Literatura Engajada
Definição denotativa: Envolver-se politicamente ou ao
serviço de uma causa.
Definição literária : A literatura engajada é uma arte que
comove o leitor e muitas vezes causa indignação. Sugere
que o artista vê o mundo de outra maneira, reflete o
mundo o que o sensibiliza. A literatura é engajada
quando assume uma forma de crítica social à realidade,
servindo as causas ideológicas.
• A paisagem exterior não tem foco nas obras .
• Ele exprime a paisagem somente em função dos personagens.
•A principal preocupação era revelar o caráter humano.
•Torna o tempo indeterminado e arbitrário.
•Ausência de ação direta.
•Em todas as suas obras, há personagens são feios, cruéis, egoísta,
incessíveis ou pelo ciúme e pela maldade.
ESTUDO DOS PERSONAGENS
Baleia - cadela da família, tratado como gente, muito querida
pelas crianças.
Sinhá Vitória - mulher de Fabiano, sofrida, mãe de 2 filhos,
lutadora e inconformada com a miséria em que vivem.
Trabalha muito na vida.
Fabiano - nordestino pobre, ignorante que desesperadamente
procura trabalho, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos - crianças pobres sofridas e que não tem noção da
própria miséria que vivem.
Patrão - contratou Fabiano para trabalhar em sua fazenda,.
Era desonesto e explorava os empregados.
Tipo de discurso: indireto livre
Foco narrativo: terceira pessoa
Adjetivos, figuras de linguagem:
Metáfora: " - você é um bicho, Fabiano".
Prosopopéia: compara Baleia como gente
TRECHO 1
“A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra em vários
pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras
supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação
dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida. (...) Então Fabiano resolveu
matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o sacatrapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito. Sinhá
Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que
adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta: – Vão
bulir com a Baleia? (...) Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio
de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme.”
COMENTÁRIO
Em “Baleia”, percebe-se como a cadela é humanizada. Esse processo, contudo,
não pode ser lido ingenuamente. Os devaneios e os delírios do animal na hora
da morte assemelham-se aos de um ser humano faminto que, no instante final
da vida, sonha com comida. Assim, o momento humano de Baleia equipara-se à
vida da família de retirantes, que também sonha com dignidade, uma mesa
farta e uma cama.
TRECHO2:
2
“Agora Fabiano conseguia arranjar as idéias. O que o segurava era a
família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando
ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé
não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos filhos.
Sem aqueles cambões pesados, não envergaria o espinhaço não, sairia
dali como onça e faria uma asneira. Carregaria a espingarda e daria um
tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O soldado amarelo era um
infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão. Mataria os
donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago nos
homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente.
Era a idéia que lhe fervia na cabeça. Mas havia a mulher, havia os
meninos, havia a cachorrinha.”
COMENTÁRIO
Esse é um exemplo do estilo seco e objetivo de Graciliano Ramos. Os
períodos curtos e a economia de adjetivos, com inspiração em Machado
de Assis, resultam no efeito áspero e rígido do texto. O autor utilizou
aqui o discurso indireto livre, em que os pensamentos do personagem
Fabiano se misturam ao discurso do narrador.
Esse livro retrata fielmente a realidade brasileira
não só da época em que o livro foi escrito, mas
também dos dias de hoje, apontando problemas
socias, tais como injustiça social, miséria, fome,
desigualdade e seca, o que nos remete a ideia de
que o homem se animalizou sob condições subhumanas de sobrevivência.
Bibliografia :
Download

Perfil Artístico de Graciliano Ramos