4 - Os Romanos na Península
Ibérica
A Conquista da Península
Ibérica
►
Os Romanos, habitantes da
Península Itálica, chegaram no
séc. III a.C. à Península Ibérica
ou Hispânia, como então se
chamava a estas terras, através
do Mediterrâneo.
►
Rapidamente, ocuparam quase
sem resistência a região sul,
onde já anteriormente fenícios,
gregos e cartagineses tinham
estabelecido no litoral alguns
portos comerciais.
A Resistência
►
À ocupação romana da
península opuseram-se,
sobretudo, algumas tribos
que habitavam as regiões
mais montanhosas, de
mais fácil defesa e de mais
difícil acesso e ocupação:
►
a norte, os Galaicos de
origem celta e na região
centro, os Lusitanos, tribo
de Celtiberos que teve em
Viriato o seu mais célebre
líder.
►
Estas tribos aproveitavam as
montanhas, o conhecimento que
tinham dos desfiladeiros e
ravinas para montarem
armadilhas e emboscadas às
legiões romanas.
►
Outras vezes surgiam, saltando
das árvores, e de surpresa,
atacavam rapidamente, fugindo
de seguida.
►
Desta forma impediram durante
200 anos o domínio completo da
Península pelos Romanos.
Nesses tempos de resistência, distinguiu-se
entre os chefes das tribos lusitanas um
pastor proprietário de terras e gado chamado
Viriato, que durante anos. tornou
inexpugnável aos romanos uma região
compreendida entre o Tejo e o sudoeste da
Península. Territórios, hoje em dia, sobretudo
portugueses, mas também espanhóis.
Mas se a primitiva Lusitânia não pode ser, de
facto, confundida territorialmente com a
génese de Portugal faz , sem dúvida, parte
dela.
Tal como Viriato, que portugueses e
espanhóis mitificaram e elegeram como
herói nacional, durante o salazarismo e o
franquismo, em pleno delírio nacionalista, faz
parte da História dos dois países.
►
Se procuramos uma primordial
identidade territorial e cultural ,ela
encontra-se mais na Lusitânia
romana e na sua civilização do que
na Lusitânia celtibera.
►
Geograficamente compreendida
entre o douro e sudoeste peninsular,
a Lusitânia romana confundia-se em
grande parte com o actual território
português apesar de invadir também
algumas regiões hoje espanholas.
►
E apesar de todo o fervor
nacionalista, em torno dos
Lusitanos e da figura de Viriato,
de que se alimentaram os
regimes autoritários em Portugal
e Espanha na época de todos os
fascismos, somos muito mais
devedores da herança romana e
muçulmana que da herança
celta.
Não só porque estes se
estabeleceram no nosso actual
território durante mais tempo
mas sobretudo pela
superioridade da sua cultura e
pela influencia que sobre nós
exerceram e continuam a
exercer.
Somos, para concluir, o resultado do cruzamento de diferentes povos e
civilizações. Iberos, Celtas, Romanos , Judeus e Árabes .que em diferentes
alturas se estabeleceram na Península Ibérica e influenciaram , ao longo do
tempo , o nosso modo de vida . Os Celtas estiveram cá mas somos sem
dúvida mais Mediterrânicos .
E finalmente corre-nos ainda no sangue um pouco da Africa da Ásia e da
América que colonizamos .
Falar de uma raça Lusitana ou Portuguesa é pois historicamente um
disparate.
Estatueta Celta
Ruínas de Conímbriga
Astrolábio Árabe
Com o assassinato de Viriato, morto
pelos seus próprios homens a soldo
de Roma, de acordo com o mito,
anunciava-se o domínio completo
da Península Ibérica pelos Romanos
ainda antes do séc. I d.C.
► Novas teses, defendidas por
historiadores espanhóis, dão-nos,
no entanto, de Viriato e da sua
morte um retrato bem diferente.
► Viriato teria, nesta nova versão da
História, sido morto não por
traidores, mas por resistentes
lusitanos que teriam descoberto
que este se tinha vendido a Roma,
em troca de terras no litoral já
romanizado, prometendo sabotar
ou afrouxar a resistência dos
Lusitanos…
►
►
Curiosamente, será Sertório, um
general romano dissidente que
procurava na Península a ajuda das”
tribos bárbaras” para combater Roma,
que assegurará nos próximos tempos
o comando da resistência Lusitana.
►
Encurralada nas montanhas, cercada
cada vez mais de perto pelas regiões
e populações romanizadas e,
lentamente esgotada ou seduzida
pelos novos costumes, a resistência
vai - se esbatendo em toda a
Península até desaparecer sem
grande barulho.
►
►
Recorrendo a um forte e
disciplinado exército,
espalhando pelas regiões
ocupadas uma civilização que
a todos prometia maiores
confortos e vantagens, em
pouco tempo, os Romanos
dominavam grande parte dos
territórios que se estendiam à
volta do Mediterrâneo.
E por isso o chamaram de
Mare Nostrum,( O nosso mar).
►
Este vasto império com
capital em Roma e cuja
figura máxima era o
imperador, assegurava aos
Romanos o domínio de
todo o comércio
mediterrânico, o acesso à
mão-de-obra escrava e às
matérias-primas de que
necessitavam.
►
Mesmo antes de pacificada a
Península, os Romanos
transportavam para os
territórios ocupados não apenas
as suas legiões e equipamentos,
mas também a sua mentalidade
e modo de vida
►
►
A este processo chamamos
Romanização e foi, na maior
parte dos casos, pacificamente
aceite.
Viver “à romano” era para os
habitantes locais uma aspiração,
e não algo a recear.
►
As estradas, pontes, construções
variadas, o latim, o sistema
numérico, as leis, a religião, os
divertimentos e a cultura, em geral,
aproximavam cidades e populações
de origem e costumes muito
diferentes.
►
Os Romanos eram politeístas.
Adoravam vários deuses,
protectores dos vários aspectos da
vida quotidiana e da natureza.
►
No entanto, eram tolerantes. Desde
que os impostos fossem pagos e as
leis romanas cumpridas, as
populações ocupadas podiam
praticar livremente os seus cultos
em privado.
►
►
A edificação das cidades
romanas obedecia a um
plano. Um plano divino.
Confiadas à protecção dos
deuses, só se construíam
depois de sacralizadas
pelos augures (adivinhos)
através da “leitura” das
vísceras de um animal.
Assim se consagrava o
sítio escolhido, que desta
forma, passava a estar
sobre a protecção dos
Deuses.
CERIMÓNIA DE AUGURES
A sua área era delimitada por dois
eixos que se cruzavam: O Cardus e
o Decomanus. que determinavam a
forma rectangular, sempre repetida
das cidades romanas.
Depois erguiam-se os edifícios do
costume:
As Basílicas, os Templos, os
Pórticos que circundavam o centro
- o Fórum - o lugar onde tudo
acontecia…
FÓRUM ROMANO
PLANTA DA ROMA IMPERIAL
►
No “Fórum “ , a Praça pública, os
cidadãos sabiam das novidades,
ouviam os discursos de místicos,
políticos e filósofos, faziam compras
nas lojas que os pórticos abrigavam,
frequentavam os templos, ou
simplesmente conviviam.
►
Nos teatros de forma semi - circular,
representavam-se cenas da sua
Mitologia e Religião. Todos os
actores usavam máscaras que
representavam os personagens que
interpretavam:
Deuses, Heróis, Demónios e outras
personagens lendárias.
As
termas ou balneários públicos, e a prática do desporto
garantiam a higiene e saúde da população livre. No meio de
tanto divertimento, o trabalho era, principalmente,
assegurado por servos e escravos que não gozavam destes
privilégios.
► Nos
limites das maiores cidades , em área não
sacralizada, situavam-se os Coliseus e
Hipódromos, edifícios destinados às práticas e
diversões mais violentas que implicavam o
derramamento de sangue.
►
As cidades feitas à imagem de
Roma competiam entre si na
grandiosidade dos edifícios
públicos. Os coliseus, os
templos, as estátuas, as fontes
e as termas sobressaíam das
ruas ladeadas de casas de
vários andares (as insulae) onde
residia a população mais pobre.
►
Estas construções monumentais
ladeavam o fórum ou praça
pública, e a sua grandeza era a
medida da importância da
cidade.
No entanto, a arte romana com toda
a sua monumentalidade, dominada
pela busca matemática da harmonia
e da perfeição das formas, era
também estruturalmente muito
repetitiva, rígida e, sobretudo, sem
qualquer originalidade.
► De facto, a arte, a religião e a
cultura romana, em geral,
reproduziam quase fielmente, os
princípios e os modelos sociais e
culturais, em torno dos quais,
séculos atrás, os Gregos construíram
a mais pujante e avançada
civilização do seu tempo: a
Civilização Helénica.
► Estas semelhanças uniram
culturalmente, estas duas
civilizações numa mesma
designação: Civilização GrecoRomana.
►
No campo, dividiram a propriedade
em villas rústicas .
► Fizeram trabalhar a terra por
escravos, introduziram novos
produtos agrícolas (vinho, azeite e
trigo), novos materiais de
construção (a telha) e exploraram
novas minas.
► Desenvolveram ainda algumas
indústrias como a salga do peixe, a
►
►
olaria e a tecelagem.
Também a construção naval e a
pesca beneficiaram dos seus
contributos.
► Os grandes proprietários erguiam
nas suas terras as suas villae com
várias divisões, pátios, fontes,
jardins, pórticos…à imagem da
paisagem e dos edifícios romanos.
► Em
Portugal, para
além das pontes,
aquedutos, estradas,
templos e ruínas
várias, a língua, a
numeração, a
arquitectura, as leis, a
administração e a
cultura em geral são
ainda devedoras da
presença romana.
ÍNSULA
Romana
VILLA ROMANA
A queda do Império Romano
e o Cristianismo
►
►
►
Antes da ocupação da
Península Ibérica, os Romanos
já dominavam vastas regiões
do Próximo Oriente. Uma delas
era a Palestina com capital em
Jerusalém, terra onde se erguia
o sagrado templo do rei
Salomão.
Aí, Cristo nasceu, pregou e foi
crucificado deixando uma
marca profunda em todos os
que o conheceram.
Tido pelos seus seguidores
como o Messias, ensinava o
amor, a liberdade e proclamava
a existência de um único Deus,
criador de todas as coisas.
Com a morte de Cristo emerge
uma nova religião monoteísta – o
Cristianismo. Ou melhor uma nova
seita religiosa como muitas outras
que pululavam a região.
► Uma seita que não sendo sequer a
mais popular era sem dúvida a mais
perigosa para o Poder.
► Nos próximos 300 anos, os seus
seguidores serão perseguidos e
mortos pelos Romanos nos Coliseus
e Arenas como divertimento
popular.
► O seu principal “crime” era não
reconhecerem qualquer autoridade
divina ou espiritual ao Imperador
Romano.
►
Depois do martírio, os Cristãos
verão, finalmente, a sua religião
reconhecida no início do séc. IV,
com a conversão do imperador
Constantino. De pequena seita, o
Cristianismo tornava-se de um dia
para o outro, por vontade de um
homem que afirmou ter tido uma
visão, na religião oficial do Estado
► A “ visão de uma cruz”, que lhe terá
permitido obter, quando tudo
parecia correr mal, uma improvável
vitória militar sobre Maxêncio, o
outro candidato ao título de
Imperador, na batalha de Ponte
Mívia. Uma visão que vinha mesmo
a calhar.
►
►
►
►
Numa altura em que o império
se dividia e afundava
lentamente, nada melhor que
uma nova religião que a todos
prometia arrependimento e
conforto, para unir e reanimar o
povo.
Muitos dizem no entanto que
Constantino permaneceu
secretamente Pagão até à
morte.
O Cristianismo iria no entanto,
por sua única vontade ,tornar-se
na religião oficial de todo o
Império Romano.
O “ Baptismo “ de Constantino
►
Para tal, Constantino
reuniu-se com os mais
importantes líderes
Cristãos e, no Concílio de
Niceia, em 325 d.C..
►
analisaram um conjunto de
textos Cristãos, escolhendo
uns e excluindo outros.
Aos textos seleccionados,
anónimos, mas aos quais
foram dados os nomes dos
12 discípulos de Cristo,
chamamos o Novo
Testamento.
►
Ao tornar o Cristianismo a religião
do Império, abandonando
definitivamente o politeísmo,
Constantino pretendia pacificar,
unindo em torno de uma só
religião, toda a população do
Império devastado por um longo
período de conflitos internos
(revoltas, assassinatos) e externos.
►
De facto, era cada vez maior a
pressão das tribos bárbaras que
cercavam o “ Limes “, a fronteira
do Império.
►
À unidade, disciplina, organização e
ordem que afirmaram durante
séculos, sucediam agora a divisão,
as revoltas e a a corrupção.
As Invasões Bárbaras
►
Esta situação é
aproveitada pelas tribos
bárbaras que arrasam as
legiões romanas,
destruindo e pilhando tudo
o que encontram.
►
Em 410, Alarico, o Godo,
conquista, arrasa e, pouco
tempo depois ,a troco de
um resgate, abandona
Roma. De pé, ficaram
apenas as ruínas que ,em
parte, ainda hoje
perduram.
►
Também a Península Ibérica será,
como aliás todas as áreas
romanizadas do ocidente, vítima
da mesma devastação por parte
das tribos bárbaras.
►
Primeiro pelos Suevos e, depois
pelos Visigodos, que vencendo
aqueles acabarão por dominar
toda a Península até ao ano de
711.
►
No entanto, ao pouparem os
monges, as igrejas e conventos,
pouparam também parte da
cultura mais avançada dos povos
vencidos, acabando por assimilar
alguns dos seus costumes,
incluindo a religião dominante na
Península - o Cristianismo.
►
Os novos ocupantes - os
Visigodos - introduzirão na
Península uma nova forma
de poder - a Monarquia
Hereditária - e uma nova
forma de organização
social e económica - o
Feudalismo que perdurará
por séculos, aqui e em
toda a Europa.
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