UM OLHAR SOBRE AS CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA Profª M.Sc. ADREA CANTO Infância Infante (origem latina) ausência de fala “Por não falar, a infância não se fala e não se falando, não ocupa a primeira pessoa nos discursos que dela se ocupam. [...] Por isso é sempre definida por fora” (LAJOLO, 1997,P. 226). INFÂNCIA : Categoria histórica que possui vários significados, os quais dependem das relações sociais, econômicas, políticas, históricas, culturais entre outras. CRIANÇAS: Nas leis brasileiras são consideradas crianças os indivíduos com até 12 anos de idade incompletos. Visitado alguns autores: SANTOS, 1996 Período do ciclo da vida que têm dimensões biológicas e culturais. Idade cronológica não constitui critério valido de manutenção física. Vai do nascimento até a puberdade (0 a 12anos ECA). SANTOS, 1996 Desenvolvimento biológico é universal, mas o recorte desse continuum obedece às diferenças do ritmo fisiológico e varia de indivíduo para indivíduo de acordo com o sexo. Mais apropriado “infâncias” FARIAS, 2005 Infância como Categoria Social Final do Século XVIII e começo do Século XIX Sociedade burguesa começa a perceber a criança como ser coletivo. “Ainda não se poderá falar em um reconhecimento generalizado da sua identidade e de sua importância, já que esse processo de autonomização não ocorre da mesma maneira em todos os Países [...] (FARIAS, 2005, p. 56). COLIN HEYWOOD (2004) Ao estudar as mudanças nas concepções de infância da Idade Média à época Contemporânea ele o faz de uma perspectiva multiculturalista considerando as diferentes formas de pensar essa etapa da vida. Criança construto social COLIN HEYWOOD (2004) A criança se transforma com o passar do tempo e, não menos importante, varia entre grupos sociais e étnicos existente no interior de uma mesma sociedade. Obra, Uma História da Infância (2001). PHILIPPE ARIÈS (1973) Historiador francês, nasceu em 1914, em Blois, na região central da França, e viveu a maior parte de sua vida em Paris. Morreu em 1984. História Social da Criança e da Família Este livro custou dez anos de pesquisas, entre 1950 e 1960. PHILIPPE ARIÈS (1973) O autor foi inspirado nas observações e nas “transformações contemporâneas dos modelos familiares”. Ariès (1994, p. 133). Documentos iconográficos e a literatura. Apresenta um quadro da criança/família em lenta transformação. PHILIPPE ARIÈS Crianças são adultos em miniatura (roupas, expressões faciais), A arte medieval “desconhecia” a infância O sentimento de infância surge entre os séculos XIII e XVIII (temas religiosos. A infância se introduz na iconografia medieval). Século XIII não existem crianças caracterizadas por expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido. PHILIPPE ARIÈS As crianças foram tratadas como adultos em miniatura: na sua maneira de vestir-se, na participação ativa em reuniões, festas e danças. Os adultos se relacionavam com as crianças sem discriminação, falavam vulgaridades, realizavam brincadeiras grosseiras, todos os tipos de assuntos eram discutidos. Menino Jesus ou Nossa Senhora Anjo A criança morta DA ICONOGRAFIA RELIGIOSA DA INFÂNCIA, SURGIU UMA ICONOGRAFIA LEIGA NOS SÉCULOS XV E XVI A Cena de gênero se desenvolveu A criança se torna uma personagem mais frequentes nas pinturas: crianças com seus companheiros, com sua família... Na vida quotidiana as crianças estavam misturadas com os adultos, para o trabalho, o passeio, o jogo. Os pintores gostavam de representar a criança por sua graça ou por seu pitoresco e se compraziam em representar a presença da criança dentro do grupo ou da multidão. Século XV – o retrato e o Putto Século XVI- retrato da criança morta (aparece nas sepulturas de seus mestres) Durante esse Século- surge o retrato da criança morta. Multiplicam os retratos de crianças vivas; Nasce o sentimento da infância Início do interesse pela criança Retratos de crianças sozinhas e retrato de crianças em família em que a criança era o centro Registro da linguagem infantil. A civilização medieval não percebia um período transitório entre a infância e a idade adulta. As crianças eram percebidas como adultos em miniatura. A infância era apenas uma fase sem importância e não fazia sentido fixar lembranças. Ausência do sentimento de Infância na Idade Média. Tese da inexistência de uma consciência da natureza particular da infância nas sociedades medievais. Olhando o mundo da infância medieval com os olhos da contemporaneidade e que não havia uma ausência do sentimento da infância, mas uma compreensão própria. O que é natural é considerado normal. O normal correspondia à ideia de que a norma é o que há de comum, aceitável. O anormal é entendido como inaceitável. A construção das infâncias Existem muitas infâncias distintas entre si por condição social, por idade, sexo, pelo lugar onde a criança vive, pela cultura, pela época, pelas relações com os adultos. Na roda da vida Lá vai o menino Trazendo contente Um canto no peito Na fronte uma estrela. Um canto que faça o mundo mais manso, Cantigas que tornem a vida mais limpa Um canto que faça os homens mais crianças. TIAGO DE MELO ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC, 1981. HEYWOOD, Colin. Uma História da Infância: da Idade Média à Época Contemporânea no Ocidente, trad. Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artemed, 2004. FARIAS, G; DERMATINI, Zelia de Brito Fabri; PRADO, Patricia Dias (orgs) Por uma cultura da infância : metodologia de pesquisa com criança. Campinas São Paulo : Autores Associados, 2005. BRUEGEL, Pieter, o Velho. Jogos Infantis. 1560. Óleo sobre madeira. 118 x 161 cm. Kunsthistorisches Museum, Viena; ________. O Banquete de casamento camponês. 1568. Óleo sobre madeira. 114 x 164 cm. Kunsthistorisches Museum, Viena;