ROMANTISMO
Da revolução política às
transformações estéticas
 Como escola literária, o Romantismo predomina na





Europa na primeira metade do século XIX.
Surgimento no período imediatamente posterior à
Revolução Francesa.
O ideal da Revolução Francesa era promover as
transformações sociais necessárias para a
construção de uma sociedade mais justa.
Liberalismo: visava assegurar a liberdade e a
igualdade proclamadas pelos revolucionários.
Nacionalismo: exigia a libertação dos povos
submissos e a unificação das nações divididas.
A redefinição da organização social, com a chegada
da burguesia ao poder, fez surgir o denominado
Movimento Romântico, resultado da necessidade de
transformar o cenário cultural europeu.
A liberdade guiando o povo (1830), de Eugéne Delacroix.
...
 Século XVIII: postura racional associada ao Iluminismo
dominou a Europa, principalmente a França.
- Na literatura: revitalização dos modelos clássicos e
uma visão mais otimista da vida, traduzida nos poemas
árcades em que pastores e pastoras celebravam o
amor em um cenário de extremo bucolismo.
- A arte produzida até então tem como ponto de origem
e chegada a aristocracia. Ela é produzida pela elite e
para a elite.
- Era necessária uma transformação cultural equivalente
à política, que só poderia ser realizada pelos
burgueses, os maiores interessados.
A exaltação da imaginação e
dos sentimentos
 Burguês: não tinha linhagem, tradição, estirpe,
não tinha “sangue azul”.
 Os padrões estéticos estavam fundamentados em
modelos aristocráticos e eram, por isso,
inatingíveis para a burguesia.
 Era necessário criar um novo parâmetro de beleza
→ surge uma arte fundamentalmente voltada para
a expressão do indivíduo.
 A diferença entre o indivíduo e a sociedade em
que vive será de extrema importância para os
românticos.
A fuga do presente e da
realidade
 Autor romântico: incompreendido pela sociedade
em que vive, porque defende valores que
diferem muito dos então vigentes (filosofia
iluminista = processos racionais e posturas
coletivas).
 Essa incompatibilidade originará um dos temas
mais frequentes da literatura romântica: a fuga
da realidade.
 O medo do presente, que o repele e ridiculariza,
leva o romântico a refugiar-se no sonho, ou
criando utopias, ou voltando-se para o passado,
agora idealizado, como fonte de inspiração.
O imaginário romântico é povoado por criaturas saídas dos sonhos e
pesadelos. Os artistas procuram, por meio de suas obras, resgatar a
presença do desconhecido, do irracional e do passional como
expressões palpáveis dos sentimentos humanos. (O pesadelo, de Henry
Fuseli – 1781-1782, óleo sobre tela).
Os filhos de uma mesma nação
 Nacionalismo: consciência partilhada por um
grupo de indivíduos intrinsecamente ligado a
uma terra e detentores de uma cultura e uma
história comuns, marcadas por eventos vividos
em conjunto.
 Revolução Francesa: sentimento nacionalista.
 A recuperação do passado atua como fonte de
inspiração nacionalista.
Recapitulando: as características
definidoras do Romantismo
A
nova estética assumiu uma feição
anticlássica: liberdade individual do artista.
 Valorização do heroísmo e da nobreza de
caráter: construção de uma identidade nacional
que recuperasse a alma do povo.
 Livre
expressão
de
sentimentos:
sentimentalistas
e
individualistas
→
imaginação intensa.
 Fuga da realidade.
...
 Três momentos (ou gerações) distintos no
Romantismo:
1º) consolidação de uma ideia de nação
2º) aprofundamento da perspectiva subjetiva;
exploração do excesso sentimentalista
3º) perspectiva um pouco menos idealizada;
algumas questões sociais como a libertação
dos escravos.
ROMANTISMO EM
PORTUGAL
PRIMEIRA GERAÇÃO
 1825:
marco inicial do Romantismo em
Portugal.
 Camões, de Almeida Garrett (França)
 As mudanças sociais têm início com a partida
da família real para o Brasil, então colônia
portuguesa.
 Marcados por alguns traços clássicos, voltarão
para a recuperação do passado histórico
português, eminentemente medieval, que
acentuará o caráter nacionalista de suas obras.
ALMEIDA GARRET e a
dualidade do amor
 Filho da burguesia portuguesa
que prosperou graças ao
mercado brasileiro e aderiu às
reformas pombalinas.
 Sua obra revela um homem
claramente situado entre dois
mundos: um de influência
clássica; outro de inspiração
romântica.
 O primeiro autor a publicar um
texto romântico em língua
portuguesa: Camões.
A Poesia...
 Camões
- Poema dividido em 10 cantos e escrito em
decassílabos brancos.
- Uma espécie de biografia romântica de
Camões, destacando seus amores por
Natércia.
 Dona Branca
- Tema medieval e utilizar o folclore nacional
em lugar da mitologia clássica.
...
 Folhas Caídas:
- Maturidade poética
- Sua paixão por uma mulher casada causa
escândalo na sociedade e dá origem a
versos de tom confessional que impulsionam
o romantismo intimista na obra do poeta.
Seus olhos - se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! - e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.
GARRETT, A. Folhas caídas.
Biblioteca Digital. Porto: Porto Editora.
(Col. Clássicos da Literatura Portuguesa)
A Prosa de Ficção...
 Viagens na minha terra:
- 1846
- A mais bem acabada obra do autor
- Impressões de viagem (Santarém), registradas pelo
autor
- História de Carlos e Joaninha, “a menina dos
rouxinóis”, passada durante as lutas entre liberais e
miguelistas.
- Histórias entrecortadas por observações de natureza
moral, política, científica, tecnológica e artística.
O Teatro...

1)
Duas fases:
Tons claramente clássicos, inspirada nos modelos
greco-latinos e renascentistas;
2) Inspiração romântica, inaugurada pela peça D.
Filipa de Vilhena.
 Frei Luís de Souza:
Triângulo amoroso: D. Manuel – Madalena – D.
João.
- D. Maria (filha D. Madalena) passa a ser bastarda
com a volta de D. João.
Maria morre no momento em que seus pais estão
entrando para a vida monástica.
ALEXANDRE HERCULANO: entre
o romance e a história
 Temas políticos e
religiosos
+
reconstituição do
passado histórico
português
A Poesia...
 Temas relacionados à religião, à liberdade e
à saudade associada ao contexto da guerra
civil e do exílio.
 Tom mais contido
 Estrutura rigorosa
A Prosa de ficção...
 Novelas e contos
 A reconstituição do passado como base para a

-
construção de uma identidade nacional.
Eurico, o presbítero:
História de um valoroso cavaleiro godo que serve ao
duque de Favila.
Eurico apaixona-se pela filha do duque, Hermengarda,
mas o romance é proibido.
Eurico, quando a península é invadida pelos árabes,
assume a identidade do misterioso Cavaleiro Negro.
Hermengarda é salva por Eurico.
Dividido entre o celibato e a paixão, Eurico opta pela
morte.
Hermengarda enlouquece.
Prosa historiográfica...
 Quatro volumes da História de Portugal
 Valorização das lutas sociais em lugar de
privilegiar os feitos individuais.
 Portugalie Monumenta Historica: série de
documentos de um período que se estende
do século VIII ao XV.
SEGUNDA GERAÇÃO
Ultra-Romantismo
 Crises de natureza política não ocorreram nesse







contexto.
Caráter bem mais pessoal e particularizado que passa
a caracterizar a produção literária.
O Romantismo era muito bem aceito pelas camadas
populares.
Romances em forma de folhetim.
O escritor profissional.
A burguesia começa a escrever para si própria.
Grande crescimento da interação autor-leitor.
Histórias de amor exacerbado são contadas em tons
melodramáticos.
Características Literárias
 Exagero sentimental
 Sentimentos arrebatadores
 Poeta
completamente isolado da
sociedade
 Imagem do herói romântico – luta por
valores (honestidade, amor, direito à
liberdade).
Uma natureza soturna e
ameaçadora
 Cenário
preferido dos poemas ultraromânticos: natureza soturna (escura,
sombria) e tempestuosa (agitada).
 Natureza: papel funcional
→ 2 funções:
1) PARADISÍACA (encantadora) – vislumbrada
pelos amantes em momentos de sonho
2) SOMBRIA (soturna) – refúgio final para os
desesperados sofredores
Naufrágio, de Claude-Joseph Vernet, 1759. A natureza ameaçadora,
reflexo do estado de desespero do artista, será o cenário preferido dos
ultra-românticos.
O “mal-do-século” e o fascínio pela
ideia da morte
 Associação: excessos sentimentalistas e morte
 Morrer de amor = disposição para se entregar




completamente ao mais puro sentimento que o
homem pode ter.
Amantes da noite e da escuridão
Bebidas
Tuberculose
Fascínio pela morte, pela escuridão, pela doença,
pela bebida, pelo tédio e por drogas (ópio e haxixe)
→ o “mal-do-século”.
CAMILO CASTELO BRANCO:
um ultra-romântico exemplar
 Principal

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
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
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
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
representante do ultraromantismo português
Nasceu em 1825
Casou-se muito cedo
Esposa: Joaquina
Filha morreu aos 5 anos
1843: abandonou a esposa
Vida boêmia
1850: conhece Ana Plácido (casada).
Amantes são presos em 1860.
Na cadeia, escreve Amor de Perdição
(novela de amor)
Mais de 40 textos de ficção, pelo
menos 1 dezena de peças teatrais e
alguns livros de poesia.
Cegueira total leva-o ao suicídio
1890: suicídio com tiro no ouvido.
A produção literária
 Homem de visão crítica
 Novelas: a tragédia amorosa é o centro do
enredo
 Sátiras: os exagerados românticos são
ridicularizados
 Novelas passionais
 O impedimento do amor é de ordem social
 Sofrimento amoroso é enaltecido
 Fim trágico: sentença punitiva
Amor de Perdição: uma obra-prima
no cenário romântico
 Encenação portuguesa do drama shakespeariano de Romeu
e Julieta.
 Simão Botelho: rapaz arruaceiro, causador de grande
desgosto aos pais (Domingos Botelho e dona Rita Preciosa).
 Amor à primeira vista: Teresa de Albuquerque.
 Proibidos de se verem, Simão vai para Coimbra e Teresa,
para o convento (para não casar com o primo, Baltasar
Coutinho).
 Simão e Teresa comunicam-se por meio de cartas.
 Simão decide visitar Teresa e encontra o pai e o primo da
moça. Os dois jovens brigam e Simão mata Baltasar.
 Simão se entrega para a polícia para pagar pelo crime que
cometeu (perfeito herói romântico).
...
 Preso na cadeia do Porto
 Mariana da Cruz, filha do ferreiro, cuida de Simão, por quem






é apaixonada.
Mariana dispõe-se a ajudar Simão e Teresa com as cartas.
Simão provavelmente será condenado à força e, por isso,
Teresa adoece.
O pai de Simão, com seu status, busca trocar a pena pelo
degredo (exílio) do filho.
Mariana convence Simão a levá-la em sua viagem.
Teresa observa a partida de Simão, muito adoecida, do alto
do convento.
Simão vê um lenço sendo agitado ao longe, que, de repente,
desaparece: Teresa havia morrido.
...
 No momento da partida do navio, uma velha senhora se
apresenta no porto com um embrulho de cartas para Simão.
 São as cartas por ele enviadas a sua amada; sobre elas a
última carta escrita por Teresa.
 A morte de Simão chega depois de um período de agonia,
tomado pela febre. Mariana sofre com a doença do amado.
 Morto Simão, no momento em que seu corpo é lançado ao
mar, ouve-se o baque de outro corpo na água: é Mariana.
 Mariana nada até abraçar Simão.
 Os marinheiros do navio tentam resgatá-la, mas recuperam
apenas o maço de cartas dos amantes, enrolado no avental
de Mariana.
TERCEIRA GERAÇÃO
Um momento de transição
 Após década de 1860: romances em que os
traços mais exagerados vão desaparecendo.
 Indícios de mais aproximação com a
realidade.
JULIO DINIS
 Joaquim Gomes Botelho
- Tuberculose
- As Pupilas do Senhor Reitor
- Retrata a vida em uma típica aldeia portuguesa.
- Personagens completamente idealizadas.
- Defende o valor das tradições
- Privilegia a ideia de progresso e de mudança.
As Pupilas do Senhor Reitor
 Senhor Reitor: tutor de duas jovens órfãs.
 Clara: “Clara possuía um gênio, com o qual se não davam as apreensões.






Não calculava conseqüências. A vida era o presente. (...) A sua confiança
em tudo chegava a ser perigosa. Um inesgotável fundo de generosidade,
elementos principal daquele caráter simpático.”
Margarida: “De caráter triste e sombrio, que é traço indelével que fica de
uma infância, à qual se sufocaram as naturais expansões e folguedos, em
que precisa de transbordar a vida exuberante e bela.”
Daniel: Amigo de infância de Margarida, filho do abastado José das Dornas,
também pai de Pedro. Margarida afeiçoara-se a Daniel. Daniel tem
constituição física frágil, o que leva o pai a direcioná-lo para o sacerdócio
por meio do Reitor.Como Daniel aos treze anos confessa que não tem
vocação para a carreira religiosa, o Reitor convence o pai a envia-lo ao
Porto para estudar medicina e ser doutor.
Pedro: irmão de Daniel e noivo de Clara.
Dr. João Semana: médico octagenário de idéias limitadas e ultrapassadas.
João da Esquina: comerciante, atento a intrigas e brigas locais,
representante do meio mesquinho e pequeno.
Velho Mestre: velho filósofo que se instalara na vila para procurar paz na
vida do campo e preparar-se para morrer. O velho servia de mestre a
Margarida, criando amizade com a moça, que muito aprendia com o
filósofo.
...

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




Num cenário povoado de tipos humanos cuja bondade só é maculada pelo
moralismo quase ingênuo de comadres fofoqueiras, desenrola-se o drama
amoroso.
Daniel, ainda menino, prepara-se para ingressar no seminário, mas o reitor
descobre seu inocente namoro com a pastorinha Margarida (Guida). O pai,
José das Dornas, decide, então, enviá-lo ao Porto para estudar medicina. Dez
anos depois Daniel volta para a aldeia, como médico homeopata. Margarida,
agora professora de crianças, conserva ainda seu amor pelo rapaz. Ele, no
entanto, contaminado pelos costumes da cidade, torna-se um namorador
impulsivo e inconstante, e já nem se lembra da pequena pastora.
A esse tempo, Pedro, irmão de Daniel, está noivo de Clara, irmã de Margarida.
O jovem médico encanta-se da futura cunhada, iniciando uma tentativa de
conquista que poria em risco a harmonia familiar. Clara, inicialmente, incentiva
os arroubos do rapaz, mas recua ao perceber a gravidade das conseqüências.
Ansiosa por acabar com impertinente assédio, concede-lhe uma entrevista no
jardim de sua casa.
Esse encontro é o ponto culminante da narrativa: surpreendidos por Pedro, são
salvos por Margarida, que toma o lugar da irmã.
Rapidamente esses acontecimentos tornam-se um grande escândalo que
compromete a reputação de Margarida. Daniel, impressionado com a
abnegação da moça, recorda-se, finalmente, do amor da infância. Apaixonado
agora por Guida, procura conquistá-la.
No último capítulo, depois de muita resistência e de muito sofrimento,
Margarida aceita o amor de Daniel.
TRANSIÇÃO
 O Romantismo português vai, aos poucos, se
distanciando do exagero ultra-romântico e
preparando o caminho para a transformação
que chegará com os jovens idealistas da
famosa geração de 1870 – Eça de Queirós,
Antero de Quental, Oliveira Martins, entre
outros.
ROMANTISMO
NO BRASIL
PRIMEIRA GERAÇÃO
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
 Transferência da corte portuguesa para o
Brasil: abertura dos portos às nações amigas
 Crescimento das transações comerciais e do
intercâmbio cultural.
 Criadas escolas, museus, bibliotecas
 Urbanização da capital
 Circulação regular de jornais e periódicos –
criação da Imprensa Régia (imprensa nacional).
Um funcionário sai a passeio com a família, aquarela de Jean
Baptiste Debret. Observe na foto um costume da Corte trazido para a
ColÔnia. A hierarquia familiar: primeiro o chefe, depois os filhos, em
idade crescente, a mãe, a criada de quarto, a ama-de-leite, sua escrava
e os escravos homens.
...
 Formação precária de um público leitor (a
maioria da população era analfabeta).
 Construção de um circuito literário completo
em terras nacionais, com a vinda da corte
portuguesa.
 Para muitos, apenas com o Romantismo
podemos
falar
de
uma
Literatura
genuinamente nacional.
A idealização de uma pátria e de um
povo
 Grande
estímulo:
proclamação
da
Independência.
 O desejo de uma identidade cultural brasileira.
 1836: marco do início do Romantismo no
Brasil
 Revista com temas de interesse nacional:
Niterói, Revista Brasileira de Ciências, Letras
e Artes.
“Tudo pelo Brasil, e para o Brasil”.
 1836: Suspiros poéticos e saudades, de
Gonçalves de Magalhães. (poemas)
Gonçalves de Magalhães fala sobre a relação
entre literatura e colonização
Cada povo tem sua literatura própria, como cada homem
seu caráter particular, cada árvore seu fruto específico; mas
esta verdade incontestável para os primitivos povos,
algumas modificações contudo experimenta entre aqueles
cuja civilização apenas é um reflexo da civilização de outro
povo. Então, como nas árvores enxertadas, vêem-se pender
dor galhos de um mesmo tronco frutos de diversas
espécies; e posto que não degenerem muito os que do
enxerto brotaram, contudo algumas qualidades adquirem,
dependentes da natureza do tronco que lhes dá o
nutrimento, as quais os distinguem dos outros frutos da
mesma espécie. Em tal caso marcham a par das duas
literaturas, e distinguir-se pode a indígena da estrangeira.
MAGALHÃES, Gonçalves de. Discurso sobre a história
da literatura no Brasil.
...
 Busca, no passado histórico, de elementos
definidores das origens nacionais.
 Os principais escritores da Primeira Geração
passam a inspirar-se na América précabralina.
 Primeira Geração = Geração Lusófoba (que
tem ódio a Portugal).
 Nativistas (indianistas) – presença do índio
 Índio: espírito do homem livre e incorruptível (o
bom selvagem).
 Literatura: guardiã da memória de um povo.
GONÇALVES DIAS:
Um indianista amoroso

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

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

Nasceu no Maranhão, em 1823
Origem mestiça (retrato do Brasil)
Foi para Portugal
Direito (Univ. de Coimbra)
Influenciado por textos de Almeida Garrett e Alexandre
Herculano.
1846: Primeiros Cantos
Segundos cantos
As sextilhas do frei Antão (1848).
Os últimos cantos (1851)
Todos são livros de poesias
Temas fundamentais: natureza, pátria e religião.
Morreu, em 1864, vítima de um naufrágio.
Uma palmeira, um sábia e muitos
índios
 Canção do Exílio – síntese do amor pela
pátria
 Superioridade do Brasil
 Extremo saudosismo
 Inúmeros autores que, inspirados no poema,
também abordaram o tema do amor à pátria.
 Gonçalves Dias = o poeta dos índios
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
De Primeiros cantos (1847)
...
 I-Juca Prima
- “O que há de ser morto”
- História do último descendente da tribo Tupi, feito
-
-
prisioneiro pelos valentes Timbiras.
Idealização do índio
Exaltação da natureza
O jovem Tupi pede piedade, sendo interpretado
como covarde.
O jovem Tupi, liberto, encontra o pai, que renega o
filho que, diante do inimigo, demonstrou covardia.
“Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.
(...)
Sé maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és."
...
 Decidido a provar sua coragem, o jovem Tupi
arremete contra os guerreiros timbiras.
 Após luta intensa, pela coragem mostrada, o
tupi merece viver.
 Canto X: mostra um velho Timbira contando,
para as crianças da tribo, a história do
valente tupi.
Um velho Timbira, coberto de glória,
guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
do que ele contava,
Dizia prudente: - “Meninos, eu vi!
“Eu vi o brioso no largo terreiro
cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
parece que o vejo,
Que o tenho nest'hora diante de mim.
(...)
Assim o Timbira, coberto de glória,
guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
do que ele contava,
Tomava prudente: "Meninos, eu vi!”
(GARBUGLIO, José Carlos. (org).
Os melhores poemas de Gonçalves Dias)
SEGUNDA GERAÇÃO
 A grande marca temática que influenciou os
escritores da segunda geração foi a morte.
 A idealização de temas e personagens,
contudo, continua forte como sempre.
 Uma visão negativa do mundo e da sociedade
perpassa toda a obra dos escritores desse
período.
 É no contexto das desilusões e da maneira
pessimista de encarar a própria existência que
a morte surge como solução, como alívio aos
sofrimentos.
... A temática do Amor e da Morte
 A morte aparece nos poemas ultra-românticos
indissociada do amor não correspondido,
fonte do sofrimento insuportável.
 Desejo de amar x desejo de morrer.
 A imagem de perfeição feminina apresenta os
traços da morte, como que a condenar
implicitamente qualquer forma de manifestação
física do amor.
...
 Quando o sentimento amoroso não era tratado numa

-
-
atmosfera de sonho e ilusão, aparecia simbolizado
pelo saudosismo de uma infância perfeita,
configurando-se, então, como algo ingênuo e
inocente.
Características da geração:
Subjetivismo pessimista
Desejo de fuga da realidade
Atração pelo mistério
Solidão do poeta
Natureza mórbida
Idealização absoluta da mulher virginal e etérea.
Meus Oito Anos
Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias
Do despontar da existência !
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor !
Casimiro de Abreu
Fagundes Varela
 Dentre os poetas da segunda




geração, Fagundes Varela foi
um homem que manifestou
também os primeiros sinais da
preocupação com temas sociais
que caracterizaria os autores da
terceira geração. Por
esse
motivo, é visto como um autor de
transição.
Juiz de Direito
Tragédia pessoal: o filho morreu
aos 3 meses
Boêmio
Cântico do Calvário
A cruz
Estrelas
Singelas,
Luzeiros
Fagueiros,
Esplêndidos orbes, que o mundo aclarais!
Desertos e mares, - florestas vivazes!
Montanhas audazes que o céu topetais!
Abismos
Profundos!
Cavernas
E t e r nas!
Extensos,
Imensos
Espaços
A z u i s!
Altares e tronos,
Humildes e sábios, soberbos e grandes!
Dobrai-vos ao vulto sublime da cruz!
Só ela nos mostra da glória o caminho,
Só ela nos fala das leis de - Jesus!
Álvares de Azevedo
 Nasceu em SP, em 1831.
 Faculdade de Direito
 Nenhum dos livros foi
publicado em vida.
 Morreu aos 21 anos.
Lira dos Vinte Anos: os suspiros
doloridos de um jovem poeta
Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da
lira interna que agitava um sonho, notas que o vento
levou - como isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do
mistério do meu amor e da minha solidão, agora que
ela vai seminua e tímida, por entre vós, derramar em
vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó
meus amigos, recebei-a no peito e amai-a como o
consolo, que foi, de uma alma esperançosa, que
depunha fé na poesia e no amor - esses dois raios
luminosos do coração de Deus.
(AZEVEDO, Álvares de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.)
...
 Dividida em 3 partes.
 1ª
e 3ª partes: sentimentalismo e
egocentrismo.
- Versos que revelam fascínio pela ideia de
morrer e atração pelas virgens pálidas e frias.
- A possibilidade de concretização do amor é
confinada ao mundo dos sonhos.
 2ª parte: ironia e sarcasmo.
Noite na Taverna: a perdição dos
desejos da carne
- Silêncio, moços! acabai com essas
cantilenas horríveis! Não vedes que as
mulheres dormem ébrias, macilentas como
defuntos? Não sentis que o sono da
embriaguez pesa negro naquelas pálpebras
onde a beleza sigilou os olhares da volúpia?
AZEVEDO, Álvares de. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
...
 Relato de aventuras amorosas dos rapazes.
 Desejo carnal: o lado negro do sentimento
amoroso.
 Ressaltar a pureza do amor espiritualizado.
 Apenas a morte é capaz de purificar.
 A idealização (dessa vez feita em termos
negativos) chega às raias do absurdo.
TERCEIRA GERAÇÃO
 1840: reinado de D. Pedro II
 Grande crise econômica
 Lutas sangrentas e revoltas.
 1850: café chegou ao apogeu no mercado
 Tráfico negreiro.
 Lei Eusébio de Queirós (punições para o
tráfico de escravos).
Castro Alves
 Baiano, nascido em 1847.
 1860: morava em Recife.
 Faculdade de Direito
 Arrebatados poemas
 Sensualidade explícita
 Os relacionamentos são reais
 Encontros furtivos dos amantes
 Inesquecíveis noites de amor
 Morreu aos 24 anos.
O CONDOREIRISMO: A vertente
social da poesia romântica
 Envolvimento de Castro Alves com as questões




libertárias.
Castro Alves em SP: Cidade com muitos
melhoramentos urbanos.
Nos engenhos, as senzalas úmidas e frias eram
testemunhas da desgraça de um povo.
Inspirado pelos princípios libertários defendidos por
Victor Hugo, começa a escrever poemas sobre o tema
da escravidão.
Condor: símbolo da pujança e da força dos poetas que
põem sua pena a serviço da causa da liberdade.
 A poesia torna-se instrumento de uma causa
social e faz com que o poeta assuma para si
a tarefa de denunciar as injustiças sociais.
 Castro Alves: “Navio Negreiro” – poema
composto em seis cantos que trata do
sofrimento dos negros durante a travessia do
oceano, confinados num navio negreiro.
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Primeira Geração - Cursinho Vitoriano