Olá!
Chamo-me Roger. Nasci na Suíça em 1915,
mas em 1940, durante a segunda guerra
mundial, fui viver para França. Já desde
alguns anos que sentia em mim o desejo de
me juntar a outras pessoas para
concretizarmos um grande desafio: viver
todos os dias a reconciliação entre os
cristãos.
Sabes…
eu
nasci
numa
família
protestante (o Cristianismo dividiu-se em
três grupos principais:
católicos, ortodoxos e protestantes), mas sentia-me fascinado pelo
Catolicismo e pela Ortodoxia e sempre me fez sofrer ver pessoas
sinceras e honestas a recusarem relacionar-se fraternalmente só porque
pertenciam a famílias religiosas diferentes. O sofrimento que vi, durante
o terrível conflito mundial, deu-me ainda mais consciência de que,
unidos, podíamos fazer um bem maior.
Juntei-me a outras pessoas e fundámos, em Taizé, uma comunidade
onde, na simplicidade, cada um expressa a sua fé cristã, oramos em
conjunto a Jesus Cristo, acolhemos quem nos procura e servimos
os desfavorecidos. Queremos, os irmãos de Taizé, ser um sinal
concreto de reconciliação entre Cristãos divididos e povos separados.
CRISTIANISMO
UMA FÉ,
VÁRIOS CAMINHOS
O Cristianismo;
assenta a sua fé e a sua esperança em
Jesus Cristo;
é uma religião que está profundamente
inserida na vida das pessoas e dos povos.
Jesus e os apóstolos viveram num período
histórico em que o império romano
dominava grande parte do mundo
conhecido e Roma era a capital desse
imenso império.
Herdeiro do Judaísmo e enriquecido pela
civilização greco-romana, o Cristianismo,
apesar de três séculos de perseguições,
criou raízes na vida de muitos homens e
mulheres
A universalidade que o Cristianismo
alcançou deu-lhe vitalidade, mas também
é verdade que a submissão a interesses
particulares, de indivíduos ou de grupos,
fragilizaram a comunidade cristã.
Ao longo do primeiro milénio, apesar de pequenas divergências e
separações, o Cristianismo manteve-se globalmente unido.
A palavra ‘cisma’
330
— do grego skhisma
(«fenda; separação»),
por
via
do
latim
schisma.
Constantino muda
Constantinopla
para
Decreto de Teodósio I: o Cristianismo
torna-se a religião oficial do império.
Império Romano
Ocidente e Oriente
Jesus
Edito de
Milão
MORTE
Jesus
I
395
Queda do Império
Romano do Ocidente
476
313
33
séc.
Roma
380
— significa dissidência
religiosa, separação de
uma
determinada
religião.
NATAL
de
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
O diálogo entre o Oriente cuja capital era Constantinopla (antiga Bizâncio
e actual Istambul, na Turquia) e o Ocidente, com capital em Roma, já
várias vezes tinha sido posto em causa.
476 queda do império romano no Ocidente
divisão do império romano em duas partes
- império romano do Ocidente, com capital em Roma,
- império romano do Oriente, com capital em Constantinopla
Constantinopla adquiriu
progressivamente
uma maior importância.
As diferenças entre o
mundo ocidental (que
falava latim) e mundo
oriental
(que
falava
grego)
vão-se
acentuando
a
nível
cultural, político e até
religioso.
1054
a separação (cisma) definitiva
numa tentativa de diálogo e conciliação, um enviado do papa
(cardeal Humberto) foi a Constantinopla, mas a tentativa saiu
frustrada.
O cardeal, em nome do papa Leão IX, dirige-se à Basílica de
Santa Sofia e excomunga o patriarca Miguel Cerulário. Este,
como resposta, excomunga o cardeal.
Com estes gestos, repletos de falta de compreensão e de
caridade, cada um considera-se portador da verdade e
expulsa dessa fé e dessa comunhão o outro.
Cisma do Oriente
Jesus Cristo
Cristianismo
(século XI - 1054)
Igreja Católica
Cristão Católicos Latinos
Igreja Ortodoxa
Cristãos Ortodoxos Gregos
Desentendimento Cristãos
Ocidente e Oriente
Constantino
muda de Roma para Constantinopla
(século IV - 330)
(século V - 476 )
Durante VI séculos
Constantinopla
importância.
adquiriu
progressivamente
uma
maior
As diferenças entre:
o mundo ocidental (que falava latim)
o mundo oriental (que falava grego)
vão-se acentuando a nível: cultural, político e até religioso.
O final do século XIV e o
século XV é um tempo de
grandes
transformações
culturais.
Após a peste negra, que
assolou a Europa na década
de 40 do século XIV, surgiram
novas visões da vida que
conduziram ao aparecimento
da burguesia, ao incremento
da vida urbana e a um maior
apreço
pelo
pensamento
racional, pela arte e pela
beleza.
A imitação dos modelos da
antiguidade clássica, grega e
latina (Renascimento), vem
colocar o homem no centro da
vida
e
do
pensamento
(Humanismo).
São desta época os grandes artistas e
pensadores que ainda hoje admiramos nas
suas criações: o poeta Dante (A Divina
Comédia); os pintores, escultores e arquitectos
Giotto, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci…
O séc. XIV é um período conturbado para a Igreja:
Durante cerca de 70 anos os papas
passaram a residir em Avinhão, até 1377
Durante 39 anos (1378 a 1417) houve
dois papas: Roma / Avinhão.
A
Igreja
estava
também
demasiado envolvida em:
questões políticas e económicas,
em prejuízo das preocupações
espirituais.
Havia um forte movimento de
crítica às instituições da Igreja,
exigindo a sua reforma.
Em 1305, o bispo de Bordéus foi eleito papa com o nome de
Clemente V. Sendo francês e submisso ao rei de França — Filipe, o
Belo (1285-1314) — e argumentando com a época de instabilidade
que se vivia em Roma, o papa decidiu ficar em França, na cidade de
Avinhão. Foram sete os papas, todos eles franceses, que orientaram
a vida da Igreja a partir desta cidade do sul de França que assim se
tornou a capital da cristandade. Em 1377, o papa Gregório XI, depois
de contínuas insistências por parte de muitos cristãos, retornou a
Roma, que passou a ser novamente o centro do mundo cristão no
Ocidente. Quando este morreu, foi eleito, em 1378, um italiano
(Urbano VI). Homem de bom coração, mas pouco sensato,
incompatibilizou-se com os cardeais que acabaram por escolher
outro papa — Clemente VII — que foi viver para Avinhão.
À morte de cada um dos papas sucederam-se outros… a
cristandade (países, reis, bispos, cidades) viveu, assim, dividida em
duas obediências religiosas.
Esta divisão, na vida da Igreja, terminou quando o Concílio de
Constança, em 1417, elegeu o papa Martinho V.
O movimento humanista, fundado na redescoberta da
cultura greco-romana (Renascimento), aliado ao
descontentamento das pessoas pelos abusos da Igreja,
faz emergir a necessidade de um retorno à mensagem
original de Jesus Cristo.
causas
que exigem reformas e que deram
origem ao PROTESTANTISMO
Cisma do Ocidente
– Descrédito do papado
Abusos da Igreja católica
– Indulgências – Poder temporal dos papas – Ritualismo
Pensamento renascentista
– Redução da ingerência dos papas em assuntos nacionais
– Conquista, pelo poder, dos bens da Igreja
Movimentos renovadores
– Purificação da vivência cristã
Lutero,
o grande reformador
Luteranismo
Martinho Lutero (1483-1546),
padre católico e monge agostiniano
professor, preocupado em corrigir alguns
comportamentos e ritos da Igreja
Afixa em 1517, na porta da igreja de
Wittenberg (Alemanha), 95 teses onde
apresenta as suas ideias sobre:
salvação
condena a venda das indulgências.
A insatisfação é sentida por:
- gente do povo;
- comerciantes;
- príncipes e reis;
foi terreno fértil para a adesão às ideias de Lutero.
É excomungado pelo papa em 1521.
Inicia outra vivência cristã a que vulgarmente se chama Igreja
protestante.
Por razões políticas,
Lutero
defendia
que
cada príncipe deveria
escolher e impor a
religião no seu Estado.
Em 1529, no encontro de
Spire (Alemanha), Lutero
e os seus seguidores
protestaram contra a
negação da liberdade de
os príncipes escolherem
a religião adoptada nos
seus domínios… daí o
nome de:
PROTESTANTES.
Teologia luterana
Lutero interpreta assim o sentido
da expressão «a justiça de Deus»:
é o acto pelo qual Deus torna um
homem justo, ou seja, o acto pelo
qual o crente recebe, graças à sua
fé, a justiça obtida pelo sacrifício
de Cristo. Essa interpretação de
São Paulo — «o justo viverá da
fé» (Rom. 1, 12) — constitui o
fundamento da teologia de
Martinho Lutero. «Eu senti-me
renascer», dizia ele mais tarde, «e
percebi que tinha penetrado no
Paraíso
pelas
suas
portas
abertas».
O homem é justificado e salvo
unicamente pela fé em Cristo. Tal
como a fé, a salvação é concedida
gratuitamente por Deus.
Exageros de Lutero
Lutero afirma: «Não admito que a
minha doutrina possa ser julgada
pelos homens, ou mesmo pelos
anjos. Aquele que não aceita a
minha doutrina não pode obter a
salvação». Tendo recebido a
revelação que é a liberdade
absoluta de Deus-Pai, que julga,
condena e salva segundo a sua
própria decisão, Lutero não pode
tolerar mais nenhuma outra
interpretação.
Afirmava: «Se a vontade não é
livre, o pecado não pode ser
imputado aos homens, já que ele
só existe se for voluntário. Além
disso, se o homem não fosse livre
para
escolher,
Deus
seria
responsável tanto pelas más como
pelas boas acções».
Calvinismo
João Calvino (1509-1564), francês,
seguidor dos ideais de Lutero,
afirma que a salvação da pessoa se
deve:
trabalho justo e honesto.
Esta declaração foi muito bem aceite por:
- banqueiros
- burgueses
A Igreja condenava-os pela sua riqueza.
Esta riqueza muitas vezes era conseguida através
de juros elevados.
Calvino defende a ideia da predestinação:
A pessoa, quando nasce, já tem o seu destino definido.
Desta forma, retira à pessoa a liberdade para poder
alterar o seu destino.
Calvino vai para Genebra (Suíça).
As suas ideias religiosas são muito bem acolhidas.
Aí
estabelece
uma
comunidade
fortemente
trabalhadora e próspera.
Os membros da Igreja Calvinista apresentam
comportamentos
sóbrios
e
rigidamente
controlados, negando todos os prazeres da vida
(puritanismo).
Anglicanismo
Contemporaneamente à reforma luterana e
calvinista, aconteceu outra separação no
Cristianismo: o Anglicanismo.
O seu nome deriva do facto de ter ocorrido em
Inglaterra.
Em 1509, Henrique Tudor torna-se, com 18
anos, rei de Inglaterra com o nome de Henrique
VIII.
Grande devoto e defensor da fé católica, mandou queimar em
1521 os escritos de Lutero
escreveu contra ele um tratado denominado «Sete
Sacramentos».
Por esta atitude, o papa atribuiu-lhe o título de «defensor da fé».
Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, mas apaixonou-se por
uma dama da corte, Ana Bolena. A relação amorosa levou Henrique VIII a
rejeitar a esposa, solicitando ao papa a declaração de nulidade do
casamento.
O pontífice não lhe reconhece a nulidade matrimonial, afirmando a
indissolubilidade do matrimónio.
Após várias ameaças ao papa, Henrique VIII, em 1531, obriga o
parlamento inglês a aprovar várias leis que o tornam chefe da Igreja de
Inglaterra, separada do papa.
A Igreja anglicana é a Igreja oficial de Inglaterra
Tem, ainda hoje, como primeiro responsável o rei ou rainha de
Inglaterra, tendo, em questões religiosas, o arcebispo de
Cantuária um papel primordial.
No culto:
segue fundamentalmente
a perspectiva da Igreja católica;
Na doutrina:
segue a orientação calvinista.
É hoje uma federação internacional de
Igrejas independentes
mas em comunhão.
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resumo
resumo
resumo
resumo
NATAL
Império Romano
Ocidente e Oriente
Jesus
395
MORTE
Jesus
Edito de
Milão
33
313
séc.
I
II
III
IV
Queda do
Império
Romano do
Ocidente
476
V
VI
VII
VIII
IX
X
Papa vai residir em França
1377
cisma
do
oriente
1054
Protestantes
Anglicanismo
Cisma do ocidente
1531
1378-1417
Movimentos
Protestantes
Luteranismo
Religiosos
Protestantes
Calvinismo
1541
1517
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
Renascimento
XVIII XIX
XX
Reforma
(século XVI - 1517)
Cisma do Oriente
Protestantismo
Luteranismo
Calvinismo
Anglicanismo
(século XI - 1054)
Igreja Católica
Cristianismo
Cristão Católicos Latinos
Igreja Ortodoxa
Cristãos Ortodoxos Gregos
Constantino
muda de Roma para Constantinopla
(século IV - 330)
Desentendimento
dos Cristãos do
Ocidente e Oriente
(século V - 476 )
30-313
Concílio de Jerusalém.
Expansão do Cristianismo através das viagens
missionárias de Paulo.
Perseguição aos cristãos.
313
Édito de Milão: Constantino decreta o fim das
perseguições.
380
Decreto de Teodósio I: o Cristianismo torna-se
a religião oficial do império.
395
Divisão do império:
império romano do ocidente
império romano do oriente
476
Queda do império romano do ocidente.
1054
Cisma do Oriente:
separação das Igrejas católica e ortodoxa.
1378-1417
Cisma do Ocidente:
um papa em Roma e outro em Avinhão.
1453
Queda do império romano do oriente.
Perseguição aos cristãos.
1517
Lutero inicia a Reforma na Alemanha.
1519
Zuínglio dirige a Reforma na Suíça.
1531
Henrique VIII cria a Igreja anglicana.
1541
Calvino introduz a Reforma em Genebra.
1545-1563
Concílio de Trento: reforma da Igreja católica
romana.
Catolicismo
‘Católico’
significa
‘universal’.
Ortodoxia
‘Ortodoxo’
Protestantismo
significa O nome deriva do
protesto na Dieta de
‘puro’, ‘verdadeiro’.
Spire, em 1529.
É a Igreja cristã latina,
que reconhece o bispo
de
Roma
como
É o conjunto das
Igrejas
cristãs
do
Oriente (desde 1054),
principal autoridade.
separadas de Roma.
Surge com Martinho
Lutero, no século XVI,
e desenvolve-se com
Calvino e Zuínglio.
É o conjunto de Igrejas
ocidentais separadas
de Roma.
Valoriza não apenas a
Bíblia mas também a
Tradição.
Valoriza a Bíblia e a
A Bíblia é a única
Tradição.
fonte de verdade.
Protestantismo
Catolicismo
Ortodoxia
A salvação provém da
A salvação provém da A salvação acontece
unicamente por
fé e das obras.
via da fé em Jesus
fé e das obras.
Cristo.
O papa, sucessor de
S. Pedro, preside à
unidade e à comunhão
das comunidades.
Não reconhece o papa
como pastor universal.
A
dignidade
mais
elevada nesta Igreja é
a
de
patriarca
ecuménico (bispo de
Istambul,
Não reconhece o papa
como pastor universal.
Não
há
nenhuma
autoridade
máxima;
cada
Igreja
é
autónoma.
Constantinopla).
Os
padres
ou
presbíteros
e
os
bispos
são
mediadores
entre
Deus e as pessoas e
Os membros do clero
são mediadores entre
Deus e as pessoas e
podem casar (excepto
os
bispos
e
os
são celibatários.
monges).
Os pastores não são
mediadores
entre
Deus e as pessoas;
todos os cristãos são
‘sacerdotes’.
Protestantismo
Catolicismo
Ortodoxia
Reconhece
Maria,
mãe de Jesus, os
santos
como
mediadores
entre
Deus e as pessoas,
Venera
os
santos Não presta culto aos
dando
particular santos nem à Virgem
importância à Virgem Maria. Jesus é o único
mediador entre Deus e
Maria.
as pessoas.
venerando-os.
O centro da vida
litúrgica é a missa
(eucaristia).
O centro do culto é a
eucaristia. Na liturgia
há variedade de ritos,
é característico o uso
No culto, sublinha o
valor do anúncio e a
escuta da palavra de
Deus.
de ícones
Reconhece
sete
sacramentos
como
sinais
visíveis
e
eficazes da
graça divina: baptismo,
eucaristia, confirmação,
reconciliação, ordem,
matrimónio e unção dos
enfermos.
Só reconhece dois
sacramentos: o
baptismo e a ceia
(eucaristia).
A BÍBLIA
FONTE DE COMUNHÃO
O Livro sagrado dos
cristãos é a Bíblia.
Mais do que um livro, a Bíblia
é uma biblioteca; é uma
colecção de 73 livros:
Antigo Testamento, (AT)
46 livros
Novo Testamento, (NT)
27 livros
Textos Sagrados
A Bíblia foi o primeiro livro a ser impresso
por Gutenberg, o inventor da imprensa, no
ano de 1540 e é, desde sempre, o livro
mais difundido, traduzido, lido e
estudado.
Notável
Uma página da Bíblia,
mais precisamente o
salmo 8, foi depositada
pelos astronautas no
solo da lua, no dia 21
de Julho de 1969
A Bíblia é uma colecção de 73
livros, é, portanto, uma autêntica
biblioteca.
Tanto judeus (só relativamente
ao «Antigo Testamento»), como
cristãos
consideram-na
Escrituras Sagradas.
Há várias maneiras de arrumar
os livros nesta biblioteca. Os do
Antigo Testamento, na tradição
judaica, aparecem agrupados
por ordem de importância:
primeiro a Lei ou Torah, que é constituída pelos 5 livros do
Pentateuco; depois, os livros históricos (Profetas Anteriores);
a seguir, os livros proféticos (Profetas Posteriores) e,
finalmente, os livros sapiênciais (os Escritos). Mas nem todas
as edições cristãs mantêm esta ordem.
Formação do Antigo Testamento
A Bíblia não foi redigida num curto espaço de
tempo. Foi fruto de muitos anos de relação
entre o povo de Israel e Deus e da fixação
dessa experiência por escrito. Sabe-se que os
textos da Bíblia, antes de terem sido escritos,
eram relatos orais, transmitidas de geração
em geração, até ao momento em que alguns
redatores (muitos deles, desconhecidos) as
escreveram. Foram surgindo da experiência
comunitária de vida e da vontade de transmitir
essa experiência religiosa às gerações
vindouras.
Tal como a história do povo de Israel se
desenrolou em muitos séculos, assim também
os livros do Antigo Testamento foram
gradualmente aparecendo ao longo de mais
de mil anos. Por trás dos textos escritos
temos os acontecimentos que marcaram a
vida e a história do povo judeu na sua relação
com os outros povos e, especialmente, na sua
relação com Deus.
Formação do Novo Testamento
Os 27 livros que constituem o Novo
Testamento foram redigidos ao longo
da segunda metade do séc. I.
1º escritos foram as
Cartas de S. Paulo,
redigidas na década de
50.
Foi o período
pregação oral.
da
É que antes de ser fixada por escrito,
a Boa Nova foi proclamada, escutada
e vivida.
Línguas da Bíblia
Hebraico
Aramaico
Grego
- Maior parte do Antigo
– Livro de Tobias (AT);
– Livro de Judite (AT);
– Fragmentos de Esdras,
Daniel e Jeremias (todos
do AT).
– Livro da Sabedoria
(AT);
– 1º e 2º Macabeus (AT);
– Eclesiástico ou Ben
Sira (AT);
– Partes dos Livros de
Ester e de Daniel (AT);
–
Todo
o
Novo
Testamento.
Testamento.
Cânone
O cânone é a lista de livros considerados sagrados pelas
comunidades de crentes.
Cânon
(grego) cana,
medida,
norma, lei...
na
Bíblia
significa
a
lista
dos
livros
que
compõem a
Bíblia.
Por vezes passavam muitos anos desde o
momento em que um livro era escrito até ao
momento em que era integrado no cânone.
Outras vezes, um determinado livro nunca
chegava a ser integrado (livros apócrifos).
No tempo de Jesus, havia dois cânones para a
Bíblia judaica (o correspondente ao nosso
Antigo Testamento): o da Palestina, que só
aceitava como sagrados textos escritos em
hebraico; e o de Alexandria, que incluía
também livros escritos em grego.
A Igreja cristã acabou por aceitar o cânone
alexandrino, enquanto o Judaísmo oficial
adoptou o cânone palestiniano. Por isso, hoje, o
Antigo Testamento usado pela Igreja católica
não coincide exactamente com a Bíblia
hebraica.
Protocanónicos - livros dos quais nunca se
duvidou da sua canocidade.
Deuterocanónicos - livros cuja canocidade foi
posta em dúvida em algum tempo e em alguns lugares.
Livros apócrifos - não estão na Bíblia, são
parecidos com os canónicos mas não o são, e o povo de
Deus não os inclui na Bíblia.
O cânon dos judeus foi determinado, pela
autoridade, por volta do século I ou II d.C., é constituído
pelos livros do AT, é denominado TaNaK.
cânon da Igreja Católica foi
determinado no Concílio de Trento (sessão IV - 8
de Abril de 1546).
O
O cânone do Novo Testamento demorou três
séculos a ser fixado.
Hoje é universalmente aceite por todas as Igrejas
cristãs.
O ECUMENISMO
‘ecumenismo’
O termo
provém do vocábulo grego oikouménê,
que significa «terra habitada» ou
«casa habitada» e que, na cultura
helénica, se referia ao mundo
conhecido de então.
Para os gregos, oikouménê era não
apenas uma zona geográfica, mas
também cultural (o mundo civilizada
helénico).
Já sob a influência da cultura romana,
a mesma palavra adquiriu também um
significado político (o império
romano).
O Cristianismo acrescentou, aos
sentidos anteriores, a dimensão
espiritual.
Um movimento com história
O ecumenismo nasceu no coração de todos aqueles que, tocados por
Deus, sentiram a necessidade de pôr fim às divisões dentro do
Cristianismo. Viam na unidade a concretização do sonho e projecto de
Deus. Estas vontades individuais motivaram o nascimento do ecumenismo
institucional, entre as diferentes Igrejas cristãs. Foram muitas as
iniciativas, diversos os esforços e significativos alguns acontecimentos que
marcaram o movimento ecuménico, a partir do século XIX.
Um
dos
primeiros
passos
concretos nasceu na tradição
protestante, em 1864 — a criação
da Aliança Evangélica com o
objectivo de congregar as várias
denominações que fragmentavam
a tradição protestante. O ano de
1948 viu nascer, em Amesterdão, o
Conselho Mundial das Igrejas.
Foi a primeira grande ponte de unidade entre cristãos, que contou com
197 denominações cristãs, as quais estavam unidas pela vontade de
estabelecer a comunhão. Genebra foi a cidade escolhida para sede do
então recém-criado organismo. A Igreja católica não faz parte
integrante dele, embora esteja representada.
A Igreja católica, por sua vez, preocupada com as divisões históricas dos cristãos,
desempenhou um papel significativo no desenvolvimento do espírito e movimento
ecuménicos.
—1908, o padre Wattson, um episcopaliano (ramo do Anglicanismo) convertido ao
Catolicismo, fundou o «Oitavário pela Unidade dos Cristãos»: oito dias de oração
e estudo para promover a unidade dos cristãos, de 18 a 25 de Janeiro. Este
«Oitavário» atinge actualmente dimensões mundiais.
— 1925, organizaram-se os «Diálogos de Malinas», com os anglicanos.
— 1930, o padre José Metzger fundou a associação «Una Sancta».
—1960, o papa João XXIII fundou o «Secretariado para a União dos Cristãos».
— Em 1962, ocorreu o encontro histórico do papa Paulo VI com o patriarca
ortodoxo Atenágoras.
— Durante o Concílio Vaticano II, a Igreja católica convidou observadores das
Igrejas anglicana, luterana, reformada, metodista, entre outras.
— 1964, durante o Concilio Ecuménico Vaticano II, o papa Paulo VI promulgou o
«Decreto Conciliar sobre o Ecumenismo» — Unitatis Redintegratio — que
apresenta as bases doutrinais e as linhas de acção prática do ecumenismo
católico.
—1965, Roma e Constantinopla levantaram mutuamente as excomunhões
lançadas em 1054.
— Em todas as suas viagens, o papa João Paulo II promoveu momentos de
oração comum com os representantes dos irmãos separados.
—1980, aconteceu em Patmos, Grécia, a reunião entre representantes da Igreja
católica e das Igrejas ortodoxas.
— Por todo o mundo, a Igreja católica tem promovido encontros ecuménicos de
oração.
A experiência dos Focolares
O movimento dos Focolares foi fundado por Chiara
Lubich, em Trento (Itália), em 1943. Chiara tinha 23
anos quando, num ambiente de ódio, dor e destruição
causado pela segunda guerra mundial, encontra no
amor de Deus o sentido e o ideal para a sua vida.
Esta descoberta foi uma luz de esperança. Chiara e
as suas amigas começaram por dar apoio a quem
mais necessitava: pobres, doentes, feridos e crianças.
Tratava-se, portanto, de amar a Deus através do amor
às pessoas, aos irmãos. Este amor fez nascer nela a
convicção da necessidade de construir a unidade
entre as pessoas. Para Chiara, viver a unidade era
viver a presença amorosa de Jesus Cristo.
O grande objectivo deste movimento é contribuir para a fraternidade
universal e para a unidade da humanidade, entendida como uma família
fundada no amor. Este objectivo inspira-se nas palavras de Jesus
«amem-se uns aos outros» e «que todos sejam um».
O movimento foi reconhecido oficialmente pela Igreja católica com o
nome de “Obra de Maria”. O contributo dos focolares para a unidade
entre os cristãos foi reconhecido pelos diferentes líderes das Igrejas
cristãs, que viram em Chiara e no seu movimento um testemunho de
comunhão fraterna.
A comunidade de Santo Egídio
A comunidade católica de Santo Egídio constitui
outro testemunho em prol do ecumenismo. Foi
fundada pelo professor Andrea Riccardi, em 1968,
ano em que se viveram tempos de grandes
mudanças na Europa, muitas delas protagonizadas
por jovens empenhados na construção de um
mundo mais justo, pacífico e fraterno. Andrea
Riccardi foi um destes jovens que, aos 18 anos de
idade, se deixa interpelar pelo Evangelho de Jesus
Cristo e funda uma comunidade de vida, com vista
à construção da fraternidade e da paz universal.
A comunidade Santo Egídio orienta-se por quatro princípios nos quais
encontra o seu fundamento:
– A oração: A escuta e meditação das Escrituras, em particular
– O anúncio do Evangelho: Do encontro com Deus pela
– A atenção aos pobres: São os pobres quem mais sofre com
– O ecumenismo e o diálogo inter-religioso
Taizé — Primavera da Comunhão
O papa João XXIII, em 1960, acolheu o
irmão Roger com estas palavras: «Oh,
Taizé, essa pequena Primavera». Estas
palavras dirigidas pelo líder dos cristãos
católicos
a
um
pastor
protestante
significavam a esperança na renovação da
vontade ecuménica.
A comunidade de Taizé nasceu no coração
do jovem protestante Roger Louis que
encontrou, nesta pequena aldeia, numa
colina
da
província
da
Borgonha, em França, o
espaço que tanto procurava.
Tocado
pela
calma,
simplicidade e beleza de
Taizé, não resistiu ao seu
convite (através da voz de um
casal acolhedor) de ali
permanecer e viver a aventura
do amor.
A comunidade de Taizé iniciou-se no Domingo de
Páscoa de 1949, quando sete jovens protestantes,
tocados pelo testemunho de Roger e depois de uma
caminhada de encontro e reflexão, decidem
comprometer-se por toda a vida numa entrega a
Deus pela oração e serviço aos irmãos, partilhando
um estilo de vida simples e humilde.
Em 1960, entram para a comunidade
membros da Igreja anglicana; em
1969 entrou o primeiro católico, um
jovem médico. A comunidade não
parou de crescer dali em diante,
contando
hoje
com
irmãos
provenientes
de
diversos
continentes,
nacionalidades
e
confissões religiosas.
O Concílio Vaticano II
Em resposta a um desejo antigo de muitos cristãos católicos, o papa João
XXIII convocou o Concílio Vaticano II com o objectivo de atender às
mudanças e exigências dos tempos modernos e de renovar a Igreja
católica nas suas várias dimensões.
O concílio Vaticano II (1962-65), chamado ‘ecuménico’ por causa da sua
dimensão universal, reflectiu sobre a seguinte questão de alcance
ecuménico:
qual o contributo dado por cada Igreja para a divisão dos cristãos e o que
poderá cada uma fazer em ordem à reconciliação e unidade?
O papa João XXIII manifestou a
sua vontade ecuménica:
o reconhecimento público dos
erros cometidos no passado
pela Igreja católica;
da criação do Secretariado
Romano para a Unidade dos
Cristãos e do convite dirigido a
vários representantes de outras
confissões
cristãs
para
participarem no Concílio como
observadores.
Decreto Unitatis Redintegratio (Restauração da Unidade)
bibliografia
 manual do aluno de 8º ano - UL 2
 http://wikipedia.org
 Google.pt
prof. jjguedes
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