Controle ótimo quadrático Josemar de Oliveira Quevedo Lucas Vizzotto Bellinaso Prof. Dr. Vinícius Montagner Santa Maria, junho de 2012 Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares Tópicos • • • • Introdução Controle ótimo quadrático: equacionamento Escolha de Q e R Exemplo de projeto – Projeto mal feito – Projeto bem feito • Simulação de um conversor Buck • Conclusões Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 2 Introdução • Realimentação de estados: – Obtenção da resposta desejada para o sistema através do cálculo do ganho K, onde u = R – K x. – Funciona se o sistema for controlável. • Controle ótimo quadrático: – Técnica empregada para cálculo do ganho K. u Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 3 Controle ótimo quadrático Desenvolvimento matemático • Consiste na minimização de um índice de desempenho quadrático J. 0 0 J L x, u dt x 'Qx u ' Ru dt • As matrizes Q e R devem ser Hermitianas e definidas positivamente: – Q = Q’ e R = R’ – v’Qv ≥ 0 e v’Rv ≥ 0 , onde v é um vetor como x e u. • Se o sistema for controlável, a minimização de J sempre torna o sistema estável. Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 4 Controle ótimo quadrático Desenvolvimento matemático Sendo u = - Kx, pode-se obter: J x 'Qx u ' Ru dt x ' Q K ' RK xdt 0 0 Se houver uma matriz P Hermitiana que: d x Q K ' RK x x ' Px x ' Px x ' Px dt ' Do sistema realimentado x A BK x substitui-se: ' x Q K RK x x A BK P P A BK x ' O que leva a: ' ' A BK P P A BK Q K ' RK ' Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 5 Controle ótimo quadrático Desenvolvimento matemático Sendo Q + K’RK sempre positivo, pela segunda Lei de Liapunov, se o sistema for estável, então existe P que satisfaça: A BK P P A BK Q K RK Se R T 'T e separando os termos em K da equação acima: 1 1 AP PA PBR1 B ' P Q TK T BP TK T BP 0 Pode-se obter que a minimização de J em relação a K requer: TK T BP 0 K R1B' P 1 Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 6 Controle ótimo quadrático Desenvolvimento matemático • O cálculo de K é resumido nas seguintes etapas: – Encontrar P definida positivamente que satisfaça a equação reduzida de Ricatti: A' P PA PBR1 B ' P Q 0 – Calcular K com a seguinte equação: K R 1 B ' P Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 7 Escolha de Q e R • Matriz Q: – Relativa à importância do erro de cada estado do sistema. – Normalmente definida na forma diagonal, para que a importância de cada estado seja definida de forma independente. – Exemplo: q1 refere-se à importância do erro de x1. Quando maior q1, mais rápido será reduzido o erro de x1. q1 Q 0 0 0 q2 0 0 0 q3 Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 8 Escolha de Q e R • Matriz R: – Relativa à energia necessária para cada entrada. – Normalmente definida na forma diagonal, para que cada entrada seja tratada independentemente. – Exemplo: r1 refere-se à energia absorvida da entrada u1. – Quanto maior é r1, menor é a energia absorvida de u1, e mais lento é o controle dependente dessa entrada. – Quanto menor r1 maiores os ganhos relativos à entrada u1. r1 R 0 0 r2 Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 9 Escolha de Q e R Comando do Matlab • Para obter o ganho K no software Matlab, utiliza-se o seguinte comando: K = lqr(A,B,Q,R) ou K = lqr(sys,Q,R) • Exemplo: A = [1 2 ; 3 4]; B = [1 ; 0]; Q = [10 0; 0 1]; R = 1; K = lqr(A,B,Q,R) Valor de K obtido no Matlab: K = [13.0812 22.4926] Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 10 Exemplo de projeto: modelagem do sistema iL L u C vc R Figura 1 - Sistema RLC proposto • • • • R=50Ω; C=220uF; L=886μH; Vc (referência)=50V 1 1 0 v v c RC C c 1 u i 1 i L 0 L L L vc y 1 0 iL Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 11 Exemplo de projeto: sistema ampliado • Sistema aumentado: e r y r Cx e dt r Cx 1 v RC c i 1 . L L e dt 1 1 C 0 0 0 0 0 vc 1 0 iL u 0 r L 1 e dt 0 0 Figura 2 – Diagrama de blocos do sistema a ser controlado Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 12 Exemplo de projeto: controlabilidade • Controlabilidade: C Baum Aaum Baum A2 aum Baum – Valores numéricos da matriz aumentada Aaum Baum 454,55 0 90 1128,7 0 0 1 0 0 0 1128,7 0 0 5,13106 0,4664109 C 1,128103 0 5,7904109 9 0 0 0 , 0051 10 Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 13 Exemplo de projeto: definição de Q e R • Projeto adequado: – Objetivo: buscar a resposta que alie os menores ganhos, menor energia de controle e resposta mais rápida do controlador sobre a planta. 1 Q 0 0 R 800 0 0 100000 0 0 5000000 • Ganhos: K = [-0,0223 11,1723 -79,0569]; • Pólos = [-505 -12195]. Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 14 Exemplo de projeto: definição de Q e R Aaum = [A zeros(2,1);-C 0]; Baum = [B;0]; Q = [1 0 0;0 100000 0; 0 0 5000000]; R = [800]; Kah = lqr(Aaum,Baum,Q,R) K = Kah(1:2) Kl = -Kah(3); AA = [A-B*K B*Kl;-C 0]; BB = [0;0;1]; CC = [C 0]; DD = [0]; t = 0:0.0001:0.12; [y,x,t] = step(AA,BB,CC,DD,1,t); [y2,X,t] = step(A,B,C,D,1,t); x1 = [1 0 0]*x'; % tensão de saída x2 = [0 1 0]*x'; % corrente x3 = [0 0 1]*x'; % erro integrado subplot(2,2,1); plot(t,x1,'LineWidth',2); grid hold on plot(t,y2,'r'); subplot(2,2,2); plot(t,x2,'LineWidth',2); grid subplot(2,2,3); plot(t,x3,'LineWidth',2); grid erro=1-x1; subplot(2,2,4); plot(t,erro);grid Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 15 Exemplo de projeto: definição de Q e R Tempo de acomodação: x1 (tensão) versus t 40 ms 2 1 0.5 0 0.02 x1 (tensão) Vc malha aberta 0.015 x2 x1 1.5 x2 (corrente) versus t 0.01 0.005 0 0.02 0.02 0.04 0.06 0.08 t Sec x3 (erro integrado) versus t 0.1 0 0.12 0 0.02 0.04 0.06 t Sec erro 0.08 0.1 0.12 0 0.02 0.04 0.06 t Sec 0.08 0.1 0.12 1 erro x3 0.015 0.01 0.5 0.005 0 0 0.02 0.04 0.06 t Sect 0.08 0.1 0.12 0 Figura 3 - Resposta do sistema – projeto adequado Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 16 Exemplo de projeto: definição de Q e R Bode Diagram 50 Magnitude (dB) 0 -50 -100 -150 0 Sistema em malha aberta Sistema controlado Phase (deg) -45 -90 -135 -180 1 10 10 2 10 3 10 4 10 5 10 6 Frequency (rad/sec) Figura 4 – Resposta em frequência do sistema – projeto adequado Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 17 Exemplo de projeto: definição de Q e R • Projeto inadequado: – Atribuir valores à matriz Q que priorizem os estados menos relevantes para a resposta do sistema. • Valores elevados reduzem o erro em relação à referência, mas aumentam o esforço de controle. • Valores reduzidos aumentam o erro e diminuem o esforço de controle; – Reduzir ou elevar demasiadamente os valores da matriz R; • A redução resulta em ganhos que tenham magnitude que podem não ser implementáveis na prática; • O aumento eleva o erro. Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 18 Exemplo de projeto: definição de Q e R 1000 • Exemplo: priorização dos estados menos Q 0 relevantes para a resposta do sistema na matriz Q. 0 R 1 – Ganhos: K = [30,3201 15,9441 -3,1623]; – Pólos = [-9043,3 + j*8974,3; -9043,3 – j*8974,3]. x1 (tensão) versus t 2 x1 (tensão) Vc malha aberta 1.5 1.5 1 1 x2 x1 2 0.5 0 x 10 0 0 10 x2 (corrente) versus t -3 0.5 0 0.2 0.4 0.6 0.8 0 1 0 0.2 0.4 t Sec 0.6 0.8 1 0.6 0.8 1 t Sec x3 (erro integrado) versus t 1 erro 1 0.98 0.6 0.96 x3 erro) 0.8 0.4 0.2 0 0 10 0 0.94 0.92 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0.9 0 0.2 t Sect 0.4 t Sec Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 19 Exemplo de projeto: definição de Q e R Bode Diagram 50 Magnitude (dB) 0 -50 -100 -150 0 Sistema em malha aberta Sistema controlado Phase (deg) -45 -90 -135 -180 2 10 10 3 4 10 Frequency (rad/sec) 10 5 10 6 Figura 5 – Resposta em frequência - priorização dos estados menos relevantes para a resposta do sistema na matriz Q Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 20 Exemplo de projeto: definição de Q e R • Exemplo: Valores muito reduzidos para a matriz R. – Ganhos: K = [38,4 1000,2 -7071,1]; – Pólos = [-300; -1,1287*10^6]. 0 0 100000 0 0 5000000 R 0.1 x1 (tensão) versus t 2 1 Q 0 0 x2 (corrente) versus t 0.03 x1 (tensão) Vc malha aberta 0.025 1.5 1 x2 x1 0.02 0.015 0.01 0.5 0.005 0 0 0.02 0.04 0.06 t Sec 0.08 0.1 0 0.12 0 0.02 0.04 x3 (erro integrado) versus t 0.01 0.06 t Sec 0.08 0.1 0.12 0.08 0.1 0.12 erro 1 0.008 0.8 x3 erro) 0.006 0.004 0.6 0.4 0.2 0.002 0 0 0 0.02 0.04 0.06 t Sect 0.08 0.1 0.12 -0.2 0 Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 0.02 0.04 0.06 t Sec 21 Bode Diagram 50 Magnitude (dB) 0 -50 -100 -150 -200 0 Sistema em malha aberta Sistema controlado Phase (deg) -45 -90 -135 -180 1 10 10 2 10 3 4 10 10 Frequency (rad/sec) 5 10 6 10 7 10 8 Figura 6 – Resposta em frequência – redução excessiva dos valores da matriz R Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 22 Exemplo de projeto: definição de Q e R • Exemplo: Valores muito elevados para a matriz R. – Ganhos: K = [-0.0118 0.6362 -5 ]; – Pólos = [-404,5+j*2229,6; -404,5-j*2229,6]. x1 (tensão) versus t 1.5 0.015 1 0.01 0.5 0 0.005 0 0.2 0.4 0.6 0.8 0 1 0 0.2 0.4 t Sec 0.8 1 0.6 0.8 1 erro 1 0.8 erro) 0.15 x3 0.6 t Sec x3 (erro integrado) versus t 0.2 0.1 0.05 0 0 0 100000 0 0 5000000 R 200000 x2 (corrente) versus t 0.02 x1 (tensão) Vc malha aberta x2 x1 2 1 Q 0 0 0.6 0.4 0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 0 t Sect 0.2 0.4 t Sec Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 23 Exemplo de projeto: definição de Q e R Bode Diagram 40 Magnitude (dB) 20 0 -20 -40 -60 -80 0 Sistema em malha aberta Sistema controlado Phase (deg) -45 -90 -135 -180 2 10 10 3 10 4 10 5 Frequency (rad/sec) Figura 7 – Resposta em frequência – aumento excessivo dos valores da matriz R Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 24 Exemplo de projeto: definição de Q e R • Comparação dos projetos: pólos p1 Sistema em malha aberta Projeto adequado priorização inadequada dos estados em Q Redução excessiva dos valores de R Aumento excessivo dos valores de R - 4,55 + j*2264,6 -505 -9043,3 +j*8974,3 -300 -404,5+j*2229,6 p2 k1 ganhos k2 kl -4,55 - j*2264,6 -------12195 -0,0223 11,1723 -79,0569 -9043,3 -j*8974,3 30,3201 15,9441 -3,1623 -1128700 38,4 1000,2 -7071,1 -404,5-j*2229,6 -0,0118 0,6362 -5 Tabela 1 – Comparação das características dos projetos Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 25 Simulação: conversor Buck Figura 8 – Conversor buck simulado sob condições nominais Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 26 Simulação: conversor Buck • Condições nominais: Figura 9 – Resposta do conversor operando em malha aberta (vermelho), e com o LQR (azul) Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 27 Simulação: conversor Buck Figura 10 – Resposta do erro e erro integrado Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 28 Simulação: conversor Buck Figura 11 – Conversor buck simulado com redução de 50% da carga Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 29 Simulação: conversor Buck • Redução de 50% da carga: Figura 12 – Resposta do conversor operando em malha aberta (vermelho), e com o LQR (azul) Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 30 Simulação: conversor Buck Figura 13 – Conversor buck simulado com aumento de 100% da carga Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 31 Simulação: conversor Buck • Aumento de 100% da carga: Figura 14 – Resposta do conversor operando em malha aberta (vermelho), e com o LQR (azul) Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 32 Simulação: conversor Buck Figura 15 – Conversor buck simulado com variação da referência Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 33 Simulação: conversor Buck • Variação da tensão de referência de 50 V para 70 V: Figura 16 – Resposta do conversor para a variação da referência Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 34 Simulação: conversor Buck Figura 17 – Conversor buck alimentado por retificador monofásico Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 35 Simulação: conversor Buck • Conversor buck alimentado por retificador monofásico: Figura 18 – Tensão de saída em azul, tensão de entrada em vermelho. (a) malha fechada (b) malha aberta Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 36 Conclusões • O controle LQR oferece uma forma metódica de cálculo dos ganhos de realimentação de estados a partir da minimização de um fator de desempenho quadrático J; • A resposta do sistema depende dos valores projetados para as matrizes Q e R, as quais determinam a importância relativa do erro e da quantidade de energia necessária no processo de controle, respectivamente; Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 37 Conclusões • As matrizes Q e R são definidas empiricamente, portanto, estão sujeitas a diferentes respostas, que serão tão boas quanto maior a faixa de valores testados, permitindo assim definir a configuração que melhor se encaixa para um dado projeto; • O projeto do controlador aplicado ao conversor Buck visou obter uma resposta que levasse o nível de tensão de saída para o valor desejado com reduzida demanda de energia e rápida resposta dos estados do sistema; Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 38 Conclusões • Vantagens do conversor LQR: – Permite a minimização da energia demandada pelo sistema, resultando em melhor rendimento do sistema de controle; • Desvantagens do conversor LQR: – Limitação da técnica relacionada à maneira aleatória de definição dos ganhos do controlador, sendo difícil definir a condição ótima de ganhos. Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 39 Considerações finais • Josemar de Oliveira Quevedo: – [email protected] • Lucas Vizzotto Bellinaso: – [email protected] Controle ótimo quadrático Sistemas Lineares 40