- Antes de falarmos propriamente dos Sacramentos de Cura, podemos nos perguntar: O que vem a ser um Sacramento? - Para perpetuar no mundo a sua obra redentora, Jesus Cristo instituiu os sacramentos, ou seja, sinais sagrados e eficazes, que transmitem a graça de Deus para todos aqueles que o recebem. Deste modo, Jesus faz com que todos os seres humanos de todos os tempos possam ser santificados pela sua própria ação que cada sacramento confere. - Os sacramentos instituídos pelo próprio Cristo perpassam toda a vida humana e vem em socorro de suas necessidades de acordo com a sua etapa de vida, para dar força para que se possam vencer os problemas e obstáculos da vida e, sobretudo, para salvar a todo o gênero humano. - Os sacramentos “são como que forças que saem do Corpo de Cristo para curar as feridas do pecado e para nos dar a vida nova do Cristo” (CIC 1116). - Os Sacramentos são os canais por onde flui a salvação de todos os homens, que Cristo conquistou com a Sua Morte e Ressurreição. - Os Sacramentos agem “ex opere operato”, quer dizer, pela força do próprio rito, independente da santidade do ministro; em outras palavras, é Cristo quem ministra todo e qualquer Sacramento, pois Ele é o único sacerdote do Novo Testamento; os demais ordenados são seus ministros, como disse S. Tomás de Aquino. Se tiverem sido validamente ordenados pela Igreja e ministrarem os sacramentos com a mesma intenção que Cristo fez, então, participam do único Sacerdócio de Cristo e sua ação é eficaz. - A doutrina do “ex opere operato” quer dizer que o próprio Cristo age nos sacramentos até mesmo através de homens indignos, ou seja, os sacramentos acontecem pela graça de Deus, mesmo que aquele que o ministra não esteja em estado de graça. A causa da graça dos sacramentos não é o próprio ser humano e nem seus méritos, mas sim méritos divinos do próprio Deus. Portanto, é Cristo quem batiza, é Cristo que perdoa, é Cristo quem consagra as espécies eucarísticas, é Cristo que conforta os doentes com a sagrada unção e assim por diante. Portanto, através dos Sacramentos Deus cuida de nós e nos concede a sua graça! - Quais são as graças que Deus concede através dos Sacramentos? - Graça santificante é um dom sobrenatural que penetra em nossas almas, tornando-nos filhos adotivos do próprio Deus, e dispondo-nos à visão beatífica, como herdeiros do céu. A Graça Santificante é uma qualidade permanente que Deus dá a alma, e que permanecerá nela, desde que ela não a destrua pelo pecado mortal. Este dom transforma a alma e a eleva a um plano sobrenatural, de tal modo que, uma pessoa em “estado de graça” tem preciosos benefícios. Assim sendo, podemos afirmar que a Graça Santificante é uma nova vida dada por Deus à alma. Uma vez que esta nova vida é uma participação criada pelo próprio Deus, pode-se dizer que a alma com a Graça Santificante participa da Natureza Divina. Resumidamente, podemos afirmar que a graça santificante é a amizade plena com o próprio Deus. - A graça santificante pode ser entendida de suas formas: graça primeira e graça segunda: - Graça primeira é a que se recebe imediatamente com o desaparecimento do pecado mortal ou original. - Graça segunda é o aumento dessa mesma graça naquele que já a possuí. - Os sacramentos instituídos para conferir a graça primeira são o Batismo e a Penitência. Estes dois sacramentos chamam-se sacramentos de mortos, porque dão a vida da graça às almas mortas pelo pecado. Os outros cinco sacramentos chamam-se de vivos, porque devem ser recebidos na graça de Deus. Quem recebesse um dos sacramentos de vivos, sabendo que não está em graça de Deus, cometeria um horrível sacrilégio. - Graça sacramental é aquela recebida através de um Sacramento. É a Graça própria de um Sacramento e que só por ele pode ser conferida. É, portanto, o direito, que se adquire, de receber, em tempo oportuno, as graças necessárias para cumprir as obrigações que derivam do sacramento recebido. Os sacramentos conferem sempre a graça a quem os recebe com as devidas disposições. Jesus Cristo foi quem deu aos sacramentos a virtude de conferir a graça. Portanto, podemos dizer que a graça sacramental é a graça do Espírito Santo, dada por Cristo e própria de cada sacramento. Tal graça ajuda o fiel, no seu caminho de santidade, bem como a Igreja no seu crescimento na caridade e no testemunho. Os sacramentos de cura Sacramento da Penitência Sacramento da Unção dos Enfermos - Pelos sacramentos da iniciação cristã, o homem recebe a vida nova de Cristo. Ora, esta vida nós a trazemos "em vasos de argila" (2Cor 4, 7). Agora, ela ainda se encontra "escondida com Cristo em Deus" (Cl 3, 3). Estamos ainda em "nossa morada terrestre" (cf. 2Cor 5, 1), sujeitos ao sofrimento, à doença e à morte. Esta nova vida de filhos de Deus pode se tornar debilitada e até perdida pelo pecado. - O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, que remiu os pecados do paralítico e restitui-lhe a saúde do corpo (cf. Mc 2, 1-12), quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o Sacramento da Penitência e o Sacramento da Unção dos Enfermos. - Pelo pecado, sobretudo o pecado mortal, nos tornamos doentes espiritualmente, e até mesmo por vezes corporalmente falando. Entretanto Deus , na sua infinita misericórdia , não deixa o ser humano neste estado, se utiliza dos sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos para nos curar e devolver a dignidade de filhos e filhas de Deus. Trazemos a graça de Deus dentro de nós, mas podemos perder essa graça, os sacramentos de cura restituem essa graça! - Sacramento da Reconciliação - O Sacramento da Reconciliação é o sacramento pelo qual o cristão realmente arrependido de todos os seus pecados, tem a possibilidade de receber o perdão mediante a absolvição dada pelo sacerdote na pessoa do próprio Cristo. É, portanto o sacramento da remissão dos pecados, e único modo ordinário da Igreja para se obter o perdão, sobretudo, dos pecados mortais e graves. Para que se obtenha a eficácia do sacramento o penitente tem que ter três Disposições: A contrição, a confissão e a satisfação. - Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores da sua Igreja, antes de mais para aqueles que, depois do Batismo, caíram em pecado grave e assim perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de se converterem e de reencontrarem a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como a segunda tábua (de salvação), depois do naufrágio que é a perda da graça. - A confissão deve ser sempre uma expressão de conversão, de mudança real de vida, no modo de pensar e no modo de agir. E uma grande reconciliação com Deus, com a Igreja, e com os outros e com você mesmo. - O Sacramento da reconciliação é uma ocasião para você crescer, eliminar suas faltas e pecados; tornar-se melhor diante de si, dos outros e de Deus. Ele nos ajuda a formar a consciência contra nossas más tendências, a progredir na vida espiritual e a crescer na amizade com Jesus Cristo. - Só Deus perdoa os pecados. O padre, mesmo sendo homem com os outros homens, está aliem nome de Deus e da Igreja para absolver os pecados. Ele é o ministro do perdão (Jo 20,2123) e é intermediário ou instrumento, assim como os pais o são para transmitir a vida, como o médico é para restituir a saúde física. - Para que um pecado seja mortal, ou seja, nos faça perder a comunhão com Deus e a graça santificante, são necessárias três coisas: - matéria grave: quando se trata de uma coisa notavelmente contrária à Lei de Deus e da Igreja. - plena advertência: quando se conhece perfeitamente que se faz um mal grave. - consentimento perfeito da vontade: quando se quer fazer deliberadamente uma coisa, embora se reconheça que é culpável. - A confissão ao sacerdote constitui uma parte essencial do sacramento da Penitência: Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de que têm consciência, após se terem seriamente examinado, mesmo que tais pecados sejam secretíssimos e tenham sido cometidos apenas contra os dois últimos preceitos do Decálogo porque, por vezes, estes pecados ferem mais gravemente a alma e são mais perigosos que os cometidos à vista de todos. - Segundo o mandamento da Igreja, todo o fiel que tenha atingido a idade da discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano. Aquele que tem consciência de haver cometido um pecado mortal, não deve receber a sagrada Comunhão, mesmo que tenha uma grande contrição, sem ter previamente recebido a absolvição sacramental. - Quais são os efeitos os sacramento da reconciliação? - Confere a graça santificante, com a qual são perdoados os pecados mortais e também os veniais que se confessaram e de que haja arrependimento. - Comuta a pena eterna em temporal, da qual também é perdoada uma parte maior ou menor, conforme as disposições do penitente. - Faz reviver o merecimento das boas obras feitas antes de se cometer o pecado mortal. - Dá à alma auxílios oportunos para não recair no pecado e restitui a paz à consciência. - A Penitência é um sacramento que pode ser reiterado. Quando Pedro perguntou se podia dar o perdão de um pecado até sete vezes, Nosso Senhor lhe respondeu: “Eu não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” - A confissão frequente é muito recomendável, porque além de apagar os pecados, este sacramento dá as graças necessárias para evitá-los no futuro, por essa razão, podemos afirmar, que o sacramento da reconciliação é um remédio que nos cura das feridas do pecado. Sacramento da Unção dos Enfermos - A unção dos enfermos é o sinal sagrado pelo qual Jesus, como divino médico, traz o alívio espiritual e até mesmo corporal àqueles que estão acometidos de doença grave. O sacramento da unção tem também como efeito indireto o perdão dos pecados para aqueles que não têm a possibilidade de recebê-lo pelo sacramento da reconciliação. - Portanto, a unção dos enfermos é o sacramento pelo qual o próprio Cristo vem em socorro da pessoa humana que sofre pela doença, não necessariamente àquela pessoa que se encontra as portas da morte, mas um sacramento de força e de conforto espiritual. - O principal dom deste sacramento é uma graça de reconforto, de paz e de coragem para vencer as dificuldades próprias do estado de enfermidade grave ou da fragilidade da velhice. Esta graça é um dom do Espírito Santo que renova a fé em Deus e fortalece contra as tentações do maligno, tentação de desânimo e de angustia diante da morte . - A Unção dos Enfermos é a cura! Pela sagrada Unção dos Enfermos e pela oração do presbítero, a Igreja toda entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e glorificado, para que os alivie e salve. Exorta os mesmos a que livremente se associem à paixão e à morte de Cristo e contribuam para o bem do povo de Deus. - Não podemos rotular o Sacramento da Unção dos Enfermos como sinal de morte próxima, mas sim um Sacramento que podemos receber mais de uma vez quando passamos por doenças graves que necessitam de cuidados. Costuma-se na celebração o padre dar ao doente o Sacramento da Confissão, com o propósito do doente também arrepender-se de seus pecados. - Um importante requisito para a realização do Sacramento é a vontade do doente querer recebê-lo, ou seja, não adianta a família querer impor algo que o próprio doente não deseja (isso não vale só para esse Sacramento, mas sim para todos os outros). A família pode aconselhá-lo, chamar o padre à casa do doente, mas não impor o Sacramento sem a vontade e a consciência do doente. Se o doente quiser e tiver a consciência da importância do Sacramento, aí sim, o Sacramento terá muitos frutos e graças. - A Unção dos Enfermos é o sacramento da salvação total, do corpo e do espírito ao mesmo tempo. É o sacramento da esperança, porque ajuda o doente a entregar-se confiante nas mãos de Deus. Efeitos do Sacramento da Unção Dos Enfermos - A união do enfermo à Paixão de Cristo, para o bem próprio e de toda a Igreja; - O consolo, a paz e o ânimo para suportar cristãmente os sofrimentos da enfermidade ou da velhice; - O perdão dos pecados, se não pode confessar-se e que esteja firmemente arrependido de suas culpas. - O restabelecimento da saúde corporal, se isto for conveniente à saúde espiritual. Por isso não se deve espera para administrar o sacramento que o enfermo esteja já em agonia; - A preparação para a passagem à vida eterna.