Coordenação do Internato Médico MGF Região de Lisboa e Vale do Tejo 2015 A consulta em MGF Eunice Carrapiço, Victor Ramos Médicos de família – Unidade de Saúde Familiar S. João do Estoril (Cascais – Portugal) Orientadores de Formação A consulta - MGF Como ver e analisar este ato /evento complexo? Como estruturá-lo? Como torná-lo criativo? Como torná-lo efetivo? Como torná-lo afetivo? Fases e passos na consulta: proposta de trabalho Fase I – Início Passo 1 – Preparação Passo 2 – Primeiros Minutos Fase II – Intermédia Passo 3 – Exploração Passo 4 – Avaliação Passo 5 – Plano Fase III – Final Passo 6 – Encerramento Passo 7 – Reflexão e Notas Finais Tempo, duração, episódios, longitudinalidade • amplitude de duração: 5 a 55 minutos (±97% das consultas) • média geral : 14 a 21 minutos Continuidade de cuidados ……. ……. Episódio de cuidados * Um problema agudo, por exemplo Síntese: Visão longitudinal Consulta: um “fotograma” de um “filme” em contexto ... um grão de areia num “pluriverso” (multiplicidade de “universos”) Modelo Clínico Integrado Sistema de Saúde Rede social pessoal Equipa prof. alargada Família Equipa prof. próxima Pessoa Médico Comunicação & Relação M-D Comunidade e contexto social alargado A consulta Vertentes a ter em conta MGF - Medicina relacional e existencial Retroalimentação cibernética Estrutura Processo (o que “entra” na consulta) Resultados (o que acontece na consulta) (o que “sai” ou os efeitos da consulta) Os resultados ou “consequências” de uma consulta influenciam e transformam os elementos do estrutura, do processo e os resultados das consultas seguintes Abordagem sistémica Entradas Processos Resultados (o que vem de “fora”) (o que acontece “dentro”) (os efeitos ou consequências) • Estrutura física e ambiente • Sistema de informação • Equipamentos • Características e competências do médico • Características e competências do paciente • Tempo • Regras do sistema de saúde e dos serviços • Cultura e regras sociais • Experiência de consultas anteriores, • Etc. Imediatos Curto e médio prazo Biomédicos Longo prazo Comunicacionais Relacionais Informacionais Raciocínio e decisão clínica Emocionais Transacionais (participação, negociação e acordo) Apoio à mudança comportamental Gestionários Objetivos do consulente Objetivos do médico Encontro de pessoas e de objetivos Intervenientes, meios e circunstâncias Tempo Médico Família Consulente Equipamento e instrumentos Conhecimento Regras e organização Processos e competências envolvidos “O que acontece “dentro” Biomédicos Comunicacionais Cognitivodecisionais Emocionais Relacionais Transacionais Apoio na mudança comportamental Gestionários Informacionais Resultados ”Efeitos ou consequências” IMEDIATOS • Novo modo de ver os problemas e situações (representações e percepções) • Compreensão das explicações e do plano acordado • Tranquilização • Satisfação •……….. CURTO E MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO • Adesão ao tratamento, • Redução ou fim do sofrimento • Controlo de variáveis e de factores de risco • ………. • Melhoria da qualidade de vida • Modificação da história natural das doenças • Redução do nº de episódios • Redução de descompensação • Adaptação a incapacidades • Superação de incapacidades • Confiança •……………. A consulta - MGF Fases e passos – uma proposta de trabalho Fases e passos na consulta: proposta de trabalho Fase I – Início Passo 1 – Preparação Passo 2 – Primeiros Minutos Fase II – Intermédia Passo 3 – Exploração Passo 4 – Avaliação Passo 5 – Plano Fase III – Final Passo 6 – Encerramento Passo 7 – Reflexão e Notas Finais Fase I – Início Fase III – Final 1. Preparação 7. Reflexão final 2. Primeiros minutos 6. Encerramento Fase II – Intermédia 3. Exploração 5. Plano 4. Avaliação Passo 1 - Preparação Passo 1 – Preparação da consulta O Médico O Paciente Estou preparado para passar à próxima consulta? Quem é? Contexto familiar Resumo da história clínica e lista de problemas Aspectos a ter em conta (dependendo da idade, sexo, problemas) Aspectos pendentes da última consulta O Contexto Ambiente (temperatura, luminosidade, arrumação) Arejamento Preparação de material específico para próxima consulta Passo 2 – Primeiros minutos Passo 2 – Primeiros minutos Porque é que o doente veio consultar-me, hoje? Chamada, cumprimento, acolhimento Comunicação inicial Ideias e expectativas para Indícios detectáveis esta consulta Perguntas abertas Perguntas diretas do médico Esgotar a “agenda” do doente sobre algo identificado no Acordar a “ordem de Passo 1 trabalhos” da consulta Motivo latente ou oculto? Resumir e clarificar Passo 3 - Exploração Passo 3 – Exploração Anamnese + Exame objectivo Valor diagnóstico Completo Valor terapêutico Focalizado + Contextualização Aspectos biomédicos, psicossociais e sócioculturais Exploração de percepções, “crenças”, preocupações do doente Tentar compreender como explica a sua situação “O que pensa que isso seja?” “A que atribui? Por que acha que surgiu esse problema? “Tem alguma explicação sua para o que acabou de descrever?” Passo 4 - Avaliação Passo 4 – Avaliação Integração da informação e conhecimento obtido na exploração Síntese da situação geral da saúde do paciente Lista e, eventualmente, Mapa de Problemas Valorizar e hierarquizar os problemas tendo em conta a perspectiva do doente “O que mais o preocupa neste momento?” Devolução de uma explicação clara e tecnicamente correta, de forma a que faça sentido para o paciente Balanço sucinto / análise “SWOT”* * SWOT (“strenghts”; “weaknesses”; opportunities”; “threats”) Passo 5 - Plano Passo 5 – Plano Que fazer? Para quê? - Quando? - Quem? - Onde? - Como? - Quanto? Participação e envolvimento do paciente Exames complementares Efeitos Secundários Outra informação Comunicação transparente e persuasiva Processos de acordo e compromisso Plano Terapêutico Como acordar objectivos SMART *? Aspetos motivacionais Recapitular Objectivos e Plano Fui esclarecedor? Incentivei a participação/o empoderamento do doente? É aceitável e oportuno fazer ou propor alguma prevenção oportunista? * SMART ( specific; measurable; achievable; relevant; time limited) Passo 6 - Encerramento Passo 6 – Encerramento da consulta “Ficaram dúvidas? Algum aspecto menos claro?” “Está mais tranquilo, menos apreensivo/ansioso?” “Precisa de mais alguma coisa? Algo de que não tenhamos falado?” Passo 7 – Reflexão final Passo 7 – Reflexão e notas finais Analisar e completar registos clínicos Reflexão sobre: Pontos fortes Pontos fracos Aspectos a salientar ou a ter em conta na próxima consulta Lacunas no conhecimento científico a colmatar Passo 7 – Reflexão e notas finais … algumas perguntas-chave O que há de mais importante a reter desta consulta? Que aprendi com este doente? O que é que ele me ensinou? Que novos aspectos fiquei a saber sobre ele? O que é que correu especialmente bem e me satisfez? O que é que não correu tão bem e devo procurar melhorar? Que devo rever ou estudar melhor? Alguma coisa a lembrar ou a fazer na próxima consulta? Sugestões bibliográficas Ramos V. A Consulta em 7 Passos. VFBM Comunicação, Lda, 1.ª Edição: Lisboa, 2008. - Ver mais referências nas páginas 107 a 110 deste livro Ramos V. A consulta em 7 passos – Execução e análise crítica de consultas em medicina geral e familiar. Revista Portuguesa de Clínica Geral 2009;25:208-20. Pendleton D, Schofield T, Tate P, Havelock P. A nova consulta – Desenvolvendo a comunicação entre médico e paciente (tradução para língua portuguesa). Porto Alegre (Brasil): Artmed, 2011. Balint E, Norell JS. Seis minutos para o doente: interações na consulta de clínica geral. 2.ª ed. Lisboa: Climepsi Editores, 2004. Nunes JM. Comunicação em contexto clínico. Lisboa: Bayer, 2007. Mota Cardoso R. Competências clínicas de comunicação. Porto: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2012. Carrapiço E, Ramos V. A comunicação na consulta – Uma proposta para o seu aperfeiçoamento contínuo. Revista Portuguesa de Clínica Geral 2012;28:212-22.