Corda bamba
Lygia Bojunga
(Por Leni Nobre de Oliveira)
Sobre a autora
 Lygia
Nunes é uma escritora brasileira
muito premiada nacionalmente e no
mundo. Mora no Rio de Janeiro, no
Bairro Santa Tereza, e também em
Londres, com seu marido que é inglês.
 (Nasceu em Pelotas, em 26 de agosto
de 1932
Sobre o estilo da autora

Lygia Bojunga Nunes tem recebido reiterados
elogios da crítica especializada brasileira e
estrangeira. No cenário brasileiro, com
freqüência tem sido reportada como a
herdeira ou sucessora de Monteiro Lobato,
por estabelecer um espaço em que a criança
tem — através da liberdade da imaginação
— uma chave para a resolução de conflitos,
o que Monteiro Lobato mostrou saber fazer
com maestria[1].
A estrutura da narrativa

Personagens
 Enredo
 Tempo
 Espaço
 Narrador
 Lapso temporal
 Climax
 Desenlace
 Ponto de vista
Personagens

Maria: personagem protagonista, tem 10
anos, perdeu os pais em uma exibição de
equilibrismo sem rede de proteção, passou
por um período de esquecimento sobre o que
aconteceu. Foi levada para morar com a avó,
Dona Maria Cecília. Ela andava na corda
bamba no circo.
 Foguinho: engolidor de fogo, marido de Maria
Barbuda, que está aprendendo a fazer
mágica porque seu estômago não aguenta
mais fogo. Trabalha em circo.
Personagens

Maria Barbuda: é esposa de Foguinho e
trabalha em circo também. Conhece Maria
desde que esta nasceu, tem-lhe muito afeto e
se sente responsável por ela.
 Marcelo: pai de Maria, tinha sido trabalhador
circense como equilibrista de corda,
trabalhou na construção civil como pintor de
parede. Depois que conheceu Márcia, voltou
a ser equilibrista.
Personagens

Márcia: Mãe de Maria, filha de Dona Maria
Cecília. Contra a vontade da mãe, ela se
casa com Marcelo, pingente da construção
civil e se transforma em artista circense como
equilibrista junto com Marcelo.
 Dona Maria Cecília Mendonça de Melo: Mãe
de Márcia, avó de Maria. Esposa de Pedro,
seu quarto marido. Fora casada quatro
vezes, mas ainda assim está só. A razão
disso : dona Maria Cecília de Melo Mendonça
queria mandar nos maridos.
Personagens
 Sr.
Pedro: quarto esposo de D. Maria
Cecília, que impôs a ela que, na relação
dos dois, ninguém mandava em
ninguém. Maria se simpatiza com ele e
ele lhe dá uma corda de presente.
Considera-o seu aliado contra o
excesso de autoridade de D. Maria
Cecília.
Personagens
 Velha
contadeira de história: velha,
comprada de presente para Maria, para
contar-lhe histórias. Por meio dela,
Maria recobra um pouco de sua
memória, sobre os casamentos de D.
Maria Cecília.
Personagens
 Quico:
neto de Sr. Pedro, está
passando uma temporada na casa do
avô, enquanto os pais viajam. Ele mora
no interior. Maria é alojada no quarto
dele, que, agora, será o seu. Ele sonha
muito.
Personagens
 Dona
Eunice: professora particular
contratada para estudar com Maria para
que ela fizesse um teste de adequação
para a quarta série. Ela dá aulas com
os pés sobre um cachorro que, por
mais leve que seja tocado por Maria,
late na maior altura e a assusta.
Enredo
 Maria
é levada por Maria Barbuda e
Foguinho para morar com sua avó,
Dona Maria Cecília Mendonça de
Melo e seu atual marido, Pedro.
Maria perdera os pais
recentemente em uma exibição na
corda bamba em um circo em que
não usavam rede de proteção.
Enredo

Desejavam, correndo esse risco, ganhar
mais pela exibição, uma vez que estavam
endividados. Essa dívida fora contraída
porque Dona Maria Cecília havia roubado
Maria deles no circo e os dois gastaram
muito dinheiro em sua procura. Maria, desde
a hora em que os pais caíram da corda,
esquecera o seu passado e não se lembrava
de nada, mesmo depois que fora morar na
casa da avó.
Enredo
 Na
nova moradia, aos poucos vai
recuperando sua memória, a partir de
uma janela diferente que havia em um
dos arranha-céus que circundavam
aquele em que sua avó morava.
Enredo

A partir daquela janela e de um andaime de
pintor de parede dependurado em um dos
prédios ela entra por um corredor, com várias
portas. Maria fez um uma espécie de
calçadão com a corda que ganhara do Sr.
Pedro. De madrugada, quando tudo era
silêncio, ela transitava sobre a corda, ia até o
andaime e, daí, entrava pela janela.
Enredo

A partir dessa janela havia um corredor com
várias portas. Cada dia ela tentava abrir uma
porta. Nessas portas, ela via acontecer sem
que dessem conta da presença dela, os fatos
de seu passado, chegando a voltar ao seu
nascimento e festa de seu aniversário. Aos
poucos, ela recobrou seu passado, lembrouse de quando fora roubada por D. Maria
Cecília.
Enredo
 Maria
Barbuda telefona para Maria para
saber como ela está e se despede dela,
pois o circo irá embora do Rio de
Janeiro. Maria fala das aulas
particulares.
 Maria enfrenta sérias dificuldades para
se adequar aos conhecimentos
necessários para a 4ª série.
Enredo

Maria Barbuda telefona novamente para
Maria, para saber notícias e convida-a para
irem passar uns dias em casa de um parente
deles na praia. Maria alega que não poderia
por causa dos estudos de recuperação. Fica
acertado que Maria iria pedir a Sr. Pedro que
permitisse que ela passasse as férias com
Foguinho e Maria Barbuda.
Enredo
 Nesse
telefonema, Maria revela a
Barbuda que se lembrou de tudo o que
aconteceu.
 Quico recebe telegrama de que seus
pais iriam buscá-lo.
 Maria é reprovada no teste, depois de
recusar, muitas vezes, a passear com
Quico para estudar.
Enredo
 Maria
abre a última porta, cinzenta,
ainda sem pintura, com várias provas
de tinta, abre-a e, nela, coloca seus
projetos e seus sonhos: negociar sua
ida à Bahia; a viagem para a Bahia, de
avião, a partir de Sr. Pedro; a casa do
irmão de Barbuda, na praia; o mar e as
crianças com as quais brincaria.
Enredo
 Maria
passa a ficar muito tempo nesse
novo quarto e nele, foi colocando
muitas coisas relativas à viagem à
Bahia.Mas o mar não cabia no quarto.
 No outro dia, viu outra porta no
corredor, outro quarto e lá, ela alojou o
mar. No mar um barco, no barco um
homem que a chamava.
Enredo
 Com
o tempo, ela descobre que muitas
outras portas havia e cada dia ela vai
abrindo portas e encontrando quartos
onde ela vai colocando o circo em que
vai trabalhar; em outro, o homem de
quem ela um dia vai gostar; em mais
outro, os amigos que ela vai ter. Ela
sabe que, um dia, ela poderá escolher.
Tempo

A narrativa está em ordem cronológica. Mas
as lembranças de Maria são recuperadas por
ela por meio de flash back, isto é, volta no
tempo. É preciso ficar atento ao lapso
temporal que parece durar enquanto dura a
temporada de Quico em casa do avô, isto é,
aproximadamente um mês. No entanto, são
recuperados fatos anteriores ao nascimento
de Maria, isto é com mais de 10 anos de
acontecidos.
Espaço
 A história
se passa em casa de D.
Maria Cecília, em um apartamento no
Rio de Janeiro, a partir de onde Maria,
por meio da corda, faz uma viagem
regressiva ao seu passado. Maria
recupera outro espaço, como o circo,
por exemplo, e constrói outros, como a
casa de praia que ainda não conhece.
Narrador
O
narrador é de terceira pessoa,
onisciente. Parece entrar nos
pensamentos de Maria e é de lá que
retira as lembranças de Maria.
 É preciso fazer distinção entre narrador
e autor. O autor é Lygia Bojunga. O
narrador é desconhecido e só sabemos
que ele conduz a história, posiciona-se
em terceira pessoa e sabe de tudo.
Climax
O
ponto alto da narrativa é o momento
em que Maria descobre que o casal
Marcelo/Márcia seriam seus pais e que
a Menina seria ela. A partir dessa
descoberta, Maria se prepara para
lembrar do acontecido com seus pais e
deseja que, no outro dia lembrar não
seja tão doloroso assim.
Desenlace
O
desenlace acontece com a
disposição de Maria para planejar a
vida dali para frente, com a abertura de
novos quartos vazios e sua habilidade
em preenchê-los: viagem, uma
profissão, um amor na vida, um dia
para poder escolher o que ela queria
para si.
Sobre o estilo da autora

Mistura o real e a fantasia e alcança, num
estilo fluente, entre o coloquial e o monólogo
interior, perfeita comunicação com seu leitor.
Maria penetra dentro de sua memória por
meio de um andaime e uma janela.
 Escreve literatura infanto-juvenil, mas como
no caso de Maurice Druon e Saint Exupéry, é
apreciada por leitores de todas as faixas
etárias.
Sobre a obra

Corda Bamba, é publicado em 1979. Nesse
período a liberação feminina havia alcançado
certa evolução. Lygia propõe uma série de
questionamentos a respeito da mulher, a
começar pela figura da Mulher Barbuda, ser
híbrido que por aparentar a masculinidade
através da barba, não perde o instinto
feminino e nem o respeito de seu marido que
"ach(a)o legal! Nem eu me importo dela ter
barba, nem ela se importa d'eu engolir fogo."
Sobre a obra

Existe igualdade de poder entre Barbuda e
Foguinho, percebida através do respeito
mútuo entre o casal, que tem características
distintas , apreciadas como pertinentes à
identidade de cada um. Foguinho apresenta
a sensibilidade feminina para as coisas
simples da natureza, como o soprar do vento,
o movimento das marés, o nascimento das
estrelas ...enquanto sua mulher ostenta uma
barba. Assim , as diferenças os completam,
sem disputas entre eles.
Sobre a obra
 A autora
coloca também em debate a
questão da criança em relação às
desavenças de seus parentes: avós e
pais. Maria é raptada pela avó, o que
causa o endividamento dos pais,
quando foram à procura da filha. Isso
causa a necessidade de ganharem
mais na exibição daquela noite em que
caem da corda.
Sobre a obra
O
trabalho infantil também é colocado
em pauta, porém muito de leve. Na
verdade, Maria trabalhava na corda, em
um circo, porém com a proteção da
rede. Sr. Pedro vê na habilidade de
Maria mais uma forma de ela se
relacionar com o mundo, por isso
autoriza que ela ande na corda sobre o
bolo de aniversário.
Sobre a obra
 Dona
Maria Cecília vê a atividade da
neta como trabalho, e nessa condição,
sempre desonroso, uma vez que ela
nunca trabalhou e não considera essa
atividade digna, sempre paga para que
trabalhem para ela. Por isso, Márcia foi
embora, pois ela achava a profissão de
Marcelo e o trabalho desonrosos.
A linguagem da obra
 Para
atingir o público infanto-juvenil, a
autora utiliza uma linguagem coloquial,
com algumas quebras de regras da
ortografia e da sintaxe. Assim podemos
perceber que essas rupturas
intencionais com a norma culta devem
ser consideradas como estratégia de
recepção.
Rupturas sintáticas com a norma
culta
 “no
outro ela bota o homem que ela vai
gostar” ao invés de ... o homem de
que/quem ela vai gostar.
 “A gente precisa mais dinheiro” ao invés
de “a gente precisa de mais dinheiro”.
 “pra ver se ele caçava ela” ao invés de
“pra ver se ele a caçava”.
Rupturas sintáticas com a norma
culta
 “Não
fica se preocupando”, ao invés de
“não fique se preocupando”
 “Quis se levantar e ir na janela”, ao
invés de “Quis se levantar e ir à janela”.
 “Faz um pra me dar”, ao invés de “ faça
um para me dar”.
 “Me ensina”, ao invés de “me ensine”.
Rupturas ortográficas com a
norma culta
 “inclinaram
pra dar um presente...”
 “Maria ficou olhando pras portas...”
 “Virou pros retratos”
 “E meio que ria...”
A prova
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Corda Bamba