CAESP – Filosofia – 1A e B – 06/05/2015 DEMOCRACIA GREGA E OS SOFISTAS Contexto histórico da Grécia democrática (“Século de Péricles”): Movimento de ascensão da democracia grega começa no século V a.C. e vai até o século seguinte, o IV a.C. A vitória da liga das cidades-estados gregas, liderada por Atenas, contra os persas nas Guerras Médicas (490 a 448 a.C.) é fundamental para garantir a estabilidade política e o desenvolvimento econômico necessários para amparar o desenvolvimento e a expansão de uma cultura grega, marcadamente ateniense. Contexto histórico da Grécia democrática (“Século de Péricles”): Esse período é chamado de Século de Péricles pois este (Péricles, 495/492 – 429 a.C.) foi o “strategos” (comandante geral das forças militares) e líder político organizador da supremacia ateniense após as Guerras Médicas. Ele foi responsável pela época de maior financiamento público e incentivo do desenvolvimento filosófico, científico, artísticos e cultural de Atenas na Antiguidade Clássica. Desenvolvimento da democracia ateniense: A região administrativa de Atenas, desde o início de sua formação, ainda na condição de um agrupamento de vilas, já continha os germes da democracia através da organização comunitária dos cidadãos para a discussão dos problemas que afetavam a todos. Quando as vilas se desenvolveram e formaram a cidade de Atenas, surgiu uma elite formada por senhores de terras e militares, duas classes sociais que dividiam e lutavam pelo poder. Para a expansão da força de trabalho, foi constituído o regime do Modo de Produção Escravista, uma característica marcante de todo a forma de produção na Antiguidade Clássica. Essa elite se organiza em torno de oligarquias, governos exercidos despoticamente por um pequeno grupo de pessoas ou famílias para o controle e exercício do poder político. Desenvolvimento da democracia ateniense: A administração do poder era realizada através de reuniões dos membros das oligarquias para as discussões dos problemas que afetavam a região. Essas reuniões eram públicas e realizadas de forma aberta a todos os cidadãos que tinham o direito de delas participarem. Sólon (638 – 558 a.C.), cria as primeiras leis gerais e comuns a todos os indivíduos sob o governo ateniense. Essas leis não proporcionam privilégios de classe, nascimento ou permitem a qualquer indivíduo de se eximir das obrigações legais sob nenhum pretexto. Esse é o germe da generalidade das leis, ou seja, a característica que a lei tem de sujeitar a todos os indivíduos de uma determinada sociedade ao seu cumprimento. Indivíduos que devem obediência igualmente são indivíduos que são iguais entre si, pois, caso contrário, poderiam ter obrigações legais diferentes. Desenvolvimento da democracia ateniense: A reforma legislativa, política e econômica empreendida por Sólon também abria a cidade-estado de Atenas para a influência estrangeira e ao comércio, abrindo a participação na vida política e administrativa da polis a todos que progredissem na cidade. Com isso ele quebrava o domínio oligárquico das famílias originais de Atenas. Reforma de Clístenes: estabeleceu os limites físicos da cidade como os limites de aplicação da lei, fazendo com que as comunidades externas não influenciavam ao governo e à administração da cidade. Cria um conselho de 500 cidadãos sorteados periodicamente, o Conselho dos 500. Juntamente é formada a Assembleia Geral de magistrados escolhidos por votos dos cidadãos. Todos os votos tinham o mesmo peso e o mesmo valor, pavimentando o caminho para a democracia ateniense. Desenvolvimento da democracia ateniense: Democracia ateniense: a participação dos cidadãos na Ekklesia (assembleia popular) era direta nas decisões políticas, sem a intermediação de representantes da vontade, é a chamada democracia direta. Porém, apenas os homens livres eram os cidadãos com a capacidade de votação. Os demais, mulheres, estrangeiros, escravos não tinham direito de participação política. Isonomia: igualdade de participação dos cidadãos na participação política e na vida pública. Isegoria: liberdade de expressão para a manifestação da vontade. Desenvolvimento Isso da democracia ateniense: significa que é esperado que todos os cidadãos participem da vida política como um dever essencial e uma honra. Com isso, ocorria o surgimento de alguns cidadãos que se destacavam através do uso da palavra na conquista da influência política. Sofistas: são eruditos que possuem conhecimentos sobre várias áreas e ficaram famosos na história como mestres educadores para o domínio da palavra, do discurso público e da manipulação da opinião pública. Os sofistas usavam a dialética de Heráclito e a lógica de Parmênides para a construção de argumentos para o discurso público e a conquista de votos nas assembleias. Para os sofistas tudo é uma convenção social, assim, não existe uma verdade absoluta, mas diversas possibilidades de verdades a serem primeiramente acordadas e depois sustentadas e defendidas por quem for interessado. Sofistas: Como tudo é convencionado, qualquer coisa poderá ser ensinada, e o principal ensino realizado pelos sofistas era o da retórica. Retórica: é a arte do logos que não está apenas no raciocínio e discurso, mas também a persuasão. E a persuasão da retórica é uma forma de construção da vida política que não pode existir em uma tirania, apenas em uma democracia, pois apenas na democracia é que pode existir a possibilidade do diálogo. Protágoras de Abdera (480 – 410 a.C.): “O homem é a medida de todas as coisas, das que são, e o que elas são, e das que não são, e o que elas não são.” (Acréscimos em destaque inseridos para melhor entendimento da frase, a original não os possui.) O significado dessa frase está no primado da convenção realizada em sociedade para a valorização das coisas, de todas as coisas. Que nós, seres humanos, é que ditamos o valor das coisas, que as definimos. É, em sociedade, que construímos uma convenção de como é a realidade, não importando como ela é de fato, pois isso não é cognoscível. Górgias de Leontini (484 – 375 a.C.): As palavras: são convenções que resumem múltiplas sensações. A linguagem é o que compete ao homem investigar, desenvolver, aprimorar, para atender a seus interesses e necessidades. Desvinculadas da physis, não mais expressão da "alma das coisas", as palavras se dessacralizam. Mas, com isso, os valores humanos que elas exprimem perdem o peso do absoluto e da universalidade: tornam-se convencionais, circunstanciais, relativos. Desta forma, não é possível o conhecimento da verdade, e sua busca não é necessária por não haver nada a ser encontrado. Muito obrigado! TENHAM UM BOM DIA! Prof. Heleno Licurgo do Amaral <[email protected]>