com 1.200 metros de extensão Kombi Alice chega a Pains e leva pequenos fotógrafos para cavernas Alunos do curso técnico de Mineração fizeram visita técnica monitorada a Gruta do Limoeiro no município de Castelo, para estudo nas áreas de Geologia, Meio Ambiente e Espeleologia (estudo de cavernas). Nessa visita alunos e professores puderam discutir de forma integralizada as formações espeleológicas com questões sócio ambientais. Crianças de nove a 14 anos participam de atividades de campo, a primeira é o Operação Cerrado Caverna, com expedições na Gruta dos Milagres, Brasília (pinturas rupestres e aula sobre geologia e história natural). Projeto Agenda 21 Escolar do Colégio Estadual João Negrão Júnior Para nós que participamos ao longo de várias dezenas de anos, é um Laboratório de Sensibilidade, onde os alunos participantes são membros de grupo na(o) • procura em construir e aperfeiçoar habilidades e competência interpessoal; • confiança em si mesmo e nos outros, com motivação para crescer e com menor resistência às mudanças; • reforço ao processo de comunicação interpessoal, onde cada pessoa com sua experiência de vida-cultura possa ter a oportunidade de comunicar; • experiência presente, direta, pessoal, imediata, compartilhada com os membros do grupo, podendo ser comparada, apreciada e validada, como base para conceitos e conclusões pessoais e grupais a serem elaborados. De acordo com relatos de alunos(as), a experiência vivida na Gruta de Cerca Grande ensinou: • um grande aprendizado; • a adrenalina, a aventura e as boas risadas; • a confiar mais nos colegas; • a perceber um outro lado da vida. Possibilitou: • uma vivência em ambiente natural, diferente do ambiente urbano; • uma mudança em relação ao cotidiano; • uma integração e tolerância entre uns e outros; • uma formação que não se restringe as disciplinas técnicas; • reconhecimento e respeito às limitações físicas e emocionais do outro; • desenvolvimento de outras atividades; • superação de limitações. Foi fundamental para: • uma percepção da importância do trabalho realizado em grupo; • a descoberta do companheirismo, da ajuda e da amizade de pessoas em uma turma em que julgava serem insuportáveis; • a confiança mútua; • a autoconfiança; • a paciência; • a compreensão do que o outro fala e faz; • a experiência comum; • a ressignificação da relação interpessoal; • a importância da comunicação. Eu disse aqui sobre como as vivências que eu tive fizeram o dia valioso, mas um fator que preciso mencionar com ênfase são as pessoas que estavam comigo. Elas fazem toda a diferença. Elas constituem o cenário, fazem parte, interferem em tudo o que acontecer. A experiência é construída conjuntamente, o que varia é a forma como ela se manifesta e é aproveitada por cada um. Luisa Couto Chaves Santos É muito relativo, porque ali eles vão colocar em prática o que eles aprenderam na teoria aqui na escola. Lá eles vão ver sobre rochas, sobre vegetação, sobre cultura... Eles vão ter esse interesse pela natureza, sobre os efeitos na natureza... Então tem muita coisa que você pode abordar, sem contar também as questões mais subjetivas. Por exemplo: em cada grupo que vai, você percebe como que os alunos se relacionam, como que eles lidam com o medo, com a insegurança; o que eles dão conta, o que eles não dão. É muito interessante. E é um momento assim: como se todo mundo fosse muito próximo e, de repente, algumas questões que ele tem com o colega na sala, ali ele tem oportunidade de conhecer melhor, até de conhecer o próximo, de se doar para ajudar o outro. É interessante demais. Eu acho que aproxima a relação dele com o professor, é um olhar totalmente diferente. Eu acho que é uma coisa que vão carregar para a vida toda. Quem vai num passeio desse, pode ser aluno, pode ser professor, pode ser um técnicoadministrativo, todo mundo sai com uma outra bagagem desse encontro. Você leva para a vida toda. Você nunca imaginou vivenciar aquilo, sabe? [...] Eu penso que tem que ter as duas coisas. Eu acho que essa rotina de sair é importante e trazer isso para a escola, aí teria que pensar em algo diferente, porque tem coisas que ficam mais difíceis. Como você vai propiciar todas essas coisas em um mesmo ambiente? (PCT. ANDRESSA, 15:53, 18:30). Ailton Vitor Guimarães. Educação, Lazer e Trabalho: Relações estabelecidas no interior de escolas de educação profissional e tecnológica. Tese Doutorado. UFMG. Fevereiro 2014. 359 p. Grupo Bambui de Pesquisas Espeleológicas Desenho de Brandt retratando Peter Lund analisando as pinturas rupestres do Rochedo dos Índios, na Lapa da Cerca Grande em Matozinhos (MG). Acervo do Museu Botânico de Copenhage. (MARCHESOTTI, 2011,p.155) O prof. Ricardo Nascimento Alves não só abraçou estas oficinas em Cerca Grande mas aperfeiçoou o percurso. Tornou-se guia principal e símbolo. Lund, em 21 de abril de 1843, descobriu 30 ossadas humanas misturadas a fósseis de animais, fato que definiria o seu destino futuro enquanto pesquisador. Suas descobertas apontavam para a evolução das espécies, no entanto, como luterano convicto, adotou a teoria do Catastrofismo - a soma do Criacionismo com o Atualismo Geológico, afirmando que as diferenças entre fósseis de diversas camadas estratigráficas eram prova de sucessivas “criações”. Lund era também fixista, pois não via ligação entre os fósseis e as espécies atuais, além de acreditar profundamente no homem pré-diluviano. Quando descobriu ossadas de seres humanos iguais a nós juntamente com fósseis de animais extintos em uma mesma camada estratigráfica, indicando que ambos viveram em uma mesma época, não pôde levar a termo o produto de seus achados. Entre a fé e as evidências, Lund optou por sua fé.