Capítulo 14 Relembrando a última Aula ... Na aula anterior..... • Marita vai para a rua e não percebe um carro em alta velocidade. Ela é atropelada e jogada a alguns metros de distância. Inconsciente e gravemente ferida, jaz no chão. • Félix senta-se ao chão de modo a acomodar a cabeça da moça em seu colo, ora a Deus sentidamente pedindo para que a jovem não morresse naquele momento. Precisava dela mais alguns dias no corpo físico para prepará-la convenientemente para a desencarnação. Capítulo 14 Última Aula Na aula anterior..... • Félix ergue as mãos sobre as narinas ensanguentadas de Marita, levantou os olhos e orou em voz alta: • “– Deus de Infinito Amor, não permitas que tua filha seja expulsa da casa dos homens, assim, sem nenhuma preparação!... Dá- nos, Pai, o benefício do sofrimento que nos consinta meditar! Ó Deus de amor, mais uns dias para ela, no corpo dolorido, algumas horas só que sejam!... • André • André acompanha a cena. Félix humilde, em nenhum momento se revolta o queixa-se. percebe que fontes imponderáveis de energia jorravam do firmamento sobre aquele recanto de Copacabana. Então, pensa André: “- Nem tudo está perdido”. Depois segue apressado enquanto Félix recolhia-se em profundo silêncio parecendo falar com o Infinito. Capítulo 1– Segunda Parte Logo após, acenou para mim e recomendou-me demandar ao apartamento do Flamengo, para observar o que seria razoável obter, no tocante a medidas de auxílio. Que eu procurasse Cláudio ou Márcia, que lhes suplicasse apoio, compaixão. Ele, Félix, inspiraria alguém a telefonar. Os Nogueiras estariam entre ele e eu, a fim de que se inteirassem do acidente e fossem mentalmente movidos à piedade... Permaneceria ali, velando, fazendo quanto pudesse para que a desencarnação imediata não se verificasse... Quando eu voltasse do Flamengo, reuniríamos de novo... Capítulo 1– Segunda Parte •André chega ao Flamengo procurando os Nogueira. Márcia, insone, preocupada com ausência de Marita até aquela hora. Cláudio dormia no quarto dos fundos, acompanhado por Moreira, completamente bêbados. •Nisso o telefone toca. Com maus presságios Márcia atende e é informada por um transeunte que conhecia Marita da loja onde ela trabalhava que ela fora atropelada e levada a um ProntoSocorro na zona sul em condição grave. •Márcia ‘sente o golpe’ e André a sensibiliza a fim de que ela socorresse Marita. No início, ela aceita a sugestão mental, mas em seguida conclui que se Marita morresse, seria a solução ideal para Marina. Enojada de Cláudio, Márcia resolve que, assim que tudo passasse pediria a separação. Capítulo 1– Segunda Parte •André percebe pelo teor dos pensamentos de Márcia, que não conseguiria qualquer ajuda e enquanto pensava no que fazer, Félix adentra o ambiente informando que, mesmo em coma, Marita recebeu uma moratória de 15 a 20 dias a fim de prepararse para o retorno à vida espiritual. Em seguida, parecendo meditar, Félix adensa a forma perispiritual. O que André demorou algumas horas, Félix fez em poucos minutos. Pede a André que o acompanhe. Dirige-se a Moreira e explica-lhe o que ocorrera pedindo seu auxílio para acordar Cláudio. Moreira, aterrado com a notícia, promete que Cláudio seria notificado o mais breve possível. Capítulo 1– Segunda Parte Já no Hospital, Marita é acomodada ao leito. Félix, André, Cláudio e Moreira chegam. O médico examina e reconhece o estado como grave. Cláudio estava arrependido. Recordava Aracélia, a mãe de Marita, e de como fora covarde com ela. Junto da filha, acompanhado por Moreira e em choro convulso alisa os cabelos da filha dizendo: “ – Ah! minha filha... Ah! Minha filha...” André comovido, reflete nos próprios erros e compreende os propósitos da vida. “Não !... eles não eram os estupradores, os obsessores, os inimigos, os carrascos, que ele detestara na véspera, eram filhos de Deus, seus irmãos e também carentes de amor”. Capítulo 2 – Félix aplica energias de refazimento a Nogueira. Depois pede a André ajudar Marita, com auxílio magnético. André senta-se à cabeceira da cama e guardando o corpo da jovem em seus braços com as mãos sobre o seu pulmão, envolveu-a com o seu próprio hálito. Félix agradecido retira-se prometendo voltar mais tarde. Moreira observa André e disse reconhecê-lo de algum lugar. André esclarece que vira o acidente e se penalizara da jovem pedindo a Félix permissão para auxiliar pois possuía alguma experiência em hospitais. Moreira comove-se. Capítulo 2 – Depois observa atentamente o processo pelo qual a respiração de Marita era auxiliada e quis aprender. Queria ajudar, e com tanta humildade e diligência se colocou no trabalho que, em breves minutos, atendia à manutenção da jovem com segurança superior à de André. Capítulo 2 Nisso, Cláudio dirige-se a um telefone e liga para casa. Tinha fome de companhia. Márcia atende friamente e, ante as súplicas de Cláudio para que fosse até o hospital, responde secamente que a medicina já estava fazendo o necessário e sua presença era dispensável. Arrasado, Cláudio liga para Marina e a moça diz não poder atendê-lo uma vez que Dona Beatriz estava à morte. Cláudio sente-se imensamente só, depois liga para seu chefe informando-o do ocorrido e recebe dele todo apoio. Poderia ficar ausente do trabalho pelo tempo que necessitasse. De volta ao quarto da filha, senta-se ao seu lado em lágrimas. Tinha convicção de que a jovem tentara o suicídio por culpa dele. Lembra-se de delitos que supunha esquecidos. Se Marita morresse não queria continuar vivo. Capítulo 2 O dia avançava pleno de calor e para Cláudio as horas não passavam. Às 5 horas no entanto, apareceu Salomão, o farmacêutico. Declarou ser amigo de Marita e, sabendo da notícia do atropelamento resolveu visitá-la mesmo porque, acreditava ter sido um dos últimos amigos que ela ouvira na véspera. Diante da curiosidade de Cláudio narrou o que sabia concluindo que supunha que a jovem havia tentado suicídio, abalada por alguma profunda desilusão. Ao perceber o desespero de Cláudio que o abraçou, Salomão confessou-se espírita e ofereceu-se para trazer mais à noite o Sr. Agostinho que poderia dar à jovem um grande auxílio através do passe. Afirmando-se só, Nogueira aceita e Salomão se retira prometendo voltar breve. Capítulo 2 Às 20h, Salomão entra no quarto com o amigo Agostinho que carregava um pacote. Nogueira espanta-se. Aquele homem era um dos clientes mais respeitados do Banco. Agostinho interessou-se atenciosamente pela moça e após inteirar-se dos detalhes do desastre, orou emocionado suplicando a benção do Cristo como se estivesse diante da própria filha, ministrando-lhe em seguida passes demorados. Capítulo 2 O passe proporcionou grande bem à moça que desoprimindo a respiração conseguiu entrar em sono calmo e profundo. Agostinho, informado de que Nogueira jamais tivera contato com princípios religiosos ofereceu-lhe o livro que trazia. Cláudio refletiu: “Que Doutrina seria aquela capaz de fazer um cavalheiro rico e culto a entrar em prece num quarto de hospital, chorando por uma jovem desconhecida, imbuído de amor que só os pais conhecem. Cláudio que jamais se aproximara de ensinamentos religiosos, fazia a si mesmo uma série de perguntas. Tinha sede de algo, queria consolo, gostaria de ter alguma crença. Neste momento, André sugeriu-lhe a leitura do livro que trazia nas mãos. Cláudio assimilou a sugestão e abriu o livro no índice. Relanceando o olhar nas legendas no capítulo 11 leu o item: “Caridade para com os criminosos”. Aquelas sílabas lhe invadiram o cérebro. Sentia-se descoberto por tribunal invisível. Procurou a folha indicada e que surpresa, o livro não lhe amaldiçoava a presença. Capítulo 2 e 3 Leu e releu aquelas frases repletas de brandura e entendimento. Percebeu que o mundo e a vida estavam banhados de profunda misericórdia. Aquele primeiro contato com as verdades do espírito fendia-lhe o ateísmo. Leu sofregamente. Adquiriu conhecimentos rápidos acerca da reencarnação, da pluralidade dos mundos, da caridade e da fé. Foi um alívio. Eram 2h da madrugada. Passou 4 horas lendo. Percebendo as realidades da vida além-túmulo pedia a Deus a oportunidade de mudar junto da filha os caprichos do homem rude em amor puro, que não lhe faltasse o ensejo de reajuste e reparação. Capítulo 2 e 3 André aproxima-se de Cláudio e recomenda-lhe começar ali mesmo. Cláudio levanta-se, vai até a filha, acaricia-a com uma ternura que jamais experimentara, e em lágrimas suplicou. “- Perdão minha filha!... Perdão !” Marita não respondeu, mas assimilou energia diferente e reassumiu o leme dos centros cerebrais, que ainda estavam à disposição. Recuperou o olfato, raciocinava e ouvia com relativa segurança, ainda que paralisada, sem enxergar e sem falar. Cláudio, renovado, começou a chorar. Moreira deixou Marita e veio abraçá-lo, mas percebeu que já não conseguia alcançar o íntimo de Cláudio. Aflito, olhou para André que lhe pediu paciência dizendo que Claudio estava transtornado pelos últimos acontecimentos. André, no entanto, sabia que Cláudio havia dado um passo adiante e que o companheiro menos feliz precisaria elevar-se ao mesmo nível se quisesse desfrutar-lhe a companhia. Moreira voltou insatisfeito a cuidar de Marita. A jovem sentiu a presença pela energia e começou a pensar. De início achou que estava acordando no túmulo, queria gritar por socorro, porém, não conseguia falar, mas estava consciente. Recordava os acontecimentos que lhe haviam inspirado o propósito de morrer e arrependeu-se. Recordou todas as ocorrências do acidente. Sentia mágoa e revolta. Decorrido algum tempo, Moreira percebe a razão da mágoa de Marita. Ela lamentavelmente se fixa em Marina, culpando-a por tudo que lhe acontecera durante a vida e, sem imaginar o poder do pensamento acionou o ódio de Moreira que resolveu defendêla a qualquer preço. Sem pensar nas conseqüências de sua atitude, Moreira abandona o serviço voluntário de apoio fluídico a Marita e sai correndo. André transfere os encargos com Marita e Cláudio a auxiliares de Félix e dirige-se à residência dos Torres, único lugar onde Moreira poderia estar. Dona Beatriz falecera e estava sendo velada em casa. André verificou que Moreira não estava presente, mas em seguida ele entra sem respeito na casa, seguido de 4 camaradas truculentos e sem a menor consideração pela agonizante acerca-se de Marina e grita colérico: “Assassina!... Assassina!...” Marina sente grande mal-estar e desmaia. Pai e filho acorrem pressurosos atribuindo o fato à fadiga de uma noite inteira sem descanso. Acomodada no quarto dos fundos, volta a si, tenta descansar, mas não consegue. Moreira interroga mentalmente, para ouvir o depoimento inarticulado do que a jovem sentia. Induzida, Marina lembra-se de ter conversado com a mãe, por telefone, na véspera e recebera a informação do médico de que Marita vivia seus últimos momentos. Tinha pena da irmã, mas agradecida ao ‘destino’ por estar livre dela. Desta maneira teria Gilberto só para si. Quando esboçou na imaginação o futuro lar, Moreira gritou: “Você nunca será feliz!... Você matou sua irmã... Assassina!...”. As incriminações, a leva ao remorso e à culpa. Sim, traíra Marita. Talvez a irmã não tivesse tomado a atitude drástica se ela lhe tivesse sido companheira e amiga. Nisso, Félix inteirado dos acontecimentos, entra no ambiente exalando simpatia. Abraça Moreira como um pai e pede a volta aos cuidados com Marita. Sem o seu auxílio magnético ela piorara muito. Moreira volta e ao ajustar-se perispiritualmente a Marita, percebe que o mal-estar dela como que desaparecia. Moreira sentiu-se útil! Depois deu instruções para que Beatriz fosse conduzida a uma organização socorrista. Assim que ela foi retirada da casa, espíritos vagabundos, tiveram acesso livre e a conversa dos presentes descambou para relatos jocosos suscitando o interesse dos vampirizadores que reproduziam as narrativas segundo a própria versão. Agora a preocupação é a obsessão iniciante de Marina. No dia seguinte, terminados os funerais, André volta à casa dos Torres para ajudar Marina. Atendendo aos pedidos de Nemésio, Márcia acabara concordando que a jovem permanecesse mais uns dias orientando as servidoras da casa. Na realidade o quadro era outro. Marina explorada nas próprias energias pelos agentes de perturbação que Moreira “contratara”, definhava no leito. Remorso, culpa, depressão... Chorava, ouvia vozes, percebia vultos estranhos, apesar dos cuidados de Nemésio ou Gilberto e a ação dos medicamentos. Passados 5 dias, como Marina não melhorasse, Nemésio ligou à Márcia pedindo-lhe permissão para visitá-la a fim de conversarem sobre Marina. Ela concorda e se prepara com bom-gosto para o encontro. Ao vê-la, Nemésio surpreendeuse com a sua aparência jovem. Após os cumprimentos, Nemésio referiu-se ao cansaço de Marina e pediu se poderia levá-la a uma viagem a Petrópolis, para descansar e divertir-se. As frases reticentes de Nemésio surpreenderam Márcia que imaginava que o homem maduro estivesse ali para pedir a mão de Marina para o próprio filho na realidade estava interessado na filha, mal lhe morrera a esposa. Perplexa, Márcia pensava no que dizer quando o telefone tocou providencial. Era o médico de Marita que lhe avisa confidencialmente que a jovem piorara e que se Marcia quisesse vê-la com vida, fosse imediatamente ao Hospital. Disse ainda, que por motivos emocionais, não contara toda a verdade a Cláudio. Nemésio ao saber do ocorrido, ofereceu-se para acompanhá-la ao Hospital. Entrando no quarto, viram Cláudio abatido e Marita desfigurada. Ao ver Nemésio, Cláudio lembrou-se do envolvimento dele com Marina. Agora via Torres com sentimentos novos, identificando-se vivendo um teste de compreensão e tolerância. Recordou Jesus e a lição de “primeira pedra”, e estabelecendo confronto rápido, admitiu que Nemésio se entretinha com a filha que lhe dava liberdades. Enquanto ele próprio não vacilara em abusar da outra filha. Concluiu que estava sendo testado. Depois olhou a esposa e se sentiu responsável por transformar-lhe os sonhos em traição e indiferença. Para surpresa de Nemésio e Márcia, Cláudio de lenço ao rosto, estava em prantos. Em lugar da indignação de outros tempos, quando percebia a esposa fingindo, sentia-se culpado, como quem houvesse espalhado farpas no próprio caminho. Márcia, continuando no papel de mãe extremosa, contendo a repugnância que o cheiro desagradável de Marita exalava, ajeitou os travesseiros da filha, disse algumas palavras de carinho e, verificando o constrangimento de Nemésio, convidou-o a se retirar. Capítulo Seguindo as instruções de Félix, André acomodou-se no banco de trás do carro de Nemésio para ir à sua casa e ajudar Marina no processo obsessivo. Nemésio e Márcia seguiram em direção a casa dela. Márcia impressionara Nemésio. Se não fosse Marina, não hesitaria por aquela bela mulher para um relacionamento mais íntimo. Minutos depois deixou-a no Flamengo e voltou a casa. Nemésio, entra em casa, foi até o quarto de Marina sem fazer ruído. Assombrado, viu Gilberto e a moça, abraçados apaixonadamente. De costas para a porta o filho não o viu, todavia Marina cruzou o olhar com o de Nemésio e vendo-lhe o rosto de raiva, desmaiou. A cena foi rápida. Nemésio retirou-se e no próprio quarto foi para a cama nervoso e refletia: teria Gilberto abusado da menina ou dividia-se a jovem pelos dois? Doía-lhe o peito, suava frio... Decorridos alguns minutos, Gilberto, sem saber o que o pai sentia contou que Marina, após ligeiro desmaio, acordara possessa. Gritava, chorava, feria a si mesmo... Nemésio, magoado, pediu-lhe chamasse por Márcia. Ao socorrer Marina, André reconheceu a obsessão instalada, conseqüência da atuação dos vampirizadores que Moreira contratara. Breve, Márcia estava ao lado da filha dementada, irreconhecível, e após entender-se com o médico e com Cláudio, por telefone, internou Marina em um hospital psiquiátrico. Capítulo 7 Duas semanas se passaram sobre o desastre em Copacabana e Marita amanheceu preparada para a desencarnação. Moreira inspirava piedade, aqueles dias de ensinamento e dor lhe alteram a vida íntima. O apoio magnético de Moreira dava a Marita muita lucidez, embora imóvel. Ouvia claramente os diálogos, preces e comentários evangélicos freqüentes que Cláudio mantinha com Agostinho e Salomão. No começo revoltava-se quando as mãos paternas lhe asseavam o corpo. Mas, aos poucos, percebeu a ternura com que o pai limpava as excreções mal cheirosas. Enterneceu-se até as lágrimas e inspirada por Félix que lhe aconselhava perdoar, reconheceu que na realidade o pai sempre fora carinhoso e que ela não poderia esquecer uma vida de dedicação apenas por um momento de loucura na casa de Crescina. Como não desculpar a loucura de uma noite num benfeitor de 20 anos? Capítulo 7 Percebendo Marita, em lágrimas, Cláudio chama o médico na esperança de que a filha estivesse melhorando, mas fica sabendo pela primeira vez que a jovem viveria poucas horas mais. Cláudio agradece humilde. Aquele homem vergado ao peso do suplício moral demonstrava o quanto havia se modificado à luz do Evangelho. Neste instante Félix dirigiu-se a Moreira que estava em pranto comunicando-lhe que sua tarefa terminara. Moreira obedeceu em choro convulso. Ao mesmo tempo sugeriu a Cláudio que se despedisse. Ajoelhado junto à cama da filha, lembrou em voz alta todo o seu passado: os atos da sua mocidade, o desrespeito a Aracélia. Não sabia que era seu pai e se sentia arrependido. Não poderia perdoar-se se não recebesse o perdão da filha. Pedia a ela para mover nem que fosse apenas um dedo a fim de que ele soubesse que ela o havia perdoado. Nesse momento Félix transmitiu súbita energia à jovem e Cláudio sentiu a mão de Marita apertar levemente a sua. Registrando o pedido paterno a jovem concentrou todas as suas energias e rogou mentalmente “Perdão, Senhor, para meu pai, para mim, para todos os que erraram e caíram”. Ao enunciar esses pensamentos sentiu-se aliviada quase feliz e começou a distinguir vagamente vozes e formas do plano espiritual. Conseguia enxergar Cláudio claramente pela visão espiritual. Mais à frente, percebeu Moreira em lágrimas, Félix e André. Nesse instante a voz de Félix se ergueu em prece. Ao terminar, o quarto estava pleno de luz. Além de André e Moreira, todas as entidades desencarnadas em serviço no estabelecimento se reuniam à frente do acanhado recinto, emocionadas. Espíritos ignorantes e vampirizadores em trânsito nos arredores também foram atraídos pela luz. Cláudio choroso, sem nada ouvir, sentia as vibrações e percebeu que Marita se desligava. Assim que Marita se viu liberta, foi acolhida nos braços de Félix como criança cansada e adormecida. Moreira, esquecendo de si mesmo, olhou para o mentor e perguntou humilde: “Que farei agora instrutor, inútil como sou?” Félix o acolheu com o olhar e recomendou-lhe o auxílio à Marina. O ex-assessor de Cláudio reconheceu que o orientador lhe rogava sanar uma brecha que ele próprio havia aberto, e prometeu ajudar. Ao entardecer Agostinho e Salomão acompanharam Cláudio e os despojos da filha até o Cajú. Na volta, ele despediu-se dos amigos e foi para casa. Já no apartamento e sequioso de companhia abriu a porta vasculhando todos os cômodos. No entanto, no apartamento deserto, não havia ninguém. Boa Noite