Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Objectivos • Identificar os grupos e procedimentos de risco para profilaxia da endocardite infecciosa • Conhecer os princípios gerais da antibioterapia na EI • Compreender a influência da epidemiologia na antibioterapia da EI • Localizar as principais recomendações e consensos no tratamento da EI Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite 1. Introdução 2. Profilaxia da endocardite baseada na evidência 3. Critérios de diagnóstico 4. Princípios gerais da terapêutica antibiótica 5. Recomendações e consensos 6. Exemplos práticos 7. Key Points Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite O que é a endocardite infecciosa? • infecção microbiana do endocárdio Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite O que é a endocardite infecciosa? • infecção microbiana do endocárdio Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite O que é a endocardite infecciosa? Hill et al. Eur Heart jJ 2007 28 (2): 196. Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite O que é a endocardite infecciosa? Fontes de bacteriémia Hill et al. Eur Heart jJ 2007 28 (2): 196. Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite O que é a endocardite infecciosa? Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Epidemiologia • • Morbilidade e mortalidade elevadas Incidência constante • Idade de início mais avançada • Diminuição de factores de risco clássicos (doença valvular reumática) • Novos factores de risco • Próteses valvulares e dispositivos intracardíacos • Doença valvular degenerativa • Drogas EV • Infecção nosocomial • Hemodiálise • Microbiologia • > S. aureus e Streptococcus bovis • < Streptococcus viridans • Multirresistentes (SAMR, VRE, Streptococcus MR, Enterococcus resistentes a aminoglicosídeos) Arch Intern Med 2002;162:90-4 Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Profilaxia da EI – quem e quando? 1. Incidência de bacteriémia após procedimentos dentários e actividades da vida diária • Risco de EI em doentes com válvula nativa 1:54 000 • > probabilidade de resultar da exposição frequente a bacteriémias associadas a lavar os dentes! 2. Riscos e benefícios da profilaxia • 1 EI: 14 000 000 de procedimentos dentários – imenso nº de doentes a tratar para evitar 1 caso de EI • Profilaxia protege um nº pequeno • Riscos dos AB: alergia, emergência de resistências 3. Eficácia da profilaxia sem evidência científica • Só estudos observacionais, resultados contraditórios Doentes de maior risco submetidos a intervenções de maior risco Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Profilaxia da EI – quem e quando? ESC 2009 Valvulopatia em coração transplantado AHA 2007 Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Profilaxia da EI – quem e quando? ESC 2009 Aparelho respiratório: biópsia; aparelho GI e GU, pele: doentes com infecção activa AHA 2007 Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Profilaxia da EI – quem e quando? Amoxicilina 2g oral ou EV, 30-60 minutos antes do procedimento Alergia: claritromicina 500 mg ou clindamicina 600 mg Importante: HIGIENE ORAL Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Critérios de Duke modificados para o Diagnóstico da EI Critérios Major 1. Microbiológicos • 2 HC + para microorganismo típico de EI • Bacteriémia persistente por microorganismo consistente com EI • 1 HC + ou título >1:800 de Coxiella burnetti 2. Evidência de envolvimento do endocárdio • Insuficiência valvular de novo • Ecocardiograma positivo Critérios Minor 1. Factor predisponente (TXD, lesão cardíaca) 2. Febre >38ºC 3. Manifestações imunológicas (glomerulonefrite, nódulos de Osler, manchas de Roth, FR +) 4. HC + ou serologias que não cumprem critérios major 5. Manifestações vasculares (embolismo, enfartes pulmonares sépticos, aneurismas micóticos, hemorragia intracraneana, lesões de Janeway) Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Critérios de Duke modificados para o Diagnóstico da EI Diagnóstico definitivo Critérios anatomo-patológicos Critérios clínicos Presença de 2 critérios major ou Presença de 1 critério major e 3 critérios minor ou Presença 5 critérios minor Diagnóstico possível – Sem critérios para definitivo mas não rejeitado Diagnóstico rejeitado Outro diagnóstico explicativo do quadro clínico Resolução com antibioterapia < 4 dias Sem evidência anatomo-patológica de endocardite com antibioterapia<4 dias Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 1. 2. 3. 4. 5. Início Escolha do antibiótico Dose Duração Internamento/ ambulatório Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 1. Início No momento do diagnóstico: ANTIBIOTERAPIA EMPÍRICA, mas... 1º colher hemoculturas! 1-10 bactérias/ml até início do AB AB diminui em 35-40% identificação do agente • • 3 hemoculturas • 30-60 minutos de intervalo • periféricas, locais diferentes • 10 mL 1 tubo seco para serologia Weinstein et al 1983, Rev InfectDis 5:35-53) Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 1. Início No momento do diagnóstico: ANTIBIOTERAPIA EMPÍRICA, mas... 1º colher hemoculturas! 1-10 bactérias/ml até início do AB AB diminui em 35-40% identificação do agente • • 3 hemoculturas • 30-60 minutos de intervalo • periféricas, locais diferentes • 10 mL 1 tubo seco para serologia 5-20% EI com HC negativas •AB prévio •Microrganismos atípicos ou fastidiosos •Má técnica de colheita Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 2. Escolha do antibiótico • Antibiótico bactericida • Via parentérica Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 2. Escolha do antibiótico •Combinações de AB Aminoglicosídeos – efeito sinérgico • < duração do tratamento – Streptococcus • Erradicação de Enterococcus Rifampicina • Erradicação de S. aureus de biofilmes Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 2. Escolha do antibiótico Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 2. Escolha do antibiótico Antibioterapia empírica antibioterapia dirigida • • TSA e CIM - Streptococcus: CIM penicilina - Staphylococcus: MS vs MR - Enterococcus: CIM penicilina e resistência ao sinergismo com aminoglicosídeo Consensos e recomendações internacionais Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 3. Dose • Manter concentrações bactericidas durante todo o intervalo entre doses Níveis séricos > 4x CIM Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 4. Duração • • Defeverscência em 3-5 dias (S. aureus 5-7 dias) Prótese valvular (>= 6 semanas) > válvula nativa (2-4 semanas) Esterilização da vegetação valvular Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Princípios gerais da antibioterapia na EI 5. Internamento/ ambulatório A partir das 2 semanas de tratamento Antibioterapia parentérica em ambulatório • Doente estável (válvula nativa) - AUSÊNCIA DE: febre, IC, manifestações neurológicas, IR, alt ECG, complicações ETT/ETE, HC + • Educação do doente • Avaliação pós-alta regular: monitorização de eficácia e efeitos adversos - • enfermeiro 1x/dia; médico 1x/ semana Acesso fácil aos cuidados de saúde Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Consensos e Recomendações Internacionais Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Consensos e Recomendações Internacionais • Terapêutica AHA 2005 http://circ.ahajournals.org/cgi/content/full/111/23/e394 • Profilaxia AHA 2007 http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/CIRCULATIONAHA.106.183095v1 • Profilaxia e Terapêutica ESC 2009 http://www.escardio.org/guidelines-surveys/escguidelines/GuidelinesDocuments/guidelines-IE-FT.pdf Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite EI com Cultura Negativa • AB prévio • Microrganismos atípicos ou fastidiosos • Má técnica de colheita ANTIBIOTERAPIA EMPÍRICA Antibioterapia prévia Válvula nativa ou prótese (data da cirurgia) Epidemiologia local - Resistência - Incidência da patogénios com cultura negativa Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite EI com Cultura Negativa • AB prévio - doente estável: janela AB e repetir culturas • Microrganismos atípicos ou fastidiosos ESC 2009 Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite EI Nosocomial • Início > 48h (até 6 meses) • RR EI em caso de hospitalização: 25 (27/100 000/ano) • Procedimentos invasivos, infecção de feridas ou outras situações associadas a bacteriémia • > 50% associadas a dispositivos intravasculares infectados • Taxa de mortalidade 24 a >50% • Atenção: SAMR e outros MR, fungos Bacteriémias a S. aureus – factores preditivos de EI -bacteriémia persistente HC de controlo -febre persistente -prótese valvular HillETT/ETE et al. -sem porta de entrada evidente Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite • - Caso Clínico 1 H, 54 anos Prolapso da válvula mitral com regurgitação Último procedimento dentário 1 ano antes – profilaxia Febre 2 semanas ABs empíricos em ambulatório ETT/ ETE HC: Streptococcus viridans Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite • - Caso Clínico 1 H, 54 anos Prolapso da válvula mitral com regurgitação Último procedimento dentário 1 ano antes – profilaxia Febre 2 semanas ABs empíricos em ambulatório ETT/ ETE HC: Streptococcus viridans AB dirigida Penicilina G + gentamicina x2S Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite • - Caso Clínico 2 H, 75 anos Internamento por cirurgia de neoplasia da bexiga Várias infecções nosocomiais a organismos MR HC: Staphylococcus aureus MR AVC: instalação de hemiparésia esq ETE: vegetação válvula mitral Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite • - Caso Clínico 2 H, 75 anos Internamento por cirurgia de neoplasia da bexiga Várias infecções nosocomiais a organismos MR HC: Staphylococcus aureus MR AVC: instalação de hemiparésia esq ETE: vegetação válvula mitral AB dirigida Vancomicina + gentamicina x6S Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite • Caso Clínico 3 - H, 81 anos - DM tipo 2, portador de PM - Febre - HC: Staphylococcus aureus MS - ETT/ETE AB dirigida Flucloxacilina + rifampicina x4S - Febre - HC: Staphylococcus aureus MS Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite • Caso Clínico 3 - H, 81 anos - DM tipo 2, portador de PM - Febre - HC: Staphylococcus aureus MS - ETT/ETE AB dirigida Flucloxacilina + rifampicina x4S - Febre - HC: Staphylococcus aureus MS Remoção do pacemaker AB dirigida Flucloxacilina x4S Profilaxia e Terapêutica Antibiótica na Endocardite Key Points • Reduzir profilaxia, aumentar a prevenção • Para poder tratar... Diagnosticar! • Importância das hemoculturas e do ecocardiograma • Antibioterapia empírica • Enquanto se aguarda a identificação do agente • Na EI com HC negativas • Antibioterapia dirigida assim que possível • Primeiras 2 semanas em internamento Antibióticos bactericidas por via parentérica Efeito sinérgico Aplicação de guidelines de acordo com epidemiologia local