UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Câmpus de Ilha Solteira Adubos e Adubação GESSAGEM 10 de Abril de 2014 Ilha Solteira - SP O QUE É GESSO AGRÍCOLA? Pó branco pouco solúvel em água, cerca de 150 vezes mais solúvel do que o calcário e mais móvel que este, apresentando maiores efeitos em profundidade. http://www.fjconsultoria.com.br/noticias/2010/01/01.php Na década de 70, descobre-se por acaso um novo caminho para melhorar o ambiente radicular das plantas em subsolos ácidos; Como? Ensaio de fosfatos em Latossolo Vermelho escuro com milho (Ritchey et al., 1970), contataram: - em parcelas com ST: plantas murchas; - em parcelas com SS: plantas túrgidas. Esta pesquisa mostrou que no SS houve: -Maior aprofundamento do sistema radicular; -Maior absorção de água das camadas mais profundas; Explicações: menor teor de alumínio e maior teor de cálcio, propiciado pelo CaSO4. Em seguida, foram realizadas várias pesquisas com gesso. Gesso residual (fosfogesso) Ácido fosfórico Brasil, cerca de 4,5 milhões de t Ano-1 Principal tipo de gesso disponível no Brasil - (Cubatão, SP), Minas Gerais (Uberaba, MG) e Goiás (Catalão, GO) Fonte: Vitti (2000) Gesso mineral Gipsita Pólo Gesseiro Pernambuco - 2,6 milhões de t ano-1 - 95 % de todo o gesso mineral brasileiro; - de 1 % é utilizado para fins agrícolas Fonte: Nascimento (2003) Originado do ácido sulfúrico sobre a rocha fosfatada, realizada com o fim de produzir ácido fosfórico, isto quer dizer que o gesso é subproduto da fabricação do H3PO4: Ca10(PO4)6F2 + 10H2SO4 + 20H2O 6H3PO4 + 2HF 10CaSO4.2H2O + * Para cada ton. de ácido fosfórico produzido é separado cerca de 4,5 t de gesso. CaSO4.2H2O...................................................... 96,50% CaHPO4.2H2O................................................... 0,31% [Ca3(PO4)2].3CaF2............................................. 0,25% Umidade livre.................................................... 17% CaO.................................................................... 26 - 28 % S......................................................................... 15% P2O5................................................................... 0,75% SiO2(insolúveis em ácidos)................................ 1,26% Fluoretos (F)...................................................... 0,63% R2O3(Al2O3+F2O3)............................................. 0,37% Tabela. Teores mínimos que as principais fontes de micronutrientes e de macronutrientes secundários devem apresentar. Fonte: Brasil (1983) Tabela. Conteúdo médio de micronutrientes em calcário, gesso e em alguns fertilizantes fosfatados utilizados no Brasil (Malavolta, 1994). Fonte: Malavolta (1994) Carreamento do Al3+ em profundidade; Aumento do Ca2+ em profundidade; Efeito fertilizante; Correção de solos sódicos; Condicionador de subsuperfície; Condicionador de compostos orgânicos e, Preventivo de enfermidades de plantas O aprofundamento radicular promovido pelo gesso favorece a absorção de água de camadas mais profundas do solo, conferindo às culturas maior resistência à seca em veranicos e safrinhas. Espera-se maior atenção para o assunto no sistema de plantio direto, no qual o efeito do calcário aplicado na superfície do solo tem menor influência na acidez do subsolo, comparado ao cultivo convencional, podendo o gesso ter importante efeito complementar à calagem ao melhorar o ambiente radicular de camadas mais profundas do solo Fonte: Raij (2008) Excesso de gesso - "transporte" de nutrientes para camadas mais profundas, o que pode causar uma deficiência de nutrientes na superfície (ocorre mais com Mg e K) Gesso + calcário dolomítico - além de fornecer uma maior quantidade de Mg ao solo, aumenta a retenção de K na camada arável do solo O gesso não corrige a acidez e nem tampouco diminui o Al+3 trocável do solo A função do gesso é alterar a forma iônica do Al (tri-valente e mais tóxica) para uma forma menos tóxica Fonte: Korndörfer (s. d.) Amostragem do solo - 20 a 40 e de 40 a 60 cm para culturas anuais Culturas perenes - 60 a 80 cm ou apenas a camada de 30 a 50 cm Ao encaminhar as amostras para análise química, deve-se solicitar, também, a determinação do teor de argila (Sousa et al., 2005) Condições mínimas: a) teor de cálcio (Ca) menor ou igual a 4 mmolc/dm³ ou 0,4 cmolc dm-3 b) teor de alumínio (Al) maior que 0,5 cmolc/dm³ou 5 mmolc/dm³ c) saturação por alumínio (m%) maior que 30%. (Alguns citam 20%) Recomendações da Gessagem (0,20-0,40 m): •Teores de Ca (mmolc .dm-3); Ca < 5 mmolc .dm-3 •Teores de Al % >30 ou > 5 mmolc .dm-3 de Al *V < 35 % (camada de 0,20 a 0,40 m) NG (t/ha) = (V2 – V1) x CTC 500 Fonte: Vitti et al. (2004) Fonte: Sousa et al. (1997) Ca < 4 mmolc dm-3, e/ou m (%) > 40% NG (kg/ha ) = 6 x g/kg de argila Plantio direto não existe método de recomendação definido Fonte: Boletim técnico 100, 1997. Recomendação pelo teor de argila na camada sub-superficial do solo NG (kg/ha) = 50 x argila (%) ou 5 x argila (g.kg-1) - para culturas anuais NG (kg/ha) = 75 x argila (%) ou 7,5 x argila (g.kg-1) - para culturas perenes NG = necessidade de gesso Fonte: Sousa et al. (1992) O alumínio tóxico reduz o crescimento radicular (Pavan et al., 1982); Movimentação de cátions para a subsuperfície; Teores de cálcio e de magnésio ↑; ↓ no teor de alumínio tóxico; Melhorando o ambiente do solo para as raízes; Esses efeitos já podem ser observados no ano agrícola de aplicação do gesso (Souza e Lobato, 2004). A acidez do solo limita a produção agrícola em várias partes do mundo (Summer et. al, 1986). O calcário corrige a acidez dos solos basicamente na superfície (camada arável) deixando o subsolo com excesso de Al3+ e falta de Ca2+ inviabilizando o crescimento de raízes prejudicando a absorção de água e nutrientes. e Acidez Dificulta a ação das raízes Barreira química no subsolo Aumento dos teores de cálcio O gesso pode estimular o enraizamento profundo no subsolo Redução da saturação por alumínio Fonte: Raij (2008) Figura. a) Distribuição relativa de raízes de milho no perfil de um latossolo argiloso, sem aplicação e com aplicação de gesso b) Utilização relativa de lâmina de água disponível no perfil de um latossolo argiloso, pela cultura do milho, após um veranico de 25 dias, por ocasião do lançamento de espigas, em parcelas sem aplicação e com aplicação de gesso Fonte: Souza et al. (2005) Figura. Percentagem de raízes presentes na camada 0,4-0,8 m de profundidade em função dos tratamentos aplicados* Cultura: Cana-de-açúcar * uso isolado de calcário (4,550 t/ha); uso isolado gesso mineral (4,620 t/ha) e uso combinado de calcário e gesso (4,550 t/ha e 2,310 t/ha respectivamente. Fonte: Oliveira et al. (2007) Tabela. Efeito da aplicação de gesso agrícola ao solo, na produtividade de culturas anuais, submetida a veranicos na época da floração. Fonte: Adaptado de Sousa et al. (1992) Figura. Aplicação de calagem para atingir 60% de saturação por bases + 3 t ha-1 de gesso em Argissolo com camada compactada “horizonte coeso”. Fonte: Adaptado de Sobral, Cintra e Smith (2009) Enxofre “S” Os dois principais motivos da necessidade de aplicação de S, em nossas culturas são: 1. Baixo teor desse nutriente no perfil dos solos tropicais e, 2. Aumento significativo no uso de fertilizantes concentrados isentos de S, como ureia, superfosfato triplo, os fosfatos de amônio (MAP e DAP) e o cloreto de potássio. Recomenda-se: 500 a 1000 kg ha-1 de gesso agrícola (cerca de 75 a 150 kg ha-1 de S), no pré-plantio. Culturas anuais ⇝ 3 safras agrícolas. Fonte: Vitti (2000) Excelente fonte de cálcio e enxofre; Cálcio acompanhado de sulfato X carbonato de cálcio Promove o desenvolvimento radicular em solos deficientes em Ca ou com m% elevada, nos quais reduz a atividade do Al3+, aliviando sua toxidez 1 ton. de gesso agrícola (20%) de umidade, eleva o teor de cálcio da análise do solo em 5,0 mmolc dm-3 sendo muito útil para culturas altamente exigente em cálcio, como amendoim, batata, tomate, maçã, café, citros e manga. Fonte: Raij (1988) Fonte: http://softwaresesistemas.com.br/agricultura/pr oducao-de-tomate-doencas-no-tomateirocultivo-protegido/ Calcário: 4,550 t ha-1 Gesso: 4,620 t ha-1 Figura. Teores de cálcio trocável em função dos tratamentos aplicados ao solo. Fonte: Oliveira et al. (2007) Figura. Valores de Cálcio (A) de dois solos salino-sódicos: Condado (1) e São Gonçalo (2), em função das doses de gesso aplicadas. Coletados a prof. de 0 – 30cm Fonte: Adaptado de Leite et al. (2007) Principal fonte de K2O KCl mais econômica e apresenta altos teores de cloro (45% de Cl) e alto índice salino. Abacaxi, batata inglesa e fumo KCl deprecia a qualidade do produto. Gesso desloca o Cl- para camada inferiores. Lixiviação H2PO4->MoO42->SO42->H3BO3>ClAdsorção Solos afetados por sais contêm sais solúveis e/ou sódio trocável em quantidades suficientes para reduzir ou interferir no desenvolvimento vegetal e, consequentemente, na produção das culturas. Sendo esta uma das limitações da produção agrícola mundial, sobretudo em áreas irrigadas localizadas em zonas áridas e semi-áridas. Fonte: Melo et al. (2008) A reação de troca pode ser assim esquematizada: Figura. Reação de troca entre Na e Ca na argila Fonte: Vitti (2000) 1 2 Figura. Relação entre a RAS* e os níveis de necessidade de gesso dos solos 1 e 2. *RAS - Relação de Adsorção de sódio Fonte: Adaptado de Melo et al. (2008) Diminuição das perdas de amônia (NH3) em estercos: “fixação” do amônio (NH4) Diminuição da reação do NH4+ com o OH- e a consequente formação de NH3 Enriquecimento em nutrientes (Ca e S) Redução do odor desagradável do esterco puro Auxiliar no controle de certas enfermidades Fonte: Trani (1982) Figura. Perdas de amônia durante a fermentação de esterco. Fonte: Vitti et al., 2008 Presença de calcário Ausência de calcário Fonte: Caires et al. (2004) Figura. Produção de milho de acordo com a aplicação de doses de gesso. Características físicas são mais importantes do que as características químicas quando se trata da sua aplicação: Umidade Granulometria Ângulo de Repouso Segregação. Gessagem Gesso Agrícola A utilização correta desse insumo no sistema agropecuário inicia-se com amostragem e análise do solo, continua com a correção do solo através do uso do calcário, seguida da aplicação de gesso agrícola e termina com a aplicação do fertilizante. Fonte: Vitti, 2009.