DONS ESPIRITUAIS Vimos na última aula que Deus criou a Igreja para que ela atue como o corpo vivo de Cristo na terra. Cristo é a cabeça e nós os membros do Seu Corpo. Ele distribuiu dons espirituais e talentos afim de que sirvam de instrumentos para que a graça d’Ele chegue até os corações mais sedentos e necessitados. Somos muitos membros em apenas um corpo. A diversidade se encaixa – como um quebra-cabeça, formando uma unidade viva. I Coríntios 12: 8 a 10 “Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las.” PALAVRA DE SABEDORIA (no grego sophia - sabedoria). A palavra de sabedoria é o conhecimento aplicado às situações específicas, para resolver conflitos ou tomar decisões. Pensa sobre o que deve ser feito, analisa pontos que ainda não foram pensados, vê possibilidades novas e chega à conclusões que trazem paz e segurança aos seus ouvintes. Busca fazer isto de maneira bíblica. Sendo assim, quando as pessoas compartilham dificuldades com o possuidor deste dom sentem-se confortadas e seguras para tomar determinadas decisões. Exemplo: Em uma situação difícil ou perigosa, pode ser dada ao cristão uma palavra de sabedoria que resolve a dificuldade ou silencia o adversário. (I Rs. 3: 16-28) Não se trata aqui de uma sabedoria inata que o homem possui, mas de uma mensagem da sabedoria que a pessoa recebe em determinada situação. PALAVRA DE CONHECIMENTO (no grego gnosis - conhecimento). Este dom não diz respeito a bagagem cultural que adquirimos através do estudo e onde aplicamos a nossa inteligência e a nossa vontade. Não se trata também do conhecimento de Deus e das realidades divinas, adquirido mediante o estudo da teologia. Este dom não se adquire através de especulações intelectuais. O que, porém, é verdadeiro, é que ele alcança a inteligência, graças à revelação por parte do Espírito Santo. Seu possuidor apresenta sobre iluminação espiritual, conhecimento (ciência) de fatos que de outra maneira não seriam conhecidos. É uma revelação do que está acontecendo no momento. Podemos, pois definir o dom da palavra de conhecimento (ciência) como uma revelação sobrenatural relativa a situações, fatos, eventos passados, presentes, ou futuros, não conhecidos por meios humanos. Podemos considerar este dom como um fragmento da onisciência de Deus, revelado à nossa inteligência e concernente a um fato determinado Exemplo: Pedro com Ananias e Safira (Atos 5: 1 a 10). Diferença do dom anterior: Salomão não sabia de quem era o filho até ver a reação das mães. Pedro já sabia, tinha o conhecimento da situação. Sendo assim, o possuidor deste dom demonstra uma habilidade de expor certas situações de uma maneira incomum. FÉ = (no grego pistis – fé). A palavra pistis vem de um radical grego que quer dizer “persuasão”. Então, ter fé é deixar-se convencer por Deus acerca de algo que Ele vai fazer. O dom da fé é algo que transcende a fé normal, comum, que todos os crentes possuem. É uma fé especial, uma convicção sobrenatural de que Deus manifestará o seu poder apesar de todas as resistências naturais. Em outras palavras o homem de fé percebe em si mesmo e com absoluta certeza, que o Senhor deseja realizar um milagre por meio dele. Ora essa revelação interna leva-o a agir com firmeza e a reagir contra as circunstâncias contrárias, como se ele estivesse vendo agora o que ainda irá acontecer depois. Exemplos: Maria, que confiou que Deus lhe daria um filho (Jesus) apesar dela ser virgem (Lc. 1:26-38). HEBREUS 11 “O capítulo da fé” Hebreus 11 também enumera um grande número de fiéis que tinham o dom da fé. Vs. 7 > Noé agiu em fé na palavra de Deus com relação ao dilúvio. Vs. 8 > A partida de Abraão baseou-se na palavra de Deus a ele. Vs.11 > Sara apesar da idade avançada, creu que ela podia ter uma criança por causa da palavra que o Senhor falou. Vs.30 > Israel circundou os muros de Jericó pela fé por causa da palavra revelada por Deus como Sua vontade DONS DE CURAR (no grego iama – cura) Curar significa “sarar, restituir a saúde”. Portanto, os dons de curas são manifestações do poder de Deus na esfera (na área) da doença. 1. Por que “dons de curar”? No original as duas palavras encontram-se no plural, portanto, significa que o Espírito Santo habilita os que recebem os dons de curar a atuarem na cura sobrenatural das mais diversas enfermidades. Os dons de curas se referem, em primeiro lugar, à cura de sofrimentos físicos, mas vão além, abrangendo a cura do homem todo, corpo (sôma), alma (psiquê) e espírito (pneuma). 2. O propósito dos dons de curar. Os dons de curar manifestam-se como intervenção especial e direta de Deus em favor daquele que sofre. Há dois propósitos básicos em seu exercício: O primeiro é atestar o poder do Evangelho com o objetivo de glorificar a Deus (Lc 5.23-26). E o segundo é amenizar o sofrimento humano, confirmando o amor do Eterno pela humanidade (Mt 9.36; Mc 1.41). Alguns pregadores, usurpando a glória do Senhor, usam os dons de curar para se autopromover, não demonstrando nenhum respeito pelos que sofrem. Outros, fazendo comércio das coisas sagradas (At 8.17-21), espoliam as igrejas em campanhas que, de Deus, só têm o nome. Descompromissados e vaidosos, valem-se da simplicidade do povo e da omissão dos líderes, e, assim, vão ludibriando os mais símplices com técnicas psicológicas como se estivessem sendo usados pelo Espírito Santo. Doença, moléstia, enfermidade. Tudo isto é comum ao homem. Os próprios crentes têm-nas. Elas são o resultado da queda do homem no pecado. Isto não significa que por uma pessoa estar doente ela tenha pecado. Os discípulos perguntaram a Jesus: “... Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais...” (João 9:2-3). Há também as pessoas ficam doentes por terem pecado. Certa vez, Jesus disse: “... Eis que já está são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior” (João 5:14). Seja qual for a causa da doença, moléstia ou enfermidade, Deus normalmente deseja que a pessoa seja curada. Contudo, por vezes o Espírito Santo não cura certas pessoas que parecem necessitar de cura. Prováveis razões para isto: 1) Deus está usando a doença para realizar alguma coisa na vida de uma pessoa. 2) a pessoa necessita de mais fé, pois a incredulidade impede Deus de atuar. Como funcionam os dons de curas? Temos de saber que não há padrões estabelecidos. Vemos isto ao examinarmos os principais casos de cura no Novo Testamento onde a cura foi por meio de: 1. um toque, uma palavra falada (Mateus 8:3). 2. uma palavra falada (Mateus 8:5-13). (Repare: a pessoa curada não estava presente para ouvir a palavra falada.) 3. um toque (Mateus 8:15). 4. um toque, uma palavra falada (Mateus 9:29). 5. uma ordem (Mateus 12:13). 6. um pouco de lama colocada no olho cego e uma palavra falada (João 9:6). 7. uma ordem, o levantar da mão (Atos 3:6-9). 8. uma palavra falada, uma ordem (Atos 9:34). Vemos que o método mais comum de cura foi a palavra falada. É importante termos isto em mente. Um toque com a mão, o levantar a mão, ou qualquer outro ato pode ajudar a fé da outra pessoa. Contudo, parece que Deus atua mais através de uma palavra falada. Os dirigentes da primitiva igreja atuavam através de uma palavra falada. Parece razoável que Deus ainda dirija os dons de cura da mesma maneira. Não se deve pensar que quem possui esse dom tenha o poder de curar todos os enfermos. Deve dar-se lugar à soberania de Deus. A pessoa enferma não depende de quem possui esse dom para ser curada. Então, podemos concluir que os dons de cura se manifestam através dos crentes conforme a direção do Espírito Santo. Devemos entender que a salvação do indivíduo é mais importante do que a cura do corpo. Embora Jesus possa curar todas as enfermidades, não cura a todos os enfermos. Em sua soberania, Ele somente opera de acordo com a sua vontade. Isto não nos isenta, porém, de orar pelos enfermos, nem de insistir na busca dos dons de curar. Além do mais, se nos pusermos a evangelizar e a fazer missões, os sinais nos seguirão e as curas divinas farão parte de nosso cotidiano (Mc 16.15-20). O primeiro propósito de todos os dons do Espírito é, como já vimos, a edificação do corpo de Cristo. O importante é lembrar que o cerne não é a cura, mas a mensagem de salvação do Evangelho. Neste caso, a cura é sempre secundária à pregação da Palavra. OPERARAÇÕES DE MILAGRES (no grego dunamis – poder). A palavra grega para “milagres” é dynameis. É desta palavra que deriva o termo português dinamite. Dinamite é um explosivo. Tem grande poder. Usa-se dinamite para tirar grandes rochas, para demolir edifícios velhos e para muitas outras coisas. A “dinamite” do Espírito manifesta-se para satisfazer uma grande necessidade a favor do corpo de Cristo. Pode ser usado para afastar algum obstáculo e continuar a espalhar o evangelho. A palavra usada na frase “operações de milagres”, significa “poder sobrenatural para fazer coisas que de outro modo seriam impossíveis”. Milagre é uma operação sobrenatural que não envolve cura. Este faz com que o curso natural das coisas seja alterado. Leis físicas e biológicas são quebradas. Portanto, milagre é algo impossível. Entram nessa categoria: ressurreição, criação de matéria, alteração da ordem cosmológica, domínio sobre leis da física, domínio sobre a natureza, entre outros acontecimentos espetaculares. Omnipotente = Significa “todo-poderoso”. Deus é Todo-Poderoso. Pelo dom de operação de milagres, o Espírito Santo manifesta o poder de Deus através do crente. Esse poder faz com que o impossível aconteça. “Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl. 3:5) “Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram; agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus. Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus”. (Atos 4: 24 a 31) Na vida de Jesus, encontramos frequentemente o exercício do dom de operações de milagres. Lemos narrativas de ressurreição de mortos, acalmou a tempestade no mar, transformou água em vinho, caminhou sobre as águas, alimentou milhares de pessoas com o lanche de um rapaz, etc. Jesus prometeu aos que nele crerem: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai”. (João 14:12) Os milagres, como todos os outros dons do Espírito têm um único propósito, o de edificar o corpo de Cristo. Ao estudarmos este dom notamos que uma das formas como a operação de milagres consegue isso é através de afastamento de obstáculos que impedem a propagação do evangelho. PROFECIA (do grego propheteia = falar no lugar de outrem) Em suas cartas enviadas a Igreja de Corinto, falando sobre os dons, Paulo, de uma forma particular chama a atenção ao dom da profecia dizendo: ”Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis.” (I Cor 14:1). E explica a importância desse dom: “...o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando.” (v.3). Para o apóstolo, essas três qualidades desse dom ajudam a perceber o quão importante e necessário é ele dentro da comunidade, pois, ele edifica os ouvintes, sejam eles crentes ou não. É especialmente importante por ser o mais importante dos nove dons para a edificação do corpo. Propósito da Profecia Proclamação/anúncio/pregação = Kerigma O grande valor da proclamação foi bem demonstrado no dia de Pentecostes. O Espírito Santo foi derramado e o dom de profecia manifestou-se de forma evidente no sermão de Pedro. Esse não foi um sermão qualquer. Um dia antes, Pedro não o teria pregado. No centro do sermão estava o grande poder, ousadia e a inspiração do Espírito Santo. Pedro pregou com intrepidez, apresentando ideias e conceito que foram trazidos à sua mente através da iluminação do Espírito. Este derramar do Espírito Santo transformou um homem iletrado em um expositor com poder e autoridade para falar das grandezas de Deus, testemunhando Jesus e convencendo o povo do pecado e da justiça. A profecia e o ofício de profeta Existe diferença entre o dom da profecia e o ofício de profeta. O primeiro é um dom do Espírito e o segundo é uma função ministerial a ser utilizada na Igreja do Senhor, que é o Corpo de Cristo. Determinado pregador certa vez afirmou o seguinte: O profeta poderá ser encontrado com o dom de profecia, mas nem toda pessoa que tem o dom de profecia poderá ser considerada profeta. No mesmo sentido acontece em Medicina: o médico presta atendimento médico, mas nem toda pessoa que oferece cuidados médicos é um médico. Com isso, podemos dizer que nem todos que profetizam são profetas, nem todos os que têm o dom da profecia são chamados para o cargo de profeta. Existe também uma grande diferença entre a profecia no Velho Testamento e no Novo Testamento. Basicamente, a partir do surgimento da Igreja em Atos, as profecias eram utilizadas no ensino público da Palavra, já que não se dispunha dos livros que hoje constam em nossas Bíblias. “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”. (2 Pe. 1:19-21) “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. (Rm. 15:4) “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,...” (2 Tm. 3:16) Concluindo: O dom de profecia não é predizer o futuro da vida de ninguém, e sim para exortar e ensinar o povo à obediência a Palavra de Deus. “Não é exagero dizer que a Palavra é o principal instrumento na missão evangelizadora da igreja, sob o poder do Espírito de Deus”. DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS (no grego diakrisis – julgar através de). Discernir significa = distinguir, estabelecer diferença. O Espírito Santo concede o dom de discernir, a fim de que não sejamos enganados por espíritos e manifestações espirituais que, apesar das aparências, não se originam em Deus, mas em fontes demoníacas e carnais. Nem todas as manifestações, mesmo na igreja, são do Espírito Santo. O propósito deste dom é o de trazer proteção e impedir que os espíritos errados se expressem e influenciem os cristãos. Recomenda-nos o apóstolo João: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.” (1 Jo 4.1). A importância do dom de discernimento Como podemos ver na definição dada, esse dom de Deus nos ajuda, portanto, a perceber a origem de uma intuição, de um pensamento, a causa de um comportamento – especialmente quando este se nos apresenta de forma estranha. Tem condições de perceber o que está por trás de certos comportamentos e palavras. O discernimento, assim, é um dom “protetor da comunidade e protetor de todos os outros dons”. “O discernimento é intuição pela qual sabemos o que é, verdadeiramente, do Espírito Santo”. O dom de discernimento, nos permite agir de forma correta em um fato ou situação que temos em mãos, no momento. Uma vez que todos os espíritos precisam achar expressão no campo material através dos corpos e faculdades dos seres humanos, é vital que os servos de Deus enfrentam batalhas espirituais, saibam discernir quais são os espíritos que estão sendo expressos. O uso do dom nos ajuda, portanto, a conhecer o espírito, isto é, o princípio animador (anima = o que anima, move, movimenta etc.). Com este dom, podemos chegar, com facilidade, á origem de uma inspiração e confirmar de onde esta pode vir: • se provém de Deus (ou de Deus por meio de Seus anjos, os Seus mensageiros); • se origina da mente humana (a qual pode estar sã, doentia, desequilibrada ou alterada); • se provém dos espíritos maus (do demônio ou de influências espirituais maléficas). Exemplo bíblico “Aconteceu que, indo nós para o lugar de oração, nos saiu ao encontro uma jovem possessa de espírito adivinhador, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação. Isto se repetia por muitos dias. Então, Paulo, já indignado, voltando-se, disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela. E ele, na mesma hora, saiu”. (Atos 16: 16-18) Concluindo: Não podemos ignorar o fato de que a Igreja é assediada pelo poder das trevas. O dom de discernimento de espíritos pode prover-nos dos meios para em qualquer ocasião detectarmos os espíritos maus, e isto é obra de grande proveito para a causa de Cristo. VARIEDADE DE LÍNGUAS (no grego glossa – língua). A questão do dom de línguas nunca foi um ponto pacífico nem no meio pentecostal. Existe muita discussão e confusão na mente das pessoas a respeito do dom das línguas. Há mesmo quem afirme que quem não fala em “línguas estranhas” não é batizado com o Espírito Santo e que a única prova de ser batizado com o Espírito Santo é falar em “línguas estranhas”. A língua falada através deste dom não é aprendida e quase sempre não é entendida, tanto por quem fala como pelos ouvintes. O falar em outras línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus, que entrando em comunhão, fazem com que o cristão tenha comunicação com Deus, ele é usado como edificação individual. “Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios”. ( I Co. 14:2) O dom de línguas é uma manifestação ou expressão sobrenatural inspirada pelo Espírito Santo, através dos órgãos vocais de uma pessoa. Ela é uma manifestação direta da esfera dos milagres, onde o crente fala numa língua que nunca aprendeu. Estas línguas podem ser humanas, isto é, atualmente faladas, ou desconhecidas na terra (língua dos anjos). Não é “fala extática/arrebatada”, como algumas traduções afirmam, pois a Bíblia nunca se refere à “expressão vocal extática” para referir-se ao falar noutras línguas pelo Espírito. Quem fala em línguas pelo Espírito, nunca fica em “êxtase” ou “fora de controle”. Um estudo das Escrituras vai mostrar-nos que há três aspectos no dom de línguas: • em alguns casos é um sinal (miraculoso); • uma mensagem normal de Deus à Sua igreja; • e na maioria dos casos é um dom de oração e edificação pessoal. O dom como sinal miraculoso: os sons estranhos articulados são, às vezes, compreensíveis por si mesmos, miraculosamente, sem a necessidade de interpretação. Neste caso, a pessoa para quem, o sinal é dirigido poderá compreender os sinais, porque eles são verdadeiramente linguagem humana de seu conhecimento. Isto é o que parece ter acontecido no dia de Pentecostes. Na ocasião de Atos 2, os apóstolos foram anunciar a mensagem para a multidão. Logo, eles deveriam falar em uma língua inteligível, ou senão ninguém entenderia nada. Uma ajuda à oração O dom de variedade de línguas é também uma ajuda à oração, feita para aqueles que em várias ocasiões se sentem "enfraquecidos" e incapazes de orar bem da maneira como convém, pois muitas vezes enfrentamos ocasiões difíceis, sobre as quais não sabemos como orar. É uma oração que não se baseia em conceitos. Daí, poder ajudar uma pessoa a orar a qualquer hora, mesmo quando não se sente em condições de orar. Quando uma pessoa fica sem palavras ou ideias na oração de intercessão. Quando não se sabe o que pedir ou para quem orar, o Espírito está pronto para interceder através de nossos sons articulados (Rm 8:26). Paulo nos afirma que Deus, a quem a oração é dirigida, a compreende (Rm. 8:27). “O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja”. (I Co. 14:4) “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo”, (Judas vs. 20) Através destes dois versículos podemos observar que o falar em línguas é um instrumento de edificação (pessoal e da igreja). Edificar é construir, fazer crescer, levantar algo. Do ponto de vista espiritual edificação significa crescimento; fala de construir algo mais sobre o alicerce da fé em Jesus. Como vimos, o falar em línguas em geral promove a edificação própria e, portanto, deve ser usado preferencialmente na adoração particular. Paulo afirma que, na igreja, é preferível falar de modo a edificar o Corpo de Cristo e não apenas a si mesmo (1 Co 14.19). A manifestação do dom de línguas não elimina: • a consciência e a inteligência humana, ao contrário da possessão maligna; • o bom-senso de usar o dom de forma adequada; • a necessidade de crescimento espiritual e maturidade no uso dos dons, pois o dom não nos torna supercrentes, superiores. • a possibilidade de pecar, se não vigiar; Considerações finais: Coisa alguma que Deus nos dá é sem valor. Nada, absolutamente nada que o Pai tem nos oferecido é em vão; tudo tem proveito e utilidade. Em sua grandiosa graça, ele nos concede suas dádivas com a finalidade de extrairmos os benefícios. O falar em línguas não é coisa sem importância. Ele foi dado para o nosso bem, para a nossa edificação. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (no grego diermeneuo – Interpretação) Interpretação significa “dar o significado”. Precisamos entender que interpretar não quer dizer “traduzir”. Traduzir vem a ser dizer o mesmo em outra língua. Portanto, a interpretação de línguas consiste em “dar o significado de algo que foi dito em outra língua”. Além disso, devemos compreender que a capacidade de dar o significado de uma língua estranha vem unicamente do Espírito Santo. A interpretação de uma mensagem em línguas pode ser um meio de edificação da igreja, pois toda ela recebe a mensagem. A interpretação pode vir através de quem deu a mensagem em línguas ou outra pessoa. O Dom de interpretação de línguas é a revelação sobrenatural pelo Espírito do significado de uma expressão vocal em outras línguas. A interpretação consiste “numa inspiração especial do Espírito Santo pela qual o agraciado é capacitado a dar sentido a uma mensagem vaga; este dom diz respeito ao conteúdo espiritual de uma mensagem; e quando uma mensagem em línguas recebe uma interpretação”. Este dom sempre vai depender de outro dom para poder operar. (Variedades de línguas), ou seja, não pode operar a não ser que o dom de variedades de línguas tenha estado em operação. Resumindo: O propósito desse dom é tornar o dom de variedades de línguas inteligível aos ouvintes, para que a Igreja e aquele que possui o dom, possam saber o que foi dito a possa ser edificada. (1 Co.14:5). O falar em línguas em culto público, sem interpretação, viola o ensinamento de Paulo Falar em línguas em um culto público só é aceitável quando é interpretado. Veja em 1 Co. 14: 27 e 28 “No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete”. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus. Portanto, se na igreja não tiver ninguém que a interprete, então, o transmissor da mensagem deve silenciar-se. Todo dom, como o da interpretação, visa a edificação da Igreja; para isso deve ser pedido com humildade, abrindo-se sempre mais a ação do Senhor. Conclusão: Finalmente vimos neste estudo que o apóstolo Paulo nos ensina que a grande finalidade do culto Cristão, além obviamente de adorar a Deus é a edificação. A igreja necessita ser edificada, corrigida, consolada e instruída através da Palavra de Deus, a fim de que todos os seus membros se conformem mais intimamente à imagem de Cristo. Esse é o propósito de todos os dons espirituais; e isso Paulo enfatizou grandemente, por todo o capítulo 14 de I Coríntios , principalmente no versículo 12 = “Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja”.