Difusionismo Aula 07 Profª Karina Oliveira Bezerra Origem • O difusionismo predominou no período entre 1900 e 1930, mas foi na década de 20 que obteve sua maior aceitação e popularidade. • O termo difusionismo foi empregado pela primeira vez em 1930 para “designar a corrente antropológica que procurava explicar o desenvolvimento cultural através do processo de difusão de elementos culturais de uma cultura para outra, enfatizando a relativa raridade de novas invenções e a importância dos constantes empréstimos culturais na história da humanidade”. • Procuraram dar aos métodos da Antropologia Cultural maior rigor cientifico, desenvolvendo várias técnicas de pesquisa de campo, principalmente a observação participante. • Conhecido também pelo termo historicismo Escolas Difusionistas • Difusionismo inglês ou hiperdifusionismo: • Caracteriza-se pelo dogmatismo e atitude anticientífica. • Existia apenas um centro cultural(difusão heliocêntrica), do qual todos os traços culturais eram difundidos. Atribuiu ao Egito o local único da origem da cultura. • Acreditava que a cultura do mundo todo era idêntica, em consequência da difusão cultural. • Difusionismo Alemão-Austríaco ou histórico-cultural • A cultura humana ter-se-ia desenvolvido em alguma parte do interior da Ásia (centro de cultura) e daí se difundiu para as mais longínquas partes do mundo. • Traços culturais difundiam-se em círculos para outras regiões e pessoas através de centros culturais variados. • Seus autores não fizeram qualquer tentativa para demonstrar como eles se originaram, quando e onde existiram como entidades do passado e como se teriam difundido em áreas tão distantes. Ambos grupos afirmavam que povos que não possuíam traços que podiam ser considerados civilizados haviam degenerado e perdido os mesmos. Difusionismo Norte-Americano ou historicismo • Tentativa de entender a natureza da cultura a partir da origem dos traços culturais, e da expansão destes de uma sociedade para outra. • Franz Boas (1858-1942) • Era oriundo de uma família judia alemã. Sensível a questão do racismo, ele mesmo fora vítima do anti-semitismo de alguns de seus colegas de universidade. • Estudou em diversas universidades da Alemanha, primeiramente cursando física, depois matemática e finalmente geografia (física e humana). • Em 1883/84, ele participou de uma expedição entre os Esquimós da terra de Baffin. Ele partiu como geógrafo, com preocupações de geógrafo (estudar o efeito do meio físico sobre a sociedade esquimó) e percebeu que a organização social era determinada mais pela cultura do que pelo ambiente físico. Retornou à Alemanha decidido a se consagrar, a partir de então, principalmente à antropologia. • Franz Boas enfatizava que traços culturais não deviam ser vistos como casualidade, mas como períodos de um processo histórico relativamente único, que se originaria de uma primeira introdução de um traço cultural, até a origem do mesmo tornar-se obscura. • Ele buscou entender os traços culturais por dois processos históricos: a difusão e a modificação. • Para Boas, a Cultura consistia de incontáveis linhas de costura afrouxadas, de origens indeterminadas (originada em regiões distintas), mas que estavam entrelaçadas entre si para ajustar-se em um novo contexto cultural. A partir deste pensamento ele defendia que elementos distintos de diversas culturas passariam a estar interrelacionados com o passar do tempo. • Ele desenvolveu a ideia de que cada cultura tem uma história particular. Cada cultura estaria associada à sua própria história, e para compreender a cultura é preciso reconstruir a história. • Nega que as condições geográficas sejam determinantes da cultura; elas podem estimular as condições culturais existentes, mas não possuem força criativa. • Várias formas de pensamento e ação considerados universais são na verdade características de uma cultura específica. Cabe à antropologia estudar justamente esta variedade das culturas. • Kroeber • Área cultural: para definir área cultural estabeleceu uma série de itens, cada um em sua própria cultura, a fim de poder comparar e analisar as relações históricas entre as diferentes populações estudadas. • Wissler (1870-1947) • Área de idade: a análise de áreas, onde se difundiram traços e complexos, permite verificar a idade desses elementos, uns em relação aos outros, no âmbito da mesma região. • Segue-se, assim, que se dois traços de uma mesma fonte se difundiram por áreas desiguais, aquele que for encontrado mais distante será o mais antigo. • Padrão cultural: o agrupamento de complexos e traços, que formam uma organização maior, de feições distintas, que caracterizam uma cultura. Aspectos negativos e positivos • Aspectos negativos: • É difícil demonstrar que uma inovação teve um ponto de partida único. Muitas invenções e ideias culturais podem ter sido descobertas ou ter evoluído independentemente . • Excessivo tratamento unitário da cultura, relegando os aspectos universais da mesma. • Determinismo cultural ou tratamento que considerava o indivíduo o elemento passivo no qual a cultura, elemento ativo, seria impressa. • Aspectos positivos: • Acentuou a identificação dos elementos componentes da cultura mediante observação objetiva e trabalhos de campo. • Salientou a identidade de uma cultura e a necessidade de estudos de culturas específicas em termos dos comportamentos básicos em causa. • Impôs normas críticas à reconstituição histórica. Postulados básicos 1. Método histórico: reconstituição histórica, que observa o passado e o presente. 2. Pesquisa de campo: altamente aplicada na coleta de número considerável de dados, principalmente primários. 3. Formulação de conceitos: enriquecimento da teoria e surgimento de vários termos e conotações especificas. Resumo • Esta teoria que trata do desenvolvimento de tecnologias e culturas, sustenta que certas inovações provem de uma cultura específica, para depois serem difundidas das mais diversas formas deste ponto inicial. • Exemplo: imaginemos que a roda foi criada num tempo e local particular para, a partir daí, ser passada para povos vizinhos por imitação, conquista militar ou mesmo simples negociação, sendo assim difundida à outras culturas, mas mantendo sua origem. • Da mesma forma poderia citar religiões, artes, engenharias e arquiteturas e outros aspectos da cultura humana. • Existe no difusionismo uma dificuldade, certas vezes extrema, para provar que uma inovação teve um único ponto de partida, pois muitas criações e idéias podem ser descobertas ou evoluir independentemente. • No entanto a difusão cultural é fato na história geral e talvez o melhor modelo para, arqueologicamente falando, associar e explicar.