3. Distribuições de probabilidade 2013 Definição. Variável aleatória. Seja o espaço amostral associado a um experimento aleatório. Uma variável aleatória, X, é uma função que tem domínio em e contradomínio um subconjunto dos números reais. Exemplo. Retira-se, ao acaso, um item produzido de um lote de 6 unidades. Variáveis: X: Número de defeitos no item selecionado. Y: Tempo de vida do item (em h). 2 O espaço amostral associado a este experimento aleatório é a1 , a 2 , , a 6 Os possíveis valores da variável X são 0,1,2,..., e os possíveis valores da variável Y são os números reais não negativos. Ou seja, os contradomínios das variáveis X e Y são RX 0, 1, 2, 3, RY t ; t 0 Classificação: •Variáveis aleatórias discretas. Contradomínio é um conjunto finito ou infinito enumerável. •Variáveis aleatórias contínuas. Contradomínio é um conjunto infinito não enumerável. 3 Variáveis aleatórias discretas (VAD) X é uma VAD com contradomínio RX. Uma função f(x) é uma função de probabilidade se (i) 0 f ( xi ) 1, (ii) P ( X xi ) f ( xi ), xi R X e (iii) f ( x ) 1. xi R X i Exemplo. Um lote de um certo produto é formado por 35 itens, sendo 21 itens do tipo H e 14 do tipo M. Uma amostra de 3 itens será formada sorteando-se, ao acaso, três itens do lote. Qual a probabilidade de encontrarmos na amostra pelo menos dois itens do tipo M? Definimos X: número de itens do tipo M na amostra. 4 Espaço amostral HHH HHM HMH MHH HMM MHM MMH MMM x P(X=x) 0 0,203 Probabilidade 21 20 19 0,203 35 34 33 21 20 14 0,150 35 34 33 21 14 20 0,150 35 34 33 14 21 20 0,150 35 34 33 21 14 13 0,097 35 34 33 14 21 20 0,097 35 34 33 14 13 21 0,097 35 34 33 14 13 12 0,056 35 34 33 1 0,450 X 0 1 1 1 2 2 2 3 2 0,291 3 0,056 Assim, P(X 2) P(X 2 ) P(X 3 ) 0,291 0,056 0,347. 5 Exemplo. A demanda diária de um item é uma variável aleatória discreta com a função de probabilidade C 2d P( D d ) ; d 1, 2, 3, 4. d! (a) Determinar a constante C. (b) P(D 2). Solução. (a) Já que P(D = d) é uma função de probabilidade, temos: (i) C>0 e (ii) P(D=1) + P(D=2) + P(D=3) + P(D=4)=1. Ou seja, 2 2 2 23 2 4 1 P ( D d ) 1 C 1 C 1 2! 3! 4! 6 d RD 2d P( D d ) ; d 1,2,3,4 6d ! 2 4 2 (b) P( D 2) 1 P( D 2) 1 P( D 1) 1 6 6 3 6 Função de distribuição acumulada de uma VAD Definição. Função de distribuição acumulada (FDA). X é uma VAD com contradomínio RX = {x1,x2,...} e função de probabilidade f(x) = P(X =x). Para qualquer x, a FDA de X, denotada por F(x), é definida como F ( x ) P ( X x ) f ( xi ) P ( X xi ), em que xi R X xi x xi x Exemplo. Uma variável aleatória X tem função de probabilidade 1 / 15, f ( x) P( X x) 7 / 15, 0, se se c.c x 1 x 2,3 Determinar F(x). 7 Se x 1 F ( x) P( X x) 0 Se x 1 F (1) P( X 1) P( X xi ) P( X 1) f (1) xi 1 Se 1 x 2 F ( x) P( X x) P( X xi ) P( X 1) xi x Se x 2 F (2) P( X 2) 1 15 P( X xi ) P( X 1) P( X 2) xi 2 Se 2 x 3 F ( x) P( X x) 1 7 8 15 15 15 P( X xi ) P( X 1) P( X 2) xi x Se x 3 F (3) P( X 3) 1 15 8 15 P( X x ) P( X 1) P( X 2) P( X 3) i xi 3 1 7 7 1 15 15 15 Se x 3 F (3) P( X x) P( X xi ) P( X 1) P( X 2) P( X 3) 1 xi x 8 Observação. Se x [1,2), então F ( x) F (1); se x [2,3), então F ( x) F (2). Em geral, se x [ xl xl 1 ), então F ( x) F ( xl ) sendo que xl e xl 1 são elementosde R x . Logo, a função de distribuição acumulada é dada por 0, 1 / 15, F ( x) 8 / 15, 1, se x 1 se 1 x 2 se 2 x 3 se x 3 9 Propriedades da função de distribuição acumulada X é uma VAD 1. Para todo x, 0 F(x) 1. 2. F(x) é uma função monótona não decrescente. 3. lim F ( x ) 0 x e lim F ( x ) 1 x 4. Se RX = {x1, x2,......}, em que x1<x2<..., então f(xi) = P(X = xi) = F(xi) - F(xi-1). 5. Se a e b são tais que a<b, então (i ) P ( X a ) F ( a ) ( ii ) P ( X a ) 1 P ( X a ) ( iii ) P ( a X b ) F ( b ) F ( a ) ( iv ) P ( a X b ) F ( b ) F ( a ) P ( X a ) ( v ) P ( a X b ) F (b ) F ( a ) P ( X b ) 10 Exemplo. A variável aleatória X tem função de distribuição acumulada 0 1 / 8 F ( x) 1 / 2 5 / 8 1 se x0 se 0 x 1 se se 1 x 2 2 x3 se x3 Calcular (a) P(1 X 3); (b) P( X 2) (c) f ( x). Da propriedade 5(iii) da FDA t emosque (a) P(1 X 3) F (3) F (1) 1 1 / 2 1 / 2, (b) Da propriedade 5(i) da FDA : P (X 2) 1 - P (X 2) 1 - F(1) 1 - 1/2 1/2. (c) Da FDA t em- se que RX {0,1,2,3}. P ela propriedade 4 da FDA, pode - se most rarque a função de probabilidade de X é dada por 1 / 8 se f ( x) P( X x) 3 / 8 se 0 c.c x 0,2 x 1,3 11 0.0 0.0 0.2 0.2 0.4 0.4 F(x) F(x) 0.6 0.6 0.8 0.8 1.0 1.0 0.0 0.0 0.2 0.2 0.4 0.4 F(x) F(x) 0.6 0.6 0.8 0.8 1.0 1.0 Exemplos 3.0 3.0 3.5 x 3.5 4.0 4.0 x 4.5 4.5 3.0 5.0 3.0 3.5 x 3.5 4.0 4.0 4.5 4.5 5.0 5.0 x 12 Variáveis aleatórias contínuas (VAC) Função densidade de probabilidade. Uma função f(x) é chamada função densidade de probabilidade de uma VAC X se 1. f ( x) 0, para x . 2. f ( x)dx 1. b 3. Seja o event oA {x; a x b}. Ent ão,P( A) P(a X b) f ( x)dx. a Exemplo. O tempo de produção de um artigo (em minutos) é uma variável aleatória X com função densidade 5 x , se 2 x 4, f ( x) 4 caso contrário. 0, Verificar se f(x) é uma função densidade de probabilidade e calcular a probabilidade que o tempo de produção de um artigo escolhido ao acaso seja menor do que 3 minutos. 13 Primeiro notamos que f(x) 0, para todo x. Falta verificar a condição (2), ou seja a área sob o gráfico de f(x) deve ser igual a 1. 2 f ( x)dx 0dx 4 2 4 4 5 x 5 x 1 x dx 0dx dx (5 x ) 1. 4 4 4 2 x2 4 2 2 A probabilidade de que o tempo de produção de um artigo escolhido ao acaso seja menor do que 3 minutos é a probabilidade do evento A = {x; x < 3}, ou seja, 3 P( A) P( X 3) 2 f ( x)dx 3 0dx 2 2 3 1 1 x 5 (5 x)dx (5 x ) 4 4 2 2 8 14 Observação. Se X é uma variável aleatória contínua, então (i) P( X x) 0, para todo x , (ii) P(a X b) P(a X b) P(a X b) P(a X b), para todos a e b , (iii) P( X a) P( X a), para todo a . Definição. Função de distribuição acumulada. X é uma variável aleatória contínua com função densidade f(x). A função de distribuição acumulada (FDA) de X é x F ( x) P( X x) f (t )dt, para todo x . Exemplo. Uma variável aleatória X tem função densidade 5 x , se 2 x 4, f ( x) 4 caso contrário. 0, Determinar F(x). 15 Se x 2, t em- se que f ( x) 0, logo, F(x) 0. Se 2 x 4, t em- se, 5t 5 t F(x) f(t )dt 0dt dt 4 8 - 2 x 2 2 x x 2 9 (5 x) 2 . 8 Sex 4 tem se, F(x) x 2 4 x - 2 4 0 1 0 f(t )dt f (t )dt f (t )dt f(t )dt 1 Logo, a FDA de X é 0, 9 (5 x) 2 F ( x) 8 1, se x2 se 2 x 4 se x4 16 Observação. A FDA de X permite o cálculo de probabilidades de eventos da forma E = {x; a x b}, com a b. Isto é, P(E) = F(b) - F(a). Exemplo. Considere a FDA abaixo. Obtenha P(X 3) e P(3 X < 5). 0, 2 9 (5 x ) F ( x) 8 1, se x 2, , se 2 x 4, se x 4. Solução. 9 (5 3) 2 5 P ( X 3) F (3) e 8 8 5 3 P (3 X 5) F (5) F (3) 1 . 8 8 17 Propriedades 1. 0 F(x) 1, para todo x. 2. F(x) é uma função monótona não decrescente. 3. F(x) é uma função contínua para todo x. x 4. lim F ( x) lim x x x f (t )dt 0 e lim F ( x) lim f (t )dt 1 x x 5. Do teorema fundamental do cálculo obtemos f(x) d F ( x). dx Exemplo. Suponha que o tempo de vida de um processador é uma variável aleatória X com x 1 ke 2 , F ( x) 0, x 0, x 0. Determinar (a) o valor de k, (b) P(X 2) e P(2 X 4) e P(X -1) e (c) f(x). 18 Solução. (a) Pela propriedade 3 de F(x) temos F(0) = 0: 1 ke 0 x 2 0 k 1. Logo, F(x) 1 - e , 0, se x 0 c.c (b) P( X 2) 1 P( X 2) 1 (1 e 1 ) e 1. P(2 X 4) F (4) F (2) (1 e 2 ) (1 e 1 ) e 1 e 2 . P( X 1) F (1) 0. (c) Da propriedade 5 de uma FDA contínuatemos 1 2x d e , x0 f ( x) F ( x) 2 dx 0, x0 19 Valor esperado e variância de uma variável aleatória Definição. Valor esperado de uma variável aleatória. Seja X uma variável aleatória com função de probabilidade ou função densidade de probabilidade, f (x) . O valor esperado (ou esperança matemática ou média da variável aleatória), denotado por E ( X ) é definido como X 1. Se X é uma variável aleatória discreta, E( X ) xf ( x), xR X 2. Se X é uma variável aleatória contínua, E( X ) xf ( x)dx, supondo que o somatório e a integral existem. 20 Valor esperado de uma função de variável aleatória Seja Y = h(X), sendo h uma função real e contínua de X. O valor esperado de h(X) é dado por 1. Se X é uma variável aleatória discreta, E (Y ) h( x) f ( x), xR X 2. Se X é uma variável aleatória contínua, E (Y ) h( x) f ( x)dx. 21 Definição. Variância de uma variável aleatória. X é uma variável aleatória com função de probabilidade ou função densidade de probabilidade,f (x) , com média E ( X ) . A variância de X, denotada por Var( X ) é definida como o 2 valor esperado de ( X X ) . 2 X X 1. Se X é um a variávelaleat óriadiscret a, Var ( X ) 2 ( x ) f ( x ), xR X 2. Se X é um a variávelaleat óriacont ínua, Var ( X ) 2 ( x ) f ( x ) dx. Definição. Desvio padrão. É a raiz quadrada da variância: DP( X ) X Var( X ) 22 Exemplo. Suponha que a demando diária de uma peça é uma variável aleatória discreta com função de probabilidade 2x , P( X x) 6 x! 0, x 1, 2, 3, 4, c.c. Determinar (a) a demanda esperada e (b) o desvio padrão da demanda. Solução. (a) Pela definição de valor esperado temos 2 22 23 24 19 E ( X ) xf ( x) 1 2 3 4 2,1. 6 6 2! 6 3! 6 4! 9 xRX 23 Var ( X ) 2 ( x ) f ( x) xR X 19 2 2 19 2 2 2 19 2 23 19 2 2 4 80 (1 ) (2 ) (3 ) (4 ) , 9 6 9 6 2! 9 6 3! 9 6 4! 81 DP( X ) X 80 0,99. 81 24 x Assimetria à direita: Assimetria à esquerda: Moda < Mediana < Média Moda > Mediana > Média Moda x Média Mediana f(x) Mediana Média Moda f(x) Moda, mediana e média (VAC) Simetria: Mediana = Média (se existir). 25 Variáveis aleatórias independentes X e Y são duas variáveis aleatórias. Dizemos que X e Y são independentes se, e somente se, P(( X x) (Y y)) P( X x) P(Y y)) FX ( x) FY ( y), para todosx e y, sendo que FX e FY são as FDA’s de X e Y. Em particular, se X e Y são duas variáveis aleatórias discretas, X e Y são independentes se, e somente se, P(( X x) (Y y)) P( X x) P(Y y), para todosx e y. 26 Propriedades do valor esperado e da variância X e Y são duas variáveis aleatórias e a e b dois números reais. 1.E (a ) a. 2.E (aX ) aE( X ) 3.E (aX b) aE( X ) b 4.E aX bY aE( X ) bE(Y ) 5.Var ( X ) E ( X ) 2 6. Var (a ) 0 2 X 7.Var (aX ) a 2Var ( X ) 8. Se X e Y são variáveis aleatórias independentes, então Var(aX bY) a 2Var ( X ) b 2Var (Y ). 9. Se X 1 , , X n são n variáveis independentes, então Var(X1 X 2 X n ) Var ( X 1 ) Var ( X 2 ) Var ( X n ) 27 Exemplo. O total de vendas diárias de um empresa que comercializa equipamentos eletrônicos (em dezenas de milhares de R$) é uma variável aleatória com função densidade x 2 3 , se 2 x 4 6 x f X ( x) , se 4 x 6 6 c.c. 0, (a) Para um certo dia, determine a probabilidade de que as vendas da empresa sejam maiores do que R$ 22.000, 00, mas não ultrapassem R$ 45.000. (b) A média e o desvio padrão das vendas diárias. (c) Se o lucro diário é dado pela função Y = 0,2X - 0,5, calcule a média e o desvio padrão do lucro diário. 28 Solução. Denotamos as vendas diárias (em dezenas de milhares de R$) por X. (a) Definimos A = {2,2 < X 4,5} e calculamos x2 P ( A) P (2,2 X 4,5) f ( x)dx dx 3 2, 2 2, 2 4,5 4 4 6 x 4 6 dx 4,5 4,5 1 x 1 x 2 x 6 x 0,806. 3 2 2 4 2, 2 6 2 2 29 (b) Iniciamos calculando 34 x2 6 x E ( X ) xf ( x)dx x dx x dx 3,78 3 6 9 2 4 4 6 134 x2 2 6 x E ( X ) x f ( x)dx x dx x dx 14,89. 9 3 6 2 4 2 4 2 6 2 Logo, X2 Var ( X ) E ( X 2 ) X2 134 34 9 9 2 50 / 81 X Var ( X ) 50 / 81 0,786. (c) Seja Y = 0,2X - 0,5. Das propriedades do valor esperado e da variância obtemos E(Y) = E(0,2X - 0,5) = 0,2 E(X) - 0,5 = 0,2 34/9 - 0,5 0,256. Var(Y ) Var(0,2 X 0,5) 0,22Var( X ) 0,22 (50 / 81) 0,0247. 30