Karl Popper
Falsificacionismo
O problema da demarcação
Para Karl Popper, o problema central da
filosofia da ciência reduz-se, em grande,
parte, ao que designa por problema da
demarcação.
•
O que permite distinguir uma teoria
científica de uma teoria não científica?
O problema da demarcação
O que permite distinguir as teorias
científicas das não científicas?
Qual é o melhor critério de demarcação?
Tese central do positivismo lógico:
• Um enunciado é científico se, e somente se,
for, à partida, verificável.
Tese central de Karl Popper:
• Um enunciado é científico se, e somente se,
for, à partida, falsificável.
O problema da demarcação
Para os positivistas:
• Uma hipótese é científica
se puder ser provada,
verificada empiricamente,
através do método
indutivo-experimental.
• O conhecimento factual,
estabelecido através da
observação, incrementa o
poder de predição e
distingue a ciência da não
ciência.
O problema da demarcação
Popper foi cético
relativamente ao poder
preditivo da indução porque:
• É impossível verificar a
universalidade de qualquer
teoria científica.
• E, se assim é, a única coisa
que podemos fazer é
refutar a universalidade
das teorias científicas.
O problema da demarcação
Exemplo:
• Nenhum número de observações
que confirme a hipótese de que
«Todos os planetas possuem
órbitas elípticas» bastará para
nos mostrar que a teoria é
verdadeira.
• Porém, uma única órbita
planetária não elíptica refutaria,
de imediato, a hipótese.
O problema da demarcação
Assim, para Popper:
• «Nunca se pode provar nem afirmar que uma teoria
científica é verdadeira. Quando muito, pode provar-se
que é falsa (…).»
• «Uma teoria é científica (…) se podem ser concebidos
testes que provem que a teoria é falsa»,
isto é, «uma teoria é científica se e
só se é falsificável (…).»
• Em vez de indução devemos falar em
conjeturas e, em vez de verificação
devemos falar em falsificação.
Falsificacionismo
De acordo com Popper e com o
princípio metodológico da falsificação:
A mecânica de Newton é um exemplo de teoria
científica: é falsificável, as suas previsões podem
ser sujeitas a testes e refutadas.
A astrologia constitui um exemplo de teoria não
científica: trata-se de uma teoria não falsificável.
Falsificacionismo
«Que erramos isso é patente em todas as
manifestações não só do pensamento como do
comportamento humano. Ciência incluída. (...)
Todos cometemos erros, o que podemos é
aprender com eles.»
K. Popper
Falsificacionismo
• Se a única coisa que podemos fazer em ciência é
refutar teorias, como saberemos em que teorias
devemos acreditar para atuar em consequência?
• A resposta de Popper é que devemos atuar de acordo
com as teorias (conjeturas) que superam as provas
mais rigorosas, os testes mais audazes.
Falsificacionismo
O método crítico das conjeturas:
• P1: Partimos de um problema (no contexto de uma
dada teoria).
• TE: Construímos uma teoria ou hipótese explicativa
(conjetura).
• EE: Procedemos a testes rigorosos (experimentais
e/ou de discussão crítica) que visam eliminar erros
(tentativas de refutar a teoria).
• P2: Surgem, na própria investigação, novos problemas
e o ciclo é retomado.
Falsificacionismo
Falsificacionismo
Testes
Tentativas de refutação da teoria.
Se as predições não ocorrerem, a
teoria é falsificada (refutada).
Se as predições ocorrerem, a teoria
é provisoriamente corroborada.
Falsificacionismo
As teorias científicas são, agora e
sempre, conjeturas, cujo
sucesso poderá ser mais ou
menos duradouro, isto é, são
suposições bem informadas,
concebidas para serem melhores
do que as teorias anteriores.
Falsificacionismo
A ciência progride por
conjeturas e refutações.
Uma teoria preferível a outra
não é uma teoria absolutamente
verdadeira, mas apenas e só uma
teoria que ainda não é falsa.
Falsificacionismo
Em síntese, Popper:
•
Critica a ciência tradicional e o seu modelo verificacionista.
•
Defende o falsificacionismo como critério de demarcação.
•
Evidencia o valor provisório da verdade e as limitações da indução.
•
Propõe a substituição do método indutivo-experimental pelo
método hipotético-dedutivo.
•
Analisa o papel fundamental do erro como motor de progresso.
•
Propõe o método crítico das conjeturas.
Falsificacionismo
Os críticos de Popper salientaram que:
1.º A tese metodológica de Popper é
incompatível com a rejeição da indução.
2.º A metodologia de Popper não é seguida,
nem poderia sê-lo, pelos cientistas: em ciência é
racional aceitar as hipóteses mais prováveis.
Bibliografia
• AAVV, Enciclopedia Oxford de Filosofía, Tecnos, 2001.
• A. Barberousse et al., A Filosofia das Ciências do Século XX,
Instituto Piaget, 2000.
• J. Buescu, O Mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias,
Gradiva, 2001.
• N. Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva, 1998.
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Falsificacionismo
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