Abordagem alternativa
dos estudos de usos e
usuários (adaptado do material da Professora
Adriana Bogliolo)
Referências principais:
CHOO, C.W. A organização do Conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado,
construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Ed. Senac, 2003, p. 63-120
NASSIF, M. E. ou BORGES, M. E. N. ; CABRAL, Ana Maria Rezende ; LIMA, Gercina Angela Borem de Oliveira ;
DUMONT, Ligia Maria Moreira ; NAVES, Madalena Martins Lopes ; BORGES, Henrique Elias . A ciência da
informação discutida à luzdasteoriascognitivas: estudos atuais e perspectivas para a área. Cadernos de
Biblioteconomia, Arquivística e Documentação, v. 2, p. 80-91, 2004.
NASSIF, M. E. ou BORGES, M. E. N. A abordagem contemporânea sobre a cognição humana e as contribuições
para os estudos de usuários da informação. Cadernos do BAD , Lisboa, v. 2, p. 74-81. 2005.
Prólogo...


Estudos de usuários tiveram origem na década
de 40 com a aplicação dos mesmos métodos
das ciências naturais (exatas e biológicas) aos
fenômenos humanos e sociais
Avaliavam coleções, produziam indicadores de
uso, de processos e fluxos de comunicação
científica, produziam dados para diagnóstico,
planejamento, gestão da informação...
Araújo (2007)
Estudos “nomotéticos”...




Aludindo às Ciências nomotéticas em
oposição às ciências idiográficas:
nomotéticas (que visam à investigação das leis
da natureza)
idiográficas (ou culturais, que visam as formas
particulares).
Enquanto as nomotéticas buscam enquadrar os
fatos dentro de leis gerais da espécie a que
pertencem, as ciências idiográficas se aplicam
na busca da forma do particular.
Araújo (2007):



Os compara à “física social” de Comte:
Uma abordagem segundo à qual haveria leis tão
determinadas para o desenvolvimento da
espécie humana como as que definem a queda
de uma pedra.
Cita “o princípio do menor esforço” e a
“medição” dos comportamentos e hábitos dos
usuários
Araújo (2007):




Os compara, ainda, ao funcionalismo
de Durkheim, segundo o qual:
Era muito importante estudar as relações
de causa e efeito e as regularidades com
vistas a descobrir as leis e as ‘regras’ de
ação par o futuro (observando, para isso,
fenômenos rigorosamente definidos).
Compara os estudos de usuários com o
estudo que o autor fez do suicídio. Nesse
estudoo estudo das estatísticas anuais de
suicídios na Europa (e a busca de taxas
constantes em longos períodos) era mais
importante que as motivações individuais
que causavam o fenômeno...
Ou seja, o fato social era externo ao
indivíduo!
Tratava-se de buscar o “código de
funcionamento da sociedade”:



Para encontrar uma “técnica de controle social”
para a manutenção da ordem estabelecida
Ou seja vão dos estudos necessários para a
previsão de demanda ou da mudança de
demanda por produtos e serviços
Até as metodologias para a promoção do uso da
informação e para a educação dos usuários
Outro modelo teórico que
marcou os estudos de usuários
foi o Behaviorismo ou
comportamentalismo...
O mais famoso Behaviorista foi
B. F. Skinner (1904 -1990)

“Os organismos
tendem a repetir as
respostas que levam
a um resultado
positivo e a não
repetir as que levam
a um resultado
neutro ou negativo”
Skinner cunhou inúmeros termos (reforço
positivo, reforço negativo, esquemas de
reforçamento...)
Em seu livro Beyond Freedom and Dignity,
afirmava que todo comportamento é
governado por estímulos externos: “o livrearbítrio é uma ilusão”
O Behaviorismo ou
comportamentalismo nos estudos
de usuários...

Privilegiando o “comportamento informacional”
(em detrimento da “praxis informacional”), onde
a ação do usuário ou o seu comportamento
resulta de determinada necessidade e a
necessidade de satisfação é uma lacuna que
serve de estímulo ao comportamento do
usuário.
Paralelamente às críticas de Araújo,
ainda aqui na ECI...

Borges et alli (2004) e Borges (2005) destacam
que, em que pese o fato da ciência da informação
ter evoluído segundo um caráter interdisciplinar e
estreitamente ligado campos como o das ciências
cognitivas, as suas proposições tem se
sustentado, principalmente numa perspectiva que
leva muito mais em consideração o indivíduo e
menos a sua atuação como seres inseridos em
contextos sociais.
Ainda aqui na ECI...

Venâncio (2007) sugere que esses estudos
se baseiam, em grande parte, em
abordagens cognitivas tradicionais que
enfatizam a natureza individual das
estruturas cognitivas dos usuários da
informação e consideram uma visão do
comportamento organizacional construída
em fases, que o indivíduo atravessa na
solução de um vazio cognitivo, ou uma
situação problemática e cuja
solução/transposição é alcançada pela
assimilação da informação.
Ainda aqui na ECI...

Segundo Venâncio (2007), novos
instrumentos necessitavam ser buscados de
forma a abordar o usuário em suas múltiplas
dimensões (lingüística, individual, social,
emocional) e compreender a busca de
informação como um processo histórico,
social, experiencial e contingencial.
Como ficamos sabendo:
um modelo de uso da informação
Para Watson e Crick, o objetivo da descoberta da estrutura do
DNA (1953) foi “entremeado com os tormentosos prazeres da
competição, da disputa e da recompensa. A absorção do
problema científico alternava-se com períodos de ócio, fuga,
diversão e de admirar garotas. A amizade e a hostilidade entre
colaboradores expressavam-se numa simbiose persistente, mas
produtiva, na qual nenhum conseguia fazer realmente alguma
coisa sem as capacidades especiais do outro. E tudo isso
envolvia não apenas a paixão por criar novos conhecimentos,
mas também a paixão por serem reconhecidos pelos pares e por
ocupar um lugar na competição” (Choo, 2003, p. 63)
Como ficamos sabendo:
um modelo de uso da informação
• A informação e o insight nascem no coração e na mente dos
indivíduos;
• A busca e o uso da informação são um processo dinâmico e
socialmente desordenado que se desdobra em camadas de
contingências cognitivas, emocionais e situacionais.
• A análise das necessidades e dos usos da informação vem se
tornando um componente cada vez mais importante da
pesquisa em áreas como a psicologia cognitiva, estudo da
comunicação, difusão de inovações, recuperação da
informação, sistemas de informação, tomada de decisões e
aprendizagem organizacional.
Abordagens de Estudos de Usuários:
Foco no Sistema
Demanda
Necessidade/
Desejo
Meio Ambiente
Sistema de
Informação
Uso
Itens Recuperados
Existem várias maneiras de se caracterizarem estudos de usuários; uma das
maneiras mais convenientes é dividi-los em dois tipos:
1) estudos orientados ao uso de uma biblioteca ou centro de informação individual;
2) estudos orientados ao usuário, isto é, investigação sobre um grupo particular de
usuários, como este grupo obtém a informação necessária ao seu trabalho.
(Figueiredo 1994, p. 8)
Abordagens de Estudos de Usuários:
Foco no Usuário
Demanda
Necessidade/
Desejo
Meio Ambiente
Sistema de
Informação
Uso
Itens Recuperados
Existem várias maneiras de se caracterizarem estudos de usuários; uma das
maneiras mais convenientes é dividi-los em dois tipos:
1) estudos orientados ao uso de uma biblioteca ou centro de informação individual;
2) estudos orientados ao usuário, isto é, investigação sobre um grupo particular de
usuários, como este grupo obtém a informação necessária ao seu trabalho.
(Figueiredo 1994, p. 8)
Abordagens de Estudos de Usuários
Para Choo (2003, p. 66-82), os estudos de usuários não se classificam
somente pela sua orientação (orientados para o sistema ou para o
usuário), mas também pela finalidade da pesquisa, que pode ser
dirigida para tarefas ou integrativa.
Demanda
Demanda
Necessidade/
Desejo
Necessidade/
Desejo
Meio
Ambiente
Sistema de
Informação
Uso
Itens Recuperados
Meio
Ambiente
Sistema de
Informação
Uso
Itens Recuperados
Abordagens de Estudos de Usuários
Choo (2003, p. 66-82) propõe uma nova ótica para interpretação da
orientação da pesquisa, ou seja, do estudo de usuários empreendido.
Ele avalia o foco no sistema ou no usuário levando em consideração a
forma como a informação é avaliada no estudo empreendido.
“... o termo sistemas tem um amplo alcance, já que inclui estruturas
sociais, práticas e comunidades destinadas a partilhar e disseminar
informações; instrumentos, serviços e agências que facilitam o acesso
à informação; assim como sistemas computadorizados, que permitem
que a informação seja procurada e armazenada. A pesquisa orientada
para o sistema examina como a informação flui por esses sistemas
sociais, e como é possível desenvolver instrumentos e serviços para
simplificar o acesso à informação e fomentar a partilha de informações”
(Choo, 2003, p. 68).
Finalidade dos estudos:
Dirigidos para tarefas    Integrativos
Dirigidos para tarefas
Integrativos
Concentra-se em determinados
comportamentos e atividades que
constituem o processo de busca da
informação propriamente dito.
Abrange todo o processo de busca e
utilização da informação.
Tem como objetivo identificar as fontes de
informação interna e externa que são
selecionadas e usadas intensivamente por
grupos específicos de pessoas, ou
examinar os modos formais e informais
pelos quais a informação é partilhada e
comunicada em profissões ou organizações
definidas
Objetivos incluem entender a situação ou o
contexto que levou ao reconhecimento da
necessidade de informação, examinar as
atividades de busca e armazenamento da
informação e analisar como a informação é
utilizada para resolver problemas, tomar
decisões e criar significado.
Abordagem alternativa

Consideramos “alternativa” a abordagem que privilegia
pesquisas integrativas centradas no usuário.
Abordagem Tradicional
Abordagem Alternativa
Informação  Objetiva
Informação  Subjetiva
Usuários  Processadores de
informação
Usuários  Seres que estão
constantemente construindo (sentido)
Objetivo da pesquisa  procura por
proposições trans-situacionais sobre a
natureza do uso de sistemas de
informação, enfocando as dimensões
externamente observáveis do
comportamento.
Objetivo da pesquisa  compreensão
do uso da informação em situações
particulares, centrando-se no usuário,
examinando o sistema somente como
este é visto pelo usuário.
Pergunta  O quê?
Pergunta  Como?
Paradigma  Físico
Paradigmas  Cognitivo e Social
Abordagem alternativa
• Enquanto a informação quase sempre tem uma manifestação física, como
um documento ou registro, o contexto e o significado da informação se
renovam a cada vez que ela chega a um usuário.
• A informação é fabricada por indivíduos a partir de sua experiência passada
e de acordo com as exigências de determinada situação na qual a
informação deve ser usada.
• Um modelo de uso da informação deve englobar a totalidade da experiência
humana: os pensamentos, sentimentos, ações e o ambiente onde eles se
manifestam.
• Partimos da posição de que:
• o usuário da informação é uma pessoa cognitiva e perceptiva;
• a busca e o uso da informação constituem um processo dinâmico que
se estende no tempo e no espaço;
• o contexto em que a informação é usada determina de que maneiras e
em que medida ela é útil.
Abordagem alternativa
• Os novos estudos de comportamento de usuários se caracterizam por:
• Observar o ser humano como sendo construtivo e ativo;
• Considerar o indivíduo como sendo orientado situacionalmente;
• Visualizar holisticamente as experiências do indivíduo;
• Focalizar os aspectos cognitivos envolvidos;
• Analisar sistematicamente a individualidade das pessoas;
• Empregar maior orientação qualitativa
• As bases desta nova abordagem são:
• O processo de se buscar compreensão do que seja “necessidade de
informação” deve ser analisado sob a perspectiva da individualidade do
sujeito a ser pesquisado;
• A informação necessário e o esforço empreendido no seu acesso devem
ser contextualizados na situação real da qual ela emergiu;
• O uso da informação deve ser dado e determinado pelo próprio
indivíduo.
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
Metáfora da criação do significado (Sense Making de Brenda Dervin)
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
Metáfora da criação do significado (Sense Making de Brenda Dervin)
•
Iniciada em 1972, publicada em 1983.
•
Adotada em áreas de comunicação, informação, biblioteconomia, educação,
assistência social e psicologia.
•
Autora mais citada pelo Social Science Citation Index nos últimos 2 anos (dados de
1999)
•
Amostras de 20 a 1000 elementos.
•
Base conceitual com suporte em:
1. Bruner & Piaget (cognição)
2. Kuhn & Habernas (constrangimento das ciências tradicionais e alternativas)
3. Ascroft, Beltran & Rolins (teoria crítica)
4. Jackins & Roger (teoria psicológica)
5. Carter (teoria da comunicação  o homem cria idéias para transpor os
“vazios” (gaps) que lhes são apresentados em decorrência da
descontinuidade sempre presente na realidade.
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
Metáfora da criação do significado (Sense Making de Brenda Dervin)
• A busca e o uso da informação são analisados em termos do triângulo
situação-vazio-uso, exemplificado pelas perguntas:
• 1. O que, em sua situação, o está bloqueando? O que está faltando
em sua situação?
• 2. Quais são suas dúvidas ou confusões?
• 3. Que tipo de ajuda você espera receber?
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
Metáfora da criação do significado (Sense Making de Brenda Dervin)
Entrevista da linha do tempo: cada participante deve reconstruir uma
situação em termos dos acontecimentos e passos que formaram a linha do
tempo da situação.
Compreensão da
situação
 Que
aspecto desta
situação o
concerne?
 Por onde você
gostaria de
começar?
 O que o trouxe à
este ponto?
 No que você está
trabalhando?
Compreensão das
lacunas
O
que parece estar
faltando?
 O que você está
tentando entender?
 O que você gostaria de
saber a respeito disso?
 Você está procurando o
sentido de que?
 Que confusões você
está tentando superar?
Compreensão dos
auxiliadores
O
que o ajudaria?
 O que você está
tentando fazer?
 Você se vê indo para
que direção?
 Como você planeja
usar isso?
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
Metáfora da criação do significado (Sense Making de Brenda Dervin)
Pelo modo como as pessoas percebem seus vazios cognitivos e como
desejam informações para ajudá-las pode-se prever seu
comportamento de busca e uso de informação.
Os modos como as pessoas percebem seus vazios cognitivos e como
desejam informações para ajudá-las podem ser codificados em
categorias universais aplicáveis a diferentes grupos de usuários da
informação.
Três grupos de categorias:
• Motivo das paradas (do ponto de vista do usuário)
• Perguntas para transpor o vazio
• Uso da informação
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
Paradas de situação: grupo de categorias desenvolvidas para
descrever a maneira pela qual as pessoas vêem o caminho à sua
frente sendo bloqueado:
• Parada de decisão: dois ou mais caminhos
• Parada de barreira: bloqueio da passagem
• Parada rotatória: sem caminho à frente
• Parada de inundação: a estrada desapareceu
• Parada problemática: em estrada que não escolheu
• Outras categorias dependem de a pessoa julgar o entorno do
ponto de vista perceptivo (quanta neblina há na estrada),
situacional (quantas interseções tem a estrada) e social
(quantas pessoas viajam na mesma estrada).
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
• Perguntas que visam transpor o vazio
• Localizar os acontecimentos no tempo e no espaço
• Entender suas causas
• Determinar quais resultados são esperados
• Definir as características da pessoa, dos outros, dos
acontecimentos e dos objetos.
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
• Como as pessoas põem em prática a informação obtida
• Criar idéias
• Encontrar direções ou caminhos
• Adquirir capacidades
• Obter apoio ou confirmação
• Motivar-se
• Conectar-se aos outros
• Acalmar-se ou relaxar
• Sentir prazer ou felicidade
• Alcançar os objetivos
Necessidades cognitivas na busca e no uso da informação
Belkin, Oddy e Brooks construíram um modelo de busca de
informação baseado nos estados anômalos de conhecimento (ASK –
Anomalous states of knowledge) dos usuários de informação:
Nosso estado de conhecimento sobre determinado assunto, em
determinado momento, é representado por uma estrutura de conceitos
ligados por suas relações: nossas “imagens de mundo”. Quando
constatamos uma deficiência ou uma anomalia desse estado,
encontramo-nos num estado anômalo de conhecimento. Tentamos
obter uma informação ou informações que corrigirão essa anomalia.
Disso resultará um novo estado de conhecimento.
Nesse modelo, os usuários possuem um problema, mas nem o
problema nem a informação necessária para resolvê-lo são
claramente compreensíveis (eles são anômalos). Os usuários devem
passar por um processo de clarificação para articular uma requisição
de busca.
Reações emocionais na busca e no uso da informação
• Kuhlthau divide o processo de busca de informação em seis
estágios: iniciação, seleção, exploração, formulação, coleta e
apresentação.
• Cada estágio do processo de busca caracteriza-se pelo
comportamento do usuário em três campos de experiência:
• o emocional (sentimentos),
• o cognitivo (pensamento) e
• o físico (ação).
Reações emocionais na busca e no uso da informação
Estágios
Tarefa apropriada
EMOCIONAL:
Sentimentos
comuns
COGNITIVO:
Pensamentos
FÍSICO:
Ações
Discutir possíveis
tópicos e abordagens
com outras pessoas
Procurar informações
secundárias dentro do
tema geral
Iniciação
Reconhecer as
necessidades de
informação
Insegurança e
apreensão
Se concentram no
problema e o
relacionam com
experiências
passadas
Seleção
Identificar um campo ou
tema geral a ser
investigado
Otimismo e prontidão
para buscar
Escolher um tema que
tenha probabilidade de
sucesso
Exploração
Expandir sua compreensão
sobre o tema geral
Confusão, dúvida,
frustração
Tornar-se bem
informado e orientado
Estabelecer o foco ou
perspectiva sobre o
problema
Clareza
Mais claros e mais
direcionados
Formulação
Formular um foco ou
ponto de vista pessoal
Coleta
Reunir as informações
pertinentes ao foco
Senso de direção,
confiança, interesse
no projeto
Interesse
aumentado
Interagir com sistemas
e serviços de
informação
Especificar e procurar
determinada
informação
Apresentação
Completar a busca de
informação
Alívio e
satisfação OU
desapontamento
Compreensão das
questões investigadas
Usar a informação
Reações emocionais na busca e no uso da informação
Fundamental no modelo do processo de busca da informação tanto de
Belkin quanto de Khulthau é a noção de que a incerteza – vivenciada
tanto como estado cognitivo quanto como reação emocional – aumenta
e diminui à medida que o processo caminha.
As implicações do princípio da incerteza são elucidadas por meio de seis
corolários.
1. A busca da informação é um processo de construção de conhecimento e
significado.
2. A formulação de um foco ou de um ponto de vista é o ponto de mutação do
processo de busca.
3. A informação encontrada pode ser redundante ou original
4. O número de possibilidades de uma pesquisa é influenciado pelo estado de
espírito do usuário (investigativo / indicativo) e sua atitude em relação à tarefa
de busca
5. O processo de busca implica uma série de escolhas pessoais, baseadas nas
expectativas do usuário sobre que fontes, informações e estratégias serão
eficientes.
6. O interesse e a motivação do usuário crescem à medida que a busca
prossegue.
Dimensões situacionais na busca e no uso da informação
A utilidade ou o valor da informação é medido não só pela importância
do assunto ou pelo fato de seu conteúdo satisfazer plenamente
determinado tópico ou pesquisa, mas também pelos requisitos, normas
e expectativas que dependem do trabalho do usuário e dos contextos
organizacionais.
Ambientes do uso da informação: elementos que
1. Afetam o fluxo e o uso das mensagens que entram, saem ou
circulam dentro de qualquer entidade;
2. Determinam os critérios pelos quais o valor das mensagens
pode ser julgado.
Categorias: grupos de pessoas, dimensões do problema, ambiente de
trabalho e pressupostos para a solução dos problemas.
Dimensões situacionais na busca e no uso da informação
Grupos de
pessoas
•
•
•
•
Profissionais
Empresários
Grupos de
interesse
Grupos sócioeconômicos
especiais
Problemas
típicos
•
•
•
Os problemas são
dinâmicos
Diferentes tipos
de problemas são
criados por força
da profissão,
cargo, condição
social, etc.
As dimensões do
problema
determinam os
critérios para
julgar o valor da
informação
Ambientes de
trabalho
•
•
•
•
Estrutura e estilo
da organização
Campo de
interesse
Acesso á
informação
História,
experiência
Solução de
problemas
•
•
•
Pressupostos
sobre o que
constitui a
resolução de um
problema
Modos de uso da
informação
Atributos da
informação
esperados para
solucionar um
problema.
Dimensões situacionais na busca e no uso da informação
• Problemas mudam com o tempo.
• Problemas atuam como substitutos do ambiente de uso da informação.
• Definir as dimensões do problema permite inferir as necessidades de
informação.
• Os problemas se posicionam num continuum entre os seguintes pares:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Planejamento e descoberta
Bem estruturado e mal estruturado
Simples e complexo
Objetivos específicos e objetivos amorfos
Estado inicial compreendido e não compreendido
Pressupostos acordados e não acordados
Padrões familiares e novos padrões
Risco de pequena ou de grande magnitude
Suscetível ou não de análise empírica
Imposição interna e imposição externa
Comportamentos de necessidade, busca e uso da informação
NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO
• Taylor descreve quatro níveis de necessidade de informações
evidentes nos usuários:
• Visceral – vaga sensação de insatisfação, um vazio de
conhecimento que quase sempre é inexprimível em termos
lingüísticos.
• Consciente – área de indecisão que pode ser descrita
mentalmente através de afirmações vagas ou narrativas
ambíguas.
• Formalizada – uma necessidade apontada formalmente,
normalmente através de uma pergunta ou um tópico.
• Adaptada – a questão conforme apresentada para o sistema de
informação.
Comportamentos de necessidade, busca e uso da informação
BUSCA DE INFORMAÇÃO
• Khulthau  busca da informação em seis estágios: iniciação,
seleção, exploração, formulação, coleta e apresentação.
• Marchionini  busca da informação em ambiente eletrônico em oito
subprocessos que se desenvolvem paralelamente:
•
•
•
•
•
•
•
•
Reconhecer e aceitar um problema de informação
Definir e entender o problema;
Escolher um sistema de busca;
Formular questões;
Executar a busca;
Examinar os resultados;
Extrair informações;
Refletir e repetir ou parar.
Comportamentos de necessidade, busca e uso da informação
BUSCA DE INFORMAÇÃO
• Ellis e Ellis  oito atividades genéricas de busca (modelo comportamental
derivado do estudo dos padrões de busca de cientistas sociais, físicos e
químicos):
• Iniciar  identificar fontes que podem servir como ponto de partida.
• Encadear  seguir novas fontes sugeridas pelas fontes iniciais.
• Vasculhar  agrupar informações relacionadas pelo tema.
• Diferenciar  filtrar e selecionar fontes.
• Monitorar  manter-se a par dos progressos ocorridos numa área,
acompanhando regularmente determinadas fontes.
• Extrair  explorar sistematicamente uma ou mais fontes.
• Verificar  checagem para garantir correção ou ausência de erros
óbvios.
• Finalizar  voltar a literatura após a conclusão de uma pesquisa, na
fase de escritura do texto.
Comportamentos de necessidade, busca e uso da informação
USO DA INFORMAÇÃO
O indivíduo seleciona mensagens entre um grupo maior de
mensagens que recebe ou acompanha.
Faz a escolha quando percebe uma relação significativa (com base
em seu conhecimento e sua rede de referências, assim como no
conteúdo e na forma da mensagem) entre o conteúdo da mensagem e
a tarefa ou problema que tem em mãos.
O resultado do uso da informação é uma mudança no estado de
conhecimento do indivíduo ou de sua capacidade de agir.
A relevância é considerada um bom indicador do uso da informação.
Comportamentos de necessidade, busca e uso da informação
USO DA INFORMAÇÃO
Do ponto de vista do sistema, um documento é relevante para uma
pesquisa quando existe um consenso, entre os que atuam naquele
campo, de que é importante.
De uma perspectiva humana, a relevância é:
• Subjetiva
• Cognitiva
• Situacional
• Multidimensional
• Dinâmica
• Mensurável
Relevância versus Pertinência
Comportamentos de necessidade, busca e uso da informação
USO DA INFORMAÇÃO
Classes de usos:
1. Esclarecimento
2. Compreensão do problema
3. Instrumental
4. Factual
5. Confirmativa
6. Projetiva
7. Motivacional
8. Pessoal ou política
Um modelo de uso da informação
Referências Complementares
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila . Estudos de usuários: pluralidade teórica, diversidade de objetos.
Comunicação oral apresentada ao GT03 – Mediação, Circulação e Uso da Informação do IX ENANCIB.
In: Anais do IX ENANCIB , 2008.
ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila . Estudos de usuários: uma abordagem da linha ICS. In: REIS, A. S. e
CABRAL, A. M. Informação, Cultura e Sociedade: interlocuções e perspectivas. Belo Horizonte:
Novatus, 2007.
DERVIN, Brenda; NILAN, Michael. Information needs and uses. In: WILLIAMS, Martha E. (ed).
Annual Review of Information Science and Technology, v. 21, Chicago, IL: Knowledge Industry
Publications, 1986, p. 03-33.
FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Estudos de usuários. In: ________. Estudos de uso e usuários da
informação . Brasília: IBICT, 1994. cap. 1. p. 7-19
KULTHAU, C. Inside the Search Process: Information Seeking from the User's Perspective, Journal of
the American Society for Information Science, vol. 42, pp. 361-371, 1991.
LIMA, Ademir Benedito Alves de. Estudos de usuários. In: ________. Aproximação crítica à teoria dos
estudos de usuários de biblioteca . Londrina: Embrapa-CNPso; Brasília: Embrapa-SPI, 1994. p. 46-85.
NASSIF, M. E. ou BORGES, M. E. N. ; CABRAL, Ana Maria Rezende ; LIMA, Gercina Angela Borem
de Oliveira ; DUMONT, Ligia Maria Moreira ; NAVES, Madalena Martins Lopes ; BORGES, Henrique
Elias . A ciência da informação discutida à luzdasteoriascognitivas: estudos atuais e perspectivas para a
área. Cadernos de Biblioteconomia, Arquivística e Documentação, v. 2, p. 80-91, 2004.
NASSIF, M. E. ou BORGES, M. E. N. A abordagem contemporânea sobre a cognição humana e as
contribuições para os estudos de usuários da informação. Cadernos do BAD , Lisboa, v. 2, p. 74-81. 2005.
VENÂNCIO, Ludmila Salomão. O caminhar faz a trilha: o comportamento de busca da informação sob
o enfoque da cognição situada. 128f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Escola de
Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2007.
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Comportamentos de necessidade, busca e uso da