PSICOLOGIA DO TRABALHO Prof. Emerson Luiz Marques [email protected] 1 QUEM SOU EU? QUEM SÃO VOCÊS? 2 O QUE VAMOS ESTUDAR? Teorias explicativas do acidente de trabalho; Teoria da culpa e seus efeitos sobre o trabalhador; Produção da consciência culposa; Teoria das Representações Sociais; Noções sobre técnica de entrevista; Modelo de representação do acidente de trabalho. 3 MAS AFINAL, O QUE É PSICOLOGIA? 4 Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais. Melhor dizendo, a Psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – o que o sustenta, o que o finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem, inteligência. 5 ACIDENTE DE TRABALHO Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, "acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho". 6 O significado etimológico do termo acidente está relacionado a ideia de evento fortuito, de acaso, de imprevisto e de fatalidade. Este significado pertence ao senso comum e refere-se aos eventos de natureza geral que se caracterizam pela impossibilidade de controle dos fatores causadores dos acidentes (Braga, 2000). 7 8 PORQUE O ACIDENTE DE TRABALHO ACONTECE? 9 O QUE É TEORIA? Teoria é mais que a simples concatenação de teses encadeadas logicamente, pois implica na ideia de um sistema (observado) além da sua "visão total". (Lieber, 1998). 10 TEORIA DE HEINRICH (1959) “TEORIA DOS DOMINÓS” Demonstra a ocorrência de acidentes e lesões com o auxilio de cinco pedras de dominós; 1ª) a personalidade; 2ª) as falhas humanas, no exercício da atividade; 3ª) as causas de acidentes (atos e condições inseguras); 4ª) o acidente 5ª) as lesões. 11 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS Ela está na cabeça das pessoas, mas não é a representação de uma única pessoa; para ser social ela necessita "perpassar" pela sociedade, existir a certo nível de generalização (GUARESCHI,2000). O conceito de representação social coloca-se, então, no centro do eixo individual-social, ligando os dois extremos e tentando dar conta de uma possível dicotomia. 12 TEORIA DA FIABILIDADE DE SISTEMAS O acidente é correlacionado ao processo de trabalho, revelando a existência de problemas de adaptação do sistema às suas finalidades. O acidente é visto como resultado da combinação de um conjunto de fatores situados em distâncias funcionais distintas com relação ao evento terminal e com influências variáveis para o mesmo acidente típico. O acidente é o resultado terminal de um mecanismo originário do próprio processo de trabalho. 13 TEORIA DA NORMALIDADE DOS ACIDENTES (PERROW,1999) A interação de múltiplas falhas que conduz a um acidente e por mais que esforços sejam feitos para controle total dos diversos subsistemas, determinadas reações são imprevisíveis e quando interagem conduzem a um acidente ou catástrofe. 14 TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES DE ALTA CONFIABILIDADE HRO – high reliability organisations – ou organizações de alta confiabilidade que parte de um pressuposto que os acidentes são considerados totalmente previsíveis, razão pela qual, investiram maciçamente em elementos de controle gerenciais e em sistemas de engenharia que pudessem evitar falhas humanas e de manutenção. 15 Quatro fatores críticos foram identificados como responsáveis pelo desempenho e alcance de excelentes recordes de segurança na grande maioria dessas organizações reliability organisations). 16 (HRO – high 1. a priorização da segurança e da confiabilidade como um objetivo das lideranças da organização; 2. altos níveis de redundância em pessoal e medidas técnicas de segurança; 3. o desenvolvimento de uma ‘cultura de alta confiabilidade’ através de descentralizadas; 4. contínuas práticas de suas operações e um sofisticado sistema de julgamento e aprendizagem organizacional pelo erro. 17 A TEORIA DA PROPENSÃO DOS ACIDENTES A Psicologia Industrial advoga ser possível prever a adaptabilidade dos trabalhadores mediante uma classificação pelo grau de inteligência, habilidade manual, propensão a acidentes e pelo perfil desejado pela gerência. 18 A TEORIA DA FADIGA O aumento da carga de trabalho de 60 para 72 horas acarretou um aumento de duas vezes e meia no número de acidentes. A maior contribuição dessa teoria, e de outras pesquisas posteriores, foi trazer para discussão o tema da redução do horário da jornada de trabalho que passou a ser debatido em vários congressos despertando interesse pelo tema por sindicalistas e pelo governo. 19 A FALHA HUMANA COMO EXPLICAÇÃO PARA AS CAUSAS DOS ACIDENTES É geralmente aceita que 80 a 90% dos acidentes decorrem do erro humano no trabalho (HEINRICH, 1959; HALE e GLENDON, 1987). Considerar que os acidentes proveem de falha humana passou a não acrescentar muitas explicações para o desenvolvimento de medidas preventivas de segurança, uma vez que, na quase totalidade das tarefas, a presença humana é, ainda, muito significativa. 20 •Deslocamento do principal eixo do problema que se quer omitir: as falhas da organização. •Culpar o trabalhador continua como principal foco das análises dos acidentes . •Deslocamento do eixo da análise da simples atribuição de culpa ou de falhas humanas para as formas de gestão e organização do trabalho em que os fatores organizacionais são analisados como significativos para a ocorrência dos eventos. 21 MINHA CULPA, MEU DESTINO • Individualismo x Fatalismo. Mais de 80% das falhas podiam ser colocadas dentro dessas duas grandes categorias: os acidentes de trabalho ou são culpa de quem trabalha, pois não se cuidam, não prestam atenção, ou então são consequência do destino, fatal e determinista. 22 PORQUE A CULPA É SEMPRE DO EMPREGADO? Segundo os Códigos Civil e Penal brasileiros, não cabe reparação civil ou processo penal quando o acidente tiver ocorrido “por culpa exclusiva da vítima” ou nas hipóteses de caso fortuito ou de força maior (OLIVEIRA, 1998). 23 Podemos então afirmar que, ao invés de estarmos diante de uma teoria, o “modelo brasileiro de ato inseguro” se enquadra mais como senso comum que, ao contrário de explicar, pretende esconder e ocultar a realidade, ou seja, configura-se como uma modalidade de alienação social característica da ideologia (VILELA, 2007). 24 25 O Fenômeno do erro humano inclui não somente ações, decisões, comunicações e transmissão de informações entre humanos, mas também reações dentro do ambiente de trabalho e no processo do acidente. 26 Reason (1999) ressalta que os acidentes ocorrem como consequência de duas causas: falhas ativas e falhas latentes. As falhas ativas referem - se àqueles erros ou violações que têm um efeito imediatamente adverso. As falhas latentes são aquelas que estão intrínsecas nas organizações e que contribuem de forma significativa para que as falhas ativas se manifestem. 27 Almeida (2001) pondera que quando os trabalhadores iniciam suas atividades eles a fazem após as chefias já terem estabelecido os objetivos, metas de produção, definido prescrições, horários e dividido os trabalhadores em equipes. E SE O ACIDENTE ACONTECE AINDA ASSIM? 28 PRINCIPAIS DIFICULDADES DO ACIDENTE DE TRABALHO. fatores organizacionais com influência na segurança são difíceis de capturar e eles são pobremente definidos e categorizados; o recente desenvolvimento do conceito de “cultura de segurança” ilustra a complexidade de contexto entre fatores organizacionais e segurança; 29 as tarefas e ações nos níveis mais altos da hierarquia gerencial raramente são processos padronizados. Um desempenho inadequado pode ser difícil de descobrir já que se tem tido uma abordagem tradicionalmente de análise de evento como análise de desvio. 30 erros que podem ser atribuídos a uma unidade definida da organização não podem ser facilmente separados da questão da responsabilidade. É como nos casos de erros individuais em que eles tornamse motivos de acusações ou, sentimentos de culpa ou de acusação; 31 no mínimo, comportamento dos órgãos e instituições no ambiente organizacional tem uma considerável influência nas possibilidades de aprendizagem organizacional, usando os sistemas de reportagem de eventos ou análise de eventos. 32 ACIDENTES DE TRABALHO PORQUE OU COMO? O QUE FAZER? 33 BRASIL. Acidentes do trabalho e sua prevenção. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional,Vol.32 • nº 115 jan/jun 2007. GUARESCHI,P. A. Representações sociais e ideologia. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis : EDUFSC, Edição Especial Temática, p.33-46, 2000. LIEBER, R. R. Teoria e metateoria na investigação da causalidade: o caso do acidente do trabalho. Tese (Doutorado em Saúde Pública), Universidade de São Paulo, 1998. POSSAMAI, H.A Representação Social do Acidente de Trabalho; dissertação de mestrado; PG em Psicologia Social, PUCRS, 1998. 34 GANDRA, J.J; RAMALHO,W; GONÇALVES,C.A. Acidentes do trabalho: evoluindo do modelo de causalidade centrada no indivíduo para o modelo de cultura organizacional. Trabalho cientifico Administração Geral – VII SEMEAD. Disponível em: http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos /Adm%20Geral/ADM59-_Acidentes_de_trabalho.PDF 35