Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Letras Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas Teoria e Prática de Leitura Professora Dra. Solange Mittmann Turma A 2014/1 OFICINA DE LEITURA Mãos ao alto... Ministrantes da oficina: Júlia Balzan Grazielly Benvegnú Menezes Natasha Karenina Muniz Nienov Público-alvo e Quantidade de alunos Público-alvo: Alunos dos segundos e terceiros anos do Ensino Médio Diurno de Escola Pública Estadual situada na Região Central de Porto Alegre, a qual recebe alunos de bairros diversos, bem como Região Metropolitana. São alunos de Classe Média e Classe Média Baixa, com idades entre 16 e 18 anos. Quantidade máxima de discentes: 20 alunos. Objetivos e Justificativa Objetivos: Discutir o tema do assalto através da leitura e discussão de contos, crônicas, notícias de jornal e vídeo. Pretendemos apresentar a temática fugindo do efeito de sentido esperado, pensando nos aspectos cômicos que podem envolver uma situação de extrema tensão como essa. Justificativa: Acreditamos que o assunto seja pertinente para as turmas, afinal, vivemos em uma cidade em que boa parte das pessoas já vivenciou um assalto, ou então, conhece alguém que foi assaltado. Não há dúvidas de que o assalto é um pensamento constante em pessoas que vivem em grandes cidades. Portanto, certamente os (as) alunos (as) terão boas histórias para relatar durante os debates. Unidade temática, número de horas/aula e recursos necessários: Unidade temática: Assalto. Número de horas/aula: 6 horas/aula distribuídas em 3 tardes (turno contrário às aulas). Em cada dia de oficina, haverá um intervalo de 20 minutos. Nesse momento, disponibilizaremos aos alunos salgadinhos e sucos como forma de confraternização. Porém, se algum aluno quiser sair para comprar a sua própria comida, estará liberado. Recursos necessários: Computador e Projetor para realizarmos a oficina com a ajuda de um Power Point e para assistirmos o vídeo que será exibido. Resultados esperados Almejamos que essa oficina renda bons debates com os alunos, de forma que eles possam relatar ao grupo histórias e situações oriundas de seu contexto pessoal. Além disso, gostaríamos que os alunos pudessem refletir, através das questões propostas, sobre o assunto do assalto e sobre os textos apresentados. Além disso, ao final da oficina, será solicitada uma produção textual, a qual tem como objetivo verificar a criatividade e a autoria dos alunos ao escrever sobre o assunto debatido. Formas de avaliação Não haverá atribuição de notas e conceitos aos alunos, pois em oficinas basta haver 75% de presença para que os participantes recebam certificados. Contudo, acompanharemos o envolvimento e o empenho de cada adolescente ao longo dos três encontros. Ademais, analisaremos cuidadosamente as produções textuais que serão incitadas no último dia de oficina. Pretendemos aplicar aos alunos, como forma de fechamento da Oficina, um pequeno questionário a fim de verificar qual a opinião deles a respeito do trabalho realizado. Primeiro Dia: Descrição das atividades a serem realizadas: 1- Em um primeiro momento, depois de nos apresentarmos, faremos a exposição da Oficina aos alunos, momento em que explicaremos a temática e os objetivos desses 3 dias de encontro. Falaremos brevemente sobre o que será realizado em cada dia. 2- Posteriormente, solicitaremos aos alunos que digam seus nomes e o que os motivou a participar da Oficina. 3- Em seguida, iniciaremos um breve debate com a turma apresentando questões gerais como: “Você já foi assaltado?”, “Você acha que Porto Alegre é uma cidade onde ocorrem muitos assaltos?”, “No bairro onde você mora é comum pessoas serem assaltadas?”, “Você saberia contar alguma história inusitada sobre o tema?”, “O que as pessoas poderiam fazer para tentar prevenir situações como essa?”, “Na sua opinião, qual a melhor forma de se comportar durante um assalto?”. Primeiro Dia: Descrição das atividades a serem realizadas: 4- Logo após, faremos a leitura da notícia intitulada “Turistas mexicanos surpreendem ladrão e o imobilizam”, publicada no dia 11/06/2014 no jornal eletrônico O Globo. Seguidamente, aplicaremos as questões de análise textual. Turistas mexicanos surpreendem ladrão e o imobilizam Assaltante invadiu quarto dos torcedores em Pousada em Natal Por Carolina Brígido “Dois torcedores mexicanos foram surpreendidos por um assaltante enquanto dormiam na pousada onde estão hospedados, em Ponta Negra, Zona Sul de Natal. O homem invadiu o quarto na manhã desta quarta-feira, mas não conseguiu roubar nada: os turistas foram mais rápidos e o imobilizaram. O caso foi registrado na Delegacia do Turista, localizada no mesmo bairro. Turistas mexicanos surpreendem ladrão e o imobilizam Assaltante invadiu quarto dos torcedores em Pousada em Natal Por Carolina Brígido Os mexicanos acordaram por volta das 6h com o barulho do assaltante revirando as malas. Houve confronto corporal e o invasor foi amarrado. A briga foi tão violenta, que o invasor precisou ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele foi levado ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, onde está em observação no setor de trauma. Quando sair de lá, será encaminhado à delegacia. - Os mexicanos detiveram ele. Eles fizeram certo, tentaram imobilizar e usaram a força - disse o policial civil Antônio Ferreira, chefe de investigação da Delegacia do Turista. Apesar do susto, Ferreira garante que esse tipo de ocorrência não é comum pela região: - Aqui está tranquilo, não tem muita ocorrência, não. Mas esse tipo de coisa acontece vez ou outra. As vítimas e as testemunhas do caso deverão comparecer à delegacia para prestar esclarecimento. Os mexicanos estão em Natal para assistir à partida México versus Camarões nesta sextafeira, na Arena das Dunas.” Fonte: http://oglobo.globo.com/brasil/turistas-mexicanos-surpreendem-ladrao-o-imobilizam12815647#ixzz34q8rnSt3 Questões de análise textual: • • • • • • • • Qual a função de uma notícia de jornal? Como você classifica a linguagem do texto lido? A que público você diria que essa notícia se destina? Na notícia de jornal, é comum percebermos quatro partes distintas em sua estrutura. Aponte-as no texto. O texto narra um acontecimento no passado. Em que tempo verbal está escrita a manchete da notícia? Por que você acha que as manchetes são comumente escritas nesse tempo verbal? Segundo a fala do oficial de polícia, Ferreira (“Os mexicanos detiveram ele. Eles fizeram certo, tentaram imobilizar e usaram a força.”) , qual é a reação adequada frente a um assalto? Você concorda com o policial? Como você reagiria se estivesse no lugar dos turistas mexicanos? Vídeo “Assalto a uma turista americana”, Chespirito. 5- Por fim, o vídeo “Assalto a uma turista americana”, do programa mexicano Chespirito, será exibido à turma para, em um segundo momento, aplicarmos questões sobre o vídeo e, igualmente, questões relacionadas conjuntamente ao vídeo e ao texto. Link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ZzFoFNpWmis Questões de análise: • Assim como na notícia do jornal, o vídeo mostra uma tentativa frustrada de assalto. Para você, o que provoca o riso no “assalto” do vídeo? • A notícia do jornal (que também traz um desfecho inusitado para o assaltante) provocou o riso em você? • Os assaltantes e a vítima falam línguas diferentes. De que forma conseguem estabelecer uma comunicação? • No episódio de Chespirito, a linguagem verbal ou a linguagem corporal foi determinante para que a situação fosse entendida como um assalto? Segundo dia Descrição das atividades a serem realizadas: 1- Primeiramente, faremos uma breve retomada do que foi feito no dia anterior como forma de situar os alunos e a fim de apresentar a oficina caso alguém tenha faltado. 2- Depois, leremos o texto “Prevenção contra assaltos”, de Millôr Fernandes. Sobre o autor: Milton Viola Fernandes, ou Millôr Fernandes, nasceu em 1923 no Rio de Janeiro. Foi desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista. Trabalhou em diversos jornais e revistas, ganhando destaque na imprensa brasileira devido ao seu humor extremamente irônico e satírico. Morreu em 2012 em virtude de um acidente vascular cerebral. Prevenção contra assaltos Millôr Fernandes Como os assaltos crescem dia-a-dia, não podendo contê-los, a PM, sabiamente, dá conselhos aos cidadãos para serem menos assaltados: 1) Não demonstre que carrega muito dinheiro. 2) Jamais deixe objetos à vista, dentro do carro. 3) Levante todos os vidros, mesmo em movimento. 4) Não deixe documentos no veículo. 5) Na volta, ao se aproximar do carro, verifique se não há alguém suspeito por perto. 6) Não leve objetos de valor nem muito dinheiro para a praia. 7) Se, ao ir à praia, for de carro, coloque o veículo num ponto em que fique ao alcance de sua vista. Prevenção contra assaltos Millôr Fernandes 8) À noite, em locais escuros, use faróis altos. 9) Não dirija com o braço fora do carro. 10) Ao chegar em casa e antes de descer para abrir o portão, ou esperar por isso, verifique se não há pessoas suspeitas por perto. 11) À noite não se deixe aproximar por veículos com mais de dois homens. 12) Se assaltado, fique calmo. Não faça movimentos bruscos e evite encarar os assaltantes. Não discuta nem reaja. 13) Evite aglomerações. Nos locais em que todos se acotovelam os punguistas agem. Depois de ler com extrema atenção estas instruções oficiais, acrescento as minhas, ou melhor, resumo: 1) Não saia de casa. 2) Se possível, não saia do quarto. 3) De preferência, não saia do cofre. Fonte: http://www.releituras.com/millor_preven.asp Questões de análise 3- Depois da leitura, faremos um breve debate sobre o texto e proporemos aos estudantes questões de análise textual. • Quais dicas você acha mais apropriadas? Justifique. • Diante do cenário de violência que vemos em nossa cidade e em nosso país, qual seria a melhor atitude das pessoas em relação a isso? • A dica número 12 sugere: “Se assaltado, fique calmo. Não faça movimentos bruscos e evite encarar os assaltantes. Não discuta nem reaja”. No entanto, sabemos que é difícil prever a reação das pessoas diante de uma situação inusitada, afinal de contas, por mais acostumados que estejamos aos assaltos, é sempre algo surpresa, inesperado. Qual seria a sua reescrita dessa dica? • As dicas estão todas escritas em um mesmo modo verbal. Qual é esse modo: subjuntivo, imperativo ou indicativo? Copie alguns exemplos. • Em que outros tipos de texto usamos esse modo? Segundo dia: 4- Por fim, faremos a leitura do texto “Assalto”, de Carlos Drummond de Andrade. Em seguida, ocorrerá um debate referente ao texto e apresentaremos aos alunos questões de análise textual. Assalto Carlos Drummond de Andrade “Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu: — Isto é um assalto! Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado? — Um assalto! Um assalto! — a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado, escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la. Assalto Carlos Drummond de Andrade Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas? — Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante! O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu: — No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa. Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar. Outros ônibus pararam, a rua entupiu. — Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé. — É uma mulher que chefia o bando! — Já sei. A tal dondoca loira. Assalto Carlos Drummond de Andrade — A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena. — Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi. — Minha Nossa Senhora, o mundo está virado! — Vai ver que está caçando é marido. — Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo! — Sangue nada, é tomate. Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas. Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pêlo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam: Assalto Carlos Drummond de Andrade — Pega! Pega! Correu pra lá! — Olha ela ali! — Eles entraram na Kombi ali adiante! — É um mascarado! Não, são dois mascarados! Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído, Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso? — Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor-debarriga, pensando que era metralhadora! Caíram em cima do garoto, que soverteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre: — É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto! Fonte: http://esticandoaaula.blogspot.com.br/2012/09/7-ano-cronicas.html Questões de análise textual: • • • • • • Qual a relação estabelecida entre o preço do chuchu e o assalto? No trecho “Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância.”, qual é o significado de pipocar? Existe um ditado popular que diz que “quem conta um conto aumenta um ponto”. No trecho do texto que diz “multiplicando a notícia” e o que acontece depois disso pode ser uma alusão ao ditado. Como essa multiplicação pode afetar as pessoas? Quando você, ou sua família, vai ao supermercado ou feira, os preços dos alimentos poderiam ser comparados a um assalto? Pensando no texto anteriormente lido sobre as dicas para evitar um assalto e o texto da feira, você acha que as pessoas agiram conforme seria o mais adequado de acordo com as dicas da PM? Justifique. Se você estivesse em uma feira e ouvisse “Isso é um assalto”, qual você acha que seria sua reação? Quais das dicas da PM se aplicariam nessa situação de forma eficiente? Terceiro dia: Descrição das atividades a serem realizadas: 1- Primeiramente, faremos uma breve retomada do que já foi realizado nos dois primeiros dias de oficina. 2- Em seguida, será proposta uma produção textual aos alunos: “No primeiro dia de nossa oficina, vimos uma notícia de jornal que relatava o fato de dois turistas mexicanos terem espancado um homem que havia invadido seu quarto de hotel e tentado roubar seus pertences. Nesse dia, conversamos sobre situações inusitadas referentes a assaltos que aconteceram com vocês ou que vocês já tenham ouvido falar. Portanto, solicitamos que escrevam uma notícia de jornal que relate uma situação excêntrica de assalto. Pode ser uma história real conhecida por vocês ou algo totalmente fictício.” 3- Por fim, para encerrar a Oficina, entregaremos aos alunos um questionário extremamente conciso, devido ao tempo, em que eles serão solicitados a dar suas opiniões a respeito da Oficina realizada. Questionário a ser aplicado aos alunos no final da Oficina: 1- Qual atividade realizada na oficina você gostou mais de fazer? Por quê? (Lembrando que no primeiro dia lemos a notícia dos mexicanos que reagiram ao assalto e vimos o vídeo do Chespirito sobre uma tentativa frustrada de assalto a uma turista americana; no segundo dia trabalhamos com dois textos, “Prevenção contra assaltos”, de Millôr Fernandes, e “Assalto”, de Carlos Drummond de Andrade; e, no último dia, fizemos uma produção textual). 2- De que maneira você acha que a Oficina contribuiu para uma discussão e reflexão acerca do assunto “assalto”? 3- Faça algum comentário, crítica ou sugestão a respeito do trabalho realizado. Agradecemos por você ter participado da Oficina! Foi muito bom estarmos juntos nesses 3 dias! Um abraço! Júlia, Natasha e Grazielly Agradecemos a atenção!