SUICÍDIO: UM TEMA AINDA
TABU PARA A MÍDIA
Suicídio – assunto pouco divulgado
• Pesquisa realizada em 2006 pelo CESeC,
com oito jornais do Rio de Janeiro,
encontrou apenas uma matéria sobre
suicídio entre as 593 cujo foco principal
eram atos violentos.
Pesquisas sobre o suicídio
• Depois da publicação, na Alemanha, do livro O
sofrimento do jovem Werther (1774), de Johann
•
Wolfgang Goethe, no qual o herói se mata devido
a um amor frustrado, uma onda de suicídios
espalhou-se entre jovens europeus. O fato é
atribuído pelos estudiosos no tema à influência
do livro.
Recentemente, a pesquisadora Madelyn Gould
revisou 42 estudos sobre a influência de jornais
sobre suicidas e comprovou que 29 (69%)
comprovaram a hipótese.
Casos concretos
Viena, Áustria. Após a inauguração de
uma extensa rede do metrô, em
1978,correram muitos casos de pessoas
que se jogaram à frente dos trens. A
cobertura dos jornais era extensa e
dramática. Depois que os jornais
mudaram a forma de noticiar o suicídio,
houve uma redução de 80%.
Coberturas equivocadas
• Marilyn Monroe - Sua morte teve uma
•
•
comunicação sensacionalista e acabou sendo
seguida de uma série de suicídios por imitação.
Pessoas vulneráveis foram influenciadas pela
mídia. 04/08/62.
Em fevereiro de 2003, o Jornal da Alterosa (TV
Alterosa, afiliada SBT/MG) exibiu imagens de um
rapaz que se matou após manter refém a exnamorada.
Em abril do mesmo ano, o programa Cidade Alerta,
da TV Record, levou ao ar matéria sobre o suicídio
de um policial militar de São Paulo, que fazia
denúncias contra a corporação em frente ao
Palácio do Governo.
• “Suicídio bizarro da modelo”, publicado em julho de
2001 pelo New York Post, a propósito da morte da
modelo Natasha Duncan. O site critica o destaque dado
à notícia (uma página interna e destaque na primeira,
com a chamada “Modelo encontrada morta em uma
poça de sangue”). A reportagem traz detalhes
sensacionalistas, como o fato de que a modelo teria
“esfaqueado o próprio pescoço várias vezes” e descreve
as “pegadas sangrentas no corredor do apartamento”.
“Estudos sobre contágio demonstram que uma cobertura
sensacionalista do tema, incluindo imagens das vítimas
de suicídio, contribui para um aumento do número de
suicídios”, adverte o site. Outro ponto negativo: “A
matéria dá grande destaque a declarações de vizinhos e
parentes em choque sobre que pessoa atraente ela era:
‘Ela era mesmo uma pessoa legal, tão bonita. Isto é
mesmo estranho’, disse um vizinho. Apresentar o
suicídio como o ato inexplicável de uma pessoa saudável
e bem-sucedida encoraja a identificação com a vítima”.
• “Casal desesperado se joga sob trem em velocidade...
•
Um beijo antes da morte”, reportagem do New York
Daily News sobre dois jovens que se mataram em maio
de 2002, depois de meses de desemprego, pequenos
roubos e acúmulo de dívidas, inclusive para a compra de
drogas. A história – escreveram os especialistas da
Fundação – é apresentada “como uma tragédia
romântica (...) e tenta explicar os suicídios como uma
compreensível resposta a uma situação desesperada e
um reflexo dos sentimentos de um pelo outro.
Embora o uso de drogas seja mencionado, ele é
colocado em plano secundário em uma matéria que
apresenta os suicídios como um último ato romântico”.
Nenhum dos entrevistados, segue a crítica, “comenta
coisa alguma sobre o vício dos dois (...). O repórter não
informa que o uso de drogas é um problema para
metade dos jovens suicidas”. As várias fotos do lugar da
morte e a descrição detalhada dos movimentos do casal
aumentam o risco de imitações.
Personalidades
• Getúlio Vargas – 24 agosto de 1954.
Cobertura dos jornais
Propostas e recomendações
• O silêncio nem sempre é a melhor alternativa.
• Kathie Njaine, pesquisadora do Claves, Centro de
•
Estudos de Violência e Saúde da Fundação Oswaldo
Cruz, lamenta que ao banir os casos de suicídio dos
jornais a imprensa também tenha deixado de lado
uma discussão mais ampla sobre as razões do aumento
de suicídio em determinadosgrupos ou regiões.
Evitar informações sobre o meio e o local; evitar tratar o
suicídio como algo que ele não é – um ato misterioso em
pessoas normais, comuns; um ato heróico, romântico,
ou racional – e enfatizar o que ele é com muita
freqüência: o resultado de problemas mentais que
podem ser tratados com sucesso.
• Portanto, mais importante do que evitar
publicar notícias sobre suicídio é modificar
a forma como o apresentamos nas
reportagens que continuamos a fazer –
quando o caso envolve personalidades,
por exemplo. Mostrar que o suicídio
costuma ser associado ao uso de drogas,
à depressão e a outras doenças
psicológicas, enumerar serviços de
prevenção e evitar romancear o ato são
ações que podem contribuir para a
redução deste problema de saúde pública.
Prevenção do suicídio
Recomendações da Organização Mundial de Saúde para profissionais de mídia
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O QUE FAZER
Trabalhar em conjunto com as autoridades de saúde quando da
apresentação dos fatos.
Referir-se ao suicídio como consumado e não como bem-sucedido.
Apresentar apenas os dados relevantes, nas páginas interiores.
Realçar as alternativas ao suicídio.
Fornecer informações sobre linhas de ajuda e recursos
comunitários.
Publicar indicadores de risco e sinais de aviso.
Não
Não
Não
Não
Não
O QUE NÃO FAZER
publicar fotografias ou notas de suicídio.
noticiar detalhes específicos do método usado.
apresentar razões simplistas.
glorificar ou sensacionalizar o suicídio.
usar estereótipos religiosos ou culturais.
Cobertura local
07/05/2009
Estudante pode ter morrido horas antes
• Laudo que ainda será entregue à polícia aponta que não
havia hemorragia, o que compromete tese de suicídio de
indiciada por esquema.
Suspeito de matar a esposa tenta suicídio
ao ser preso
Da Reportagem
O colocador de gesso Juliano Jesus de Campos,
de 39 anos, está internado em estado grave no
Pronto Socorro de Várzea Grande (PSVG). Na
madrugada de segunda-feira, ele foi cercado por
policiais militares numa propriedade rural em
Nossa Senhora do Livramento, e para não se
entregar, tentou se matar ingerindo veneno. No
sábado, ele teria matado a esposa, Adriana
Maria de Almeida, de 28, encontrada
estrangulada em sua casa, no Bairro Vitória
Régia, em Várzea Grande.
José Osmar Borges é encontrado morto
Com todos os indícios apontando para o suicídio, empresário mato-grossense que ficou
conhecido no pais pela fraude na Sudan, teria até se despedido.
04/12/2007
O empresário José Osmar Borges foi encontrado morto na suíte de sua
mansão ontem, por volta de 11 horas, em Chapada dos Guimarães.
Todos os indícios reforçam a hipótese de suicídio, apesar de ele ser
conhecido como um homem que levava uma vida de ostentação e
que se envolvia em negociações obscuras. Borges levantou fortuna
com suas negociatas e com os desvios milionários que cometeu
contra o erário, e ficou nacionalmente conhecido como o maior
fraudador da extinta Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia - Sudam (ver matérias).
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