DONS ESPIRITUAIS
Vimos na última aula que Deus criou a
Igreja para que ela atue como o corpo vivo
de Cristo na terra. Cristo é a cabeça e nós
os membros do Seu Corpo.
Ele distribuiu dons espirituais e talentos
afim de que sirvam de instrumentos para
que a graça d’Ele chegue até os corações
mais sedentos e necessitados.
Somos muitos membros em apenas um
corpo. A diversidade se encaixa – como um
quebra-cabeça, formando uma unidade viva.
I Coríntios 12: 8 a 10
“Porque a um é dada, mediante o Espírito, a
palavra da sabedoria; e a outro, segundo o
mesmo Espírito, a palavra do conhecimento;
a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no
mesmo Espírito, dons de curar; a outro,
operações de milagres; a outro, profecia; a
outro, discernimento de espíritos; a um,
variedade de línguas; e a outro, capacidade
para interpretá-las.”
PALAVRA DE SABEDORIA
(no grego sophia - sabedoria).
A palavra de sabedoria é o conhecimento aplicado às
situações específicas, para resolver conflitos ou tomar
decisões. Pensa sobre o que deve ser feito, analisa
pontos que ainda não foram pensados, vê possibilidades
novas e chega à conclusões que trazem paz e segurança
aos seus ouvintes. Busca fazer isto de maneira bíblica.
Sendo assim, quando as pessoas compartilham
dificuldades com o possuidor deste dom sentem-se
confortadas e seguras para tomar determinadas decisões.
Exemplo: Em uma situação difícil ou perigosa, pode ser
dada ao cristão uma palavra de sabedoria que resolve a
dificuldade ou silencia o adversário. (I Rs. 3: 16-28)
Não se trata aqui de uma sabedoria inata que o homem
possui, mas de uma mensagem da sabedoria que a
pessoa recebe em determinada situação.
PALAVRA DE CONHECIMENTO
(no grego gnosis - conhecimento).
Este dom não diz respeito a bagagem cultural que
adquirimos através do estudo e onde aplicamos a
nossa inteligência e a nossa vontade. Não se trata
também do conhecimento de Deus e das realidades
divinas, adquirido mediante o estudo da teologia.
Este dom não se adquire através de especulações
intelectuais. O que, porém, é verdadeiro, é que ele
alcança a inteligência, graças à revelação por parte do
Espírito Santo.
Seu possuidor apresenta sobre iluminação espiritual,
conhecimento (ciência) de fatos que de outra maneira
não seriam conhecidos. É uma revelação do que está
acontecendo no momento.
Podemos, pois definir o dom da palavra de
conhecimento
(ciência)
como
uma
revelação
sobrenatural relativa a situações, fatos, eventos
passados, presentes, ou futuros, não conhecidos por
meios humanos.
Podemos considerar este dom como um fragmento da
onisciência de Deus, revelado à nossa inteligência e
concernente a um fato determinado
Exemplo: Pedro com Ananias e Safira (Atos 5: 1 a 10).
Diferença do dom anterior: Salomão não sabia de
quem era o filho até ver a reação das mães. Pedro já
sabia, tinha o conhecimento da situação.
Sendo assim, o possuidor deste dom demonstra uma
habilidade de expor certas situações de uma maneira
incomum.
FÉ = (no grego pistis – fé).
A palavra pistis vem de um radical grego que quer dizer
“persuasão”. Então, ter fé é deixar-se convencer por
Deus acerca de algo que Ele vai fazer.
O dom da fé é algo que transcende a fé normal,
comum, que todos os crentes possuem. É uma fé
especial, uma convicção sobrenatural de que Deus
manifestará o seu poder apesar de todas as resistências
naturais. Em outras palavras o homem de fé percebe
em si mesmo e com absoluta certeza, que o Senhor
deseja realizar um milagre por meio dele. Ora essa
revelação interna leva-o a agir com firmeza e a reagir
contra as circunstâncias contrárias, como se ele
estivesse vendo agora o que ainda irá acontecer depois.
Exemplos: Maria, que confiou que Deus lhe daria um
filho (Jesus) apesar dela ser virgem (Lc. 1:26-38).
HEBREUS 11
“O capítulo da fé”
Hebreus 11 também enumera um grande número de
fiéis que tinham o dom da fé.
Vs. 7 > Noé agiu em fé na palavra de Deus com
relação ao dilúvio.
Vs. 8 > A partida de Abraão baseou-se na palavra de
Deus a ele.
Vs.11 > Sara apesar da idade avançada, creu que ela
podia ter uma criança por causa da palavra que o
Senhor falou.
Vs.30 > Israel circundou os muros de Jericó pela fé
por causa da palavra revelada por Deus como Sua
vontade
DONS DE CURAR
(no grego iama – cura)
Curar significa “sarar, restituir a saúde”. Portanto, os
dons de curas são manifestações do poder de Deus na
esfera (na área) da doença.
1. Por que “dons de curar”? No original as duas
palavras encontram-se no plural, portanto, significa que
o Espírito Santo habilita os que recebem os dons de
curar a atuarem na cura sobrenatural das mais diversas
enfermidades.
Os dons de curas se referem, em primeiro lugar, à cura
de sofrimentos físicos, mas vão além, abrangendo a
cura do homem todo, corpo (sôma), alma (psiquê) e
espírito (pneuma).
2. O propósito dos dons de curar. Os dons de curar
manifestam-se como intervenção especial e direta de
Deus em favor daquele que sofre.
Há dois propósitos básicos em seu exercício:
O primeiro é atestar o poder do Evangelho com o
objetivo de glorificar a Deus (Lc 5.23-26). E o segundo
é amenizar o sofrimento humano, confirmando o amor
do Eterno pela humanidade (Mt 9.36; Mc 1.41).
Alguns pregadores, usurpando a glória do Senhor,
usam os dons de curar para se autopromover, não
demonstrando nenhum respeito pelos que sofrem.
Outros, fazendo comércio das coisas sagradas (At
8.17-21), espoliam as igrejas em campanhas que, de
Deus, só têm o nome. Descompromissados e vaidosos,
valem-se da simplicidade do povo e da omissão dos
líderes, e, assim, vão ludibriando os mais símplices
com técnicas psicológicas como se estivessem sendo
usados pelo Espírito Santo.
Doença, moléstia, enfermidade. Tudo isto é comum
ao homem. Os próprios crentes têm-nas. Elas são o
resultado da queda do homem no pecado. Isto não
significa que por uma pessoa estar doente ela tenha
pecado. Os discípulos perguntaram a Jesus: “... Rabi,
quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse
cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou, nem seus
pais...” (João 9:2-3).
Há também as pessoas ficam doentes por terem
pecado. Certa vez, Jesus disse: “... Eis que já está são;
não peques mais, para que te não suceda alguma coisa
pior” (João 5:14).
Seja qual for a causa da doença, moléstia ou
enfermidade, Deus normalmente deseja que a pessoa
seja curada. Contudo, por vezes o Espírito Santo não
cura certas pessoas que parecem necessitar de cura.
Prováveis razões para isto: 1) Deus está usando a
doença para realizar alguma coisa na vida de uma
pessoa. 2) a pessoa necessita de mais fé, pois a
incredulidade impede Deus de atuar.
Como funcionam os dons de curas?
Temos de saber que não há padrões estabelecidos.
Vemos isto ao examinarmos os principais casos de cura
no Novo Testamento onde a cura foi por meio de:
1. um toque, uma palavra falada (Mateus 8:3).
2. uma palavra falada (Mateus 8:5-13). (Repare: a pessoa
curada não estava presente para ouvir a palavra falada.)
3. um toque (Mateus 8:15).
4. um toque, uma palavra falada (Mateus 9:29).
5. uma ordem (Mateus 12:13).
6. um pouco de lama colocada no olho cego e uma
palavra falada (João 9:6).
7. uma ordem, o levantar da mão (Atos 3:6-9).
8. uma palavra falada, uma ordem (Atos 9:34).
Vemos que o método mais comum de cura foi a
palavra falada. É importante termos isto em mente.
Um toque com a mão, o levantar a mão, ou qualquer
outro ato pode ajudar a fé da outra pessoa.
Contudo, parece que Deus atua mais através de uma
palavra falada. Os dirigentes da primitiva igreja
atuavam através de uma palavra falada. Parece
razoável que Deus ainda dirija os dons de cura da
mesma maneira.
Não se deve pensar que quem possui esse dom tenha o
poder de curar todos os enfermos. Deve dar-se lugar à
soberania de Deus. A pessoa enferma não depende de
quem possui esse dom para ser curada.
Então, podemos concluir que os dons de cura se
manifestam através dos crentes conforme a direção do
Espírito Santo.
Devemos entender que a salvação do indivíduo é
mais importante do que a cura do corpo. Embora
Jesus possa curar todas as enfermidades, não cura a
todos os enfermos. Em sua soberania, Ele somente
opera de acordo com a sua vontade.
Isto não nos isenta, porém, de orar pelos enfermos,
nem de insistir na busca dos dons de curar. Além do
mais, se nos pusermos a evangelizar e a fazer
missões, os sinais nos seguirão e as curas divinas
farão parte de nosso cotidiano (Mc 16.15-20).
O primeiro propósito de todos os dons do Espírito é,
como já vimos, a edificação do corpo de Cristo.
O importante é lembrar que o cerne não é a cura,
mas a mensagem de salvação do Evangelho.
Neste caso, a cura é sempre secundária à pregação da
Palavra.
OPERARAÇÕES DE MILAGRES
(no grego dunamis – poder).
A palavra grega para “milagres” é dynameis. É desta
palavra que deriva o termo português dinamite.
Dinamite é um explosivo. Tem grande poder. Usa-se
dinamite para tirar grandes rochas, para demolir
edifícios velhos e para muitas outras coisas.
A “dinamite” do Espírito manifesta-se para satisfazer
uma grande necessidade a favor do corpo de Cristo.
Pode ser usado para afastar algum obstáculo e
continuar a espalhar o evangelho.
A palavra usada na frase “operações de milagres”,
significa “poder sobrenatural para fazer coisas que de
outro modo seriam impossíveis”.
Milagre é uma operação sobrenatural que não
envolve cura. Este faz com que o curso natural das
coisas seja alterado. Leis físicas e biológicas são
quebradas. Portanto, milagre é algo impossível.
Entram nessa categoria: ressurreição, criação de
matéria, alteração da ordem cosmológica, domínio
sobre leis da física, domínio sobre a natureza, entre
outros acontecimentos espetaculares.
Omnipotente = Significa “todo-poderoso”. Deus é
Todo-Poderoso. Pelo dom de operação de milagres, o
Espírito Santo manifesta o poder de Deus através do
crente. Esse poder faz com que o impossível aconteça.
“Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera
milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da
lei ou pela pregação da fé?” (Gl. 3:5)
“Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e
disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o
mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do
Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por
que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram
coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades
ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido;
porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o
teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio
Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o
que a tua mão e o teu propósito predeterminaram; agora,
Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus
servos que anunciem com toda a intrepidez a tua
palavra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais
e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo
Jesus. Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam
reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com
intrepidez, anunciavam a palavra de Deus”. (Atos 4: 24 a 31)
Na vida de Jesus, encontramos frequentemente o
exercício do dom de operações de milagres. Lemos
narrativas de ressurreição de mortos, acalmou a
tempestade no mar, transformou água em vinho,
caminhou sobre as águas, alimentou milhares de
pessoas com o lanche de um rapaz, etc.
Jesus prometeu aos que nele crerem:
“Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê
em mim fará também as obras que eu faço e outras
maiores fará, porque eu vou para junto do Pai”. (João
14:12)
Os milagres, como todos os outros dons do Espírito têm
um único propósito, o de edificar o corpo de Cristo.
Ao estudarmos este dom notamos que uma das formas
como a operação de milagres consegue isso é através
de afastamento de obstáculos que impedem a
propagação do evangelho.
PROFECIA
(do grego propheteia = falar no lugar de outrem)
Em suas cartas enviadas a Igreja de Corinto, falando
sobre os dons, Paulo, de uma forma particular chama a
atenção ao dom da profecia dizendo: ”Segui o amor e
procurai, com zelo, os dons espirituais, mas
principalmente que profetizeis.” (I Cor 14:1).
E explica a importância desse dom: “...o que
profetiza fala aos homens, edificando, exortando
e consolando.” (v.3).
Para o apóstolo, essas três qualidades desse dom
ajudam a perceber o quão importante e necessário é
ele dentro da comunidade, pois, ele edifica os ouvintes,
sejam eles crentes ou não.
É especialmente importante por ser o mais importante
dos nove dons para a edificação do corpo.
Propósito da Profecia
Proclamação/anúncio/pregação = Kerigma
O grande valor da proclamação foi bem demonstrado
no dia de Pentecostes. O Espírito Santo foi derramado
e o dom de profecia manifestou-se de forma evidente
no sermão de Pedro. Esse não foi um sermão qualquer.
Um dia antes, Pedro não o teria pregado. No centro do
sermão estava o grande poder, ousadia e a inspiração
do Espírito Santo. Pedro pregou com intrepidez,
apresentando ideias e conceito que foram trazidos à
sua mente através da iluminação do Espírito. Este
derramar do Espírito Santo transformou um homem
iletrado em um expositor com poder e autoridade para
falar das grandezas de Deus, testemunhando Jesus e
convencendo o povo do pecado e da justiça.
A profecia e o ofício de profeta
Existe diferença entre o dom da profecia e o ofício de
profeta. O primeiro é um dom do Espírito e o segundo
é uma função ministerial a ser utilizada na Igreja do
Senhor, que é o Corpo de Cristo.
Determinado pregador certa vez afirmou o seguinte: O
profeta poderá ser encontrado com o dom de profecia,
mas nem toda pessoa que tem o dom de profecia
poderá ser considerada profeta. No mesmo sentido
acontece em Medicina: o médico presta atendimento
médico, mas nem toda pessoa que oferece cuidados
médicos é um médico.
Com isso, podemos dizer que nem todos que
profetizam são profetas, nem todos os que têm o dom
da profecia são chamados para o cargo de profeta.
Existe também uma grande diferença entre a profecia
no Velho Testamento e no Novo Testamento.
Basicamente, a partir do surgimento da Igreja em Atos,
as profecias eram utilizadas no ensino público da
Palavra, já que não se dispunha dos livros que hoje
constam em nossas Bíblias.
“Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra
profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma
candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia
clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração,
sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia
da Escritura provém de particular elucidação; porque
nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade
humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte
de Deus, movidos pelo Espírito Santo”. (2 Pe. 1:19-21)
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso
ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela
consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.
(Rm. 15:4)
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o
ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça,...” (2 Tm. 3:16)
Concluindo: O dom de profecia não é predizer o
futuro da vida de ninguém, e sim para exortar e
ensinar o povo à obediência a Palavra de Deus.
“Não é exagero dizer que a Palavra é o principal
instrumento na missão evangelizadora da igreja, sob
o poder do Espírito de Deus”.
DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS
(no grego diakrisis – julgar através de).
Discernir significa = distinguir, estabelecer diferença.
O Espírito Santo concede o dom de discernir, a fim de
que não sejamos enganados por espíritos e
manifestações espirituais que, apesar das aparências,
não se originam em Deus, mas em fontes demoníacas
e carnais.
Nem todas as manifestações, mesmo na igreja, são do
Espírito Santo. O propósito deste dom é o de trazer
proteção e impedir que os espíritos errados se
expressem e influenciem os cristãos.
Recomenda-nos o apóstolo João: “Amados, não deis
crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se
procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm
saído pelo mundo fora.” (1 Jo 4.1).
A importância do dom de discernimento
Como podemos ver na definição dada, esse dom de
Deus nos ajuda, portanto, a perceber a origem de uma
intuição, de um pensamento, a causa de um
comportamento – especialmente quando este se nos
apresenta de forma estranha. Tem condições de
perceber
o
que
está
por
trás
de
certos
comportamentos e palavras.
O discernimento, assim, é um dom “protetor da
comunidade e protetor de todos os outros dons”.
“O discernimento é intuição pela qual sabemos o que
é, verdadeiramente, do Espírito Santo”.
O dom de discernimento, nos permite agir de forma
correta em um fato ou situação que temos em mãos,
no momento.
Uma vez que todos os espíritos precisam achar
expressão no campo material através dos corpos e
faculdades dos seres humanos, é vital que os servos
de Deus enfrentam batalhas espirituais, saibam
discernir quais são os espíritos que estão sendo
expressos.
O uso do dom nos ajuda, portanto, a conhecer o
espírito, isto é, o princípio animador (anima = o que
anima, move, movimenta etc.). Com este dom,
podemos chegar, com facilidade, á origem de uma
inspiração e confirmar de onde esta pode vir:
• se provém de Deus (ou de Deus por meio de Seus
anjos, os Seus mensageiros);
• se origina da mente humana (a qual pode estar sã,
doentia, desequilibrada ou alterada);
• se provém dos espíritos maus (do demônio ou de
influências espirituais maléficas).
Exemplo bíblico
“Aconteceu que, indo nós para o lugar de oração, nos
saiu ao encontro uma jovem possessa de espírito
adivinhador, a qual, adivinhando, dava grande lucro
aos seus senhores. Seguindo a Paulo e a nós, clamava,
dizendo: Estes homens são servos do Deus
Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação.
Isto se repetia por muitos dias. Então, Paulo, já
indignado, voltando-se, disse ao espírito: Em nome de
Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela. E ele, na
mesma hora, saiu”. (Atos 16: 16-18)
Concluindo: Não podemos ignorar o fato de que a
Igreja é assediada pelo poder das trevas. O dom de
discernimento de espíritos pode prover-nos dos meios
para em qualquer ocasião detectarmos os espíritos
maus, e isto é obra de grande proveito para a causa de
Cristo.
VARIEDADE DE LÍNGUAS
(no grego glossa – língua).
A questão do dom de línguas nunca foi um ponto
pacífico nem no meio pentecostal. Existe muita
discussão e confusão na mente das pessoas a respeito
do dom das línguas. Há mesmo quem afirme que quem
não fala em “línguas estranhas” não é batizado com o
Espírito Santo e que a única prova de ser batizado com
o Espírito Santo é falar em “línguas estranhas”.
A língua falada através deste dom não é aprendida e
quase sempre não é entendida, tanto por quem fala
como pelos ouvintes. O falar em outras línguas como
dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus,
que entrando em comunhão, fazem com que o cristão
tenha comunicação com Deus, ele é usado como
edificação individual.
“Pois quem fala em outra língua não fala a homens,
senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em
espírito fala mistérios”. ( I Co. 14:2)
O dom de línguas é uma manifestação ou expressão
sobrenatural inspirada pelo Espírito Santo, através dos
órgãos vocais de uma pessoa. Ela é uma manifestação
direta da esfera dos milagres, onde o crente fala numa
língua que nunca aprendeu. Estas línguas podem ser
humanas, isto é, atualmente faladas, ou desconhecidas
na terra (língua dos anjos).
Não é “fala extática/arrebatada”, como algumas
traduções afirmam, pois a Bíblia nunca se refere à
“expressão vocal extática” para referir-se ao falar
noutras línguas pelo Espírito. Quem fala em línguas
pelo Espírito, nunca fica em “êxtase” ou “fora de
controle”.
Um estudo das Escrituras vai mostrar-nos que há três
aspectos no dom de línguas:
• em alguns casos é um sinal (miraculoso);
• uma mensagem normal de Deus à Sua igreja;
• e na maioria dos casos é um dom de oração e
edificação pessoal.
O dom como sinal miraculoso: os sons estranhos
articulados são, às vezes, compreensíveis por si
mesmos, miraculosamente, sem a necessidade de
interpretação. Neste caso, a pessoa para quem, o sinal
é dirigido poderá compreender os sinais, porque eles
são verdadeiramente linguagem humana de seu
conhecimento. Isto é o que parece ter acontecido no
dia de Pentecostes. Na ocasião de Atos 2, os apóstolos
foram anunciar a mensagem para a multidão. Logo,
eles deveriam falar em uma língua inteligível, ou senão
ninguém entenderia nada.
Uma ajuda à oração
O dom de variedade de línguas é também uma ajuda à
oração, feita para aqueles que em várias ocasiões se
sentem "enfraquecidos" e incapazes de orar bem da
maneira como convém, pois muitas vezes enfrentamos
ocasiões difíceis, sobre as quais não sabemos como
orar.
É uma oração que não se baseia em conceitos. Daí,
poder ajudar uma pessoa a orar a qualquer hora,
mesmo quando não se sente em condições de orar.
Quando uma pessoa fica sem palavras ou ideias na
oração de intercessão. Quando não se sabe o que pedir
ou para quem orar, o Espírito está pronto para
interceder através de nossos sons articulados (Rm 8:26).
Paulo nos afirma que Deus, a quem a oração é dirigida,
a compreende (Rm. 8:27).
“O que fala em outra língua a si mesmo se edifica,
mas o que profetiza edifica a igreja”. (I Co. 14:4)
“Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé
santíssima, orando no Espírito Santo”, (Judas vs. 20)
Através destes dois versículos podemos observar que o
falar em línguas é um instrumento de edificação
(pessoal e da igreja). Edificar é construir, fazer
crescer, levantar algo. Do ponto de vista espiritual
edificação significa crescimento; fala de construir algo
mais sobre o alicerce da fé em Jesus.
Como vimos, o falar em línguas em geral promove a
edificação própria e, portanto, deve ser usado
preferencialmente na adoração particular. Paulo afirma
que, na igreja, é preferível falar de modo a edificar o
Corpo de Cristo e não apenas a si mesmo (1 Co 14.19).
A manifestação do dom de línguas não elimina:
• a consciência e a inteligência humana, ao contrário da
possessão maligna;
• o bom-senso de usar o dom de forma adequada;
• a necessidade de crescimento espiritual e maturidade
no uso dos dons, pois o dom não nos torna supercrentes, superiores.
• a possibilidade de pecar, se não vigiar;
Considerações finais:
Coisa alguma que Deus nos dá é sem valor. Nada,
absolutamente nada que o Pai tem nos oferecido é em
vão; tudo tem proveito e utilidade. Em sua grandiosa
graça, ele nos concede suas dádivas com a finalidade
de extrairmos os benefícios. O falar em línguas não é
coisa sem importância. Ele foi dado para o nosso bem,
para a nossa edificação.
INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
(no grego diermeneuo – Interpretação)
Interpretação significa “dar o significado”.
Precisamos entender que interpretar não quer dizer
“traduzir”. Traduzir vem a ser dizer o mesmo em outra
língua.
Portanto, a interpretação de línguas consiste em “dar o
significado de algo que foi dito em outra língua”.
Além disso, devemos compreender que a capacidade de
dar o significado de uma língua estranha vem
unicamente do Espírito Santo. A interpretação de uma
mensagem em línguas pode ser um meio de edificação
da igreja, pois toda ela recebe a mensagem.
A interpretação pode vir através de quem deu a
mensagem em línguas ou outra pessoa.
O Dom de interpretação de línguas é a revelação
sobrenatural pelo Espírito do significado de uma
expressão vocal em outras línguas.
A interpretação consiste “numa inspiração especial do
Espírito Santo pela qual o agraciado é capacitado a dar
sentido a uma mensagem vaga; este dom diz respeito
ao conteúdo espiritual de uma mensagem; e quando
uma mensagem em línguas recebe uma interpretação”.
Este dom sempre vai depender de outro dom para
poder operar. (Variedades de línguas), ou seja, não
pode operar a não ser que o dom de variedades de
línguas tenha estado em operação.
Resumindo: O propósito desse dom é tornar o dom de
variedades de línguas inteligível aos ouvintes, para
que a Igreja e aquele que possui o dom, possam saber
o que foi dito a possa ser edificada. (1 Co.14:5).
O falar em línguas em culto público, sem
interpretação, viola o ensinamento de Paulo
Falar em línguas em um culto público só é aceitável
quando é interpretado. Veja em 1 Co. 14: 27 e 28
“No caso de alguém falar em outra língua, que não
sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto
sucessivamente, e haja quem interprete”. Mas, não
havendo intérprete, fique calado na igreja, falando
consigo mesmo e com Deus.
Portanto, se na igreja não tiver ninguém que a
interprete, então, o transmissor da mensagem deve
silenciar-se.
Todo dom, como o da interpretação, visa a edificação
da Igreja; para isso deve ser pedido com humildade,
abrindo-se sempre mais a ação do Senhor.
Conclusão:
Finalmente vimos neste estudo que o apóstolo Paulo
nos ensina que a grande finalidade do culto Cristão,
além obviamente de adorar a Deus é a edificação.
A igreja necessita ser edificada, corrigida, consolada e
instruída através da Palavra de Deus, a fim de que
todos os seus membros se conformem mais
intimamente à imagem de Cristo.
Esse é o propósito de todos os dons espirituais; e isso
Paulo enfatizou grandemente, por todo o capítulo 14
de I Coríntios , principalmente no versículo 12 =
“Assim, também vós, visto que desejais dons
espirituais, procurai progredir, para a edificação
da igreja”.
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Estudo sobre Dons Espirituais - Igreja do Nazareno de Jaguariúna