Síndrome de Rett e a multifacetada relação entre genótipo e fenótipo Biologia do Desenvolvimento Elaborado por: Margarida Martins nº27911 Licenciatura em Biologia Humana Raquel Ferreira nº 27888 (2ºano, 4ºsemestre) 28 de Junho de 2012 Docente responsável: Paulo de Oliveira O que é a Síndrome de Rett? Síndrome de Rett (RTT) Prevalência • 1:10,000 a 22,000 raparigas Causa genética mais comum de atraso mental no sexo fem. Doença grave e progressiva do neurodesenvolvimento Afeta o crescimento pós-natal •Logo a seguir à Síndrome de Down Afecta quase exclusivamente o sexo fem. • Menos de uma dúzia de casos presumíveis em ind. do sexo masc. O que é a Síndrome de Rett? cognitiva autonómica sensorial RTT causa problemas em funções cerebrais emocional motora Sintomas aparecem após um período de desenvolvimento aparentemente normal, que vai desde os 6 até aos 18 meses de vida! O que é a Síndrome de Rett? Codifica a proteína MeCP2 (methyl-CpG-binding protein) Gene MeCP2 Mutações neste gene: ≅ 90% dos casos de RTT Está envolvido no silenciamento da transcrição através da metilação do DNA Encontra-se particularmente abundante no cérebro e está associada com a maturação do SNC e na formação de sinapses O que é a Síndrome de Rett? MeCP2 não funciona corretamente em indivíduos com RTT quantidades insuficientes ou formas estruturalmente anormais da proteína são produzidas Causando assim a expressão anormal de outros genes O que é a Síndrome de Rett? Mais de 95% dos casos: Mutações de novo (esporádicas) Casos esporádicos da RTT Gene MeCP2 mutado é derivado do cromossoma X de proveniência paterna Porquê ??! (haver maior nº de div. celulares na linhagem germinativa masculina) Manifestações clínicas Microcefalia Atraso na aquisição de novas competências Apraxia Regressão neurológica precoce Ausência de fala Ataxia Perda do controlo voluntário de capacidades de manipulação Surgimento de “características autistas” [Smeets et al., 2012] Manifestações clínicas Critérios para o diagnóstico da RTT. [Neul et al., 2010] Variantes da Síndrome de Rett e diferentes diagnósticos Alguns indivíduos Contudo … Não tinham mutações no gene MeCP2 Apresentavam RTT !!! Variantes da Síndrome de Rett e diferentes diagnósticos Em cerca de 10% dos casos de RTT estudados verificaram-se mutações CDKL5 NTNG1 FOXG1 Variantes da Síndrome de Rett e diferentes diagnósticos Associação de distúrbios do desenvolvimento neuronal com classes específicas de mutação do MeCP2. [Gonzales, et al. 2010] Estrutura e função do MeCP2 Domínio de ligação ao metil CpG (MBD) Liga-se especificamente à 5-metilcitosina em todo o genoma Domínio de repressão de transcrição (TRD) Interage com as desacetilases de histonas e com o co-repressor silenciador da transcrição Sin3A 2 sinais de localização nuclear Mendeiam o transporte da proteína MeCP2 para o núcleo Carboxilo Terminal Facilita a ligação ao núcleo dos nucleossomas Estrutura e função do MeCP2 Função normal do gene MeCP2. [Matijevic, et al. 2008; Van den Veyver, et al. 2000] Correlações Genótipo-Fenótipo Domínio Modificação do Aminoácido R106W MBD R133C T158M Tipo de mutação Fenótipo missense RTT Clássica missense RTT Clássica, RTT atípica; PSV RTT Clássica, RTT atípica; PSV RTT Clássica, RTT atípica missense nonsense Entre MBD e TRD R168X R255X nonsense R270X nonsense RTT Clássica, RTT atípica RTT clássica R294X nonsense RTT Clássica, PSV missense RTT Clássica, RTT atípica; PSV RTT clássica TRD R306C Terminal Carboxilo E392X frameshift E397K Polimorfismo T445T silenciosa RTT, pai e irmã normais RTT atípica Adaptado de Weaving et al. (2003). PSV: RTT com preservação da fala. As mutações a negrito são as mais frequentes. Note-se que as mutações no MBD não são todas missense. Correlações Genótipo-Fenótipo A título de curiosidade … • Amir et al. (2000) demonstraram a existência de uma correlação positiva: Entre mutações nonsense e anomalias na respiração Entre mutações missense e a escoliose Correlações Genótipo-Fenótipo A título de curiosidade … Robertson et al. (2006) demonstrou que: “Comportamentos” da mão Equilíbrio e o humor • R270X • R255X • R294X Efeito da Inativação do Cromossoma X Inativação do cromossoma X Objetivo da inativação Ocorre aleatoriamente na dif.emb. no sexo fem. Resultando em células mosaico de acordo com o crom.X ativado. • Igualar os produtos dos genes X ligados ao sexo feminino XX aos produtos ligados ao sexo masculino XY • (mecanismo de compensação de dose). Efeito da Inativação do Cromossoma X Num estudo foi demonstrado que 91% dos doentes com RTT clássica: inativação aleatória do crom.X 9%: inativação não aleatória/preferencial do cromossoma X. Estes últimos foram associados a fenótipos ligeiros. Gene mutado ao estar inativado protege contra os efeitos nocivos das mutações Raparigas portadoras, mas que são assimtomáticas ou que apresentam dificuldades de aprendizagem leves, também apresentam inativação aletória do crom.X Síndrome de Rett no sexo masculino Moisaicismo somático Alteração do gene em apenas algumas das suas células Indivíduo intersexo Uma parte das células: genótipo mutado Restantes: genótipo normal Síndrome de Klinefelter (47, XXY) Síndrome de Rett no sexo masculino convulsões infeções respiratórias de recorrentes Outros fenótipos Duplicação total do MeCP2 ausência de desenvolvimento da fala deficiência mental grave Síndrome de Rett no sexo masculino Casos curiosos … • Existem mutações no MeCP2 que são encontradas exclusivamente em rapazes com o fenótipo da síndrome de Rett. A140V • Nunca foi relatada numa rapariga com RTT clássica. Verificouse em 4 rapazes • Todos com atrasos mentais. Síndrome de Rett no sexo masculino Rapazes RTT Clássica Mutações no gene MeCP2 Fenotipicamente Em resumo, Letalidade no sexo masculino. Mutação do MeCP2 maioritariamente de origem paterna. Padrões da ocorrência da Síndrome de Rett resultam de: Inativação do cromossoma X nas raparigas. Moisaicismo somático nos rapazes e indivíduos intersexo. Conclusão final Tipo de mutação Variabilidade dos fenotípos clínicos na RTT Resultado de interações complexas Domínio funcional afetado Backround genético Inativação do cromossoma X Obrigada pela vossa atenção. Bibliografia • • • • • • • • • • Adkins, N. L., & Georgel, P. T. (2011). MeCP2: structure and function. Biochemistry and cell biology, 89(1), 1-11. doi:10.1139/O10-112 Christodoulou, J., Weaving, L.S. (2003). MECP2 and Beyond: Phenotype-Genotype Correlations in Rett Syndrome. Journal of Child Neurology, 18(10). Gonzales, M. L., Lasalle, J. M. (2010) The role of MeCP2 in brain development and neurodevelopmental disorders. Current psychiatry reports, 12(2), 127-34. doi:10.1007/s11920-010-0097-7 Hoffbuhr, K., et al. (2001). MeCP2 mutations in children with and without the phenotype of Rett syndrome. Neurology, 56(11), 1486-95. Retrieved from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11402105 Matijevic, T., et al. (2009). Rett syndrome: from the gene to the disease. European neurology, 61(1), 3-10. doi:10.1159/000165342 Percy, a K. (2001). Rett syndrome: clinical correlates of the newly discovered gene. Brain & development, 23 Suppl 1, S202-5. Retrieved from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11738873 Robertson, L., Hall, S. E., Jacoby, P., Ellaway, C., de Klerk, N., Leonard, H. The association between behavior and genotype in Rett syndrome using the Australian Rett Syndrome Database. Am. J. Med. Genet. (Neuropsychiat. Genet.) 141B: 177-183, 2006 Smeets, E. E. J., Pelc, K., & Dan, B. (2012). Rett Syndrome. Molecular syndromology, 2(3-5), 113-127. doi:10.1159/000337637 Van den Veyver, I. B., & Zoghbi, H. Y. 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