A descrição
(Pausa na ação narrativa)
Situa seres e objetos num determinado espaço
(fotografia)
• Estrutura
– Introdução – A perspetiva do observador focaliza o ser ou
objeto e distingue os seus aspetos gerais;
– Desenvolvimento – capta os elementos numa ordem coerente
com a disposição em que eles se encontram no espaço,
caraterizando-os objetiva e subjetivamente; física e
psicologicamente;
– Conclusão – Não há um procedimento específico para a
conclusão. Considera-se concluído o texto, quando se completa
a caraterização.
(se invertermos a ordem do relato, não muda o sentido do texto,
uma vez que representa uma pausa na ação narrativa)
Recursos
• Uso dos cinco sentidos: audição, paladar, olfato,
tato e visão (sensação auditiva, gustativa, olfativa,
tátil e visual);
• Adjetivação abundante, verbos de estado (ser,
estar, ter…)linguagem metafórica (uso da
metáfora), comparações e personificações;
• Sensação de movimento, através de verbos de
movimento e de advérbios;
• Verbos predominantemente no Presente ou no
Pretérito Imperfeito do Indicativo.
PLANO
GERAL
PLANO DE
PORMENOR
A vila é uma rua. Vem do alto dos eucaliptos pedindo licença à
planície para lhe interromper o sono, atravessa uma
encruzilhada de estradas por onde corre o aceno de Espanha ou
do mar e, bruscamente, num ímpeto de ousadia, trepa o
planalto ao encontro de uma igreja que foi coito de moiros e
abades, e ali se fica, arrogante, a desafiar o pasmo da campina.
À volta da igreja, as casinhas brancas, com altas chaminés que
lhes furam o dorso atarracado, fecham-se num reduto que a
voracidade calma do trigo não consegue romper. As mulheres
vêm ansiosas às portas saber quem chegou, caçar uma novidade
em primeira mão ou inventá-la, se for preciso. Os homens
vestem samarrões de pele de ovelha e falam e caminham
lentos, trágicos; os garotos correm aos sítios em que a bolota
cai das árvores no regaço do mato, pela graça de Deus. Ao longo
da rua há tabernas. Os camponeses, depois do trabalho,
sentam-se junto do balcão, apoiam os cotovelos no mármore da
mesa, e ouvem. As palavras fatigam. E, por isso, um homem que
saiba atirar com uma frase bem recheada e oportuna, preenche
uma hora de cogitações. (…)
Personificação
Verbos no
Presente do
Indicativo
Metáfora
Sensação
visual
Sensação de
movimento
A vila é uma rua. Vem do alto dos eucaliptos pedindo
licença à planície para lhe interromper o sono, atravessa
uma encruzilhada de estradas por onde corre o aceno de
Espanha ou do mar e, bruscamente, num ímpeto de
ousadia, trepa o planalto ao encontro de uma igreja que foi
coito de moiros e abades, e ali se fica, arrogante, a desafiar
o pasmo da campina. À volta da igreja, as casinhas brancas,
com altas chaminés que lhes furam o dorso atarracado,
fecham-se num reduto que a voracidade calma do trigo não
consegue romper. As mulheres vêm ansiosas às portas saber
quem chegou, caçar uma novidade em primeira mão ou
inventá-la, se for preciso. Os homens vestem samarrões de
pele de ovelha e falam e caminham lentos, trágicos; os
garotos correm aos sítios em que a bolota cai das árvores no
regaço do mato, pela graça de Deus. Ao longo da rua há
tabernas. Os camponeses, depois do trabalho, sentam-se
junto do balcão, apoiam os cotovelos no mármore da mesa,
e ouvem. As palavras fatigam. E, por isso, um homem que
saiba atirar com uma frase bem recheada e oportuna,
preenche uma hora de cogitações. (…)
Download

A descrição