REDE DE FORMAÇÃO BÍBLICO-MINISTERIAL II ENCONTRO REDE DE FORMAÇÃO BÍBLICO-MINISTERIAL Deus conosco e Maria história A Trindade e a pessoa humana A pessoa é interpessoalidade Protagonismo socioexistencial A pessoa e a missão A FIGURA DE MARIA NA IGREJA LATINOAMERICANA E CARIBENHA Cidades e vilarejos da América Latina e Caribe nasceram em torno de um espaço físico e de núcleos habitacionais da convivência cristã católica. Desta dinâmica destilou-se o vínculo comunitário cujo legado contribuiu na formação humana em favor do reconhecimento da dignidade de todos. A linguagem formativa sublinhava o Cristo sofredor e a figura de Maria em todas as manifestações religiosas. A devoção mariana impulsionou o surgimento de uma concatenação de cidades com relevantes práticas religiosas, cuja riqueza de significado refere-se à antropologia cristã, de modo que se poderia batizar América Latina e Caribe como o continente do rosário. A FIGURA DE MARIA NA IGREJA LATINOAMERICANA E CARIBENHA A figura de Maria representa uma opção divina revestida de graça e cheia de graça, porque o corpo do Filho é carne de Maria. Nisso, a mãe do Redentor é estrela da evangelização porque inclui sempre novos filhos e filhas (cf. DA 125) na arte de «transformar a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade» (EN 18), no acolhimento da Palavra encarnada. A figura materna da Mãe do Salvador é o horizonte afetuoso da evangelização no «Deus que se fez carne por meio de Maria, começou a fazer parte de um povo, constituiu o centro da história. Ela é o ponto de união entre o céu e a terra. Sem Maria desencarna-se o Evangelho, desfigura-se e transformase em ideologia, em racionalismo espiritualista» (DP 301). A FIGURA DE MARIA NA IGREJA LATINOAMERICANA E CARIBENHA Por isso, a comunidade cristã é gerada a partir do paradigma mariano e sua fecundidade se inscreve na fidelidade à Palavra, na geração do Redentor, fazendo-se discípula dos discípulos do Filho «por ter cooperado com seu amor» (LG 53) e por suportar a dor do coração transpassado de Cristo, testemunhou o nascedouro da família dos redimidos como «nossa Mãe na ordem da graça» (LG 61; DP 287). Como pedagoga da evangelização na América Latina, ela auxilia os cristãos a deixarem-se guiar pelo Evangelho, a plasmar suas vidas pela palavra de seu Filho (cfr. DP 290), fazendo com que a Igreja se sinta uma família (cfr. DP 295) como comunidade de comunidades. A FIGURA DE MARIA NA IGREJA LATINOAMERICANA E CARIBENHA E nesse aspecto se inerva a antropologia cristã no continente das Terras da Santa Maria. De um extremo a outro, Maria recria o ambiente familiar, estimula o acolhimento no amor e no respeito à vida. Tal perspectiva «é uma realidade tão profundamente humana e santa que desperta nos crentes as preces da ternura, da dor e da esperança» (DP 291). Por essa razão, os fiéis latino-americanos e caribenhos veneram Maria como a «serva do Senhor» (Lc 1, 38) e modelo de serviço socioeclesial de inclusão, de comunhão e de participação. A figura de Maria recorda ainda o santuário, uma referência ao evento de Aparecida, para fazer memória bíblica do tabernáculo da aliança (cfr. Ex 35,8) ou da «tenda do encontro» (Nu 4, 26), como meta visível do itinerário dos peregrinos. CONSELHO EPISCOPAL LATINOAMERICANO E CARIBENHO – CELAM LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO Horizonte referencial: A Solidariedade é originário do termo solidus era usado no direito civil, onde se justificavam as obrigações e responsabilidades nas relações entre credores e devedores. «A base da solidariedade está na realidade de uma empatia ética, a saber, sentir e assumir a condição humana como um todo em que se solidariza cada um dos seres humanos» (M. Vidal). LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO Entretanto, a lógica desta dinâmica abre o horizonte relacional da fraternidade, por que «se a empatia é a base da solidariedade, a cúpula é o partilhar. A solidariedade se realiza ao fazer com que todos os seres humanos participem do conjunto dos bens» (M. Vidal). Tal reconhecimento dá a irmandade como princípio, a fé e a solidariedade como caminhos, a Palavra e os sacramentos de comunhão como nutrientes e o acolhimento como inclusão de pessoas nas diferenças, sejam elas de diferentes raças, cores, credos, posição social, linha política e econômica, etc. LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO O significado do PROTAGONISMO O protagonismo (cf. SD 101) dos leigos não é um legado do qual se possa extrair fragmentos ou partes de uma ou de outra esfera do tecido social. Ele não é produto literal de um período histórico. Antes de tudo, o legado do protagonismo dos leigos compreende uma construção continuada de trabalhos e ministérios pastorais na base eclesial e cultural. LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO O protagonista está na intenção da práxis, na convocação dos elementos teológicos e nas manifestações das culturas. Trata-se de uma riqueza eclesial que precisa ser continuamente aprofundada. Nessa relação se encontram os protagonistas da evangelização como agentes da gênese e do nexo da cultura popular. Por isso é necessário criar instâncias de discernimento formativo em vista da conscientização que viabiliza processos de inserção continuada na comunidade eclesial. LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO A palavra protagonismo vem do grego, prôtos, primeiro, principal, o que está antes; e agonia, esforço, empenho, dedicação. Uma pessoa que ocupa uma função de destaque, com importância social. Assim, o protagonismo socioexistencial traz em si um significado de ações transformadoras e as capacidades de atuação dos grupos sociais para superar seus problemas de pobreza. Assim, esta concepção dramática, a pobreza e os males sociais do subdesenvolvimento constituem um cenário socioexistencial de adversidade que em sua dinamicidade por ser transformado. LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO O conceito de pessoa, na dinâmica socioeclesial, vai ao encontro vivo com Cristo, protótipo da pessoa. Assim, acolher sua beleza e sua identidade consiste em promover, em cada ser humano, a lúcida compreensão de que é, antes de tudo, pessoa. A comunidade cristã testemunha que os missionários protagonistas são portadores dessa condição única de pessoas, como homens e mulheres livres e sociáveis, mas não escravizados pelas leis físicas, biológicas, genéticas, sociais, culturais, mercadológicas, políticas, ideológicas, etc. O conceito de pessoa adotado nesta formação é um pequeno estrato das grandezas declaráveis na comunidade cristã sobre o ser humano, enquanto sociedade, cultura, ética, trabalho, sexualidade, dignidade-inclusão de todos incondicional e integralmente. LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO Assim, o conceito de pessoa compreende a promoção da dignidade como esplendor dos dons, das habilidades e das potencialidades no discernimento de construção à participação e à comunhão na abertura das grandezas da fraternidade, da solidariedade e da justiça. Falar de pessoa é mirar as relações humanas e sua relação para com Deus. O ser humano é pessoa, primeiramente, em relação a Deus.