Disciplina de Pediatria
Bruno Nascimento dos Santos n°12
Giardíase





Protozoário flagelado (Giardia
lamblia)
Habita preferencialmente porções mais
altas do intestino delgado
2 formas: trofozoítos e cistos ( disseminação, viabilidade
de 3 meses em ambientes úmidos e resistentes à
cloração)
Transmissão: direta (pessoa a pessoa) ou indireta
(ingestão de água ou alimentos crus contaminados)
Cistos: eliminados de forma não constante nas fezes
(desaparece de 7 a 10 dias)
Giardíase - epidemiologia
Maior prevalência em grupos sociais com condições
precárias de vida
 Susceptibilidade à infecção com manifestações clínicas
parece decrescer com a idade e aumentar com a carga
de parasitas ingerida
 Desnutrição primária: etiologia importante para diarréia
crônica

Giardíase – quadro clínico
Diarréia aguda autolimitada até diarréia crônica
acompanhada ou não de má absorção
 Quadro agudo: início abrupto, com fezes líquidas,
explosivas e fétidas, distensão abdominal, náuseas,
anorexia, vômitos e cólicas abdominais
 Quadro crônico: persistência ou recorrência de diarréia
leve ou moderada (levando à distensão abdominal e
esteatorréia) com períodos de fezes normais ou
ressecadas

Giardíase – diagnóstico
Exame microscópico direto das fezes ou fluido jejunal (
trofozoítos e cistos) – coleta de 3 amostras em dias
alternados
 Detecção de antígenos de G. lamblia nas fezes por
meio de exames imunoenzimáticos
 Entero-Test: cápsula gelatinosa com fio delgado
deglutida que permite obtenção de amostras no suco
duodenal

Giardíase – tratamento



Assintomáticos não é recomendado (contatos
domiciliares com grávidas, em pacientes com
hipogamaglobulinemia e fibrose cística)
1º escolha: metronidazol, tinidazol (dose única, baixa
aceitação em suspensão), secnidazol (dose única,
melhor aceitação em suspensão) e nimorazol
Quimioterápico furazolidona apresenta índices de cura
mais baixos (80%) mas tem um custo menor
Amebíase





2 gêneros: Entamoeba histolytica
(patogênica) e Entamoeba dispar
(portadores sadios)
Disseminação dependente de
fatores de higiene
Transmissão: ingestão de água ou alimentos crus
contaminados com cistos da E. histolytica, pessoa a
pessoa devido a presença de fezes contaminadas nas
mãos, adubo contaminado com fezes humanas e
insetos
Doença: causada pelos trofozoítos que habitam porções
do íleo e intestino grosso (IG) com eliminação de cistos
pelas fezes e contaminação do ambiente
Pode evoluir para forma invasora: destrói parede do IG
com destruição de tecidos e formação de úlceras
Amebíase – quadro clínico
Forma mais comum: assintomática (90% das infecções
por E. histolyitica e todas por E. dispar)
 Colite amebiana não-disentérica: surtos de diarréia
alternados com períodos de melhora, quando fezes se
tornam normais ou ressecadas
 Colite amebiana disentérica: tríade constituida por
evacuações frequentes com muco e sangue, cólicas
abdominais e tenesmo. Não mais que 10
evacuações/dia. Temperatura normal ou menor que
38°C
 Progressão doença: colite fulminante com ulceração de
colo e da área perianal e mais raramente, perfuração
intestinal
 Quadro mais comum em crianças: febre alta, distenção
abdominal, irritabilidade e às vezes, taquipnéia e
hepatomegalia

Amebíase – diagnóstico




Considerar diagnóstico: diarréia com muco e sangue,
abscesso hepático e quadro clínico com febre alta, dor
abdominal no QSD e distensão abdominal ou taquipnéia
E. histolytica no exame de fezes ou de fragmentos
obtidos por biópsia. Em fezes formadas, pesquisa de
cistos
Testes sorológicos: formas invasivas
US e TC: abscessos hepáticos e em outros locais extraintestinais
Amebíase – tratamento
Etofamida e teclosam: ação direta sobre o protozoário,
não são absorvíveis e eficazes na luz intestinal)
 Tetraciclina e eritromicina: alteram flora intestinal
necessária a sobrevivência sendo eficazes na luz e
parede intestinal
 Emetina, desidroemetina e cloroquina: luz e parede
intestinal além do fígado
 Metronidazol, tinidazol e secnidazol: eficácia em todas
as localizações

Amebíase – tratamento




Todos pacientes, mesmo assintomáticos devem ser
tratados
Colite disentérica ou não disentérica: metronidazol
tinidazol ou secnidazol e um de ação luminal exclusivo
Abscesso hepático a droga de escolha é metronidazol
Diagnóstico de cura exige confirmação laboratorial
Criptosporidiose






Agente etiológico: Cryptosporidium
Coccídio intracelular que infecta o
epitélio gástrico e respiratório e
contaminação ocorre por meio de
oocistos eliminados nas fezes do homem ou de animais
infectados
Transmissão: via fecal-oral, inalação(?)
Resiste à cloração e à filtragem habitual das águas de
abastecimento público
Período de incubação: 2 a 14 dias
Até 5 semanas após quadro de diarréia aguda existe
eliminação assintomática de oocistos nas fezes
Criptosporidiose – quadro clínico
Diarréia em imunocompetentes é autolimitada e benigna
 Alguns casos: febre, vômitos, dor abdominal e
desidratação
 Quadro clínico tende a ser mais grave em crianças
pequenas, nos desnutridos e nos imunodeprimidos
 Imunodeprimidos: comprometimento das vias
respiratórias, sem diarréias, associada com quadros de
tosse, taquipnéia, sibilância, laringite e rouquidão

Criptosporidiose - diagnóstico

Identificação de oocistos nas fezes, escarro, lavado
brônquico e na biópsia pulmonar
Criptosporidiose – tratamento


Imunocompetentes: não há medicação específica,
apenas fluidoterapia adequada
Imunodeprimidos: hidratação, Paromomicina,
Azitromicina (diminuição da eliminação de oocistos nas
fezes e melhora do quadro clínico em pacientes com
AIDS)
Ancilostomíase






Agentes etiológicos:Ancilostoma
duodenale e Necator americanus
Jejuno (vilosidades): anticoagulante → sangramento
determinando anemia e sintomas
intestinais
Necator Americanus: via percutânea apenas
Ancilostoma duodenale: também por via oral pela
ingestão de ovos ou larvas presentes em água ou
alimentos contaminados
Ciclo: larvas penetram pele→ ciclo de Loss (pulmonar)
→ deglutidas → adultos no duodeno e jejuno
Larvas destruídas por destruídas pelo calor,
ressecamento e frio
Ancilostomíase – quadro clínico





Depende do estado de nutrição do indivíduo infectado e
da carga parasitária
Leve em bem nutridos: oligossintomáticas
Desnutridos: anemia ferropriva, hipoalbuminemia pela
enteropatia com perda de proteína e má absorção
Manifestações agudas: prurido intenso, edema, eritema
e erupção papulo vesicular que dura até 2 semanas
pela penetração da larva, síndrome de Loeffler
(pneumonia intersticial) e ulcerações com hemorragias
Clinicamente: abdominal, diarréia profusa, enterorragia
ou melena e anemia (cansaço, sonolência, anorexia,
pele descorada, geofagia)
Ancilostomíase – diagnóstico
Diagnóstico laboratorial é feito pelo exame de fezes
 Desnutridos: anemia ferropriva, hipoalbuminemia pela
enteropatia com perda de proteína e má absorção
 Hemograma: anemia microcítica hipocrômica, podendo
ocorrer leucocitose com eosinofilia na fase aguda

Ancilostomíase – tratamento
Mebendazol, albendazol e pamoato de pirantel
 Tratar anemia (sulfato ferroso)
 Esquemas terapêuticos: Mebendazol 100mg/dose, 2
vezes ao dia, durante 3 dias, VO, distante das refeições.
Pamoato de pirantel 20 mg/kg/dia, durante 3 dias, VO,
dose única. Albendazol criança com mais de 2 anos e
adultos: 400mg/dia, VO, dose única.
 Controle de cura deve ser feito uma semana após o
término do tratamento, com repetição após prazo igual

Ascaridíase






Agente etiológico: Ascaris
lumbricoides
Vermes adultos habitam o intestino
delgado, jejuno e íleo (ovos)
Contaminação: solo contaminado, em locais de
defecação promíscua
Sobrevivem a condições ambientais
desfavoráveis (2 anos em T de 5 a 10ºC, por 2
semanas a 22ºC, mas destruídos após exposição a luz
solar por 12 h)
Infecção: ingestão de ovos que contêm larvas na fase
infectante e que são levados à boca com os alimentos
contaminados, legumes e verduras cruas, água ou
poeira
Postura ovos após 2 ou 3 meses após infecção
Ascaridíase – manifestações clínicas



Pneumonia intersticial e asma brônquica, com sinais de
insuficiência respiratória e sintomas gerais (febre,
cefaléia, mal estar) – Sd de Loeffler até tolerância à
presença do parasita
Crianças desnutridas: desconforto e dor abdominal vaga
ou cólicas em região epigástrica ou periumbilical,
acompanhada e náuseas e as vezes, diarréia
Outros sintomas: flatulência, meteorismo, anorexia,
digestão difícil, irritabilidade, cefaléia, emagrecimento,
manifestações alérgicas e agravamento da desnutrição
Ascaridíase – diagnóstico

Feito facilmente pela identificação do parasita ou de
seus ovos o exame de fezes
Ascaridíase – tratamento
Escolha: levamisol (não age em outras parasitoses) e
albendazol
 Ascaridíase e enterobiose: pamoato de pirantel
 Parasitoses múltiplas, mebendazol por 3 dias
consecutivos
 Esquemas terapêuticos: Tetramisol < 2 anos: 40mg, 2-8
anos: 80mg, >8 anos: 150mg, VO, dose única à noite
antes de deitar. Pamoato de pirantel: 10mg/kg/dia, VO,
dose única, qualquer horário. Mebendazol: 100mg/dose,
2 vezes/dia, durante 3 dias, VO, distante das refeições.
Albendazol: Criança > 2 anos e adultos: 400mg/dia, VO,
dose única.

Enterobíase (Oxiuríase)
Agente etiológico: Enterobius
vermicularis ou Oxiurus
vermicularis
 Parasitam o ceco, colo ascendente,
apêndice e reto
 Incidência: condições higiênicas, não dependendo do
nível socioeconômico com maior prevalência em préescolares e escolares
 Transmissão resulta da presença de ovos na região
perianal, pois as fêmeas, após fecundação, migram do
intestino grosso para reto e ânus, onde depositam ovos
já embrionados (noite) – prurido
 Após ingestão do ovo, há liberação da larva no
duodeno, que alcança o íleo e origina o verme adulto

Enterobíase – manifestações clínicas
Maioria dos casos: assintomática
 Dor abdominal, diarréia, náuseas e, raramente, vômitos
(fixação do verme à mucosa intestinal)
 Reto: evacuações mucossanguinolentas e tenesmo
 Principal sintoma: prurido anal e/ou vulvar, favorecendo
a auto-infecção acompanhado de irritabilidade e insônia

Enterobíase – diagnóstico


Dados epidemiológicos e clínicos, principalmente pela
queixa de prurido anal
Swab anal: presença de ovos
Enterobíase – tratamento




Pessoas infectadas da família ou agrupamento
institucional
Pamoato de pirvínio, pamoato de pirantel, mebendazol e
albendazol
Esquemas terapêuticos: Mebendazol 100mg/dose 2
x/dia por 3 dias VO, distante das refeições Repetir após
2 semanas; Albendazol 400mg/dia VO dose única para
maiores de 2 anos. repetir após 2 semanas; Pamoato
de Pirantel 10 mg/kg/dia VO dose única. repetir após 2
semanas; Pamoato de pirvínio 10mg/kg/dia, VO, dose
única, pela manhã. Repetir após 2 semanas
Controle: uma semana após o término da medicação,
repetindo-se outro exame dentro de uma semana
Estrongiloidíase





Agente etiológico: Strongyloides
stercoralis
Brasil: taxa média de prevalência é
de 20 %
Infecção: penetração ativa de larvas filarióides (forma
infectante) através da pele que, após atingir a
circulação, realizam ciclo de Loss e após deglutidas
habitarão a mucosa duodenal e jejunal
Pode ocorrer a penetração da larva ainda nos
segmentos inferiores do cólon (auto-infecção interna) ou
na região perianal (auto-intecção externa)
As larvas (rompimento de ovos fecundados) são
liberadas ainda no intestino e alcançam o meio externo
com as fezes
Estrongiloidíase – quadro clínico




Formas assintomáticas até agudas sintomáticas e
crônicas hiperinfecciosas – disseminação larvária por
todo o organismo (imunodeprimidos)
Manifestações cutâneas: geralmente despercebidas
Manifestações gastrointestinais: diarréia ou disenteria
crônica, acompanhadas de dor abdominal epigástrica e
queimação
Formas graves: alteração da mucosa intestinal, diarréia
grave e esteatorréia (má absorção)
Estrongiloidíase – diagnóstico


Pesquisa de larvas nas fezes
Teste sorológico de IgG específica para o verme
(cuidado com falsos positivos)
Estrongiloidíase – tratamento




Todos os indivíduos com estrongiloidíase
(principalmente antes de tratamento imunossupressor)
Tiabendazol, o cambendazol e o albendazol
Esquemas terapêuticos: Albendazol 400mg/dia VO por 3
dias para maiores de 2 anos; Cambendazol 5mg/kg/dia
VO dose única; Tiabendazol 25-50mg/kg/dia VO após
refeições 2x/dia por 2 dias (na hiperinfecção, tratamento
mais prolongado)
Como a eliminação das larvas é cíclica, o controle de
cura deve ser feito por meio de pelo menos 3 exames
negativos, 7, 14 e 21 dias após o término do tratamento
Teniase





Agente etiológico: Taenia solium
(porco) e Taenia saginata (boi)
Ingestão de carne crua ou
malcozida contendo cisticercos que representam as
formas larvárias dos parasitas
Parasitas: intestino delgado
Ingestão dos ovos de Taenia solium pode causar
cisticercose no homem podendo levar a quadros
neurológicos graves
Homem contamina o ambiente e os animais infectam-se
ao ingerir os ovos (hospedeiros intermediários)
provenientes dos proglotes grávidos
Teniase – quadro clínico
Sintomatologia: escassa na maioria dos casos
 Queixa mais frequente é o desconforto causado pela
migração de proglotes pelo ânus (saginata) ou o
encontro de vermes pequenos e chatos nas fezes
 Podem ocorrer náuseas, vômitos e diarréia. também
podemos ter alteração do apetite (fome exagerada ou
inapetência), perda de peso, astenia ou irritabilidade

Teniase – diagnóstico
Pesquisa de ovos ou proglotes nas fezes
 Importante se confirmar a espécie da tênia pelo risco do
portador da T. solium desenvolver cisticercose por autoinfecção

Teniase – tratamento
Praziquantel é a droga de primeira escolha
 Esquema terapêutico: Praziquantel 100mg/kg dose
única; Mebendazol 200mg/dose 2 x/dia por 4 dias VO
(contra-indicado para menores de 1 ano); Albendazol
400mg/dia VO por 3 dias para maiores de 2 anos
 Orientar para observar se há eliminação de proglotes
por 5 semanas (T. solium) ou por 3 meses (T. saginata)
para se verificar a cura

Tricocefalíase





Agente etiológico: Tricocephalus
trichiurus
Localiza-se no intestino grosso,
ceco, colo ascendente, apêndice
e última porção do íleo
Prevalência maior em regiões quentes e úmidas e
acomete preferencialmente escolares
Infecção ocorre pela ingestão de ovos embrionados que
se desenvolvem no solo e contaminam alimentos, água,
mãos e objetos
Os ovos são eliminados com as fezes para o meio
ambiente onde as larvas infectantes se desenvolvem
dentro dos ovos, após 3 semanas
Tricocefalíase – quadro clínico



Diarréia crônica é o quadro mais frequente (deficiência
de reabsorção de água no cólon)
Variadas e dependem da intensidade da infecção,
variando desde quadro assintomático ou manifestações
digestivas vagas e pouco características, até os casos
graves com diarréia crônica, disenteria, enterorragia,
anemia microcítica hipocrômica e prolapso retal
Anorexia, insônia, apatia, irritabilidade e sintomas
alérgicos
Tricocefalíase – diagnóstico

Demonstração de ovos nas fezes, ou em caso de
prolapso retal com os vermes aderidos à mucosa, como
fios de linha
Tricocefalíase – tratamento
Esquemas terapêuticos: Pamoato de oxipirantel 6 a 8
mg/kg/dia, VO, dose única, após refeição. Mebendazol
100mg/dose, 2 vezes por dia, durante 3 dias, VO, após
período de jejum. Albendazol crianças > 2 anos,
400mg/dia, VO
 O controle de cura deve ser feito uma semana após o
término do tratamento e repetido dentro de mais uma
semana

Referências bibliográficas
Pediatria Básica: pediatria clínica geral, tomo II.
MARCONDES, Eduardo et al. – 9ª edição – São Paulo:
SARVIER, 2003
Download

Parasitoses intestinais