Filosofia Medieval
Patrística e Escolástica
Prof. Ricardo Lima
Filosofia
Introdução
• É a forma como denominamos a filosofia que aconteceu na
Europa, entre os séculos V e XV, no que historicamente é
conhecido como a idade média, por isso de chamar de medieval,
para fazer alusão a época em que ela aconteceu. Uma
grande característica deste período é a interferência da Igreja
Católica em todas as áreas do conhecimento, e por esse motivo
tornou-se comum encontrarmos tanto temas religiosos como os
próprios membros da igreja fazendo parte dos filósofos que
vieram a dar vida a este momento da história da filosofia.
Patrística
• Durou do século I d.C. à VII
d.C, ficou caracterizado pelos
esforços dos apóstolos João e
Paulo e dos primeiros Padres
da igreja para fazer uma ligação
entre a nova religião e o
pensamento filosófico da época,
que tinha o pensamento grecoromano em linha de frente.
• Os nomes mais destacados desse período
foram: Justino Mártis, Tertuliano,
Clemente de Alexandria, Orígenes,
Gregório de Nazianzo, Basílio de
Cesaréia e Gregorio de Nissa. Eles não
apenas eram envolvidos em com
a filosofia grega, a cultura helênica como
também foram educados no ambiente
desse tipo de filosofia, e assim sendo,
queriam usar essa forma de pensamento
para ajudar na expansão do cristianismo.
Características
• Assim como a filosofia antiga, a filosofia medieval possuía
suas características próprias, o que contribuía para que ela pudesse
ser analisada não apenas por uma época diferente, mas também por
uma forma de pensar mais analítica, que em sua grande maioria, era
ligada a um mesmo foco, a religiosidade. As principais questões
debatidas pelos filósofos medievais eram:
A relação entre a razão e a fé;
A existência e a natureza de Deus;
Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana;
Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis.
• Em resumo, o que vemos é que os principais temas estão
relacionados a fé, o que prova o argumento da intervenção da
igreja neste período da filosofia. Relacionar a fé, que é algo sem
uma explicação lógica ou científica com a razão, que busca o
entendimento das coisas, era uma forma que a igreja tinha de
tentar explicar o que até ali não tinha explicação. A existência e
a natureza de Deus, para a filosofia, era algo complexo, pois se
partirmos do pressuposto de que a filosofia busca explicar as
coisas desde o seu início, buscando formas de provar o que está
sendo apresentado, agora era uma obrigação filosófica explicar a
existência de Deus.
• Neste período não era difícil encontrar
pensadores que defendessem a tese de
que fé e religião não deveriam estar
subordinadas uma a outra, de que o
indivíduo não precisaria ter sua fé ligada
diretamente as racionalidades com as
quais está acostumada a viver, porém,
um nome se destacou em meio aos
filósofos quanto a buscar uma forma
racional de justificar as crenças.
• Conhecido como Santo Agostinho
de Hipona, esse filósofo cristão
desenvolveu uma ideia de que todo
homem possui uma consciência
moral e um livre arbítrio, que todos
temos a consciência do que é certo e
errado, do mesmo jeito que temos o
direito de escolha, para fazer ou não
cada coisa, mesmo sabendo que
acarretarão consequências.
Escolástica
• Do século IX ao século XVI aconteceu o
movimento que tinha como interesse entender
e explicar a religiosidade cristã por meio das
ideias dos filósofos gregos Platão e Aristóteles.
Os filósofos queriam utilizar esse
conhecimento grego e romano para provar a
existência da alma humana e de Deus, caso
conseguissem, facilitaria para que obtivessem
ainda mais adeptos a religião. Os filósofos
dessa época acreditavam piamente que a igreja
tinha um papel fundamental na salvação dos
fieis, guiando-lhes ao caminho do paraíso.
Escolástica
• Devemos destacar como
principais
representantes
dessa época Anselmo de Cant
Cantuária, Albertus Magnus,
São Tomás de Aquino, John
Duns Scotus e Guilherme de
Ockham.
A relação entre a razão e a fé
• Tradicionalmente, o capítulo da História da
humanidade relativo ao tema “conflito entre razão e
fé” é atribuído a um período medieval em que se
travava um confronto entre os adeptos da boa nova,
isto é, a religião cristã, e seus adversários moralistas
gregos e romanos, na tentativa de imporem seus
pontos de vistas.
Para estes, o mundo natural ou cosmos era a fonte da lei, da
ordem e da harmonia, entendendo com isso que o homem
faz parte de uma organização
determinada sem a qual
ele não se reconhece e
é através do lógos que
se dá tal reconhecimento.
Já para os cristãos, a
verdade revelada é a fonte
da compreensão do que é o homem, qual é sua origem e
qual o seu destino, sendo ele semelhante a Deus-pai,
devendo-lhe obediência enquanto sua liberdade consiste em
seguir o testamento (aliança).
• Desse debate, surgem as formas
clássicas de combinação dos padres
medievais: aqueles que separam os
domínios da razão e da fé, mas
acreditam numa conciliação entre
elas; aqueles que pensam que a fé
deveria submeter a razão à verdade
revelada; e ainda aqueles que as
veem
como
distintas
e
irreconciliáveis. Esse período é
conhecido como Patrística (filosofia
dos padres da Igreja).
• No entanto, pode-se levantar a questão de que esse
conflito entre fé e razão representa apenas um
momento localizado na história. A filosofia, tendo
como característica a radicalidade, a insubordinação,
a luta para superar pré-conceitos e estabelecer
conceitos cada vez mais racionais através da história,
mostra que, desde seu início, esta relação tem seus
momentos de estranhamento e reconciliação.
• Por exemplo, na Grécia antiga, o próprio
surgimento da filosofia se deu como tentativa de
superar obstáculos oriundos de uma fé cega nas
narrativas dos poetas Homero e Hesíodo, os
educadores da Hélade. A tentativa de explicar os
fenômenos a partir de causas racionais já
evidenciava o confronto com as formas de pensar e
agir (fé) do povo grego que pautava sua conduta
pelos mitos.
• O próprio Sócrates, patrono da
filosofia, foi condenado por
investigar a natureza e isso lhe
rendeu a acusação de impiedade.
Mais tarde, a filosofia cristã se
degladiou para fundamentar seu
domínio ideológico, debatendo
sobre os temas supracitados. Na
era moderna, com o
agravamento da inquisição, surge
o renascimento que apela à
razão humana contra a tirania
da Igreja.
• Basta olhar os exemplos de Galileu, Bruno e Descartes,
que reinventaram o pensamento contra a fé cega que
mantinha os homens na ignorância das trevas e reclamava
o direito à luz natural da razão. A expressão máxima
desse movimento foi o Iluminismo que compreendia a
superação total das crenças e superstições infundadas e
prometia ao gênero humano dias melhores a partir da
evolução e do progresso.
• Hoje, essa promessa não se cumpre devidamente. O homem
dominou a natureza, mas não consegue dominar as suas
paixões e interesses particulares.
• Declarado como expropriado dos meios de produção e forçado
a sobreviver, eis que o homem se aliena do processo produtivo
e se mantém em um domínio cego, numa crença inconsciente
de si e do outro (ideologia).
• Uma das formas mais criticadas de alienação é a religiosa, que, segundo Karl
Marx, torna-se o ópio do povo, na medida em que se põe à frente da liberdade do
homem e da sua própria vontade.
• O irracionalismo cresce à medida que se promete liberdade aos seres humanos a
partir de outra fé: o trabalho. O homem explora e devasta o mundo em que vive
e não tem consciência disso. E tudo isso para enriquecer uma classe dominante,
constatando o interesse egoísta e classista.
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