SOCIOLOGIA PROFª MARIA DO CARMO Marcondes Brandão Rolim CASTRO, Anna Maria de; DIAS, Edmundo. Introdução ao pensamento sociológico. Rio de Janeiro: Eldorado, 1974.p.13 a 24. 1 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A NOVA ORDEM SOCIAL (1750-1850) RI – é o marco de uma nova era na história da humanidade; RI – não é apenas o crescimento da atividade fabril, constitui uma autêntica revolução social que se manifesta por transformações profundas da estrutura institucional, cultural, política e social. 2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL PROVOCOU UMA PROFUNDA TRANSFORMAÇÃO DA ESTRUTURA DA SOCIEDADE: -Reoordenação da sociedade rural e conseqüente emigração da população rural para os centros urbanos; -Transmutação da atividade artesanal em manufatureira e por último em atividade fabril; 3 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Criação do proletariado urbano e do empresariado capitalista - Implicou o fortalecimento de uma nova classe social: a burguesia - burguesia passou a exercer considerável influência na criação das condições institucionais e jurídicas indispensáveis ao seu próprio fortalecimento e expansão - 4 5 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A REVOLUÇÃO FRANCESA Constituem as duas faces de um mesmo processo – a consolidação do regime capitalista moderno. Revolução Francesa reflete as aspirações e exigências da nova classe burguesa em consolidação 6 OS MECANISMOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL RI – leva à instauração do capitalismo liberal; - é o momento de uma longa evolução que permite o controle da natureza através da técnica; - ocasiona a tomada de poder pela burguesia; - se configura no laisser-faire, laisserpasser; Mudanças aparecem primeiro na GrãBretanha, depois na França .... Europa e Estados Unidos. 7 OS MECANISMOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL RI – começa sob a égide da liberdade: permitir aos empresários industriais que desenvolvam e criem novas formas de produção e de enriquecimento; - luta-se contra os regulamentos, os costumes, as tradições e as rotinas, a fim de submeter a organização da sociedade aos imperativos da burguesia 8 OS MECANISMOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL CAPITALISMO LIBERAL: - Defende a liberdade - estabelece o reino do capital, - dos seus possuidores, - dos imperativos de acumulação deste capital, - do predomínio dos empresários industriais x operários 9 AS CRISES SOCIAIS E ECONÔMICAS DO CAPITALISMO LIBERAL - Acontecem, primeiramente, na Inglaterra, e se configuram no conflito entre os artesãos e a indústria – as máquinas de tecer, a máquina de descaroçar algodão, a aplicação industrial da máquina a vapor, substituem o trabalho que os homens realizavam com as mãos ou com ferramentas. 10 AS CRISES SOCIAIS E ECONÔMICAS DO CAPITALISMO LIBERAL A presença da máquina a vapor, que podia mover outras tantas máquinas, incentivou o surgimento da indústria construtora de máquinas, que, por sua vez, incentivou toda a indústria voltada para a produção de ferro e posteriormente de aço. No final do século XVIII produziam-se ferro e aço, utilizando-se o carvão mineral. 11 AS CRISES SOCIAIS E ECONÔMICAS DO CAPITALISMO LIBERAL A maioria dos operários são: CAMPONESES - expulsos das terras e das aldeias, vivem em desprezíveis condições de alojamento e de promiscuidade; ARTESÃOS - Perdem a sua antiga qualificação 12 AS CRISES SOCIAIS E ECONÔMICAS DO CAPITALISMO LIBERAL Artesãos e camponeses : - - têm seus talentos castrados; são desenraizados; considerados pela burguesia como seres úteis mas perigosos. 13 AS CRISES SOCIAIS E ECONÔMICAS DO CAPITALISMO LIBERAL ÓPERÁRIO: - Passa a ter uma carteira de trabalho que o submete ao controle da polícia; - Se deixar o seu patrão é passível de ser preso; - As condições de trabalho são duras:a jornada é de 12 horas e não há feriados nem férias. 14 AS CRISES SOCIAIS E ECONÔMICAS DO CAPITALISMO LIBERAL MULHERES E CRIANÇAS - Também estão submetidas às regras de trabalho impostas; - Crianças começam a trabalhar desde a idade de seis anos - Só em meados do século XIX é que aparece uma regulamentação na França e na Inglaterra 15 AS CRISES SOCIAIS E ECONÔMICAS DO CAPITALISMO LIBERAL SÉCULO XIX: - - Profundas mudanças na estrutura da indústria e das relações sociais; No volume de produção; Na extensão e variedade do comércio. 16 AS CRISES SOCIAIS E ECONÔMICAS DO CAPITALISMO LIBERAL MUDANÇAS ECONÔMICAS E SOCIAIS: Provocaram transformações radicais nas idéias do homem sobre a sociedade: de uma concepção mais ou menos estática do mundo [...], para uma concepção de progresso como lei da vida e da melhoria constante como estado normal de qualquer sociedade. 17 AS NOVAS FORMAS DE PENSAR - É resultado das transformações ocorridas a partir do séc.XV, que desagregaram a sociedade feudal, dando origem à sociedade capitalista - Na Idade Média: a terra e a obra que a atividade humana criou sobre ela gozavam de grande estabilidade. 18 AS NOVAS FORMAS DE PENSAR Idade Média: - a autoridade divina, era um firme ponto de referência; - A cultura e a natureza se justificavam e se explicavam sobre uma base transcendente 19 AS NOVAS FORMAS DE PENSAR A Razão é colocada como elemento essencial para se conhecer o mundo, isto é, os homens devem ser livres para julgar, avaliar, pensar e emitir opiniões sem se submeter a nenhuma autoridade transcendente ou divina, que tinha na Igreja a sua maior defensora e guardiã. 20 AS NOVAS FORMAS DE PENSAR A Razão – capacidade racional do homem de conhecer- é definida como o elemento essencial que se colocaria frontalmente contra o dogmatismo e a autoridade eclesial, criando-se pois uma nova atitude diante da possibilidade de explicar os fatos sociais. 21 AS NOVAS FORMAS DE PENSAR Razão – trouxe à tona uma nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais. Pensadores que representam essa nova forma de conhecimento: 22 PENSADORES QUE REPRESENTAM AS NOVAS FORMAS DE PENSAR - Nicolau Maquiavel (1469-1527) - Galileu Galilei (1564-1642) - Thomas Hobbes (1588-1679) - Francis Bacon (1561-1626) - René Descartes (1596-1650) - John Locke (1632-1704) - Isaac Newton (1642-1727) 23 AS NOVAS FORMAS DE PENSAR Descobrimento da Razão: - Deu um impulso decisivo à evolução espiritual que, por caminhos complexos, trabalha até o presente na obra de substituir a visão transcendente do mundo pela visão imanente. 24 AS NOVAS FORMAS DE PENSAR A partir do séc.XVI - As pessoas cultas que renunciam a toda sanção sobrenatural, ordenam seu pensamento e sua vida pela autonomia da razão, chegando-se a uma explicação do mundo a partir de um princípio matemático e mecânico. 25 RACIONALISMO Até o séc.XVIII – o pensamento social caracterizavase muito mais pela preocupação de formular regras de ação do que pelo estudo frio e objetivo da realidade social, que gera e determina todas as regras. 26 RACIONALISMO Preconizava: - Que a atitude científica diante dos fenômenos deve ser despida da influência dos idola (erros mais gerais e arraigados) e das praenotiones. Lançou as bases do que havia de ser o método científico 27 POSTULADOS DO MÉTODO CIENTÍFICO 1. 2. deve-se afastar, no estudo da realidade objetiva, toda e qualquer idéia preconcebida, toda noção apriorística sobre os fatos que se estudam; o espírito deve ser conduzido à pesquisa pela dúvida metódica e construtiva, que analisa e investiga, único meio de retirar a verdade dos fatos e não deformar os fatos para ajustá-los a uma verdade revelada. 28 29 O POSITIVISMO É uma derivação do “cientificismo”, isto é, da crença no poder exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Essas leis seriam a base da regulamentação da vida do homem, da natureza como um todo e do próprio universo 30 O POSITIVISMO Inspirava-se no método de investigação das ciências da natureza, assim como procurava identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural. 31 O POSITIVISMO Concebia a sociedade como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico. Por isso o positivismo foi chamado também de organicismo 32 O POSITIVISMO PRIMEIRO PRINCÍPIO TEÓRICO: - A constituição do objeto de estudo da realidade social, dos métodos e a elaboração dos conceitos deve se dar à luz das ciências naturais, procurando dessa maneira chegar à mesma objetividade e ao mesmo êxito nas formas de controle sobre os fenômenos estudados. 33 O POSITIVISMO Sob forte influência do pensamento de Saint-Simon, de quem foi amigo e secretário, mas também tendo como inspiração as idéias de Francis Bacon, Galileu e Descartes, Augusto Comte (1798-1857) propõe uma completa reforma da sociedade em que vivia, cujo ponto de partida era a reforma intelectual do homem. 34 AUGUSTO COMTE Desde cedo rompe com as tradições familiares, monarquista e católica, torna-se um republicano com idéias liberais e passa a desenvolver uma atividade política e literária que lhe permitirá elaborar uma proposta para resolver os problemas da sociedade de sua época. 35 36 AUGUSTO COMTE Toda a sua obra está permeada pelos acontecimentos da França pósrevolucionária. Defendendo sempre o espírito de 1789 e criticando a restauração da monarquia, se preocupará em como organizar a nova sociedade que estava em ebulição e em total caos. 37 AUGUSTO COMTE Propõe a modificação da forma de pensar dos homens por meio dos métodos das ciências de seu tempo – o que ele chamou de filosofia positiva - para que haja, posteriormente, como conseqüência, a reforma das instituições. 38 AUGUSTO COMTE Nesse ponto é que aparece a sociologia, ou a “física social”, ciência que, ao estudar a sociedade através da análise de seus processos e de suas estruturas, proporia a reforma prática das instituições. 39 AUGUSTO COMTE A sociologia representava, para Comte, o coroamento da evolução do conhecimento, apesar de os métodos serem os mesmos das outras ciências, pois todas elas buscavam conhecer os acontecimentos constantes e repetitivos da natureza. 40 AUGUSTO COMTE SOCIOLOGIA: - Como as outras ciências, deveria sempre procurar a reconciliação entre os aspectos estáticos e dinâmicos do mundo natural, ou, em termos da sociedade, entre a ordem e o progresso, sendo que este deveria estar subordinado àquela. 41 AUGUSTO COMTE Influência de Comte: -estende-se a toda a tradição republicana, seja na Europa, seja na América Latina; - No Brasil, é muito clara, como se pode ver no lema que se estampa na Bandeira Nacional: - “Ordem e Progresso”. 42 AUGUSTO COMTE Influência na sociologia: - É marcante na escola francesa, através de Émile Durkheim e de todos os seus contemporâneos e seguidores. - Faz-se notar em todas as tentativas de se criarem determinadas tipologias para explicar a sociedade. 43 A SOCIOLOGIA O APARECIMENTO DA SOCIOLOGIA Momento histórico: - Primeira metade do século XIX, quando ocorreram profundas transformações econômicas e sociais e o desenvolvimento do método científico em outros setores do conhecimento humano. - Liquidação do “ancien régime” - Inauguração da era industrial 44 O APARECIMENTO DA SOCIOLOGIA Sociologia surgiu com a sociedade industrial, ou melhor, com os seus esboços. Surgiu quando do seu ventre nasceu o proletariado, e essa circunstância é de importância decisiva para a compreensão de sua história, de seu método e de seus problemas de hoje. 45 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA A existência social dos seres humanos como objeto de indagações adquire consistência científica graças à extensão dos princípios e do método da ciências naturais à investigação do social. 46 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA SOCIOLOGIA -nasce e se desenvolve na própria situação de existência das modernas sociedades industriais e de classes. -não se afirma primeiro como explicação científica e somente depois como forma cultural de concepção do mundo. Foi o inverso o que se deu na realidade. 47 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA Os pioneiros e fundadores da Sociologia se caracterizam menos pelo exercício de atividades intelectuais socialmente diferenciadas, que pela participação mais ou menos ativa das grandes correntes de opinião dominantes na época, seja no terreno da reflexão ou da propagação de idéias, seja no terreno da ação. 48 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA Pensadores aspiravam fazer do conhecimento sociológico um instrumento de ação. E o que pretendiam modificar não era a natureza humana em geral, mas a própria sociedade em que viviam. 49 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA Sociologia constitui um produto cultural das fermentações intelectuais provocadas pelas revoluções industriais e político-sociais, que abalaram o mundo social moderno 50 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA Explicação sociológica exige como requisito essencial: um estado de espírito que permita entender a vida em sociedades como estando submetida a uma ordem, produzida pelo próprio concurso das condições, fatores e produtos da vida social. 51 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA A desagregação da sociedade feudal, a evolução do sistema capitalista de produção, com sua economia de mercado e a correspondente expansão das atividades urbanas trouxe como conseqüência o alargamento do âmbito da percepção social além dos limites do que era sancionado pela tradição, pela religião ou pela metafísica. 52 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA Em suma: aos efeitos do processo de secularização da cultura na modificação da mentalidade média, do conhecimento do senso comum e do pensamento racional sistemático devem-se: 53 A HERANÇA INTELECTUAL DA SOCIOLOGIA a formação do ponto de vista sociológico, a noção de que a vida humana em sociedade está sujeita a uma ordem social, e as primeiras tentativas de explicação realista dos fenômenos de convivência humana. 54 PAPEL INICIAL DA SOCIOLOGIA Missão da Sociologia: Racionalizar a construção de uma ordem nova. Através do conhecimento científico dar aos homens o controle de sua sociedade e de sua história, assim como a física e a química lhes possibilitaram o controle das forças naturais. 55