"A qualidade da vida é mais importante que a sua duração." Avicena. Abū Alī al-Ḥusayn ibn Abd Allāh ibn Sīnā - Avicena (980-1037) Nascido em Afshana, atual Uzbequistão , terminando seus dias na cidade de Hamadan no Irã, Avicena foi um polímata persa – de conhecimento enciclopédico, provavelmente o Filósofo mais importante na tradição islâmica e o Pensador mais influente da era Pré-Moderna, por introduzir os pensamentos aristotélicos aos conceitos escolásticos. Destacou-se entre outras áreas, no campo da medicina, e seu principal trabalho, o Cânone da Medicina (al-Qanun fi’l-Tibb) continuou a ser utilizado como manual de medicina nas universidades da Europa e no mundo islâmico até o início do período moderno. Como filósofo, sua principal obra é A Cura (al-Shifa’), que teve um impacto decisivo sobre a escolástica europeia, especialmente sobre Tomás de Aquino. De sua vida pessoal, o perfil que chegou até nós é que Avicena era um jovem muito precoce, e com dez anos de idade, já havia memorizado o Alcorão. Aos dezesseis, já dominava várias ciências, como física, matemática, lógica e metafísica. Logo começou o estudo e a prática da medicina, e antes de completar vinte e um anos de idade, escreveu seu famoso “Cânone”. Na metafísica de Avicena, Deus é um ser necessário. Ele faz uma distinção clara entre a existência e a essência das coisas, argumentando que a forma e a matéria não podem interagir sozinhas e por conta própria gerar o movimento, que é o que ele chama de fluxo vital do universo, nem gerar a própria existência. A existência tem origem em uma causa que necessariamente coloca em relação a essência e a existência, somente dessa forma a causa das coisas que existem podem coexistir com os efeitos. Ele resolveu o problema da essência e dos atributos do mundo através de uma análise ontológica da modalidade do ser que ele subdivide em três tipos: impossibilidade, contingência e necessidade. O ser impossível é aquele que não existe. O ser contingente é o que tem necessidade de uma causa externa a si para existir. Já o ser necessário, que é único, reflete a sua essência e tem a capacidade de gerar a primeira inteligência. Dessa primeira inteligência deriva uma segunda, e depois uma terceira, dando seqüência a todas as inteligências. O ser necessário é a causa somente da primeira inteligência e as outras são resultados indiretos desta. Esse ser necessário é Deus que conhece todas as coisas particulares e universais graças à sua ciência e à sua sabedoria. Tanto Deus como o universo são eternos e não existe nem tempo nem espaço antes de Deus. Essa definição modifica profundamente a compreensão sobre a criação do mundo. Ela não é mais o capricho de uma vontade divina, mas o resultado do pensamento divino que pensa ele mesmo. A criação torna-se uma necessidade e não mais uma vontade. O mundo se origina de Deus como excesso de sua inteligência. Sobre as causas do mal no mundo, Avicena afirmou que ele é disseminado por acidente e que ele surge por causa da imperfeição da natureza. Além disso o filósofo acreditava que o bem deve deixar espaço também ao seu contrário. O propósito da filosofia é de esclarecer e demonstrar através da razão as verdades reveladas por Deus. Aos filósofos cabe fazer considerações e elucidações sobre as partes obscuras e ocultas das doutrinas divinas reveladas. Nos estudos de Avicena podemos encontrar também elementos da filosofia da ciência. Ele descreve um método de investigação cientifica e se pergunta como é possível alcançar hipóteses, afirmações que não necessitam de prova para que sejam consideradas verdadeiras ou deduções iniciais sem que elas sejam inferidas das premissas. Para ele a solução é a combinação do antigo método indutivo aristotélico com um método que utiliza a experimentação e a observação atenta do que se quer conhecer. O homem, animal munido de razão, tem o poder de conhecer, através da alma racional, as formas inteligíveis. Essas formas inteligíveis constroem a alma racional de três formas: primeiro através de uma emanação, de um prolongamento da substância e natureza divina, através da qual o homem pode conhecer os primeiros princípios; segundo através do raciocínio e da demonstração é possível conhecer as coisas inteligíveis do mundo utilizando para isso a lógica; e terceiro através dos sentidos. Sentenças: - Um médico ignorante é um auxiliar da morte. - O vinho é um amigo de quem é moderado e inimigo de quem é beberrão. - A medicina deve conhecer as causas de doença e de saúde. - A oração é inteiramente espiritual, é um encontro direto entre Deus e a alma, afastado de todas as limitações materiais. - Tudo o que não existe e depois passa a existir, é criado por algo diferente de si mesmo. - A qualidade da vida é mais importante que a sua duração. - A medicina não é uma ciência difícil e complexa como a matemática e a metafísica.