PNEUMONITE ASPIRATIVA
Profa. Cláudia Henrique da Costa
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
ASPIRAÇÃO
Inalação de conteúdo gástrico ou da orofaringe para as vias
aéreas
Pode ocorrer tanto no âmbito hospitalar como na comunidade
Sub-grupos mais predispostos à aspiração
Depressão do nível de consciência (epilepsia, alcoolismo)
Diminuição do reflexo da tosse (Parkinson, AVE)
Anormalidades esofagianas ou GI (refluxo)
PNEUMONITE ASPIRATIVA
Pneumonite química (S. Mendelson)
Pneumonia aspirativa (contaminação
bacteriana)
PNEUMONITE QUÍMICA
Descrita pela primeira vez em 1946 por Mendelson
Lesão pulmonar após a inalação de conteúdo gástrico
estéril
A injúria pulmonar depende do conteúdo aspirado
Tipo
Quantidade
pH
Quanto mais ácido e
volumoso, maior o dano!
PNEUMONITE QUÍMICA
FISIOPATOLOGIA
Bifásica
1a fase - Lesão cáustica (ácido gástrico) - 1 a 2 h após a
inalação
Queimação e lesão céls epiteliais e endoteliais
Edema
Passagem de líquido e proteínas
PNEUMONITE QUÍMICA
FISIOPATOLOGIA
2a fase - reação inflamatória (pico após 6 horas)
Proteases
Radicais
Mediadores Inflamatórios
Migração e ativação de neutrófilos
Ampliação da inflamação
Quimiotaxia de outras
células (macrófagos)
Falência respiratória
PNEUMONITE QUÍMICA
Experiência em ratos - 2 grupos
ácido + partículas de comida
solução salina
Queda de O2 no
grupo 1
Resposta inflamatória
sustentável após 24h
(sem infecção)
Knight PR. Exp Lung Res 2009;30:53
PNEUMONITE QUÍMICA
Clínica
Tosse e broncoespasmo
Leucocitose / febre (semelhante à pneumonia aspirativa)
Rx tórax - infiltrados alveolares agudos
Pode evoluir com infecção secundária
PNEUMONITE ASPIRATIVA
Diagnóstico difícil
Aspiração presenciada
Alto grau de suspeição
Localização do acometimento pulmonar
Biomarcadores
Qual biomarcador?
BIOMARCADOR
VANTAGENS
DESVANTAGENS
BIOMARCADORES
Macrófagos com
vacúolos lipídicos
Semi-quantitativo
Aum. vários estudos
Não específico
PCR
Aumentado
Fácil de dosar
Não específico
Procalcitonina
Aum. aspiração
Fácil de dosar
Sensibilidade baixa
Não específico - aum. muito
na infeção
Pepsina
Aum. pneumonia
Fácil de dosar
Não padronizado
MACRÓFAGOS COM
VACÚOLOS
Macrófagos no LBA - Vacúolos
sugerem atividade fagocítica liberação de citocinas - inflamação
Burkhardt et al. CHEST 2003; 124:398
TRATAMENTO
Aspiração de conteúdo oral e da faringe
Broncoscopia - indicada quando há aspiração de partículas (Rx com
áreas de atelectasia e condensação)
Fazer cultura - orienta a manutenção ou retirada do ATB
ATB empírico - difícil diferenciar de pneumonia
Corticoides - 2 estudos falharam em demonstrar o benefício
1 estudo demonstrou aumento do risco de infecção p/ gram Bernard et al.N Engl J Med.
1987;317:1565
Bone et al. Chest. 1987;92:1032
Wolfe et al. Am J Med. 1977;63:719
INALAÇÃO DE FUMAÇA
Dano direto
Intoxicação por monóxido de carbono
Intoxicação por cianeto
Fatores independentes de mortalidade
Lesão inalatória
Superfície corporal acometida >40%
Idade >60 anos
LESÃO INALATÓRIA DAS VA
Até 1/3 das vítimas pode apresentar obstrução aguda VA
sup.
Broncoscopia - verificar edema, higienizar VA, avaliar
prognóstico. A repetição seriada da broncoscopia é
controversa.
LESÃO INALATÓRIA DAS VA
Injúria térmica - intensa reação inflamatória da VA - SARA
Boa oferta de volume
Tratamento com nebulização c/ heparina - revisão (Tuinman
et al. Crit Care 2012) - aumento da sobreviva e redução da
ventilação mecânica
NAC inalatória - melhor na hipoxemia
Extubação precoce e tratamento de pneumonia (30%)
INTOXICAÇÃO POR CO
concentração CO no ar - 0,001%
1% pode causar lesões graves - afinidade pela hemoglobina
responsável por 80% dos óbitos
Taquicardia e taquipneia, cefaleia, náuseas, vômitos,
síncope e convulsões.
Suplementação de O2, suporte ventilatório e monitorização
cardíaca.
INTOXICAÇÃO POR CIANETO
O HCN se liga a íons de ferro nas hemácias
Bloqueio da respiração celular - hiperventilação, cefaleia,
náuseas, vômitos, palpitações, ansiedade
Antídoto - hidroxicobalamina - o tratamento tem que ser o
mais precoce possível (antes de chegar ao hospital em
todas as vítimas com alt. da consciência)
INALAÇÃO DE FUMAÇA
MF, 43 anos,
masculino, trabalhava
no aeroporto Galeão e
participou da equipe de
controle a incêndio.
Dias após, começou
apresentar dispneia aos
esforços.
INALAÇÃO DE FUMAÇA
TC realizada após a
inalação de fumaça escura
proveniente de divisórias.
Evoluiu bem com o uso de
prednisona e ciclofosfamida
por 6 meses
SÍNDROME DA DISFUNÇÃO
REATIVA DAS VIAS AÉREAS
Descrito por Brooks
Intensa exposição a agente irritante das VA (+ 30 substâncias relatadas)
Início agudo dos sintomas até 24 h após exposição - simula asma
Necessidade de hospitalização na maioria das vezes
Ausência de sintomas respiratórios anteriores à exposição
PFR - obstrução
Resposta positiva ao teste de hiperreatividade brônquica
Brooks et al. Chest 1985;88:376.
SÍNDROME DA DISFUNÇÃO
REATIVA DAS VIAS AÉREAS
O diagnóstico pode ser difícil - tem que excluir outras
patologias respiratórias e geralmente o paciente não tem
PFR anterior
Shakeri fez uma revisão de literatura - 59 artigos com 570
casos e verificou que apenas 11% apresentavam critérios
de Brooks
Shakeri,et al. Occup Med (Lond)
2008;58:205
MASC., 54 ANOS, EXPOSIÇÃO
DE SULFITO DE HIDROGÊNIO
Ele tinha um monitor de análise - alarmou durante 12 segundos chegando a 45 ppm (níveis
acima de 10 ppm não aceitáveis) - ele se afastou imediatamente da área.
No dia, apresentou coriza, odinofagia e aperto no peito
História de refluxo - usava inibidor de bromba de próton
Ex-tabagista cigarro (CT - 10 m-a). Ainda fumava charuto ocasional
Negava asma
2 semanas após a exposição começou a apresentar tosse e febre e procurou médico. VEF1 >
80% (semelhante ao anterior).
Rx - normal. Iniciado ATB e broncodilatadores
O paciente ganhou um processo trabalhista nos EUA.
Hewitt et al. Respir Care 2011;56:1188
SÍNDROME DA DISFUNÇÃO
REATIVA DAS VIAS AÉREA
Suspeitar em pacientes com início súbito de quadro
sugerindo asma e que coincide com exposição a agente
irritante das VA.
Tratamento semelhante à asma. Os sintomas podem
permanecer durante meses ou anos devido ao dano
causado.
CONCLUSÕES (1)
1. pneumonite aspirativa
- aspiração de conteúdo gástrico
- diagnóstico diferencial com pneumonia aspirativa muito
difícil
- se broncoscopar, colher cultura
-não usar corticoide
CONCLUSÕES (2)
2. Inalação de fumaça (espaços confinados)
- Broncoscopia mandatória
- Nebulização com heparina e NAC
- Suplementação O2 precocemente
CONCLUSÕES (3)
3. Síndrome da Disfunção Reativa das Vias Aéreas
-
Quadro asmatiforme imediatamente após exposição a
agente irritante da VA
-
Afastar doenças respiratórias prévias
-
Doença arrastada apesar do tratamento com
broncodilatadores e corticoide inalado
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Pneumonite aspirativa