ESDRAS SILVA; RA C709BI-3 ANDRÉ CORDEIRO; RA C620AF-0 SURGIMENTO O pagode surgiu das festas e comemorações feitas nos fundos dos quintais do subúrbio carioca, nas quais se cantava as alegrias e os lamentos das pessoas que lá viviam. Pagode era o nome das festas de escravos nas senzalas. No Rio de Janeiro, o morro e a malandragem lhe deram outro significado, consagrado no final da década de 70, que significava festa regada a muita comida, bebida e samba. Foi do bairro de Ramos, no subúrbio carioca, que esse tipo de música surgiu para as rádios, as gravadores e os canais de televisão. Sambistas anônimos e jogadores de futebol se reuniam nos finais de semana para comer, beber e cantar. Origens A malandragem e os morros cariocas deram outro significado aos pagodes, e na década de 1970, o termo estava muito associado a festas em casas, geralmente nos fundos de quintais, e quadras dos subúrbios cariocas e de favelas e nos calçadões de bares do Centro do Rio, regadas a bebida e com muito samba. O pagode, como manifestação cultural, apareceu nos meios de comunicação somente em 1978, quando os cantores Tim Maia e Beth Carvalho foram visitar a quadra do Cacique de Ramos, um bloco carnavalesco do bairro de Ramos, no subúrbio carioca. O bloco era uma popular reduto de sambistas anônimos e jogadores de futebol, que se reuniam aos finais de semana para comer, beber e cantar. A convite do ex-jogador de futebol Alcir Portela, Beth Carvalho foi conhecer um grupo de sambistas conhecidos como Fundo de Quintal, um grupo que tinha entre um de seus vocalistas Almir Guineto, ex-diretor de bateria da escola de samba Unidos do Salgueiro. O Fundo de Quintal fazia um samba diferente, misturado com outros ritmos africanos não tão difundidos e que tinha uma sonoridade nova, com a introdução de instrumentos como banjo com braço de cavaquinho (criado por Almir Guineto) e o repique de mão (criado pelo músico Ubirany) e a substituição do surdo pelo tantã (criado pelo músico e compositor Sereno). Beth gostou daquele samba feito no Cacique de Ramos e começou a gravar composições desses novos sambistas, ajudando a revelar nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Almir Guineto e o Fundo de Quintal. Popularidade Com boa aceitação de público aos "pagodes" gravados por Beth Carvalho, outros começaram a ser gravados no início da década de 1980, e os próprios sambistas revelados pela cantora passaram a ser lançados e difundidos nas emissoras de rádio e canais de televisão pela indústria fonográfica. Ela passou então a gravar as músicas desses compositores e acabou por revelar nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Grupo Fundo de Quintal e Almir Guineto, entre outros. Desta forma, se consolidava um novo estilo musical dentro do samba. Divisão do estilo Um é a continuação do trabalho desses músicos e compositores que Beth Carvalho trouxe para a mídia; o outro é o resultado de certos grupos, também do subúrbio, que, na década de 90, imitaram os conjuntos vocais norte-americanos como os Temptations, Stylistics, Take 6 e Four Tops em suas roupas e coreografias sob uma base rítmica próxima ao pagode dos anos 80. Esse pagode dos anos 90 difere, principalmente, do pagode de cantores-compositores como Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão e Bezerra da Silva na construção das letras e na harmonia mais "adocicada" e adaptada pelos constantes acordes sintetizados dos teclados eletrônicos, os quais dão a música um som muito mais próximo do pop que do samba. Ao dar uma roupagem mais pop para o pagode esses músicos acabaram por torná-lo um produto muito distante de suas originais feições. Os músicos do pagode dos anos 90 introduziram os instrumentos eletrônicos afim de viabilizar os grandes shows e com isso competir com os sertanejos. A inovação no pagode neste caso veio a reboque das necessidades comerciais.