LITURGIA
O que é liturgia?
• A palavra LIT-URGIA vem da língua grega:
• laos = povo e ergon = ação, trabalho, serviço,
ofício...
• Unindo os dois termos LITURGIA =
AÇÃO, trabalho, serviço do povo e
realizado em benefício do povo, isto é:
um serviço público.
• Antes desta palavra ser usada pela
Igreja, os gregos a usavam para indicar
qualquer trabalho realizado a favor do
povo e sempre realizado pelo povo, em
forma de mutirão.
– Quando abriam uma estrada, construíam uma
ponte ou qualquer trabalho que trouxesse
benefício à população, os gregos diziam:
realizamos uma liturgia.
As liturgias eram cíclicas ou extraordinárias:
– As cíclicas atribuídas por “turnos” a determinadas
famílias que eram responsáveis pela organização dos
jogos e festas (como os jogos olímpicos de 4 em 4
anos),
– as extraordinárias, provocadas por situações
particulares graves em que a cidade podia encontrarse, tendo em vista o armamento, equipamento de um
destacamento militar, ou de um navio de guerra,
enquanto durasse o conflito (+-500 a.C., Aristóteles
critica certos gastos inúteis e dispersivos, que
poderiam enfraquecer as riquezas de uma família Política 5,8).
"Liturgia" no uso religioso-cultual:
• A partir do III século a.C., o termo "liturgia"
assume o sentido religioso-cultual de culto aos
deuses; embora com menor frequência que no
uso político-civil, e feito por pessoas para isso
designadas.
• Aos poucos, no decorrer da história, a palavra
“liturgia” foi perdendo o seu significado de
serviço público, para designar qualquer serviço,
como o serviço do escravo ao patrão, de um
amigo a outro amigo, do enfermeiro ao doente...
Passando para o sentido religioso...
“Liturgia” no AT:
• O termo leitourghía, nas suas diversas formas de
expressão (no hebraico e no grego), repete-se
frequentemente na Sagrada Escritura do AT (cerca
de 70 vezes).
• Na intenção dos LXX (III a.C.), o termo adquire com
força o valor técnico para indicar o culto prestado
a Iahweh pelos sacerdotes e levitas, no seu
templo. O culto levítico enquanto tal, numa forma
determinada por um cerimonial próprio, fixado
nos livros da Lei, e reservada a essa categoria de
pessoas, (mais como termo especialmente
adequado para indicar o "modo de culto"
praticado pelos sacerdotes e pelos levitas
hebreus).
"Liturgia" no NT:
• Enquanto no AT usava mais o termo "liturgia" para
designar o culto prestado a Javé, pelos sacerdotes
e levitas; no NT muda este conceito mais
exclusivista. Aqui, o termo "Liturgia" é tomado
cumulativamente:
a)na sua forma verbal, leitourgein:
At 13,2: ... certo dia, enquanto celebravam o culto
do Senhor...
Rm 15,27: ... participaram dos seus bens
espirituais...
Hb 10,11: ... realizar suas funções e oferecer com
frequência os mesmos sacrifícios...
b) no substantivo da coisa, leitourghía:
Lc 1,23:... completados os dias do seu ministério, voltou
para casa...
2Cor 9,12;
Fl 2,7.30;
Hb 8,6; 9,21.
c) no substantivo da pessoa, leitourgós:
Rm 13,6:... são servidores de Deus...
Rm 15,16: ... de ser o ministro de Cristo Jesus...
Fl 2,25;
Hb 1,7:... e em chama de fogo os seus ministros...
Hb1,14;
Hb 8,2: Ele é ministro do Santuário e da Tenda verdadeira...
"Liturgia" com significado profano = coletas:
Fl 2,25.30; 2Cor 9,12; Rm 13,6.
"Liturgia" em sentido cúltico, ritual-sacerdotal do AT:
Lc 1,23; Hb 9,21; Hb 10,11; Hb 8,2.6.
"Liturgia" em sentido de culto espiritual: toda a vida cristã
vem a ser um culto a Deus, significado vivencial:
• =) Fl 2,17: "Se o meu sangue, for derramado em libação, em
sacrifício e serviço (lei-tourgia) da vossa fé, alegro-me e rigozijome com todos vós". Paulo manifesta estar disposto para ser
derramado em libação no sacrifício e na "Liturgia" da fé dos
filipenses;
• =) Rm 15,16: "A graça me foi concedida por Deus de ser o
ministro-liturgo de Cristo Jesus para os gentios, a serviço do
Evangelho de Deus";
• =) Rm 1,9; Fl 3,3; 4,14; Rm 12,1; 1Pd 2,5; Hb 13,15: oferecernos como hóstias vivas.
"Liturgia" em sentido de culto ritual cristão:
Um texto que merece atenção é At 13,2.
Este é o único texto neo-testamentário onde o
uso do termo "Liturgia" indica uma celebração
cultual da comunidade:
"Celebrando eles a liturgia em honra do Senhor e
jejuando disse-lhes o Espírito Santo: “Separai
para mim Barnabé e Saulo, para a obra à qual
os destinei”...".
É o único texto no NT no qual se poderia reconhecer
já o nome daquela que será chamada "Liturgia
cristã".
A compreensão de liturgia nossa é
esta:
• Na Bíblia encontramos Deus agindo em
favor da vida do seu povo.
• A maior ação de Deus em favor do seu
povo foi através de seu filho JESUS
CRISTO.
• A liturgia de Deus foi sempre SERVIÇO
AMOROSO À VIDA.
AT - NT
• No Antigo Testamento vemos Deus que age
criando, age libertando o seu povo, age falando
ao povo por Moisés e os profetas;
• No Novo Testamento vemos Jesus agindo quando
anda pregando o Reino de Deus, curando as
pessoas; a maior ação de Jesus em favor do seu
povo foi sua morte e ressurreição; pois nessa
ação salvou a humanidade toda.
DUAS ALIANÇAS...
DATAS SIGNIFICATIVAS DO AT:
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3.200 a.C.:
1.900-1.850:
1.280-1.250:
1.250-1.200:
1.220-1200:
1.050:
1.020-1.000:
1.000- 961:
Estabelecimento do Reino Egípcio.
Período patriarcal. Abraão, Isaac, Jacó.
Êxodo do Egito. Deserto, 40 anos...
Conquista de Canaã sob Josué.
Período dos Juízes.
Samuel.
Saul.
Davi.
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961-922:
922:
732-724:
721:
715-687:
640-609:
609:
605-562:
587:
Salomão. Construção do Templo de Jerusalém.
Reino dividido (Norte e Sul).
Oséias em Israel.
Queda de Israel. Exílio do Norte.
Ezequias.
Josias.
Batalha de Meguido.
Nabucodonosor, rei da Babilônia.
Queda de Jerusalém. Início do Exílio.
• 587-538:
Exílio na Babilônia.
• Com a experiência de exílio (587-538), com a falta
forçada do Templo, dos sacerdotes e dos
sacrifícios, os judeus encontraram a ocasião para
oferecerem a Deus a contrição da alma e a
humildade do espírito, como sacrifício mais
agradável do que holocaustos de touros e de
cordeiros.
• 539:
Ciro conquista a Babilônia (Persa).
• 538:
Primeiros exilados retornam a Judá.
• 515:
Dedicação do Segundo Templo.
• 458?:
Esdras: o sacerdote-escriba.
• 445:
Neemias e Esdras promulgam a Torá.
– Neemias, 8: Leitura pública da Lei.
• 332:
Alexandre o Grande conquista a Palestina (Grego).
• 301:
Ptolomeu I conquista a Palestina (Macedônio).
•
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•
•
Antíoco III conquista a Palestina (Selêucida).
Jerusalém torna-se cidade grega.
Antíoco IV saqueia o Templo (filho do III).
Declara o judaísmo ilegal, profana o Templo.
Judas Macabeu lidera uma rebelião.
Judas rededica o Templo. Judas Morre em 160.
200-198:
172:
169:
167:
166-160:
164:
• 161:
Tratado entre Judas e Roma.
• 63:
Roma assume o controle da Judéia.
• 44:
Assassinato de Júlio César.
• 37-4 d.C. Herodes.
• 4 a.C.:
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
• 19 d.C.:
Reconstrução do Templo de Jerusalém.
• 26-36:
Pôncio Pilatos.
• 30-36:
Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
• 41-44:
Herodes Agripa.
• 44 d.C.:
Thiago Maior é executado em Jerusalém.
• 44:
• 54-68:
Os cristãos são expulsos do Templo e das Sinagogas.
Nero Imperador. Perseguições aos cristãos.
• 64-67:
Morte dos Apóstolos Pedro e Paulo.
• 70:
Tito conquista Jerusalém e destrói o Templo.
• 73-74:
Queda de Massada (Sicarii se suicidam).
Um novo modo de pensar, viver e agir após o Cativeiro da
Babilônia – linha dos Profetas e de Jesus:
Sl 40(39), 7-9: "Não quiseste sacrifício nem oferta,
abriste o meu ouvido; não pediste holocausto nem
expiação, e então eu disse: Eis que eu venho. No rolo
do livro foi-me prescrito realizar a tua vontade; meu
Deus eu quero ter a tua lei dentro das minhas
entranhas".
=) Deus não aprecia nem sacrifícios e oferendas, nem
holocaustos e sacrifícios de expiação, mas quer que
se faça a sua vontade, porque nisso se resume toda a
Lei.
• Sl 51(50), 17-19:
"O Senhor, abre os meus lábios, e
minha língua anunciará o teu louvor. Pois tu não queres
um sacrifício e um holocausto não te agrada. Sacrifício a
Deus é um espírito contrito, coração contrito e
esmagado, ó Deus, tu não desprezas".
• Eclo 35,1-4: "Observar a lei é multiplicar as
oferendas..., dar esmola é oferecer um sacrifício de
louvor..., o que agrada o Senhor é afastar-se do
mal..., afastar-se da injustiça, é um sacrifício
expiatório..."
• Sacrifício é observar a Lei.
• O holocausto é a misericórdia.
• No exílio e após o exílio babilônico (587-538)
surgem as Sinagogas: chamadas "Casas de
Oração".
• Nelas se reúnem as "assembleias" dos fiéis
para escutarem a Palavra de Deus e para a
oração.
• Tudo isto fora do regime "litúrgico" levíticosacerdotal.
• É neste ambiente que Cristo se move,
apresentando-se como o último na série dos
enviados por Deus ao seu povo. Jesus entra na linha
do culto apregoado pelos profetas. É por isto que
ele fala à Samaritana que chegou a hora do culto
espiritual, não mais ligado à instituição "sacerdotaltemplária" de Jerusalém, ou do monte Garizim (Jo
4,19-26; ver nota na Bíblia de Jerusalém).
• Esta afirmação do culto espiritual, não manifestado numa
"liturgia" temblaria, nem sacerdotal, no sentido antigo,
assim como levou à morte Cristo, também decidiu a morte
do diácono Estevão (At 4,47-53) e provocou a primeira
perseguição contra os discípulos de Jesus (At 8,1).
A oração e a liturgia do AT - liturgia hebraica:
•
O culto litúrgico do AT é sempre expressão de fé
do povo. Quando os judeus rezam, não partem de
uma ideia ou teologia, mas de uma história. A
oração nasce de uma experiência de Deus que o
povo faz. A experiência de Deus é concreta. É esta
experiência concreta que salva.
• (Talvez seja esta uma realidade que deveríamos
valorizar mais nas nossas liturgias: memorial,
anámnesis, vida...).
Esquema da oração hebraica:
• O esquema fundamental da oração judaica é uma
oração após o fato. Esta oração normalmente possui 4
momentos (partes):
•
•
1ª)Admiração: "Bendito sois Senhor..."
2ª)Recordação do fato (zíkkaron) de um benefício
recebido: "Porque fizestes estas coisas..." (motivo da
anámnesis = memória, memorial).
• 3ª)Prece-pedido (é uma reprise do benefício recebido):
"Nós vos pedimos...".
• 4ª)Louvor (este já está presente nos momentos
anteriores - doxologia: "A vós a glória para sempre.
Amém".
• O segundo momento tem dois temas: - criação, - lei.
Depois libertação.
• Lei e Libertação são os temas que se propagam na
história. A psicologia desta oração é que Deus não
passa, não muda, sempre é.
• Jesus também usa este tipo de oração: Mt 11,25-27:
"Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra..."; Lc
10,21-24 (Berakah - louvor).
• Ney Brasil Pereira, A Ceia Pascal Cristã, p.14-16;
• Albert Rouet, A Missa na História: Rito da Refeição da Ceia, p.41-49
.
•
•
•
•
•
•
A oração no AT e no NT é:
um lembrar a Deus o que ele realizou e realiza
pelo seu povo.
um colocar diante de Deus as suas maravilhas
realizadas.
uma certeza de que Deus vai ajudar de novo a
seu povo;
uma certeza de que Deus está presente.
(Magnificat: Lc 1,46-55);
(Benedictus: Lc 1,67-79).
PRINCIPAIS FESTAS JUDAICAS:
Três grandes festas principais anuais:
• 1) A Festa dos Pães Ázimos:
• É chamada festa dos ázimos porque o pão comum é
substituído por um pão não fermentado (sinal de
novidade), e ervas amargas (dureza da vida); e se
come o cordeiro pascal. A festa dos ázimos acontece
por ocasião da primeira ceifa. Situada no início da
colheita da cevada (Dt 16,9), quando se colhem as
primeiras espigas. Compreende a oferta dos
primeiros molhos de espigas (Lv 23,5-14). Dura sete
dias.
• A festa dos Ázimos liga-se ao Êxodo e torna-se a lembrança da
libertação do Egito = Páscoa.
• A FESTA DA PÁSCOA: (passar, saltar, poupar): a origem da
Páscoa está ligada a povos primitivos: os agricultores
ocupados com o cultivo da terra, e os pastores ocupados
com os rebanhos, festa da tosquia. Para agradecer pela
nova vida e para pedir a proteção ao rebanho...
• Era uma festa primaveril, celebrada na passagem do
inverno para a primavera. O povo comemorava a nova
estação. Festejava porque a natureza, morta pela dureza do
inverno, se refazia verdejante com as condições climáticas
da primavera. Festa do clã nômade, conserva um tom
familiar, que se acentuará mais no período dos reis (do ano
1000 a 622 a.C.), com a reforma de Josias.
• Está ligada ao livro do Deuteronômio (2Rs 21-23).
• A festa da Páscoa não exige um lugar fixo, mas sua data é
fixada com precisão: no calendário lunar cai em qualquer dia
da semana, mas impreterivelmente no dia 14 de Nisan (início
de abril) - tempo de lua cheia. Prolonga-se por uma tarde e
uma noite.
• Vários povos tinham esta festa. Os hebreus, porém, a partir de
sua libertação do Egito, passaram a dar a esta festa um novo
significado.
• O povo eleito e escravizado por tantos anos no Egito, passou a
celebrar a Páscoa como passagem da escravidão do Egito para
a liberdade na Terra Prometida. Celebra-se a Páscoa agora, com
o sentido de: passar, saltar, poupar... (Ex 12).
• Celebrar a Páscoa significava a partir de então agradecer a
Deus pelas maravilhas realizadas na sua libertação e implicava
o compromisso de todo o povo em manter a Aliança com Deus.
• Inclui o sacrifício de um cordeiro, seguindo-se uma refeição
em trajes de viagem, quando comem o pão dos beduínos,
sem fermento: sentido de novidade e de pressa (Cf.: Cristo,
Festa da Igreja, p.249, nota 5).
• Para o homem da Bíblia, Páscoa é a mais importante de
todas as festas.
• A saída do Egito é o mais importante episódio de toda a
história de Israel. A travessia do mar marca o início de um
povo...
• O texto bíblico (Êxodo 12,27) afirma que a morte “passou
por cima deles” (passar-saltar-poupar-libertar).
• = tradução literal da palavra hebraica “Pessah”;
• = em grego “Paskha”;
• = em português “Páscoa”.
• O movimento do Mar Vermelho exprime o mesmo
movimento. Os filhos de Israel, em vez de serem
engolidos pelas ondas, são “poupados” e chegam à
outra margem sãos e salvos.
• Desde então Israel comemorará o fato com uma festa
chamada “Pessah”, celebrada no 14 de nisan – primeiro
mês do ano bíblico – durante a qual uma refeição
(seder) concretizará os diferentes aspectos dessa
libertação.
• Jesus Cristo, como membro do povo eleito, também
celebrava a Páscoa como os seus contemporâneos.
• Na última Quinta-feira, ao celebrar a Páscoa com os
seus discípulos, Jesus deu um novo sentido para a
Páscoa e introduziu uma nova maneira de celebrála. Transformou o pão em seu Corpo e o vinho em
seu Sangue e os deu para os apóstolos comerem e
beberem. Deu-lhes também o poder de realizarem
o mesmo em sua memória.
• O que Jesus realizara na véspera de sua morte, Ele o
realizaria na Cruz e na Ressurreição. A partir desse
fato, a Páscoa assume um sentido novo e pleno. A
Páscoa agora é a passagem de Cristo, de sua morte
para a vida - Ressurreição do Senhor. Jesus deu o
sentido pleno e definitivo à Páscoa.
• 2) A Festa de Pentecostes, também chamada Festa da
Messe, festa das semanas, por ser celebrada 50 dias
depois da Páscoa: uma semana de 7 semanas; 7
semanas após a festa dos ázimos, ou seja, no
quinquagésimo dia: Pentecostes.
• Comiam o pão comum, em sinal da volta ao tempo
normal após a messe. Celebrada no fim da colheita do
trigo (Lv 23,17); anuncia a semeadura (Lv 23,18-20; 2Rs
4,42).
• É também comemoração da Aliança.
• Em Jerusalém, o sacerdote oferecia no Templo o
primeiro feixe da ceifa de trigo e dois pães cozidos com
fermento. É nesta perspectiva que temos de interpretar
o episódio de Melquisedec (Gn 14,18).
• Cof.: Vocabulário de Teologia Bíblica, Pentecostes, p.758-760.
• A alegria dos ceifeiros. A colheita da cevada
(abril) e a do trigo (maio) é ocasião de regozijo
popular: de colina em colina propaga-se o canto
das turmas de ceifeiros, fazendo esquecer a
dura fadiga do trabalho...
• Nessa alegria Javé não é esquecido: a colheita é
o sinal e o resultado da benção divina (Rt 2; Is
9,2; Jr 31,12; Sl 126(125),6).
• A ação de graças se exprime pela festa litúrgica
da Messe, Pentecostes, em cujo transcurso se
oferece as primícias da colheita (Ex 23,16;
34,22), especialmente o primeiro feixe (Lv
23,10).
• A festa de Pentecostes se torna a recordação da
Aliança, o dom da Lei, a Torá (primeiros 5 livros da Lei).
• 3) Festa das Colheitas: posteriormente chamada festa
das Tendas ou dos Tabernáculos.
• Lembra os acampamentos no deserto. Celebrava,
primitivamente, o fim das vindimas.
• É uma festa popular dedicada à colheita dos frutos. A
parte litúrgica consistia numa procissão com galhos,
enquanto
se
cantavam
salmos
messiânicos,
especialmente o Sl 118(117): Liturgia para a festa das
Tendas. Os judeus pediam chuva.
• A festa dos Tabernáculos (Surrot) também se
torna "histórica". Torna-se a lembrança da
peregrinação no deserto.
Depois do exílio surgiram algumas festas secundárias (587-538):
1ª)
Uma festa ligada à Criação e Festa do Ano Novo. Festa esta
conhecida em todas as civilizações.
2ª)
Festa da Reconciliação, recordando a purificação do Templo
e a penitência da comunidade (YON KIPUR), dia da expiação.
Há confissão de pecados 10 vezes por dia. Confessa-se no plural.
Os patrões pedem perdão por suas faltas aos empregados.
3ª)
Purim (Ester 9,20-32; cf. 2Mc 15,36s), Purificação e
Dedicação do Templo, e Dia de Nicanor (1Mc 4,52-59; 2Mc 10,58).
An 4, pp.163-164; Ez 45,18-20; Lv 16,1-26: sacrifício dos
novilhos e dos bodes... Um feriado judaico.
A festa de Purim é caracterizada pela recitação pública do Livro de Ester por
duas vezes, distribuição de comida e dinheiro aos pobres, presentes e
consumo de vinho durante refeição de celebração (Ester 9,22); outros
costumes incluem o uso de máscaras e fantasias, e comemoração pública.
FESTAS NO TEMPO DE JESUS:
• No NT encontramos, em relação às festas: o
sábado, a páscoa, o pentecostes, a festa dos
tabernáculos, a dedicação do templo e os jejuns
regulares.
• Jesus tomava parte nas festas de seu povo, mas
colocava-se acima do sábado; deu novo sentido
à refeição pascal, pela instituição da eucaristia.
• A Igreja primitiva continuou inicialmente na
mesma linha, mas a substituição do sábado pelo
domingo foi o ponto de partida para um
calendário cristão próprio.
O TEMPLO NO TEMPO DE JESUS:
O CULTO NO TEMPO:
• O Templo era o lugar que Deus escolhera para morar entre o
seu povo. Lá se encontrava o único altar para os judeus de
todo o mundo.
• O sacrifício constituía o elemento essencial da religião.
• Os sacrifícios públicos: todo dia, pela manhã e pela tarde,
um cordeiro era oferecido em holocausto (Ex 29,42) em
nome da nação, representados por leigos e delegados,
vindos a Jerusalém, e pela classe sacerdotal em serviço. Este
é o sacrifício perpétuo.
• As sábados, e nas luas-novas, nas festas o número de
sacrifícios era maior. E é preciso juntar aos 1.093 cordeiros
ou cabritos, aos 113 touros e aos 32 bodes oferecidos
anualmente, uma abundante quantidade de farinha, de
vinho e de óleo...
NO TEMPO DE JESUS:
• O Israel puro: constituído pelas famílias de origem legítima.
• Os sacerdotes: havia cerca de 7.200 sacerdotes comuns na
Palestina (com suas esposas e filhos) quase um décimo da
população. Exerciam suas funções duas semanas por ano.
• Os levitas: eram cerca de 9.600 (cantores e músicos,
sacristãos e porteiros).
• Os israelitas leigos de ascendência pura.
• Os descendentes ilegítimos de sacerdotes.
• Os prosélitos.
• Os escravos pagãos libertos.
• Famílias ilegítimas atingidas por manchas grave (os
bastardos, os escravos do templo, os filhos de pai
desconhecido e as crianças expostas...
COMO ERA CELEBRADA A CEIA
E COMO SE DEU A PASSAGEM DA CEIA À PÁSCOA?
A SUBSTITUIÇÃO DO ANTIGO ÊXODO PELA
PÁSCOA DO SENHOR:
• “Evidentemente, foi na Ceia que se efetuou essa
mudança e esse aprofundamento. Se sabemos
que a missa torna presentes o sacrifício, a morte
e a ressurreição de Jesus, isto é, sua oferenda e
manifestação aceita pelo Espírito que ressuscita
Jesus (At 2,31-36), é fundamental analisar a
passagem do antigo rito ao novo e, portanto,
examinar a maneira como se desenrolou a Ceia,
visto a missa dela decorrer”.
•
•
•
•
•
Os relatos da Ceia:
Mt 26,26-28.
Mc 14,22-24.
Lc 22,19-20.
1Cor 11,23-25.
• (Paralelos: Mt e Mc = Lc e Paulo).
• João menciona uma refeição (13,2),
caracterizada pelo lava-pés que conferiu sua
doutrina eucarística ao capítulo 6.
• (É aceitável que a Ceia tenha acontecido numa quartafeira).
• Na Ceia Jesus parece ter praticado uma
“dupla abstenção”: ele afirma não
tomar vinho (Lc 22,18) e, incita os
discípulos: “tomai e comei”, e “bebei”, o
que só se compreende caso ele jejue em
sinal da iminente realização do Reino.
• Na última Ceia, Jesus não comeu o
cordeiro pascal nem bebeu vinho;
provavelmente jejuou por completo.
• Cristo se serviu de pão ázimo, e este é o
único rito pascal que foi conservado.
• Jesus diz “Eu”, “meu corpo, em memória de
mim”.
• O rito fazia memória de Deus e de seus atos
salvíficos. Jesus não diz, como nas orações
judaicas: “Bendito és tu, Deus de nossos
pais. Ele fala e age em primeira pessoa.
Coloca-se como aquele que preside à
refeição.
• A fórmula de Mateus e de Marcos: “Isso é o
meu sangue, o sangue da aliança” remete
ao Êxodo 24,8: “Esse é o sangue da aliança
que Iahweh concluiu convosco”.
• Mateus e Marcos unem o pão e o vinho no
mesmo gesto (“depois tomou um cálice...”).
Lucas e Paulo os diferenciam, colocando o
cálice “depois de comer...” “e após a ceia”.
Lucas e Paulo seguem mais de perto o rito
judaico.
O RITO DA REFEIÇÃO DA CEIA
• No tempo de Cristo, algumas confrarias (as
dos fariseus, por exemplo), reúnem-se para uma
refeição semanal, geralmente na noite da
sexta-feira, no início do sábado. Essa
refeição segue um ritual muito estrito que
conheceremos através das redações do
século III, mas cujos elementos centrais
remontam ao século I a.C.
• A refeição se desenrola em 7 partes.
• Os enquadrados mencionam as referencias
evangélicas em relação a esse ritual.
•.
• .
•.
• A instituição da eucaristia se coloca neste
ritual das refeições de amigos, ritual onde
as palavras estão impregnadas de
referências ao Êxodo, à espera da salvação
e, especialmente, ao louvor a IAHWEH.
• As palavras de bênção pronunciadas por
aquele
que
preside
vão
marcar
gradualmente as orações eucarísticas.
• A liturgia da palavra provém da liturgia das
sinagogas, com sua leitura contínua, seus
textos próprios às festas.
• A estrutura do grande louvor da
refeição (sétima parte) vai dar
origem ao que chamamos de
prefácio e cânon e foi dentro dessa
estrutura que Cristo revelou “Isto é
o meu Sangue”. Porque, em torno
deste texto fixado, o presidente
tinha o poder de comentar e
expressar o louvor.
• Eis a oração que inaugura essa refeição
pascal (antes do 1º cálice). Digna de
observação a memória do ato fundador
da aliança:
•
•
•
•
•
•
•
Bendito sejas tu, Senhor nosso Deus, Rei Eterno:
Tu nos escolhestes dentre todos os povos
para santificar-nos dentre todos os povos
Para santificar-nos em teus mandamentos.
Em teu amor por nós, Senhor,
Tu nos destes as festas para a alegria,
as festividades para o regozijo.
•
•
•
•
•
a Festa dos Ázimos no tempo da nossa libertação,
em memória da saída do Egito.
Porque tu nos escolhestes, Senhor, dentre os povos:
Revestiste Israel de Santidade,
convidando-o, por amor, às alegrias de tuas festas
santas.
• Bendito és tu, Senhor, que santificas Israel e as
festas.
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