Nono poema da obra Paulicéia Desvairada, de Mário de
Andrade, lida durante a Semana de Arte Moderna de 22
Integrantes do grupo:
João Pedro Queiroga Zancanaro
Giuliano Vieira Martins
Pedro Rapôso Ciarlini
Gabriel Valls de Salles
Título
• ODE - poema lírico cujas estrofes possuem versos com
mesma medida e com caráter animador e entusiástico.
Sua simetria e perfeição podem ser associados ao
erudito.
• Impressão inicial de homenagem
• Quem é o burguês?
• Insulto transforma-se em ódio: gradação
• ÓDIO AO BURGUÊS x ODE AO BURGUÊS
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Níquel: dinheiro, valor, elite, não-popular
Digestão: transformações de uma cidade burguesa
Nádegas: Hedonismo
Francês, brasileiro, italiano: todo e qualquer burguês
Cauteloso pouco-a-pouco: lentidão, equilíbrio -> tradicional
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!
Barões lampiões:
Condes Joões: nobres de origem humilde
Dentro de muros: conforto, equilíbrio.
Gemem sangues: fazem os proletários sofrerem para que sua
prole possa ter prazer com coisas fúteis.
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!
Burguês-funesto: que sente aflição, morte. -> PESSIMISMO
Dono das tradições: recusa as tradições
Algarismam: neologismo, relacionando o amanhã com números
Fará Sol? Choverá? Arlequinal: neologismo com o personagem
Arlequim do Bumba-meu-boi. A dúvida, a incerteza, o valor
dado ao futuro pertencem ao popular.
O èxtase fará sempre Sol: o não-racional, o emocionalmente
fora de si sempre brilhará -> triunfo
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"–Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
–Um colar... –Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!“
Morte: gradação do insulto. Grito de guerra e revolução.
Adiposidades cerebrais: o erudito não faz esforço para pensar,
para criticar.
“Ai, filha...de fome”: oralidade, informalidade e, na fala,
aceitação da miséria pela futilidade.
Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Come-te: Devore-se, burguês
Ódio: gradação do desejo de morte, advinda da interjeição Oh!
Relógios, somas, sem desfalecimentos nem arrependimentos:
crítica ao equilíbrio, à razão, ao dinheiro, à indiferença
De mão nas costas...Todos para a Central do meu rancor inebriante:
Convocação, a partir do ritmo tradicional, para o moderno, para
recusar o tradicional e mudar.
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burgês!....”
Ódio: irá se reproduzir, é periódico e não irá perdoar o burguês
Reticências: muito ainda virá.
O eu-lírico termina seu manifesto clamando pelo fim da burguesia
Uso intenso, ao longo do texto, de anáforas para dar ritmo ao texto, e
hipérboles para exaltar a emoção.
Função da linguagem predominante: emotiva.
FIM
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