Miguel Torga
Miguel Torga
Miguel Torga nasceu em 1907 e morreu em 1995. Nasceu em Trás os
Montes, onde teve um infância rural que o marcou para toda a vida. Foi para
o Brasil com 13 anos para casa de um tio, onde exerceu todo o tipo de
trabalhos. Quanto o tio se apercebeu das suas capacidades mandou-o para
Portugal em 1925, e pagou-lhe todos os seus estudos. Quando entrou para a
faculdade de Medicina, em 1928 (época Salazarista) , publica o seu primeiro
livro de poesia.
Miguel Torga apresenta-se como um Orfeu Rebelde, pois nos seus poemas
apresenta criticas á liberdade, o lado negativo daquela época, e as injustiças.
Por tudo isso os seus poemas foram proibidos de apresentar ao público, e
Miguel Torga foi preso pela PIDE.
Estilo- Estrutura e Linguagem
•Simplicidade do discurso
•Métrica irregular
•Metáforas
•Antíteses
•Estrofes irregulares
•Comparações
Temáticas
•A problemática religiosa- Torga não acredita em Deus mas desejaria
acreditar. Deus não é um elemento morto na sua poesia. Sente-se cada vez
mais próximo de Deus e menos solitário
Poemas- “ Desfecho”- “Fosse qual fosse o chão da caminhada,\Era certa a
meu lado \A divina presença impertinente \Do teu vulto calado \E paciente...”
“Liberdade”- “Liberdade, que estais no céu…\Rezava o padre-nosso que
sabia, \A pedir-te, humildemente, \O pão de cada dia. \Mas a tua bondade
omnipotente \Nem me ouvia.”
•O sentimento telúrico- O elemento terra é uma constante na poesia de
Miguel Torga. Isso reflete-se na escolha do seu pseudónimo Torga, a urze que
nasce e cresce nos montes trasmontanos. Miguel Torga exprime constantemente
o seu apego à terra pois usa muitas vezes palavras como: “Semear”, “Lavrar”,
“Semente”, “Germinar”, “Terra”…
Poemas- ”A terra”- “Também eu quero abrir-te e semear\Um grão de poesia
no teu seio! \Anda tudo a lavrar, \Tudo a enterrar centeio, \E são horas de eu
pôr a germinar \A semente dos versos que granjeio.”
“Bucólica”- “A vida é feita de nadas:\De grandes serras paradas\À espera de
movimento; \De searas onduladas \Pelo vento;
•Desespero humanista- Miguel Torga como médico sentia-se por vezes
impotente por não poder salvar os seus pacientes. O seu desespero é
humanista porque se sente limitado nas suas capacidades humanas. Rebeldia
contra os limites do homem e busca do caminho da esperança e da liberdade,
critica á sociedade,
Poemas- “Esperança”- “Tantas formas revestes, e nenhuma \Me
satisfaz! \Vens às vezes no amor, e quase te acredito. \Mas todo o amor é um
grito \Desesperado \Que apenas ouve o eco... \Peco \Por absurdo humano:”
“Situação”- “Não há refugio e o terror aumenta (…) Morrer e apodrecer num
cemitério\ onde fantasmas como eu protestam”
“Dies Irae”- “Apetece matar, mas ninguém mata\ Apetece fugir, mas ninguém
foge\ Um fantasma limita\ Todo o futuro a este dia de hoje”
•O drama da criação poética – Torga sentia-se triste por não conseguir
iluminar a sua poesia.
Poemas- “Majestade” – “O ceptro, a pena-a lançadeira cega\ Do seu tear de
versos\ O manto, a pele arminho onde se pega\ A lama dos caminhos mais
diversos” – Associa o poeta a um rei.
“Maceração”- “Denuncia estas sílabas contadas,\Vestígios digitais do evadido
\Que deixa atrás de si as impressões marcadas. \E corta-me de vez as asas
que me deste”
Viagem
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Este poema representa a viagem da vida do Homem, não fala de uma viagem
concreta. Não importa o destino, apenas importa partir, ir à procura do “velho
paraíso” perdido.
No verso “Mas corto as ondas sem desanimar”, transmite aqui um sinal de
esperança, porque a vida é uma aventura em que o importante “é partir, não é
chegar”.
A “viagem” representa em forma de metáfora a vida do homem que passa por
dois momentos:
•Os preparativos para a viagem, onde o poeta preparou o barco para partir e
tomou a decisão de enfrentar a viagem.
•O decorrer da viagem, onde o poeta enfrenta “as ondas”(que representam os
obstáculos da vida), e vai lutando com determinação para a concretização
dos seus objetivos.
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