2. Níveis de Participação
Política no Espaço Público
Participação Política
 A atividade política pauta-se por relações que
decorrem sob formas, frequências, intensidades,
modalidades variadas entre indivíduos, grupos,
associações e instituições.
 Estas relações são catalogadas e analisadas como
formas de participação política.
Participação Política
 O conceito, processos e as várias manifestações de
participação política adquiriram um lugar essencial
no estudo da Política
 Conquista uma atenção prioritária num período de
exigências de democratização, que despertam outras
exigências de participação política
Participação Política
 “Participação política é o conjunto de atos e de
atitudes que aspiram a influenciar de forma mais ou
menos direta e mais ou menos legal as decisões dos
detentores do poder no sistema político ou em
organizações políticas particulares, bem como a
própria escolha daqueles, com o propósito de manter
ou modificar a estrutura (e, consequentemente, os
valores) do sistema de interesses dominante”
(Pasquino, 2005: 50).
Tipos de Participação Política
 Dois tipos:
 (1) visível;
 (2) invisível ou latente: “presença de uma opinião
pública interessada na política e informada dos seus
desenvolvimentos que, por vários motivos (entre os
quais se podem contar a satisfação com o
funcionamento do sistema político ou a falta de
confiança nas suas próprias capacidades), se ativa
apenas raramente e de modo descontínuo” (ibid.: 50).
Participação Política
 Fenómeno antigo (desde as cidades-estados gregas) e
recente (com o aparecimento das formas modernas
de Estado no mundo ocidental)
Variáveis a Influir no Grau de Participação Política
Individual
 “os papéis do indivíduo nos seus ambientes vitais, as
coletividades com as quais se identifica, as escolhas
disponíveis na comunidade local a que pertence e as
escolhas disponíveis enquanto sujeito de um sistema
político nacional” (Rokkan, 1982: 61-62).
Disponibilidade para Participar
 Razões Históricas:
 (1) deslocações de populações do campo para a cidade;
 (2) deslocações de populações do setor agrícola para o
industrial, e depois para o terciário;
 (3) aumento da população e alteração da sua composição;
 (4) aumento da alfabetização;
 (5) maior exposição aos mass media (Karl W. Deutsch, 1961).
+ estrutura das oportunidades políticas, o.s., das modalidades
de organização da esfera política e das oportunidades de
integração política (Pasquino, 2005: 55).
Modelos de Participação Política
 Modelo do Estatuto Sócio-Económico: “Uma das
proposições mais validadas das ciências sociais é que
as pessoas próximas do centro da sociedade estão
mais inclinadas a participar na política do que as
pessoas próximas da periferia […] As pessoas
próximas do centro recebem mais estímulos, que as
abrem à participação, e mais apoio dos seus pares
quando participam ativamente” (Milbrath, 1965: 113114).
Modelos de Participação Política
 Centro da sociedade: “constituído pelas pessoas e
pelos grupos que dispõem de um nível elevado de
rendimentos, têm instrução superior, desenvolvem
uma atividade profissional não manual, controlam as
suas ocupações e pertencem a setores sociais,
linguísticos, religiosos e étnicos dominantes.
Resumindo, estão situados perto do vértice da
pirâmide social” (Pasquino, 2005: 63).
 Maior
participação, resultante
manterem os seus privilégios
do
desejo
de
Modelos de Participação Política
 Modelo de Pizzorno:
 “a participação política é tanto maior quanto maior
(mais intensa, mais clara, mais exata) for a
consciência de classe” (1966: 261).
Modalidades de Participação Política
 Milbrath (1965: 18):
 (1) Expor-se a solicitações políticas;
 (2) Votar;
 (3) Iniciar uma discussão política;
 (4) Procurar convencer outra pessoa a votar num
determinado sentido;
 (5) Usar um distintivo político;
 (6) Ter contactos com um funcionário ou um dirigente
político;
 (7) Dar dinheiro para um partido ou para um candidato;
Modalidades de Participação Política
 (8) Participar num comício ou numa assembleia






política;
(9) Contribuir com tempo para uma campanha
política;
(10) Tornar-se membro ativo de um partido político;
(11) Participar em reuniões onde sejam tomadas
decisões políticas;
(12) Angariar fundos para causas políticas;
(13) Candidatar-se a um cargo eletivo;
(14) Ocupar cargos políticos ou partidários.
Modalidades de Participação Política
 Verba, Nie e Kim (1978: 310-316):
 (1) Participar em campanhas eleitorais;
 (2) Desenvolver atividades de colaboração com
grupos;
 (3) Votar;
 (4) Contactar dirigentes políticos e partidários (para
resolver problemas, quer individuais, quer coletivos).
Modalidades de Participação Política
 Barbagli e Maccelli (1985: 53):
 Dedicar tempo e trabalho a um partido;
 Assistir a um debate político;
 Participar numa manifestação;
 Inscrever-se num partido;
 Dar dinheiro a um partido;
 Participar num comício;
 Dirigir-se a um político para resolver qualquer problema pessoal ou
da própria família;
 Dirigir correspondência ou reclamações a autoridades públicas;
 Procurar convencer alguém a votar num certo candidato;
 Procurar convencer alguém a votar em certo partido;
 Assinar petições para iniciativas legislativas populares ou para
referendos.
Participação Política Não Convencional
 Modalidades recentes heterodoxas:
 Barnes, Kaase et al., 1979:
 Propagandear a abstenção ou o voto nulo;
 Participar num movimento;
 Fazer greves selvagens;
 Bloquear o trânsito com uma manifestação de rua;
 Fazer um sit-in;
 Boicotar um supermercado.
Tipos de Participantes
 Kaase e Marsh (1979, 154-155):
 Inativos: no máximo lêem jornais sobre política e estão




dispostos a assinar uma petição quando solicitados;
Conformistas: empenham-se apenas em formas
convencionais de participação;
Reformistas: recorrem a formas convencionais, mas o
seu repertório político inclui também formas não
clássicas;
Ativistas: aventuram-se em formas de acção não legais;
Contestatários (protesters): são semelhantes aos
reformistas e aos ativistas no empenhamento em atitudes
de protesto. Mas não recorrem a formas convencionais
de participação.
Aspectos Fundamentais da Problemática da
Participação Política
 (1) as motivações individuais;
 (2) a relação entre agir individualmente e agir em
grupo e, portanto, o papel dos grupos na participação
política (grupos de pressão, lóbis, partidos políticos,
associações, sindicatos, etc.);
 (3) a natureza e importância dos benefícios ou dos
incentivos (Clark e Wilson, 1961: “materiais”, “de
solidariedade” e “orientados para um objetivo”),
individuais e coletivos.
Envolvimento Cíclico
 Albert O. Hirschman (1970):
 Alternância entre fases de profundo envolvimento,
intensa actividade, individual ou de grupo, e ciclos de
retração, de refluxo. A fases de empenho na esfera
pública, seguem-se fases de retorno à esfera privada.
 Explicação:
felicidade
desilusão com a não obtenção da
Possibilidades de Participação Política com a Internet
 A Internet possibilita novas formas de participação política
 Pew Research Institute, Keith Hampton, 2011: 2.255 adultos,
uso de redes como Facebook, MySpace, Linkedin e Twitter: 2
vezes e meia mais inclinados a ir a um encontro político, 57%
propensos a tentar convencer alguém de que o seu voto é
correto e 43% mais tendentes a dizer que iam votar
 VER por exemplo:
 http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=180
0657&seccao=Europa
 http://aeiou.expresso.pt/presidente-da-republica-deixamensagem-no-facebook-aos-partidos=f641578
Bibliografia
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Barbagli, M. e Maccelli, A. (1985), La partecipazione Politica a Bologna. Bologna: Il Mulino.
Barnes, S. H., Kaase, M. et al. (1979), Political Action: mass Participation in Five Western Democracies.
Beverly Hills-London: Sage.
Civitas, Revista de Ciências Sociais, “Democracia e novas formas de participação política”, vol. 4, No 2 (2004):
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/issue/view/8.
Clark, P. B. e Wilson, J. Q. (1961), “Incentive Systems: A Theory of Organizations”, in Administrative Science
Quaterly, 6, pp. 129-166.
Deutsch, K. W. (1961), “Social Mobilization and Political Development”, in American Political Science Review.
Junho, pp. 493-514.
Hirschman, A. O. (1970), Exit, Voice, and Loyalty. Cambridge, Mass.: Harvard University Press.
Kaase, M. e Marsh, A. (1979), Political Action Repertory Changes Over Time and a New Tipology, in Barnes,
Kaase et al., pp. 137-166.
Milbrath, L. W. e Goel, M. L. (1965), Political Participation. Chicago: Rand McNally.
Pasquino, Gianfraco (2005), Curso de Ciência Política. Cascais: Principia.
Pizzorno, A. (1966), “Introduzione allo Studio della Partecipazione Politica”, in Quaderni di Sociologia, 15, pp.
235-287.
Rokkan, S. (1970), Citizens, Elections, Parties. Approaches to the Comparative Study of the Processes of
Development. Oslo: Universitetsforlaget. Tradução italiana: Rokkan, S. (1982), Cittadini, Elezioni, Partiti.
Bologna: Il Mulino.
Verba, S., Nie, N. H. e Kim, J. (1978), Participation and Political Equality. A Seven-Nation Comparison. New
York: Cambridge University Press.
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