Olá! Chamo-me Roger. Nasci na Suíça em 1915, mas em 1940, durante a segunda guerra mundial, fui viver para França. Já desde alguns anos que sentia em mim o desejo de me juntar a outras pessoas para concretizarmos um grande desafio: viver todos os dias a reconciliação entre os cristãos. Sabes… eu nasci numa família protestante (o Cristianismo dividiu-se em três grupos principais: católicos, ortodoxos e protestantes), mas sentia-me fascinado pelo Catolicismo e pela Ortodoxia e sempre me fez sofrer ver pessoas sinceras e honestas a recusarem relacionar-se fraternalmente só porque pertenciam a famílias religiosas diferentes. O sofrimento que vi, durante o terrível conflito mundial, deu-me ainda mais consciência de que, unidos, podíamos fazer um bem maior. Juntei-me a outras pessoas e fundámos, em Taizé, uma comunidade onde, na simplicidade, cada um expressa a sua fé cristã, oramos em conjunto a Jesus Cristo, acolhemos quem nos procura e servimos os desfavorecidos. Queremos, os irmãos de Taizé, ser um sinal concreto de reconciliação entre Cristãos divididos e povos separados. CRISTIANISMO UMA FÉ, VÁRIOS CAMINHOS O Cristianismo; assenta a sua fé e a sua esperança em Jesus Cristo; é uma religião que está profundamente inserida na vida das pessoas e dos povos. Jesus e os apóstolos viveram num período histórico em que o império romano dominava grande parte do mundo conhecido e Roma era a capital desse imenso império. Herdeiro do Judaísmo e enriquecido pela civilização greco-romana, o Cristianismo, apesar de três séculos de perseguições, criou raízes na vida de muitos homens e mulheres A universalidade que o Cristianismo alcançou deu-lhe vitalidade, mas também é verdade que a submissão a interesses particulares, de indivíduos ou de grupos, fragilizaram a comunidade cristã. Ao longo do primeiro milénio, apesar de pequenas divergências e separações, o Cristianismo manteve-se globalmente unido. A palavra ‘cisma’ 330 — do grego skhisma («fenda; separação»), por via do latim schisma. Constantino muda Constantinopla para Decreto de Teodósio I: o Cristianismo torna-se a religião oficial do império. Império Romano Ocidente e Oriente Jesus Edito de Milão MORTE Jesus I 395 Queda do Império Romano do Ocidente 476 313 33 séc. Roma 380 — significa dissidência religiosa, separação de uma determinada religião. NATAL de II III IV V VI VII VIII IX X O diálogo entre o Oriente cuja capital era Constantinopla (antiga Bizâncio e actual Istambul, na Turquia) e o Ocidente, com capital em Roma, já várias vezes tinha sido posto em causa. 476 queda do império romano no Ocidente divisão do império romano em duas partes - império romano do Ocidente, com capital em Roma, - império romano do Oriente, com capital em Constantinopla Constantinopla adquiriu progressivamente uma maior importância. As diferenças entre o mundo ocidental (que falava latim) e mundo oriental (que falava grego) vão-se acentuando a nível cultural, político e até religioso. 1054 a separação (cisma) definitiva numa tentativa de diálogo e conciliação, um enviado do papa (cardeal Humberto) foi a Constantinopla, mas a tentativa saiu frustrada. O cardeal, em nome do papa Leão IX, dirige-se à Basílica de Santa Sofia e excomunga o patriarca Miguel Cerulário. Este, como resposta, excomunga o cardeal. Com estes gestos, repletos de falta de compreensão e de caridade, cada um considera-se portador da verdade e expulsa dessa fé e dessa comunhão o outro. Cisma do Oriente Jesus Cristo Cristianismo (século XI - 1054) Igreja Católica Cristão Católicos Latinos Igreja Ortodoxa Cristãos Ortodoxos Gregos Desentendimento Cristãos Ocidente e Oriente Constantino muda de Roma para Constantinopla (século IV - 330) (século V - 476 ) Durante VI séculos Constantinopla importância. adquiriu progressivamente uma maior As diferenças entre: o mundo ocidental (que falava latim) o mundo oriental (que falava grego) vão-se acentuando a nível: cultural, político e até religioso. O final do século XIV e o século XV é um tempo de grandes transformações culturais. Após a peste negra, que assolou a Europa na década de 40 do século XIV, surgiram novas visões da vida que conduziram ao aparecimento da burguesia, ao incremento da vida urbana e a um maior apreço pelo pensamento racional, pela arte e pela beleza. A imitação dos modelos da antiguidade clássica, grega e latina (Renascimento), vem colocar o homem no centro da vida e do pensamento (Humanismo). São desta época os grandes artistas e pensadores que ainda hoje admiramos nas suas criações: o poeta Dante (A Divina Comédia); os pintores, escultores e arquitectos Giotto, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci… O séc. XIV é um período conturbado para a Igreja: Durante cerca de 70 anos os papas passaram a residir em Avinhão, até 1377 Durante 39 anos (1378 a 1417) houve dois papas: Roma / Avinhão. A Igreja estava também demasiado envolvida em: questões políticas e económicas, em prejuízo das preocupações espirituais. Havia um forte movimento de crítica às instituições da Igreja, exigindo a sua reforma. Em 1305, o bispo de Bordéus foi eleito papa com o nome de Clemente V. Sendo francês e submisso ao rei de França — Filipe, o Belo (1285-1314) — e argumentando com a época de instabilidade que se vivia em Roma, o papa decidiu ficar em França, na cidade de Avinhão. Foram sete os papas, todos eles franceses, que orientaram a vida da Igreja a partir desta cidade do sul de França que assim se tornou a capital da cristandade. Em 1377, o papa Gregório XI, depois de contínuas insistências por parte de muitos cristãos, retornou a Roma, que passou a ser novamente o centro do mundo cristão no Ocidente. Quando este morreu, foi eleito, em 1378, um italiano (Urbano VI). Homem de bom coração, mas pouco sensato, incompatibilizou-se com os cardeais que acabaram por escolher outro papa — Clemente VII — que foi viver para Avinhão. À morte de cada um dos papas sucederam-se outros… a cristandade (países, reis, bispos, cidades) viveu, assim, dividida em duas obediências religiosas. Esta divisão, na vida da Igreja, terminou quando o Concílio de Constança, em 1417, elegeu o papa Martinho V. O movimento humanista, fundado na redescoberta da cultura greco-romana (Renascimento), aliado ao descontentamento das pessoas pelos abusos da Igreja, faz emergir a necessidade de um retorno à mensagem original de Jesus Cristo. causas que exigem reformas e que deram origem ao PROTESTANTISMO Cisma do Ocidente – Descrédito do papado Abusos da Igreja católica – Indulgências – Poder temporal dos papas – Ritualismo Pensamento renascentista – Redução da ingerência dos papas em assuntos nacionais – Conquista, pelo poder, dos bens da Igreja Movimentos renovadores – Purificação da vivência cristã Lutero, o grande reformador Luteranismo Martinho Lutero (1483-1546), padre católico e monge agostiniano professor, preocupado em corrigir alguns comportamentos e ritos da Igreja Afixa em 1517, na porta da igreja de Wittenberg (Alemanha), 95 teses onde apresenta as suas ideias sobre: salvação condena a venda das indulgências. A insatisfação é sentida por: - gente do povo; - comerciantes; - príncipes e reis; foi terreno fértil para a adesão às ideias de Lutero. É excomungado pelo papa em 1521. Inicia outra vivência cristã a que vulgarmente se chama Igreja protestante. Por razões políticas, Lutero defendia que cada príncipe deveria escolher e impor a religião no seu Estado. Em 1529, no encontro de Spire (Alemanha), Lutero e os seus seguidores protestaram contra a negação da liberdade de os príncipes escolherem a religião adoptada nos seus domínios… daí o nome de: PROTESTANTES. Teologia luterana Lutero interpreta assim o sentido da expressão «a justiça de Deus»: é o acto pelo qual Deus torna um homem justo, ou seja, o acto pelo qual o crente recebe, graças à sua fé, a justiça obtida pelo sacrifício de Cristo. Essa interpretação de São Paulo — «o justo viverá da fé» (Rom. 1, 12) — constitui o fundamento da teologia de Martinho Lutero. «Eu senti-me renascer», dizia ele mais tarde, «e percebi que tinha penetrado no Paraíso pelas suas portas abertas». O homem é justificado e salvo unicamente pela fé em Cristo. Tal como a fé, a salvação é concedida gratuitamente por Deus. Exageros de Lutero Lutero afirma: «Não admito que a minha doutrina possa ser julgada pelos homens, ou mesmo pelos anjos. Aquele que não aceita a minha doutrina não pode obter a salvação». Tendo recebido a revelação que é a liberdade absoluta de Deus-Pai, que julga, condena e salva segundo a sua própria decisão, Lutero não pode tolerar mais nenhuma outra interpretação. Afirmava: «Se a vontade não é livre, o pecado não pode ser imputado aos homens, já que ele só existe se for voluntário. Além disso, se o homem não fosse livre para escolher, Deus seria responsável tanto pelas más como pelas boas acções». Calvinismo João Calvino (1509-1564), francês, seguidor dos ideais de Lutero, afirma que a salvação da pessoa se deve: trabalho justo e honesto. Esta declaração foi muito bem aceite por: - banqueiros - burgueses A Igreja condenava-os pela sua riqueza. Esta riqueza muitas vezes era conseguida através de juros elevados. Calvino defende a ideia da predestinação: A pessoa, quando nasce, já tem o seu destino definido. Desta forma, retira à pessoa a liberdade para poder alterar o seu destino. Calvino vai para Genebra (Suíça). As suas ideias religiosas são muito bem acolhidas. Aí estabelece uma comunidade fortemente trabalhadora e próspera. Os membros da Igreja Calvinista apresentam comportamentos sóbrios e rigidamente controlados, negando todos os prazeres da vida (puritanismo). Anglicanismo Contemporaneamente à reforma luterana e calvinista, aconteceu outra separação no Cristianismo: o Anglicanismo. O seu nome deriva do facto de ter ocorrido em Inglaterra. Em 1509, Henrique Tudor torna-se, com 18 anos, rei de Inglaterra com o nome de Henrique VIII. Grande devoto e defensor da fé católica, mandou queimar em 1521 os escritos de Lutero escreveu contra ele um tratado denominado «Sete Sacramentos». Por esta atitude, o papa atribuiu-lhe o título de «defensor da fé». Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, mas apaixonou-se por uma dama da corte, Ana Bolena. A relação amorosa levou Henrique VIII a rejeitar a esposa, solicitando ao papa a declaração de nulidade do casamento. O pontífice não lhe reconhece a nulidade matrimonial, afirmando a indissolubilidade do matrimónio. Após várias ameaças ao papa, Henrique VIII, em 1531, obriga o parlamento inglês a aprovar várias leis que o tornam chefe da Igreja de Inglaterra, separada do papa. A Igreja anglicana é a Igreja oficial de Inglaterra Tem, ainda hoje, como primeiro responsável o rei ou rainha de Inglaterra, tendo, em questões religiosas, o arcebispo de Cantuária um papel primordial. No culto: segue fundamentalmente a perspectiva da Igreja católica; Na doutrina: segue a orientação calvinista. É hoje uma federação internacional de Igrejas independentes mas em comunhão. resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumoresumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resumo resum resumo resumo resumo resumo resumo NATAL Império Romano Ocidente e Oriente Jesus 395 MORTE Jesus Edito de Milão 33 313 séc. I II III IV Queda do Império Romano do Ocidente 476 V VI VII VIII IX X Papa vai residir em França 1377 cisma do oriente 1054 Protestantes Anglicanismo Cisma do ocidente 1531 1378-1417 Movimentos Protestantes Luteranismo Religiosos Protestantes Calvinismo 1541 1517 XI XII XIII XIV XV XVI XVII Renascimento XVIII XIX XX Reforma (século XVI - 1517) Cisma do Oriente Protestantismo Luteranismo Calvinismo Anglicanismo (século XI - 1054) Igreja Católica Cristianismo Cristão Católicos Latinos Igreja Ortodoxa Cristãos Ortodoxos Gregos Constantino muda de Roma para Constantinopla (século IV - 330) Desentendimento dos Cristãos do Ocidente e Oriente (século V - 476 ) 30-313 Concílio de Jerusalém. Expansão do Cristianismo através das viagens missionárias de Paulo. Perseguição aos cristãos. 313 Édito de Milão: Constantino decreta o fim das perseguições. 380 Decreto de Teodósio I: o Cristianismo torna-se a religião oficial do império. 395 Divisão do império: império romano do ocidente império romano do oriente 476 Queda do império romano do ocidente. 1054 Cisma do Oriente: separação das Igrejas católica e ortodoxa. 1378-1417 Cisma do Ocidente: um papa em Roma e outro em Avinhão. 1453 Queda do império romano do oriente. Perseguição aos cristãos. 1517 Lutero inicia a Reforma na Alemanha. 1519 Zuínglio dirige a Reforma na Suíça. 1531 Henrique VIII cria a Igreja anglicana. 1541 Calvino introduz a Reforma em Genebra. 1545-1563 Concílio de Trento: reforma da Igreja católica romana. Catolicismo ‘Católico’ significa ‘universal’. Ortodoxia ‘Ortodoxo’ Protestantismo significa O nome deriva do protesto na Dieta de ‘puro’, ‘verdadeiro’. Spire, em 1529. É a Igreja cristã latina, que reconhece o bispo de Roma como É o conjunto das Igrejas cristãs do Oriente (desde 1054), principal autoridade. separadas de Roma. Surge com Martinho Lutero, no século XVI, e desenvolve-se com Calvino e Zuínglio. É o conjunto de Igrejas ocidentais separadas de Roma. Valoriza não apenas a Bíblia mas também a Tradição. Valoriza a Bíblia e a A Bíblia é a única Tradição. fonte de verdade. Protestantismo Catolicismo Ortodoxia A salvação provém da A salvação provém da A salvação acontece unicamente por fé e das obras. via da fé em Jesus fé e das obras. Cristo. O papa, sucessor de S. Pedro, preside à unidade e à comunhão das comunidades. Não reconhece o papa como pastor universal. A dignidade mais elevada nesta Igreja é a de patriarca ecuménico (bispo de Istambul, Não reconhece o papa como pastor universal. Não há nenhuma autoridade máxima; cada Igreja é autónoma. Constantinopla). Os padres ou presbíteros e os bispos são mediadores entre Deus e as pessoas e Os membros do clero são mediadores entre Deus e as pessoas e podem casar (excepto os bispos e os são celibatários. monges). Os pastores não são mediadores entre Deus e as pessoas; todos os cristãos são ‘sacerdotes’. Protestantismo Catolicismo Ortodoxia Reconhece Maria, mãe de Jesus, os santos como mediadores entre Deus e as pessoas, Venera os santos Não presta culto aos dando particular santos nem à Virgem importância à Virgem Maria. Jesus é o único mediador entre Deus e Maria. as pessoas. venerando-os. O centro da vida litúrgica é a missa (eucaristia). O centro do culto é a eucaristia. Na liturgia há variedade de ritos, é característico o uso No culto, sublinha o valor do anúncio e a escuta da palavra de Deus. de ícones Reconhece sete sacramentos como sinais visíveis e eficazes da graça divina: baptismo, eucaristia, confirmação, reconciliação, ordem, matrimónio e unção dos enfermos. Só reconhece dois sacramentos: o baptismo e a ceia (eucaristia). A BÍBLIA FONTE DE COMUNHÃO O Livro sagrado dos cristãos é a Bíblia. Mais do que um livro, a Bíblia é uma biblioteca; é uma colecção de 73 livros: Antigo Testamento, (AT) 46 livros Novo Testamento, (NT) 27 livros Textos Sagrados A Bíblia foi o primeiro livro a ser impresso por Gutenberg, o inventor da imprensa, no ano de 1540 e é, desde sempre, o livro mais difundido, traduzido, lido e estudado. Notável Uma página da Bíblia, mais precisamente o salmo 8, foi depositada pelos astronautas no solo da lua, no dia 21 de Julho de 1969 A Bíblia é uma colecção de 73 livros, é, portanto, uma autêntica biblioteca. Tanto judeus (só relativamente ao «Antigo Testamento»), como cristãos consideram-na Escrituras Sagradas. Há várias maneiras de arrumar os livros nesta biblioteca. Os do Antigo Testamento, na tradição judaica, aparecem agrupados por ordem de importância: primeiro a Lei ou Torah, que é constituída pelos 5 livros do Pentateuco; depois, os livros históricos (Profetas Anteriores); a seguir, os livros proféticos (Profetas Posteriores) e, finalmente, os livros sapiênciais (os Escritos). Mas nem todas as edições cristãs mantêm esta ordem. Formação do Antigo Testamento A Bíblia não foi redigida num curto espaço de tempo. Foi fruto de muitos anos de relação entre o povo de Israel e Deus e da fixação dessa experiência por escrito. Sabe-se que os textos da Bíblia, antes de terem sido escritos, eram relatos orais, transmitidas de geração em geração, até ao momento em que alguns redatores (muitos deles, desconhecidos) as escreveram. Foram surgindo da experiência comunitária de vida e da vontade de transmitir essa experiência religiosa às gerações vindouras. Tal como a história do povo de Israel se desenrolou em muitos séculos, assim também os livros do Antigo Testamento foram gradualmente aparecendo ao longo de mais de mil anos. Por trás dos textos escritos temos os acontecimentos que marcaram a vida e a história do povo judeu na sua relação com os outros povos e, especialmente, na sua relação com Deus. Formação do Novo Testamento Os 27 livros que constituem o Novo Testamento foram redigidos ao longo da segunda metade do séc. I. 1º escritos foram as Cartas de S. Paulo, redigidas na década de 50. Foi o período pregação oral. da É que antes de ser fixada por escrito, a Boa Nova foi proclamada, escutada e vivida. Línguas da Bíblia Hebraico Aramaico Grego - Maior parte do Antigo – Livro de Tobias (AT); – Livro de Judite (AT); – Fragmentos de Esdras, Daniel e Jeremias (todos do AT). – Livro da Sabedoria (AT); – 1º e 2º Macabeus (AT); – Eclesiástico ou Ben Sira (AT); – Partes dos Livros de Ester e de Daniel (AT); – Todo o Novo Testamento. Testamento. Cânone O cânone é a lista de livros considerados sagrados pelas comunidades de crentes. Cânon (grego) cana, medida, norma, lei... na Bíblia significa a lista dos livros que compõem a Bíblia. Por vezes passavam muitos anos desde o momento em que um livro era escrito até ao momento em que era integrado no cânone. Outras vezes, um determinado livro nunca chegava a ser integrado (livros apócrifos). No tempo de Jesus, havia dois cânones para a Bíblia judaica (o correspondente ao nosso Antigo Testamento): o da Palestina, que só aceitava como sagrados textos escritos em hebraico; e o de Alexandria, que incluía também livros escritos em grego. A Igreja cristã acabou por aceitar o cânone alexandrino, enquanto o Judaísmo oficial adoptou o cânone palestiniano. Por isso, hoje, o Antigo Testamento usado pela Igreja católica não coincide exactamente com a Bíblia hebraica. Protocanónicos - livros dos quais nunca se duvidou da sua canocidade. Deuterocanónicos - livros cuja canocidade foi posta em dúvida em algum tempo e em alguns lugares. Livros apócrifos - não estão na Bíblia, são parecidos com os canónicos mas não o são, e o povo de Deus não os inclui na Bíblia. O cânon dos judeus foi determinado, pela autoridade, por volta do século I ou II d.C., é constituído pelos livros do AT, é denominado TaNaK. cânon da Igreja Católica foi determinado no Concílio de Trento (sessão IV - 8 de Abril de 1546). O O cânone do Novo Testamento demorou três séculos a ser fixado. Hoje é universalmente aceite por todas as Igrejas cristãs. O ECUMENISMO ‘ecumenismo’ O termo provém do vocábulo grego oikouménê, que significa «terra habitada» ou «casa habitada» e que, na cultura helénica, se referia ao mundo conhecido de então. Para os gregos, oikouménê era não apenas uma zona geográfica, mas também cultural (o mundo civilizada helénico). Já sob a influência da cultura romana, a mesma palavra adquiriu também um significado político (o império romano). O Cristianismo acrescentou, aos sentidos anteriores, a dimensão espiritual. Um movimento com história O ecumenismo nasceu no coração de todos aqueles que, tocados por Deus, sentiram a necessidade de pôr fim às divisões dentro do Cristianismo. Viam na unidade a concretização do sonho e projecto de Deus. Estas vontades individuais motivaram o nascimento do ecumenismo institucional, entre as diferentes Igrejas cristãs. Foram muitas as iniciativas, diversos os esforços e significativos alguns acontecimentos que marcaram o movimento ecuménico, a partir do século XIX. Um dos primeiros passos concretos nasceu na tradição protestante, em 1864 — a criação da Aliança Evangélica com o objectivo de congregar as várias denominações que fragmentavam a tradição protestante. O ano de 1948 viu nascer, em Amesterdão, o Conselho Mundial das Igrejas. Foi a primeira grande ponte de unidade entre cristãos, que contou com 197 denominações cristãs, as quais estavam unidas pela vontade de estabelecer a comunhão. Genebra foi a cidade escolhida para sede do então recém-criado organismo. A Igreja católica não faz parte integrante dele, embora esteja representada. A Igreja católica, por sua vez, preocupada com as divisões históricas dos cristãos, desempenhou um papel significativo no desenvolvimento do espírito e movimento ecuménicos. —1908, o padre Wattson, um episcopaliano (ramo do Anglicanismo) convertido ao Catolicismo, fundou o «Oitavário pela Unidade dos Cristãos»: oito dias de oração e estudo para promover a unidade dos cristãos, de 18 a 25 de Janeiro. Este «Oitavário» atinge actualmente dimensões mundiais. — 1925, organizaram-se os «Diálogos de Malinas», com os anglicanos. — 1930, o padre José Metzger fundou a associação «Una Sancta». —1960, o papa João XXIII fundou o «Secretariado para a União dos Cristãos». — Em 1962, ocorreu o encontro histórico do papa Paulo VI com o patriarca ortodoxo Atenágoras. — Durante o Concílio Vaticano II, a Igreja católica convidou observadores das Igrejas anglicana, luterana, reformada, metodista, entre outras. — 1964, durante o Concilio Ecuménico Vaticano II, o papa Paulo VI promulgou o «Decreto Conciliar sobre o Ecumenismo» — Unitatis Redintegratio — que apresenta as bases doutrinais e as linhas de acção prática do ecumenismo católico. —1965, Roma e Constantinopla levantaram mutuamente as excomunhões lançadas em 1054. — Em todas as suas viagens, o papa João Paulo II promoveu momentos de oração comum com os representantes dos irmãos separados. —1980, aconteceu em Patmos, Grécia, a reunião entre representantes da Igreja católica e das Igrejas ortodoxas. — Por todo o mundo, a Igreja católica tem promovido encontros ecuménicos de oração. A experiência dos Focolares O movimento dos Focolares foi fundado por Chiara Lubich, em Trento (Itália), em 1943. Chiara tinha 23 anos quando, num ambiente de ódio, dor e destruição causado pela segunda guerra mundial, encontra no amor de Deus o sentido e o ideal para a sua vida. Esta descoberta foi uma luz de esperança. Chiara e as suas amigas começaram por dar apoio a quem mais necessitava: pobres, doentes, feridos e crianças. Tratava-se, portanto, de amar a Deus através do amor às pessoas, aos irmãos. Este amor fez nascer nela a convicção da necessidade de construir a unidade entre as pessoas. Para Chiara, viver a unidade era viver a presença amorosa de Jesus Cristo. O grande objectivo deste movimento é contribuir para a fraternidade universal e para a unidade da humanidade, entendida como uma família fundada no amor. Este objectivo inspira-se nas palavras de Jesus «amem-se uns aos outros» e «que todos sejam um». O movimento foi reconhecido oficialmente pela Igreja católica com o nome de “Obra de Maria”. O contributo dos focolares para a unidade entre os cristãos foi reconhecido pelos diferentes líderes das Igrejas cristãs, que viram em Chiara e no seu movimento um testemunho de comunhão fraterna. A comunidade de Santo Egídio A comunidade católica de Santo Egídio constitui outro testemunho em prol do ecumenismo. Foi fundada pelo professor Andrea Riccardi, em 1968, ano em que se viveram tempos de grandes mudanças na Europa, muitas delas protagonizadas por jovens empenhados na construção de um mundo mais justo, pacífico e fraterno. Andrea Riccardi foi um destes jovens que, aos 18 anos de idade, se deixa interpelar pelo Evangelho de Jesus Cristo e funda uma comunidade de vida, com vista à construção da fraternidade e da paz universal. A comunidade Santo Egídio orienta-se por quatro princípios nos quais encontra o seu fundamento: – A oração: A escuta e meditação das Escrituras, em particular – O anúncio do Evangelho: Do encontro com Deus pela – A atenção aos pobres: São os pobres quem mais sofre com – O ecumenismo e o diálogo inter-religioso Taizé — Primavera da Comunhão O papa João XXIII, em 1960, acolheu o irmão Roger com estas palavras: «Oh, Taizé, essa pequena Primavera». Estas palavras dirigidas pelo líder dos cristãos católicos a um pastor protestante significavam a esperança na renovação da vontade ecuménica. A comunidade de Taizé nasceu no coração do jovem protestante Roger Louis que encontrou, nesta pequena aldeia, numa colina da província da Borgonha, em França, o espaço que tanto procurava. Tocado pela calma, simplicidade e beleza de Taizé, não resistiu ao seu convite (através da voz de um casal acolhedor) de ali permanecer e viver a aventura do amor. A comunidade de Taizé iniciou-se no Domingo de Páscoa de 1949, quando sete jovens protestantes, tocados pelo testemunho de Roger e depois de uma caminhada de encontro e reflexão, decidem comprometer-se por toda a vida numa entrega a Deus pela oração e serviço aos irmãos, partilhando um estilo de vida simples e humilde. Em 1960, entram para a comunidade membros da Igreja anglicana; em 1969 entrou o primeiro católico, um jovem médico. A comunidade não parou de crescer dali em diante, contando hoje com irmãos provenientes de diversos continentes, nacionalidades e confissões religiosas. O Concílio Vaticano II Em resposta a um desejo antigo de muitos cristãos católicos, o papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano II com o objectivo de atender às mudanças e exigências dos tempos modernos e de renovar a Igreja católica nas suas várias dimensões. O concílio Vaticano II (1962-65), chamado ‘ecuménico’ por causa da sua dimensão universal, reflectiu sobre a seguinte questão de alcance ecuménico: qual o contributo dado por cada Igreja para a divisão dos cristãos e o que poderá cada uma fazer em ordem à reconciliação e unidade? O papa João XXIII manifestou a sua vontade ecuménica: o reconhecimento público dos erros cometidos no passado pela Igreja católica; da criação do Secretariado Romano para a Unidade dos Cristãos e do convite dirigido a vários representantes de outras confissões cristãs para participarem no Concílio como observadores. Decreto Unitatis Redintegratio (Restauração da Unidade) bibliografia manual do aluno de 8º ano - UL 2 http://wikipedia.org Google.pt prof. jjguedes