Palestra grátis discute os perigos da busca pela
perfeição
Cada vez mais, meninas e mulheres se
submetem a tratamentos diversos para
emagrecer, alisar os cabelos e perder
pneuzinhos. Na busca incessante pela "beleza
ideal", vale qualquer sacrifício. Mas será que
vale mesmo? A psicóloga Rachel Moreno,
autora do livro A beleza impossível Mulher,
mídia e consumo (Ágora), fala sobre o tema do
seu livro em palestra na Livraria da Vila
Lorena, dia 4 de março, das 19h30 às 21h.
Para ela, o ideal de beleza cria um desejo de
perfeição que se torna imperativo. "Ansiedade,
inadequação e baixa autoestima são os
primeiros efeitos colaterais desse mecanismo.
Os mais complexos podem ser a bulimia e a
anorexia", afirma, lembrando que mesmo as
mulheres adultas podem ter sua estabilidade
emocional afetada.
Numa obra vigorosa e crítica, Rachel condena o
ataque diário da mídia e aponta caminhos para
quem deseja se defender dessa influência
insidiosa. Destinada a mulheres, maridos, pais
e educadores, o livro alerta para os malefícios
dessa imposição social e ensina a reconhecer os
limites da ditadura da beleza.
Ele trata também da possibilidade real de o
excesso de vaidade se tornar um problema de
saúde pública, dada a interferência da mídia, da
publicidade e dos interesses do mercado na
formação das crianças e adolescentes. As
brasileiras, segundo pesquisa internacional feita
por uma multinacional da área de cosméticos, que
a autora menciona no livro, estão entre as que têm
a autoestima mais baixa muito provavelmente em
consequência do modelo de beleza eurocêntrico e
inalcançável para a realidade nacional. De acordo
com o levantamento, elas se submeteriam a todo
tipo de intervenção estética para se sentir belas.
Esses dados, segunda Rachel, podem ser
comprovados cotidianamente. Só em 2003, as
brasileiras gastaram R$ 17 bilhões na compra
de produtos cosméticos e de perfumaria. O
Brasil também apresenta o maior índice de
mulheres que declaram ter feito cirurgia
plástica. Outros estudos revelam ainda que a
população
feminina
no
Brasil,
comparativamente, é a que mais se submete a
sacrifícios pela "beleza". Isso inclui dietas,
malhação, remédios, cosméticos e toda a
parafernália oferecida para alcançar o
inalcançável.
"A mulher brasileira busca se aproximar da
silhueta típica das europeias (mais longilíneas)
ou das americanas (de seios mais fartos). Isso
mostra o quão maléfica é a influência da mídia.
As mulheres estão bastante desconfortáveis
consigo
mesmas.
Desconfortáveis
e
provavelmente com sentimento de culpa. Uma
geração com baixa autoestima. A quem serve
isso?", questiona Rachel.
A resposta, segundo ela, é simples: "A verdade
é que isso vende. Vende, vende, vende toda a
parafernália de produtos, profissionais e
serviços que não entregam o que prometem
como, aliás, ocorre com qualquer produto
anunciado na mídia que, mais do que qualquer
característica, ação ou desempenho, nos
promete felicidade, modernidade ou sucesso",
explica
a
psicóloga.
Com depoimentos, reprodução de casos e dados
históricos e culturais sobre moda e beleza, o livro
reúne argumentos valiosos para combater o
massacre diário e midiático. Rachel propõe uma
mudança de consciência que beneficiará
enormemente as futuras gerações, com mulheres
mais autoconfiantes e jovens menos vulneráveis.
Atentas às armadilhas consumistas, as
mulheres serão cada vez menos escravizadas
pela cobrança estética e mais dedicadas às
questões realmente relevantes à sociedade. "É
preciso garantir, para além das condições de
saúde e bem-estar de todos, a beleza da
diversidade e a diversidade da beleza", conclui.
Serviço
Palestra: "A beleza impossível", com Raquel
Moreno
Data: 04/03/09 (quarta-feira)
Horário: das19h30 às 21h
Local: Livraria da Vila Lorena
Endereço: Al. Lorena, 1731 Jardins Auditório*
Informação: 11- 3062-1063
Inscrições: [email protected]
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Vale qualquer sacrifício pela beleza?