A saúde das mães e crianças brasileiras Cesar Victora Epidemiologia UFPEL Série Lancet Brasil A Saúde dos Brasileiros (Lancet, 2011) 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 OBJETIVO DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013* Óbitos por mil nascidos vivos Queda na mortalidade infantil Fonte: MS/SVS/CGIAE - SIM/Sinac * 2013 preliminar Persistência da mortalidade materna 160 RMM-corrigida 140 RMM-corrigida/suavizada 120 100 80 60 40 OBJETIVO DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO 20 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 0 Aumento da cobertura entre os pobres 7 (Quase) Erradicação da subnutrição Dados de inquéritos nacionais Sem dados desde 2006/7 Como explicar o progresso alcançado? • Progresso nos determinantes sociais do processo saúde-doença • Evolução das políticas e serviços de saúde • Programas verticais de controle de doenças • Políticas públicas em outros setores Pelotas, RS População = 340,000 Área relativamente pobre no Sul do Brasil Pelotas As coortes de Pelotas 1982 1993 2004 2015 Distribuição de renda familiar 1982 1993 2004 2015 50 45 40 35 30 % 25 20 15 10 5 0 <=1 1.1 - 3.0 3.1 - 6.0 6.1 - 10.0 Renda familiar em salários mínimos >10.0 As mães Pelotas 1982-2015 Escolaridade média (anos) Escolaridade (anos) 1982 12 10 8 6 4 2 0 1993 2004 2015 Mães adolescentes 1982 1993 2004 2015 30 25 17 19 20 15 % 15 13 10 5 0 <=1 1.1 - 3.0 3.1 - 6.0 6.1 - 10.0 Renda familiar (SM) >10.0 Todas Fumo durante a gravidez 1982 50 45 40 35 30 % 25 20 15 10 5 0 1993 2004 2015 36 33 25 17 <=1 1.1 - 3.0 3.1 - 6.0 6.1 - 10.0 Renda familiar (SM) >10.0 Todas Altura materna Altura (cm) 1982 170 160 150 140 130 120 110 100 1993 2004 2015 160 156 <=1 1.1 - 3.0 3.1 - 6.0 6.1 - 10.0 Renda familiar (SM) >10.0 162 159 Todas IMC pré-gestacional (kg/m2) <18,5 100% 80% 18,5 - <25,0 4.4 4.9 17.7 17.5 25,0 - <30,0 10.7 >30,0 18.9 23.1 28.1 60% 40% 20% 0% 1982 1993 2004 2015 As mães, de 1982 a 2015 Mais ricas Maior escolaridade Menos adolescentes Mais velhas Mais altas Menos fumantes Mais pesadas Os recém nascidos Pelotas 1982-2015 Baixo peso ao nascer (<2500 g) 10 9.8 10.0 10.0 1993 2004 2015 9.0 8 6 % 4 2 0 1982 Baixo peso ao nascer por renda 1982 1993 2004 2015 16 14 12 10 8 6 4 2 0 <= 1.0 1.1 - 3.0 3.1 - 6.0 6.1 - 10.0 Renda familiar (SM) >10.0 Nascimentos pré-termo (<37 semanas) 20.0 20 14.5 15 Obs: Dados de 2015 são muito preliminares 11.4 % 10 6.3 5 0 1982 1993 2004 2015 Cesarianas 70 63,7 60 50 45,2 40 30 27,7 30,5 20 10 0 1982 1993 2004 2015 Cesarianas por renda 1982 1993 2004 2015 100 80 % 60 40 20 0 <=1,0 1.1 - 3.0 3.1 - 6.0 Renda familiar (SM) 6.1 - 10.0 >10.0 Os recém nascidos, de 1982 a 2015 Menor peso ao nascer Mais prematuros Maior proporção de cesarianas Menor mortalidade infantil 36 por mil em 1982 <15 por mil em 2015 Desafios atuais Mortalidade materna Prematuridade Cesarianas Obesidade infantil Tendência temporal na mortalidade materna 160 RMM-corrigida 140 RMM-corrigida/suavizada 120 100 80 60 40 OBJETIVO DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO 20 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 0 Por que continua alta a mortalidade materna? Ilegalidade do aborto Má qualidade da atenção pré-natal e ao parto Importantes diferenças étnicas e sociais Aumentos na diabete, hipertensão e obesidade entre gestantes Aumento na taxa de cesarianas Mortalidade materna esperada com a taxa de cesarianas do ano 2000 (38%) 100.0 90.0 RMM por 100.000 nascimentos 80.0 70.0 60.0 50.0 40.0 OBJETIVO DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO 30.0 20.0 10.0 0.0 2000 2001 2002 2003 RMM observada 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 RMM prevista sem aumento de cesáreas 2012 2013 2012 = 11,7% (SINASC, dados corrigidos) Nascimentos pré-termo Brasil tem uma das maiores taxas no mundo, a qual continua aumentando Bebês pré-termo representam metade de todas as mortes infantis no Brasil Tendências na prematuridade, Brasil 14% Prevalência de pré-termos 13% 12% 11% 10% 9% Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 8% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 13 Cesarianas e prematuridade, Brasil, 2011 DF MG SP RS 12 RJ PR GO AP BA ES MS SC SE 11 CEPE RN AL MT PA PI RR AM MA AC TO PB 10 RO 30 40 50 % Cesariana 60 Intervalo de confiança de 95% Valores ajustados % de cesariana e de recém-nascido pré-termo 70 Cesarianas 2013 = 56,7% (SINASC) Brasil é o recordista mundial e taxas continuam crescendo em 1-2 pontos percentuais ao ano 10 municípios com as mais altas taxas de cesarianas (2012) Município Votuporanga (SP) Matão (SP) Lorena (SP) Barretos (SP) São José do Rio Preto (SP) Ubá (MG) Uberlândia (MG) Ituiutaba (MG) Varginha (MG) Guaratinguetá (SP) % 91% 90% 90% 89% 86% 86% 85% 85% 85% 84% Apenas municípios com >1000 nascimentos anuais Médicos com 100% de cesáreas OBSTETRA ABRAO ELIAS ABDALLA ADAMOR MARQUES MALHEIROS NETO ADAMOR MARQUES MALHEIROS NETO 96951 ADRIANA MENEGHETTE ZATTA ADRIANA MENEGHETTE ZATTA 70285 ADRIENNE PRATTI LUCARELLI ADRIENNE PRATTI LUCARELLI 82173 AGNES R YAU AGNES RODRIGUES YAU AGNES RODRIGUES YAU 46058 AISI FMIT HOSPITAL ESCOLA ALBERTO ATSUHIRO YAMAMURA ALBERTO ATSUHIRO YAMAMURA ALBERTO ATSUHIRO YAMAMURA 76278 ALBERTO D'AURIA ALBERTO FRANCISCO ALBERTO GLEBOCKI ALBERTO GLEBOCKI 33047 ALBERTO JORGE DE SOUSA GUIMARÃES CONVÊNIO BRADESCO BRADESCO UNIMED BRADESCO UNIMED BRADESCO UNIMED AMIL BLUE 50 BRADESCO UNIMED BRADESCO BRADESCO BRADESCO UNIMED AMIL BLUE 50 AMIL BLUE 50 BRADESCO UNIMED AMIL BLUE 50 TAXAS DE CESÁREA 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 90.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 100.00% 50.00% 82% dos obstetras paulistanos não fazem nenhum parto vaginal Consequências em longo prazo Obesidade infantil Imagens tridimensionais das crianças da coorte de 2004, Pelotas Sobrepeso/obesidade aos 4 anos Coortes de Pelotas 14 12.2 % crianças 12 10.5 10 8 6 4.9 4 2 0 1986 1997 2008 Coortes de Pelotas de 1982, 1993 e 2004 Desafios Persistência das desigualdades socioeconômicas, étnicas e geográficas Práticas culturais Sub-financiamento do SUS e má qualidade da atenção Lobbies Indústria de alimentos Setor privado da saúde Corporativismo Grupos religiosos