Físico-Química II Misturas Simples Este material está disponível no endereço: http://groups.google.com.br/group/otavio_santana Misturas Simples Programa da Disciplina: Conteúdo • CONTEÚDO – Transformações Físicas de Substâncias Puras. – Soluções Não-Eletrolíticas (Misturas Simples): • Descrição Termodinâmica das Misturas, Propriedades das Soluções, Atividades. – Diagramas de Fase. – Soluções Eletrolíticas (Eletroquímica de Equilíbrio). Cont. Prof. Dr. Otávio Santana Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5 2 Misturas Simples Concentrações: Composição de Misturas • Medidas de Concentração: – Molaridade (c): Usada quando se deseja saber... • N° de moles do soluto em determinado volume de solução. No moles do soluto i ni i ci Volume de Solução V • Molalidade (b): Usada quando se deseja saber... • Quantidades relativas de soluto e solvente na solução. No moles do soluto i ni bi Massa do Solvente ms olv » Fração Molar (x): Usada quando se deseja saber... • Quantidades relativas de soluto e solvente na solução. No moles do soluto i ni xi n No total de moles Prof. Dr. Otávio Santana x i i 1 3 Misturas Simples Concentrações: Composição de Misturas • Exemplo: Relação entre Molalidade e Fração Molar. – Como relacionar uma concentração dada em molalidade com o valor correspondente em fração molar? Das expresses de molalidade e fração molar: ni = bi · msolv É preciso especificar a massa do solvente! nsolv = msolv / Msolv ntotal = ni + nsolv xi = ni / ntotal Prof. Dr. Otávio Santana Independe da massa considerada do solvente. 4 Misturas Simples Concentrações: Composição de Misturas • Exemplo: Relação entre Molalidade e Fração Molar. – Calcule a fração molar de sacarose em uma solução de C12H22O11(aq) 1,22 m (1 m = 1 mol·kg1). MC12 H22O11 12MC 22MH 11MO 342 ,29 g mol 1 MH2O 2MH MO 18 ,02 g mol 1 nC12H22O11 bC12H22O11 mH2O 1,22 mol kg 1 1 kg 1,22 mol Para 1 kg de solvente nH2O mH2O MH2O 1.000 g 18 ,02 g mol 1 55 ,49 mols ntotal 1,22 mol 55 ,49 mols 56 ,71 mols xC 12H22O11 xH2O 1,22 mol 0 ,0215 2 ,15% 56 ,71 mols x C12H22O11 xH2O 1,0000 55 ,49 mols 0 ,9785 97 ,85% 56 ,71 mols Prof. Dr. Otávio Santana 5 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Diferenciais Totais & Derivadas Parciais: Dada uma função de muitas variáveis: f f x1 , x2 , x3 , A sua diferencial total é dada em termos de derivadas parciais: f f f df dx1 dx2 dx3 x1 x2 x3 f f xi xi Prof. Dr. Otávio Santana Derivada parcial de f em relação a xi x 6 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Volume Parcial Molar: O volume total de uma mistura é função de muitas variáveis: V V p ,T , n1 , n2 , A sua diferencial total é dada em termos de derivadas parciais: dV V V ni ni V V V dp dT dn1 p T n1 Volume parcial molar em relação a ni Vi p ,T ,n Prof. Dr. Otávio Santana 7 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Volume Parcial Molar: Qual o significado do “volume parcial molar” Vi? » Quando se adicionam dni moles do componente i na mistura (mantendo todas as demais variáveis da mistura constantes), o volume total varia proporcionalmente à quantidade dni. Ou seja: dV ≈ Vidni Vi é a contribuição de i para o volume total V. » Pergunta: O volume parcial Vi é o volume molar da espécie i? Prof. Dr. Otávio Santana 8 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Volume Parcial Molar: Qual o significado do “volume parcial molar” Vi? Volume molar da água = 18 cm3·mol1. » Exemplo 1: A adição de 1 mol de água em um grande volume de água corresponde a um acréscimo de 18 cm3 ao volume total. » Exemplo 2: A adição de 1 mol de água em um grande volume de etanol corresponde a um acréscimo de 14 cm3 ao volume total. Prof. Dr. Otávio Santana 9 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Volume Parcial Molar: Qual o significado do “volume parcial molar” Vi? O “volume parcial molar” Vi corresponde a variação no volume total da mistura devida a adição de 1 mol da espécie i. » A adição de 1 mol de água em um grande volume de etanol corresponde a um acréscimo de 14 cm3 ao volume total. Ou seja: 18 cm3·mol1 é o volume molar da água pura, mas 14 cm3·mol1 é o volume parcial da água em etanol puro. » Conclusão: Vi depende da mistura. Prof. Dr. Otávio Santana 10 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Volume Parcial Molar: O “volume parcial molar” depende da composição da mistura. Prof. Dr. Otávio Santana 11 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Volume Parcial Molar: O “volume parcial molar” pode ser negativo! Prof. Dr. Otávio Santana 12 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Volume Parcial Molar: O volume total da mistura pode ser obtido dos volumes parciais molares para uma dada composição da mistura (em uma dada condição de pressão e temperatura): V V n i i i Para uma mistura binária (dois componentes, A e B): V VAnA VBnB Demonstração… Prof. Dr. Otávio Santana 13 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Outras Aplicações: O conceito de grandeza parcial molar pode ser estendia a qualquer função de estado extensiva. – Exemplos de “função de estado”: • Pressão, Temperatura, Volume, Entalpia, Energia Livre... – Exemplos de “função de estado extensiva”: • Pressão, Temperatura, Volume, Entalpia, Energia Livre... » Detalhe: em uma substância pura, uma “grandeza molar” coincide a respectiva “grandeza parcial molar”. • Exemplo, na água pura: Volume Molar = Volume Parcial Molar. Prof. Dr. Otávio Santana 15 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Energia de Gibbs Parcial Molar: » Para uma Substância Pura: • Potencial Químico () = Energia de Gibbs Molar (Gm). » Para uma Substância i em uma Mistura: • Potencial Químico (i) = Energia de Gibbs Parcial Molar: G G p , T , n1 , n2 , G i ni p ,T ,n Prof. Dr. Otávio Santana dG G G G dp dT dn1 p T n1 G AnA B nB 16 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Energia de Gibbs Parcial Molar: – Como G é função de p, T e {ni}: G G p , T , ni dG G G G dp dT dni p T i ni – Vimos anteriormente que: G V p T ,n – Logo: G i ni p ,T ,n G S T p ,n dG Vdp SdT i dni i dG Vdp SdT AdnA BdnB Prof. Dr. Otávio Santana 17 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Energia de Gibbs Parcial Molar: – Na condição de pressão e temperatura constante: dG dn i i i dwmax dG AdnA BdnB dwmax – Conclusão: O trabalho máximo, diferente do de expansão (dado pela variação na energia livre), provém da variação da composição química do sistema. • Exemplo: pilha eletroquímica. Prof. Dr. Otávio Santana 18 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – O Significado do Potencial Químico: O potencial químico i possui um significado mais amplo, pois mostra como as grandezas extensivas U, H, A e G variam com a composição do sistema (em diferentes situações). G i ni p ,S ,n Demonstrar que: U i ni V ,S ,n Prof. Dr. Otávio Santana H i ni p ,S ,n A i ni V ,T ,n 19 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Equação de Gibbs-Duhem: Vimos que, para um sistema binário a p e T constantes: G AnA BnB Logo: dG d AnA dBnB d A nA A dnA dB nB B dnB Mas: dG AdnA BdnB Portanto: d A nA d B nB 0 Prof. Dr. Otávio Santana n d i i i 0 20 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Equação de Gibbs-Duhem: De acordo com esta equação, o potencial químico de uma substância em uma mistura não pode variar de forma independente do potencial dos demais componentes. » Exemplo: Para uma mistura binária: d B nA d A nB » Observação: Demonstrar esta equação também! Prof. Dr. Otávio Santana 21 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Grandezas Parciais Molares: – Equação de Gibbs-Duhem: » Importante: Esta observação é válida para qualquer função de estado extensiva. Exemplo: dVB Prof. Dr. Otávio Santana nA dVA nB 22 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Exemplo: Questão 4. – Os volumes parciais molares de dois líquidos A e B em uma solução em que a fração molar de A é 0,3713, são, respectivamente, 188,2 cm-3mol-1 e 176,14 cm-3mol-1. A massa molar de A é 241,1 g·mol-1 e a de B é 198,2 g·mol-1. Calcule o volume de 1,0000 kg de solução. Resp.: 843,5 cm3. • Exemplo: Questão 5. – A 20°C, a densidade de uma solução 20% ponderais de etanol em água é 968,7 kg·m-3. O volume parcial molar do etanol na solução é 52,2 cm3mol-1. Calcule o volume parcial molar da água. Resp.: 18,1 cm3mol-1. Prof. Dr. Otávio Santana 23 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas Fim da Parte 1 Misturas Simples Prof. Dr. Otávio Santana 24 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Gases Ideais. – Fato Experimental: Gases se misturam espontaneamente em qualquer proporção. – Questão: Como expressar quantitativamente esta observação? Como a Termodinâmica pode descrever o problema? Prof. Dr. Otávio Santana 25 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Gases Ideais. » Na condição de pressão e temperatura constantes, os sistemas tendem a minimizar a energia livre de Gibbs. – Para um sistema binário (dois componentes): G nA A nBB – Na condição de temperatura constante (substância pura): dGm Vmdp 0 p p0 Vmdp – No caso de gases ideais sob temperatura constante: RT Vm p Prof. Dr. Otávio Santana RT 0 p p0 dp p p 0 RT ln p0 26 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Gases Ideais. – Antes da mistura, com os dois gases sob a mesma pressão p, a energia livre do sistema é dada por: 0 0 p p Gi nA A RT ln nB B RT ln p0 p0 – Após a mistura, com os gases sob pressões parciais pA e pB (com p = pA + pB), a energia livre do sistema é dada por: 0 0 pA pB nB B RT ln Gf nA A RT ln p0 p0 Prof. Dr. Otávio Santana 27 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Gases Ideais. – A “energia de Gibbs da mistura” é a diferença: Gmis Gf Gi 0 0 pA pB nB B RT ln nA A RT ln p0 p0 0 0 p p nA A RT ln nB B RT ln p0 p0 Gmis Prof. Dr. Otávio Santana pA pB nART ln nB RT ln p p 28 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Gases Ideais. – Esta última equação pode ser simplificada pelas relações: ni n xi pi p xi Definição de Fração Molar Resultado da Lei de Dalton p p Gmis nART ln A nB RT ln B nx ART lnx A nx B RT lnxB p p Gmis nRT x A ln x A xB ln xB » Como: xi < 1 lnxi < 0, portanto: ΔGmis < 0 » ΔGmis ~ T, mas é independente da pressão total p. Prof. Dr. Otávio Santana 29 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Outras Funções de Mistura: Gases Ideais. – Demonstre que: Smis nRx A ln x A xB ln xB 0 Hmis 0 Prof. Dr. Otávio Santana 30 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Exemplo: Energia de Gibbs da Mistura. – Um recipiente está dividido em dois compartimentos iguais. Um deles tem 1 mol de N2 e o outro 3,0 moles de H2, ambos a 25°C. Calcule a energia de Gibbs de mistura quando se remove a separação entre os dois compartimentos. RT pN02 1 p, V RT pH02 3 3p V 1 3 RT RT pN2 1 p , pH2 3 p 2 2 2V 2V Prof. Dr. Otávio Santana 31 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Exemplo: Energia de Gibbs daInício Mistura. : p p , p 3p 0 N2 0 H2 | Fim : pN2 p 1 2 p , pH2 3 2 p 3p G 3mols RT ln 1mol RT ln – Um recipiente está dividido em dois compartimentos Um pdeles p iguais. tem 1 mol de N2 e o outro 3,0 moles de H2, ambos a 25°C. Calcule a separação p os p energia de Gibbs de mistura quando remove 1mol entre G se 3mols RT lna RT ln p p Início : p pdois , p 3compartimentos. p | Fim : p p , p p i 0 H2 1 2 N2 H2 p, p 1 2 0 3 2 0 0p 3p Gi 3mols 0N2 RT lnN2 1mol H20H2 RT ln p0 p0 Início : p 0 0 N2 f 0 N2 0 N2 3p | 0 H2 0 H2 0 3 2 0 p 3p Gmis 3mols RT ln 1 1mol RT ln 3 3p 1 2 p N2 H2 22 2 3mols RT ln 2 1mol RT ln 2 4mols RT ln 2 6 ,9kJ Fim : p p, p p 1 p 3 p Gf 3mols 0N2 RT ln 2 1mol 00H2 RT ln 2 p Gi 1pmol N2 RT ln p0 0 3p 3mols H02 RT ln p p 0 0 p 33 0p Gmis 3mols RT ln 1 1mol RT ln 12 p p p 2f 1mol 2N RT ln G 2 3mols RT ln 2 1mol RT ln 2 4mols RT ln2 p06 ,9kJ 0 23 p 3mols H2 RT ln p 0 1 p 3 p Gmis 1mol RT ln 2 3mols RT ln 2 p 3p 1mol RT ln 12 3mols RT ln 12 4mols RT ln 12 6,9kJ Prof. Dr. Otávio Santana 32 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas Fim da Parte 2 Misturas Simples Prof. Dr. Otávio Santana 33 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Soluções Ideais. – Como a energia de Gibbs de uma mistura líquida em equilíbrio varia com a composição? » Qual a equação de estado do líquido? » O potencial químico de uma substância na fase gasosa, em equilíbrio com o líquido, é igual ao potencial químico da substância na fase líquida. Prof. Dr. Otávio Santana 34 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Soluções Ideais. – Para uma substância pura A: p*A g RT ln p0 * A * A 0 A (1) – Para uma substância A em uma mistura: pA A A g RT ln p0 0 A (2) – Da combinação das equações (1) e (2) [(2)-(1)]: p A *A RT ln *A pA Prof. Dr. Otávio Santana 35 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Soluções Ideais. – Fato Experimental: Lei de Raoult. A pressão de vapor pA de uma substância A em uma mistura varia proporcionalmente com a sua composição xA na mistura. pA x A p*A – Nota #1: Misturas de componentes estruturalmente semelhantes seguem bem a Lei de Raoult. Exemplo: benzeno e metil-benzeno. – Nota #2: Misturas que obedecem a Lei de Raoult em toda o intervalo de composição são chamadas de soluções ideais. Prof. Dr. Otávio Santana 36 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Soluções Ideais. – Fato Experimental: Lei de Raoult. [pA = xApA*][pB = xBpB*] Prof. Dr. Otávio Santana 37 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Soluções Ideais. – Fato Experimental: Lei de Raoult. [pA = xApA*][pB = xBpB*] » Desvios da idealidade: • No caso de substâncias estruturalmente diferentes ocorrem desvios significativos. • A lei é obedecida com aproximação crescente à medida que o componente em excesso (solvente) se aproxima da pureza. Prof. Dr. Otávio Santana 38 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Soluções Ideais. – A partir da Lei de Raoult, a equação para o potencial químico de uma substância em uma solução ideal é escrita como: pA μA μ RT ln * pA * A μA μ*A RT ln x A » Nota: Esta equação pode ser utilizada como a definição de solução ideal, tornando a Lei de Raoult uma conseqüência. (Exemplo: pV = nRT Leis de Boyle, Charles & Dalton) » Questão: E no caso de soluções reais? Prof. Dr. Otávio Santana 39 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Soluções Ideais. » Soluções Ideais: Soluto e solvente seguem a Lei de Raoult. » Soluções Reais: Em baixas concentrações, a pressão de vapor pA do soluto A é proporcional a sua fração molar xA, mas a constante de proporcionalidade não é pA*: Lei de Henry. Prof. Dr. Otávio Santana 40 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Energia de Gibbs da Mistura: Soluções Ideais. » Soluções Ideais: Lei de Raoult. pA x A p*A » Soluções Reais: Lei de Henry. pA x AK A • Nota: Misturas nas quais o solvente segue a Lei de Raoult e o soluto segue a Lei de Henry são chamadas de soluções diluídas ideais. Prof. Dr. Otávio Santana 41 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Exemplo: Questão 6. – A 310 K, as pressões parciais do vapor de uma substância B dissolvida em um líquido A são as seguintes: xB 0,010 0,015 0,020 pB (kPa) 82,0 123,5 166,1 Mostre que a solução segue a lei de Henry sobre este intervalo de frações molares e calcule a constante KB. pB xB K B 82,0kPa 0,010 K B K B 8.200kPa 123,5kPa 0,015 K B K B 8.233kPa 166,0kPa 0,020 K K 8.300kPa B B K B 8,2 103 kPa • Exemplo: Questão 7. – Com os dados do exercício anterior, estime a pressão parcial do vapor do componente B em equilíbrio com a sua solução em A quando a molalidade de B for 0,25 mol·kg1. A massa molar de A é 74,1 g·mol1. Resp.: 1,5x102 kPa. Prof. Dr. Otávio Santana 42 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: – Definição: Dependem do “conjunto” e não do “indivíduo”. » Exemplos: Em soluções diluídas as propriedades da mistura dependem apenas do número de partículas do soluto. • Elevação Ebulioscópica (elevação do ponto de ebulição). • Abaixamento Crioscópico (redução do ponto de congelamento). • Pressão Osmótica (passagem de solvente por uma membrana). » Considerações: • O soluto não é volátil. (Não contribui para o vapor da solução = solvente gasoso puro). • O soluto não se dissolve no solvente sólido. (Separação no congelamento = solvente sólido puro). Prof. Dr. Otávio Santana 43 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Aspectos Comuns. – As propriedades coligativas provêm da diminuição do potencial químico do solvente provocado pela presença do soluto: μA μ*A RT ln x A x A 1 ln x A 0 μA μ*A Prof. Dr. Otávio Santana 44 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Elevação Ebulioscópica. – Para uma mistura entre um solvente A e um soluto B: *A g A , A *A RT ln x A , *A g *A RT ln1 xB x A xB 1 *A g *A ln1 xB RT – Como: *A g *A Gvap ,m Hvap ,m TSvap ,m – Tem-se: ln1 xB Prof. Dr. Otávio Santana Gvap ,m RT ln1 xB Hvap ,m RT Svap ,m R 45 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Elevação Ebulioscópica. – Para uma mistura entre um solvente A e um soluto B: ln1 xB Hvap ,m RT Svap ,m R (1) – No caso do solvente A puro: ln1 Hvap ,m RT * Svap ,m R 0, xB 0 (2) – Da combinação das equações (1) e (2) [(1)-(2)]: Hvap ,m 1 1 ln1 xB * R T T Prof. Dr. Otávio Santana 46 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Elevação Ebulioscópica. – Se xB << 1 ln(1- xB) ≈ -xB: Hvap ,m 1 1 xB * R T T – Assumindo que T ≈ T*: 1 1 T T* T 2 * * T T T T T* RT *2 x T Hvap ,m B Prof. Dr. Otávio Santana Hvap ,m T xB 2 R T* 2 ( A) T K eb xB , ( A) K eb RT * Hvap ,m 47 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Elevação Ebulioscópica. – Analogamente: *A g *A RT ln x A *A s *A RT ln x A 2 ( A) T K eb xB , ( A) Keb RT * Hvap ,m K f( A ) RT * Hfus ,m 2 T K f( A ) xB , onde: » Keb(A)f Constante Ebulioscópica (do solvente A). » Kf(A)eb Constante Crioscópica (do solvente A). Prof. Dr. Otávio Santana 48 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Elevação Ebulioscópica. – Analogamente: *A g *A RT ln x A *A s *A RT ln x A 2 ( A )bB , T K eb ( A ) Keb RT * Hvap ,m K f( A ) RT * Hfus ,m 2 T K f( A )bB , onde: » Keb(A)f Constante Ebulioscópica (do solvente A). » Kf(A)eb Constante Crioscópica (do solvente A). Prof. Dr. Otávio Santana 49 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Exemplo: Questão 8. – Calcule as constantes crioscópica e ebulioscópica do naftaleno (C10H8). Dados: Tfus = 354 K, ΔHfus = 18,80 kJ·mol1, Teb = 491 K, ΔHeb = 51,51 kJ·mol1. Resposta: K’f = 7,10 K·kg·mol1, K’eb = 4,99 K·kg·mol1. RT * 8 ,31447 JK 1mol 1 354 K Kf 55 ,42 K Hfus ,m 18,80 103 Jmol 1 2 RT * 8 ,31447 JK 1mol 1 491 K 38 ,91 K Hvap ,m 51,51 103 Jmol 1 2 K eb 2 2 • Exemplo: Questão 9. – A pressão de vapor do 2-propanol (C3H8O) é 50,00 kPa a 338,8°C, mas cai a 49,62 kPa quando se dissolvem 8,69 g de um composto orgânico não volátil em 250 g de 2-propanol. Calcule a massa molar do composto. Resposta: 272 g·mol1. Prof. Dr. Otávio Santana 50 Misturas Simples Propriedades Coligativas Fim da Parte 3 Misturas Simples Prof. Dr. Otávio Santana 51 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Pressão Osmótica. » Osmose: Passagem espontânea de um solvente puro para uma solução que está separada por uma membrana semipermeável. » Membrana Semipermeável: Separação permeável ao solvente mas impermeável ao soluto. Ex.: Parede impermeável a macromoléculas. » Pressão Osmótica (): Pressão que deve ser aplicada à solução para impedir o fluxo do solvente através da membrana semipermeável. Prof. Dr. Otávio Santana 52 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Pressão Osmótica. Prof. Dr. Otávio Santana 53 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Pressão Osmótica. – Para o solvente A puro e na solução, tem-se, respectivamente: A *A p, A p *A p RT ln x A – No equilíbrio: *A p *A p RT ln x A – Dependência do potencial químico com a pressão: *A p *A p p * V dp A p Vm m p – Portanto: *A p [*A p Vm ] RT ln x A Prof. Dr. Otávio Santana Vm RT ln x A 54 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Pressão Osmótica. – No caso de soluções diluídas: ln x A ln1 xB xB nB nB xB nA nB nA – Portanto, pode-se escrever: Vm RT ln x A RTxB nB RT nAVm – Como nAVm é o volume VA do solvente, tem-se: [B]RT Prof. Dr. Otávio Santana Equação de van' t Hoff 55 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Propriedades Coligativas: Pressão Osmótica. » O efeito da pressão osmótica é de fácil medição, sendo utilizado na determinação de massas molares de macromoléculas. » No entanto, nestes casos, as soluções obtidas não são ideais! – Admitindo-se que a equação de van’t Hoff seja o primeiro termo de uma expansão do tipo virial: [B]RT 1 b[B] c[B]2 Prof. Dr. Otávio Santana 56 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Exemplo: Pressão Osmótica. – As pressões osmóticas de soluções de cloreto de polivinila (PVC) em dicloroexanona, a 298 K, são dadas na tabela abaixo. As pressões estão dadas pela altura da coluna da solução ( = 0,980 g·cm3, g = 9,81 m·s2), e as concentrações em massa de PVC por volume de solução. Determine a massa molar do polímero. c (g·L1) 1,00 2,00 4,00 7,00 9,00 h (cm) 0,28 0,71 2,01 5,10 8,00 [B]RT , gh , cB mB nB M [B]M V V M cB RT gh 1,00 kgm 8,314 JK mol 298 K 92 kg mol M 0,980 10 kgm 9,81 ms 0,28 10 m 2,00 kgm 8,314 JK mol 298 K 73 kg mol M 0,980 10 kgm 9,81 ms 0,71 10 m 3 1 3 1 3 3 2 3 1 2 1 3 1 2 1 2 1 2 M 5 9,00 kgm 8,314 JK mol 298 K 29 kg mol 0,980 10 kgm 9,81 ms 8,00 10 m Prof. Dr. Otávio Santana 3 3 1 3 1 2 1 2 57 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Exemplo: Pressão Osmótica. – As pressões osmóticas de soluções de cloreto de polivinila (PVC) em dicloroexanona, a 298 K, são dadas na tabela abaixo. As pressões estão dadas pela altura da coluna da solução ( = 0,980 g·cm3, g = 9,81 m·s2), e as concentrações em massa de PVC por volume de solução. Determine a massa molar do polímero. c (g·L1) 1,00 2,00 4,00 7,00 9,00 h (cm) 0,28 0,71 2,01 5,10 8,00 2 [B]RT 1 b[B] c[B] 2 h RT cB cB 1 b c cB Mg M M Prof. Dr. Otávio Santana 2 cB cB cB gh RT 1 b c M M M h RT lim cB 0 c B Mg c RT M lim B cB 0 h g 58 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Exemplo: Pressão Osmótica. – As pressões osmóticas de soluções de cloreto de polivinila (PVC) em dicloroexanona, a 298 K, são dadas na tabela abaixo. As pressões estão dadas pela altura da coluna da solução ( = 0,980 g·cm3, g = 9,81 m·s2), e as concentrações em massa de PVC por volume de solução. Determine a massa molar do polímero. c (g·L1) 1,00 2,00 4,00 7,00 9,00 h (cm) 0,28 0,71 2,01 5,10 8,00 h lim 0 ,21 cm g 1 L cB 0 c B c RT M lim B c B 0 gh c RT lim B cB 0 h g 123 kg mol 1 Prof. Dr. Otávio Santana 59 Misturas Simples Propriedades Coligativas • Exemplo: Questão 10. – A adição de 5,00 g de um composto a 250 g de naftaleno (C10H8) provocou um abaixamento crioscópico de 0,780 K. Calcule a massa molar do composto. Dado: Kf = 55,42 K (7,10 K·kg·mol1). Resposta: M = 182 g·mol1. T K f( A ) xB K f( A ) K f( A )bB K f( A ) nB n mM K f( A ) B K f( A ) B A nA nB nA mAMB nB mB K f( A ) mA mAMB • Exemplo: Questão 11. – A pressão osmótica de uma solução aquosa, a 288 K, é 99,0 kPa. Calcule o ponto de congelamento da solução. Dados: K’f(H2O) = 1,86 K·kg·mol1, ≈ 1,00 g·mL1. Resposta: -0,077°C. Prof. Dr. Otávio Santana 60 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Atividade do Gás: – Objetivo: Preservar a forma das equações obtidas para casos ideais. Ex.: d Vmdp 0 RT ln (T e Vm Constante) p p0 f Fugacidade, Prof. Dr. Otávio Santana 0 (Gás Ideal) 0 RT ln f p , f p0 p0 p Vmdp (Gás Real) Coeficiente de Fugacidade 61 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Atividade do Solvente: – Objetivo: Preservar a forma da equação de do solvente: A *A RT ln pA p*A Para um solvente ideal (Lei de Raoult): pA p*A x A A *A RT ln x A Para um solvente real: A *A RT ln aA aA pA , * pA Prof. Dr. Otávio Santana aA x A quando x A 1, aA A x A 62 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas • Atividade do Soluto: – Objetivo: Preservar a forma da equação de do soluto: B *B RT ln pB pB* Para um soluto ideal (Lei de Henry): pB KB xB B 0B RT ln xB Para um soluto real: B 0B RT ln aB aB pB , KB Prof. Dr. Otávio Santana aB xB quando xB 0 , aB B xB 63 Misturas Simples Descrição Termodinâmica das Misturas Fim da Parte 4 Misturas Simples Prof. Dr. Otávio Santana 64 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 12. – Um recipiente de 250 mL está dividido em dois compartimentos de tamanhos iguais. O da esquerda contém argônio a 100 kPa e 0°C. O da direita contém neônio nas mesmas condições de pressão e temperatura. Calcule a energia de Gibbs de mistura e a entropia de mistura no processo que ocorre pela remoção da separação entre os compartimentos. Admita que os gases se comportem idealmente. Resposta: ΔGmis = -17,3 J, ΔSmis = +6,34,102 J·K1. p A *A RT ln *A , pA Prof. Dr. Otávio Santana p p G nA *A RT ln *A nB *B RT ln B* pA pB 65 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 13. – Calcule a energia de Gibbs, a entalpia e a entropia na misturação de 1,00 mol de C6H14 (hexano) com 1,00 mol de C7H16 (heptano), a 298 K. Admita que a solução resultante seja ideal. Resposta: ΔGmis = -3,43 kJ, ΔHmis = 0 J, ΔSmis = +11,5 J·K1. p A *A RT ln *A , pA p p G nA *A RT ln *A nB *B RT ln B* pA pB Gmis Gf Gi , Prof. Dr. Otávio Santana Gmis Gmis Smis T T 66 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 14. – Que proporções de benzeno (C6H6) e etilbenzeno (C8H11) se devem misturar (a) em fração molar e (b) em massa para que a entropia de mistura seja máxima? Resposta: (a) nB/nE = 1, (b) mB/mE = 0,7358. Gmis Gf Gi nART ln x A nB RT ln xB nRT x A ln x A xB ln xB Smis Gmis T nRx A ln x A xB ln xB Prof. Dr. Otávio Santana d Smis 0 dx A Entropia máxima 67 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 15. – As frações molares de N2 e O2 no ar atmosférico no nível do mar são, aproximadamente, 0,78 e 0,21. Calcule as molalidades do nitrogênio e do oxigênio na solução formada em um vaso aberto, cheio com água, a 25°C. Dados: KN2 = 85,7x103 atm, KO2 = 43,4x103 atm. Resposta: bN2 = 0,51 mmol·kg1, bO2 = 0,27 mmol·kg1. pA K A x A xA Prof. Dr. Otávio Santana Lei de Henry nA n n M A A B bAMB nA nB nB mB Solução diluída 68 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 16. – Uma unidade para gaseificar água de uso doméstico proporciona dióxido de carbono sob pressão de 2,0 atm. Estime a molaridade do gás na água gaseificada. Dados: KCO2 = 1,6x103 atm. Resposta: [CO2] = 0,067 mol·L1. pA K A x A xA Prof. Dr. Otávio Santana Lei de Henry nA n n M A A B bAMB nA nB nB mB Solução diluída 69 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 17. – Calcule o ponto de congelamento da água em um copo de 200 cm3 contendo 10 g de glicose (C6H12O6) dissolvidos. Dado: K’f(H2O) = 1,86 K·kg·mol1, ≈ 1,00 g·mL1. Resposta: TH2O = -0,52°C. T K f( Solvente )bSoluto Prof. Dr. Otávio Santana 70 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 18. – A 293 K se tem p*H2O = 0,02308 atm e pH2O = 0,02239 atm em uma solução que tem 0,122 kg de um soluto não-volátil, cuja massa molar é M = 241 g·mol1, dissolvido em 0,920 kg de água. Calcule a atividade e o coeficiente de atividade da água na solução. Resposta: a = 0,970, = 0,980. aSolv Prof. Dr. Otávio Santana pSolv , * pSolv aSolv Solv xSolv , Solv 1 quando xSolv 1 71 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 19. – O benzeno (B) e o tolueno (T) formam soluções quase ideais. O ponto de ebulição do benzeno puro é 80,1°C. (a) Calcule a diferença do potencial químico do benzeno em relação ao do benzeno puro quando xB =0,30 no ponto de ebulição. (b) Se o coeficiente de atividade do benzeno nesta solução fosse, na realidade, igual a 0,93 e não igual a 1,00, qual seria a pressão de vapor do benzeno? Resposta: (a) -3,54 kJ·mol1, (b) 212 torr. A *A RT ln x A aSolv Prof. Dr. Otávio Santana pSolv , * pSolv aSolv Solv xSolv , Solv 1 quando xSolv 1 72 Misturas Simples Exercícios Adicionais • Exemplo: Questão 20. – A medida das composições das fases líquida e gasosa, em equilíbrio, de uma solução binária a 30°C, sob pressão de 1,00 atm, mostrou que xA = 0,220 (fração molar de A no líquido) quando yA = 0,314 (fração molar de A no vapor). Calcule as atividades e os coeficientes de atividade dos dois componentes desta solução com base na lei de Raoult. As pressões de vapor dos componentes puros, na temperatura mencionada, são: pA* = 73,0 kPa e pB* = 92,1 kPa. Resposta: aA = 0,436, aB = 0,755, A = 1,98 e B = 0,968. pA x A p*A aSolv Prof. Dr. Otávio Santana pSolv , * pSolv aSolv Solv xSolv , Solv 1 quando xSolv 1 73 Misturas Simples Exercícios Adicionais Fim da Parte 5 Misturas Simples Prof. Dr. Otávio Santana 74 Fim do Capítulo 2 Misturas Simples