Práticas de pesquisa no Ensino Médio...
Como uma das formas para desenvolvermos
os conteúdos escolares em conhecimentos
resultantes da praxes da vida escolar.
Práticas de pesquisa no Ensino
Médio: Cultura, Ambiente e
Tecnologia
Conhecimentos não posicionado como
prontos, acabados e verdadeiros em si, mas,
respostas; aprendendo a argumentar e a defesa
de posições e, também, as ouvir, a fim de
compor ideias.
Assim, apresentamos um conjunto de textos
de forma a expormos a apreciação do leitor
algumas das produções dos Autores (as) que
aceiraram o desafio de pensar o ensino através
da pesquisa e a questão da inclusão dos(as)
estudantes na produção do conhecimento, como
nova prática pedagógica no Ensino Médio.
Práticas de pesquisa no Ensino Médio
questionados... na busca por possíveis
Organizador
Marco Antonio Pagel
1
2
Nada é fixo para quem
alternadamente pensa e sonha
Gaston Bachelard
3
CIP – CATALAGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
P133p Pagel, Marco Antonio (org.)
Práticas de pesquisa no Ensino Médio: cultura, ambiente e
tecnologia./Marco Antonio Pagel. - Cáceres/MT: Print, 2016.
Apoio: Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato
Grosso - SEDUC
Inclui bibliografia
ISBN: 9788586422591
1. Ensino Médio – estudo e ensino. 2. Prática de ensino. 3.
Cultura – estudo e ensino. 4. Ambiente – estudo e ensino. 5.
Tecnologia – estudo e ensino. I. Secretaria de Estado de Educação
do Estado de Mato Grosso/SEDUC. II. Título.
CDU: 371.133(817.2)
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Tereza A. Longo Job CRB11252
Índices para catálogo sistemático:
1. Ensino Médio – estudo ensino – 373.5
2. Prática de ensino – 371.133
3. Cultura – estudo e ensino – 008
4. Ambiente – estudo ensino – 504
5. Tecnologia – estudo ensino – 371.3
4
Práticas de pesquisa no Ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
Marco Antonio Pagel (org.)
Cáceres-MT
2016
5
C 2016 dos autores
Práticas de pesquisa no Ensino Médio... é uma produção de pesquisa
com ensino de um grupo de professores(as) da Escola Estadual Onze
de Março.
Cáceres, MT. Outubro de 2016.
Coordenador
Marco Antonio Pagel
Revisão de texto
Os autores
Editoração Eletrônica
Marco Antonio Pagel
Capa
Luahn Galvão Menacho de Oliveira
Direção Escolar
José Maria de Sousa
Comissão Editorial
Enilce Pereira de Souza Gil
José Maria de Sousa
Wellington de Almeida
Cícero Elivaldo Gonçalves
Impressão:
Escola Estadual Onze de Março
Rua Tiradentes 732, Centro. Cáceres-MT.
Tel. (65) 3223 6326
6
SUMÁRIO
PERCEPÇÃO DE ALGUNS MORADORES AO PROCESSO DE USO E
OCUPAÇÃO NO ENTORNO DA IGREJA MATRIZ SÃO LUIZ EM
CÁCERES/MT
IGOR MATHEUS PEREIRA DOS SANTOS
MAURICÉLIA MEDEIROS SILVA
13
A FESTA DA CAVALHADA EM CÁCERES
ISNAYRA MICHELLE CRISTINE DELMONDES VALENTIN
MAGDA PEREIRA OGLIARI
MAURICÉLIA MEDEIROS SILVA
MARCO ANTONIO PAGEL
POUTERIA GLOMERATA (LARANINHA DE PACÚ): ELEMENTO
BIOCULTURAL DA CIDADE DE CÁCERES, M ATO GROSSO
DRIELLY MONISE CARVALHO MESSIAS
KEYSON LUIS DE SOUZA
AGUINEL MESSIAS DE LIMA
23
AS MUDANÇAS NA AVENIDA SETE DE SETEMBRO EM CÁCERES-MT
AMANDA VIERA
LEANDRO DE ALMEIDA
QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS DECORRENTES DOS SEPULTAMENTOS
DO CEMITÉRIO SÃO JOÃO B ATISTA, C ÁCERES-MT
RENAN NASCIMENTO DE MOURA
JOHNY DIAS MARINHO
JOSÉ CARLOS SOARES
VEGETAÇÃO ARBÓREA DA MATA CILIAR, BAIRRO JARDIM PARAISO,
CÁCERES-MT
EBER CAMILO PAZ DUARTE
AGUINEL MESSIAS DE LIMA
41
FESTIVAL LITERÁRIO NA ESCOLA ONZE DE M ARÇO
LUISY GONZAGA
HÉLIO INÁCIO SANTANA
83
33
57
75
7
8
APRESENTAÇÃO
No presente trabalho, selecionamos alguns trabalhos produzidos
mediante incentivo ao desenvolvimento, pelos estudantes, de projetos de
pesquisa no Ensino Médio. Neste intuito, buscamos introduzir nas atividades
de ensino, a pesquisa como prática de ensino.
Para sua realização, foi constituído um grupo de estudo envolvendo
docentes da Escola Estadual Onze de Março-EEOM, em 2012, formatando o
projeto Construindo conhecimentos através da cultura local. Grupo que
realizou nos anos seguintes reuniões semanais a fim de produzir estudos
bibliográficos e debates. À realização do Projeto contou com contribuições de
parceiros, dentre eles, a Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato
Grosso-SEDUC, financiado parcela considerável do Projeto; da Universidade
do Estado de Mato Grosso-UNEMAT, através dos Departamentos de História,
de Geografia e de Pedagogia; e de profissionais liberais e demais instituições
presentes no município de Cáceres. Na Escola envolveram-se na execução do
Projeto inúmeros docentes de diferentes áreas do conhecimento, participando
ativamente nos encontros e produções.
A ideia inicial, dos trabalhosa a serem realizados em sala de aula,
seria provocar situações desafiadoras aos estudantes a medida que fossem
apresentados os conteúdos escolares multidisciplinares. Assim, buscamos
apresentar os conteúdos por seus respectivos conceitos, situando-os na
prática, tendo o locus de vivência, o lugar, enquanto categoria temática de
abordagem de fenômenos culturais, ambientais e tecnológicos. Deste modo o
lugar (a ambiência) do estudante, conteria princípio motivador e de estímulo
aos estudantes (e docentes) pesquisadores, buscando encontrar nele as
relações que o torne integrante do global. Assim, os pesquisadores carentes
pela aprendizagem, nutridos pela investigação do meio em que vivem,
mutuamente auxiliados, os impulsionariam na jornada da iniciação científica.
Propósitos afinados com a perspectiva de se eliminar: a passividade dos
estudantes, a metodologia centrada nos modelos prontos de ensino, a
Apresentação
reprodução ou transmissão passiva de conhecimentos, dentre outras formas
opostas a pedagogia da Autonomia proposta por Paulo Freire.
Nesta jornada, propusemos além de pensar o lugar e seus atores com
diferentes concepções, na qual inclui a ampla revisão bibliográfica, e a
produção escrita. As atividades de escrita, tida como mola propulsora de
fixação da aprendizagem, mediante reflexão apurada da ação, aspecto
indispensável da construção do conhecimento.
Alimentou-nos também, o propósito do construir o saber, pautado no
princípio do acreditar nas diversas potencialidades dos sujeitos em
aprendizagem, os estudantes (categoria que também envolve os docentes),
vale lembrar o mestre Paulo Freire ao afirmar que os professores aprendem
enquanto
ensinam
bem
como
os
estudantes,
quanto
aprendem.
Potencialidades de aprendizagem que a EEOM experimenta há anos através
de projetos inspirados na metodologia dos temas geradores.
Nos temas geradores, sendo realizado em aproximadamente dez anos
(entre 2002 à 2011), sendo que as questões ambientais estiveram no topo das
preocupações, mantendo-se o tema gerador rio Paraguai. Ao refletirmos sobre
as
seguidas
proposições
de
tema
gerador,
identificamos
inúmeras
possibilidades pedagógicas de serem viabilizadas as atividades de ensino,
sendo que em grande parte delas, exigia a transposição pedagógica do
conteúdo a ser ensinado; ou seja, na tradução prática de conteúdos teóricos,
além disso, contextualizada ao locus de vivência dos estudantes (o rio
Paraguai). Neste sentido, o Rio não seria apenas um curso d’água, mas uma
porção do espaço humanizado, foco de abordagem por diferentes disciplinas e
conteúdos próprios do currículo escolarizado.
Inspirados no Tema Gerador, o projeto Cultura buscou trabalhar os
conteúdos escolares, não os posicionando como prontos, acabados e
verdadeiros em si, mas, questioná-los, gerindo discussões na busca por
possíveis respostas; aprendendo a argumentar defesa de posições e, também
as ouvir, a fim de compor ideias. A efeito de publicidade, reunimos algumas
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
10
Apresentação
das produções escritas neste volume, apresentando a seguir, uma breve
caracterização.
No primeiro texto apresenta o estudo sobre a percepção dos
moradores ao processo de uso e ocupação do entorno da igreja matriz São
Luiz em Cáceres-MT, buscando caracterizar algumas das transformações
culturais ocorridas do referido espaço.
No segundo texto tematiza os sentidos das Cavalhadas na cidade de
Cáceres buscando identificar suas influências históricas e significado cultural
das festividades na organização do espaço local. O estudo além de apresentar
uma breve constituição histórica da Cidade e descrição das Cavalhadas,
buscando traçar hipóteses que levaram ao seu declínio na cidade de Cáceres.
No terceiro texto busca o levantamento da presença marcante da
laranjinha de pacú nas ruas e quintais de bairros da cidade de Cáceres-MT, a
partir de um bairro da Cidade. A pesquisa demonstra a importância do seu
cultivo doméstico em quintais por moradores pescadores e não pescadores.
No quarto texto, a questão urbanística da cidade de Cáceres ganha
destaque. A Avenida Sete de Setembro torna-se objeto no sentido de mapear
mudanças e transformações em seu traçado e em sua organização e,
sobretudo, nos usos que os moradores da cidade fazem dela. A pesquisa
demonstra que o dimensionamento do seu traçado socioambiental vai além de
sua expressão material, estando intimamente ligado a traços culturais e
econômicos construídos e reconstruídos ao longo de sua história.
No
quinto
texto,
o
estudo
busca
interpretar
as
questões
socioambientais decorrentes de sepultamento em espaço urbano da cidade de
Cáceres. Dedica-se em identificar riscos ambientais e à saúde dos moradores
que residem no entorno do Cemitério, além de indicar a necessidade de se
cumprir às exigências fitossanitárias previstas na legislação Estadual e
Federal.
No sexto texto, o estudo pautou-se no objetivo identificar as espécies
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
11
Apresentação
arbóreas existentes no interior da Área de Preservação Permanente – APP,
espaço destinado à Escola pelo Ministério Público para que sejam realizados
estudos socioambientais. Neste sentido, buscou-se identificar diversidade
arbóreas pelos estudantes, a fim de disponibilizar informações aos transeuntes
da área, cursos de Educação Ambiental, dentre outros, de forma a reverter a
pressão socioambiental.
No sétimo texto, Festival Literário na Escola Onze de Março – FLEOM
apresenta uma de suas produções. Pensado com o propósito de incentivar o
envolvimento da produção de textos, poemas ou poesias e movimentar a
escola com atividades culturais, artísticos e educacionais. Nutre a inciativa, o
acreditar em potencialidades dos estudantes, oportunizando-os a produção e
expressão do pensamento. Neste sentido, apresenta a produção de um dos
estudantes participantes.
Agradecemos
os(as)
autores(as)
e
demais
parceiros(as)
que
contribuíram para a realização do Projeto, quais acreditaram na importância da
produção de educação no Ensino Médio. Os(as) que aceiraram o desafio de
pensar o ensino através da pesquisa e a questão da inclusão dos(as)
estudantes na produção do conhecimento, como nova prática pedagógica.
Marco Antonio Pagel
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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PERCEPÇÃO DE ALGUNS MORADORES AO PROCESSO DE USO E OCUPAÇÃO
NO ENTORNO DA IGREJA MATRIZ SÃO LUIZ EM CÁCERES/MT
1
Igor Matheus Pereira dos Santos
2
Esp. Mauricélia Medeiros Silva
Esse trabalho tem como objetivo apresentar um breve estudo sobre a
percepção de alguns moradores do entorno da Igreja Matriz “São Luiz” em
Cáceres-MT, refletindo sobre o processo de uso e ocupação do entorno da
igreja matriz, observando as principais transformações culturais ocorridas do
referido espaço.
A relevância deste estudo está na necessidade de se pensar o
acelerado processo de crescimento da cidade de Cáceres-MT, buscando
identificar as distintas formas de usos sociais no entorno da catedral São Luiz,
além de compreender os problemas gerados pelo planejamento de Villa Maria
do Paraguay e quanto ao avanço do processo da urbanização para Cáceres.
Na atualidade podemos frequentemente encontrar imóveis históricos
na cidade de Cáceres, desde calçamento de ruas, construções comerciais e
residenciais, por vezes cedendo lugar às edificações contemporâneas,
perdendo-se nesse contexto, uma gama de informações e conhecimentos da
história de um povo e até de uma nação.
Desse modo, criam-se algumas indagações: Existem conhecimentos
da história de Cáceres que ainda encontram-se ocultados? Como tornar
pública tantas informações e conhecimentos natos dos moradores mais
antigos? Como os moradores do entorno da Catedral São Luiz analisam o
avanço do processo de uso e ocupação do respectivo espaço?
A partir dos resultados poderão ser respondidos aos questionamentos
e norteadas ações aos órgãos gestores da infraestrutura da cidade (Prefeitura
Municipal), no sentido de contribuir com a criação ou reformulação de leis que
1
Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Onze de Março.
Professora de História da Escola Estadual Onze de Março.
[email protected] .
2
Percepção de alguns moradores ao processo de uso ...
ISBN 978-85-86422-59-1
melhore o aspecto visual, de circulação, conservação ambiental, ainda,
resgatando e conservando fatos históricos do entorno da Catedral São Luiz.
O processo de ocupação da área de estudo iniciou com a fundação da
cidade de Cáceres em 06 de outubro de 1778. As primeiras construções
iniciaram concentradas no entorno da Praça Barão do Rio Branco,
caracterizando o centro da Cidade. Centralidade que acompanhou o fluxo
econômico originado pelo porto fluvial existente na baía do Malheiros,
conhecido atualmente como Porto Mário Corrêa, inaugurado em 1928,
popularmente denominado com o Caís da Praça Barão.
Ao longo do seu processo de expansão
econômica, foram
incorporados espaços rurais à Cidade, a medida da sua utilização econômica.
Além da questão econômico-urbanístico pode-se destacar a questão culturais
e arquitetônicas, impondo tarefas difíceis e desafiadoras para pesquisadores,
arquitetos e planejadores urbanos, haja vista a complexidade no traçado das
ruas, das construções históricas apontam questões etnoculturais únicas, dado
a particularidade dos grupos sociais e suas culturas de impressas no espaço
do local.
Para Maricato (2002, p. 15) é necessário valorizar o conhecimento da
realidade empírica e das culturas de um povo de um determinado lugar, para
que, respaldado pelas informações científicas sobre o ambiente construído,
possa evitar a formulação das “idéias fora do lugar”, fato comum nas
características urbanas em muitas cidades brasileiras.
De modo geral, a partir do século XIX em pleno desenvolvimento
industrial, iniciaram as reformas urbanas atendendo as demandas impostas
pelo capitalismo emergente. As cidades passaram por um rápido processo de
transformação marcado pela realização de obras orientadas por uma nova
arquitetura e paisagismo, tais como: abertura de vias amplas, reformas nas
edificações, retirada de cortiços das áreas centrais, exclusão da classe pobre,
etc., buscando o embelezamento da cidade (MOURA, 2011).
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Percepção de alguns moradores ao processo de uso ...
ISBN 978-85-86422-59-1
FORMAS
DE USO E OCUPAÇÃO POR INSTITUIÇÕES, IMÓVEIS E MONUMENTO NO
ENTORNO DA CATEDRAL
Atualmente podemos identificar formas diversas formas de ocupação
e de uso do espaço do entorno da Catedral, seja durante o dia, seja durante a
noite. Durante o dia a ocupação e uso do espaço se dão em torno de sua
exploração econômica pelo comércio de mercadoria e de serviços através do
Banco Sicredi e da Caixa Econômica Federal, de sorveterias, de óticas, de
cartórios, de clínicas odontológicas entre outros. Durante a noite o espaço é
utilizado em atividades de entretenimento, de religiosidade, de ensino, dentre
outros. De entretenimento e alimentação em bares, em colégio, em trailers de
lanche, em lojas de conveniência cinema, em bares, em sorveterias, em
restaurantes, em boate e na Catedral São Luiz. Encontramos poucas
residências no espaço, que ali se encontravam desde os primórdios de
colonização do espaço.
O entorno do espaço aparenta ser preenchido contendo ao centro a
Catedral São Luz, Esta com portas abertas no período diurno e noturno,
chama a população a participar de suas missas ao entardecer sendo-as
frequentadas por cacerenses e turistas. Posicionado a sua frente desde 1883,
a Barão do Rio Branco e o Marco do Jauru, tombado em 1978 pelo IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), compondo heranças
históricas do processo de ocupação da região Centro Oeste e de disputas
entre a coroa portuguesa e espanhola no século XVIII.
Para o povo cacerense e até mesmo para os turistas, dois
monumentos históricos são considerados como os principais pontos turísticos
da cidade, a Catedral São Luís e o Marco do Jauru, fazendo parte do que se
designou de turismo cultural pelo Ministério de Turismo brasileiro.
O entorno da Matriz são traçados por ruas estreitas, margeadas por
edificações que apresentam arquiteturas de diferentes épocas, sejam desde o
inicio a fundação de Villa Maria do Paraguay (Cáceres), seja dos dias atuais.
Assim misturando-se com edificações contemporâneas, onde são utilizadas
como residências e pontos comerciais: bancos, bares, restaurantes, boates,
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Percepção de alguns moradores ao processo de uso ...
ISBN 978-85-86422-59-1
instituições e ensino, cinema, sorveterias e a Praça Barão do Rio Branco que
agrega à comunidade, sendo utilizada como espaço de lazer desde a fundação
de Villa Maria do Paraguay, nesse momento como largo da Matriz e em 1912,
tornando-se Praça Barão.
A IGREJA MATRIZ “SÃO LUIZ”
A construção da Igreja “São Luiz” foi iniciada em 06 de outubro de
1919 em frente à Praça Barão do Rio Branco, concluída somente em 25 de
agosto
1965.
Tornou-se
um
monumento
de
orgulho
para
Cáceres,
constituindo-se um atrativo turístico de visitação e contemplação quase que
“obrigatória”. No início do século XIX era apenas uma pequena igrejinha
freqüentada pelos moradores de Villa Maria do Paraguay, nome dado a
“cidade” na época (Mendes, 2011), figura 01.
Figura 01- Primeira igreja construída na Praça Barão do Rio Branco. Fonte:
Eng. Adilson Reis.SD.
Descrevendo em seu livro Efemérides Cacerenses, o poeta e
memorialista Natalino Ferreira Mendes, diz a respeito da Catedral São Luiz de
forma bastante interessante, narrando que é uma obra dos missionários da
TOR (Terceira Ordem Regular) de São Francisco de Assis, entre os quais
quatro bispos (Dom Galibert, Dom Máximo, Dom José Afonso e Dom José
Vieira de Lima); as Irmãs Azuis pioneiras; os freis holandeses e muitos (as)
outros (as) religiosos (as) e da cidade cacerense que contribuíram
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Percepção de alguns moradores ao processo de uso ...
ISBN 978-85-86422-59-1
voluntariamente com esforços para a construção da igreja Matiz (MENDES,
2011). Neste contexto, podem ser observadas nos bancos encontrados
atualmente no interior da igreja, algumas plaquinhas de metal com os nomes
das pessoas e de familiares dos que fizeram doações para a construção da
igreja.
Sua arquitetura gótica foi inspirada na catedral Notredame edificada
em Paris. A definição dos detalhes de acordo com as características locais e a
arte final da planta foi do francês Bossay Félix, enquanto a execução do
projeto e o fomento para a execução da obra foi do engenheiro civil Leon
Joseph Louis Mounier. Em função das dificuldades na execução do projeto,
tais como: a morte do engenheiro idealizador do projeto; falta de mão de obra
qualificada (braçais e engenheiros); condições físicas do terreno; readaptação
do gótico em estilo neogótico, o período de construção foi de 46 anos
(ARRUDA, et al., 2010).
Em 23 de fevereiro de 1949, a estrutura interna desmoronou,
juntamente com 30 anos de serviço, prejudicando o andamento da construção.
Somente concluída e inaugurada no dia 25 de agosto de 1965.
Figura 02: Igreja Matriz de São Luiz desmoronada. Fonte: Eng. Adilson Reis.
SD.
Devido à falta de estrutura física da obra e do terreno, as duas torres
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Percepção de alguns moradores ao processo de uso ...
ISBN 978-85-86422-59-1
laterais ainda estão inacabadas (MENDES, 1992), mostrado na figura 04.
Figura 03: Igreja Matriz concluída sem as torres laterais. Fonte: Matheus,
Nov/2013.
Em função do desmoronamento da estrutura interna fez com que o
imaginário de muitas pessoas criasse a lenda da Serpente ou do Minhocão.
Até os dias de hoje a Lenda é contada e admirada por crianças e por adultos,
inclusive por turistas, compondo o repertório folclórico e
cultural do povo
cacerense.
Assim se configura a história da Catedral de São Luiz permeia a vida
social de seu povo, acompanhando os avanços políticos, econômicos e
culturais.
A PERCEPÇÃO DO PROCESSO DE OCUPAÇÃO E USO
Através das entrevistas foram adquiridas muitas informações e
externadas opiniões e conhecimentos não só de moradores, mas de
comerciantes e profissionais liberais. Assim, tornaram possível compreender a
atuação de alguns agentes modeladores do espaço urbano, detectando as
principais transformações/evoluções, bem como, alguns impactos causados
pela ocupação, quais traremos a seguir, em síntese, segundo as fontes orais
entrevistadas.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Percepção de alguns moradores ao processo de uso ...
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Dentre as mudanças presentes no entorno da Matriz São Luiz foi
citado a canalização do esgoto. Anteriormente, o esgoto, que corria a céu
aberto nas ruas do centro, até desaguar na baía dos Malheiros (rio Paraguai).
Entretanto, pela falta de fiscalização da Prefeitura, após a canalização muitos
moradores fizeram ligações de esgoto direto nas galerias, sem passar pelo
processo da fossa séptica e do sumidouro, iniciando o processo de poluição e
contaminação da água do rio Paraguai, aspecto que persiste até os dias
atuais.
Em um dos relatos nos revelou que a revitalização da orla do cais na
margem esquerda da baía do Malheiro, onde se edificou o Porto Mário Corrêa,
composto por escadaria e cais, implementando edificações nas imediações da
Praça Barão do Rio Branco. O Porto tratava-se de uma “rampa” de acesso a
baia do Malheiro (rio Paraguai), sendo utilizada para o embarque de
mercadorias importadas e exportadas através de via fluvial, sendo, portanto,
muito importante para descarga e carga de embarcações de mercadorias e
pessoas em terra. Com as obras de revitalização houve também a
pavimentação das ruas em torno da Praça com bloquetes de concreto, que ao
longo do tempo têm sido deteriorados.
Entre os entrevistados, o Engenheiro civil, menciona da importância
para a Cidade das obras de infraestrutura no entorno da Praça Barão,
relatando os benefícios da pavimentação com bloquetes e a canalização do
esgoto que corria a céu aberto, assim, melhorando a qualidade de vida dos
moradores. Bem como, ele relatou a importância da chegada da energia
elétrica (permitindo a substituição dos lampiões a querosene e do motor a
diesel), da instalação de telefonia, de redes de água encanada, do sinal de TV,
entre outras. Junto com as inovações infra-estruturais, segundo o entrevistado,
além de conferir
melhoria de qualidade de vida da população, com
consequente crescimento da cidade, inclusive o número de ladrões. Que antes
não havia tantos roubos, que podia dormir de portas abertas sem que fosse
oferecido algum perigo; implicando na ampliação dos muros e proteção nas
residências e comércio da ampliação do sentimento de insegurança pela
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população. Justifica o entrevistado, o quadro de insegurança e violências,
ocorreu em função da desigualdade social, do distanciamento entre os ricos e
os pobres, da falta de oportunidades de emprego, da deficiência no sistema
educacional, entre outros fatores.
A residente à 40 anos, nas proximidades da Catedral São Luiz, relatou
sobre a fonte de água e o coreto que existiam no centro da Praça Barão, que
eram muito bonitos. A juventude de antes se reunia para conversar, brincar,
dar risadas nesse local. Não existiam tantas bebedeiras, drogas, som alto, que
todos se divertiam sem violência. Que as pessoas podiam dormir de portas
abertas sem se preocupar com roubos. Enfatizou que a prefeitura Municipal
não cuidou das coisas bonitas que faziam parte da história da cidade, como
exemplo a ponte branca que era um atrativo turístico. Mendes (1998) diz que a
Ponte Branca foi construída sob o estilo romano, que passou por Portugal,
chegando a Cáceres. A ponte foi construída na época dos carros de bois e,
fortemente suportou o peso dos veículos motorizados modernos, todavia não
suportou o descaso municipal, sendo demolido na década de 1990. Mencionou
o jardim de rosas da Praça Barão feito pelas mulheres que moravam ao redor
da praça, que não acontece mais. Que uma das preocupações no momento
das construções das casas naquele local e época era com a altura dos
alicerces, pois todos tinham medo das cheias do rio Paraguai, que chegava até
próximo da rua. Além das cheias, havia certa competição nas construções das
casas. Quando um morador construía uma casa com certo modelo, o outro que
construísse depois sempre queria superar no tamanho da área construída e
nos detalhes da arquitetura.
Competição que resultou em complexo urbanístico único. As
características dos imóveis e ruas resultaram em tombamentos pelo património
histórico cultural de ruas e de imóveis urbanos de Cáceres. Todavia, para outro
entrevistado, o tombamento, não está resolvendo nada. Que as casas têm que
ter boa aparência, mais bonita, pois, o abandono, a falta de zelo de muitas
casas está prejudicando os moradores. Destaca também a questão da
insegurança, ao relatar sobre o perigo em sentar do lado de fora da casa logo
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no início da noite, bem como das crianças brincarem na rua. Bem como de
questões ambientais ao citar o córrego Sangradouro era limpo, pescava-se
nele, hoje não sendo mais possível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No trabalho podemos constatar transformações significativas no
espaço do entorno da catedral São Luiz, ocorridas pelo uso e ocupação nas
últimas seis décadas. Transformações com prejuízos ambientais gerados pelo
calçamento das ruas, na arquitetura das edificações já construídas para as
contemporâneas, na movimentação de pessoas, comércios, instituições
bancárias, entre outras. Sendo-nos relatando alguns aspectos negativos, tais
como: contaminação do rio Paraguai com esgotos residências e comerciais,
aumento da violência e a gestão ineficiente nos tombamentos históricos.
Neste contexto, torna-se necessário a implantação de políticas
públicas que possam minimizar os impactos do processo de uso e ocupação,
permitindo a conservação da história contada nos imóveis tombados, nas ruas
estreitas, através de registros científicos, preservando o conhecimento de
pessoas que vivenciaram toda a conjuntura de evolução e que estão
percebendo as perdas por falta de oportunidade e de vontade de órgãos
gestores.
BIBLIOGRAFIA
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elementos do centro histórico de Cáceres, MT e seu entorno: subsídios
para o desenvolvimento de atividades educacionais e turísticas. . In: Anais
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Pesquisa da Historia: Memória e Identidades na Historiografia Brasileira).
Universidade do Estado de Mato Grosso – Departamento de História. 2007.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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de Juiz de Fora-MG. Monografia (Bacharelado em Geografia) Universidade
Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora-MG. 2011.
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A FESTA DA CAVALHADA EM CÁCERES
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MAGDA PEREIRA OGLIARI
ESP. MAURICÉLIA MEDEIROS SILVA 3
MSC. MARCO ANTONIO PAGEL4
No sudoeste do estado de Mato Grosso, posiciona-se o município de
Cáceres apresentando feições de cidade pequena com traços culturais
europeus e indígenas entrelaçadas desde o século XVII. Traços edificados por
tradições culturais e arquitetônicas singulares observado nas paisagens do
lugar. Singularidade que nos despertou interesse em compreender sua
composição. Interesse principalmente em observar formação da paisagem
(bairros e praça) denominada localmente de Cavalhada, que compõem o
espaço urbano da Cidade; por sua vez, não raramente, os jovens que aqui
moram desconhecem suas influências históricas e organização do espaço. Por
se tratar de um trabalho de iniciação de pesquisa em atividade do ensino
médio, não aprofundaremos em implicações históricas e geográficas, mas em
breve reflexão sobre a Cavalhada. Assim, dedicando esforços ao objetivo de
identificar os sentidos do nome do lugar (toponímia), e seu significado na
composição de porções do espaço geográfico urbano de Cáceres.
Para a realização do trabalho realizamos pesquisas na biblioteca do
Museu Histórico de Cáceres com leitura de memorialistas e historiadores da
Cidade, e posteriormente realizamos entrevistas com habitantes do bairro
Cavalhada.
De forma a expor o trabalho realizado, em um primeiro momento
apresentamos brevemente a constituição histórica da Cidade, no segundo
momento a descrição das Cavalhadas e, por último, os motivos que podem ter
1
Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Onze de Março.
[email protected]
2
Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Onze de Março.
[email protected]
3
Professora
de
História
da
Escola
Estadual
Onze
de
Março.
[email protected]
4
Professor de Geografia da Escola Estadual Onze de Março. [email protected]
A festa da Cavalhada em Cáceres
ISBN 978-85-86422-59-1
levado ao seu declínio.
CÁCERES
A origem da cidade de Cáceres remonta a 1778, ano em que o
governador e capitão-general Luiz Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres
veio para essa região com o intuito de definir as fronteiras entre as colônias de
Portugal e Espanha (LEITE, 1978). Com o objetivo de garantir o domínio
português, o Governador funda várias povoações na Capitania. Dentre as
povoações, Vila Maria do Paraguai (Cáceres), motivado pela localização
estratégica entre duas importantes cidades da província de Mato Grosso, ou
seja, entre Cuiabá e Vila Bela da Santíssima Trindade (capital). Fundada com
o importante papel de proteger as fronteiras entre as colônias das coroas de
Portugal e de Espanha.
Outro aspecto marcante, situa a composição a religiosidade cristã pela
presença marcante de religiosos católicos do século XVIII em Vila Maria,
dedicando-se a catequização indígena. Presença que pode ser observada na
arquitetura urbana os vestígios da herança religiosa; e nos traços étnicos
indígenas em seu povo. Dentre os povos que contribuíram na construção da
Cidade, conforme Leite (1978) destaca-se, inicialmente, indígenas da província
de Chiquitos (vindos de missões jesuítas), e por levas sucessivas de migrantes
portugueses, dentre outros, que encontraram neste lugar a acolhida para
viverem. Deste modo, seus cidadãos, carregam consigo fortes traços
religiosos, construídos e firmados ao longo de sua história, influindo até o
presente.
Religiosidade que compuseram manifestações materiais e imateriais.
Materiais, compondo e destinando espaços arquitetônicos específicos para
grandiosas festividades, dentre as quais, a da Cavalhada e a do Divino Espirito
Santo (ocasionalmente realizadas juntas). Imateriais pelas inúmeras práticas
sociais quais destacamos as festas religiosas contribuindo, significativamente
no reforço de sociabilidades, compondo traços presente em manifestações
culturais que perpassam gerações através de suas práticas. Práticas
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perpetuadas por costumes cotidianos, ora se “extingue” e ou adquirem
complexidade por receberem novas influências e representações. Assim, a
“complexidade aumenta à medida que a festa é efetivamente popular, ou seja,
abrange
todos
os
estratos
da
sociedade
local,
ocasionando
trocas
harmoniosas e alegres, mas também momentos de tensão ou conflito”
(SPINELLI, p. 61, 2010).
Dentre as manifestações culturais que influíram na espacialidade
cacerense, destacamos a Cavalhada, da qual descreveremos algumas feições
a seguir.
AS CAVALHADAS
As cavalhadas são descritas como torneios hípicos que encenavam a
batalha entre mouros e cristãos, durando cerca de três dias, contando com
muita dança e comida, desenvolvida com relativa simetria desde o Brasil
colonial como teatro equestre a céu aberto. Neste sentido, a “cavalhada
corresponde a uma sequência ritual prescrita, anualmente repetida. Ao longo
de três tardes, os cavaleiros põem em cena a representação de uma luta que
remete às históricas batalhas medievais entre mouros e cristãos, seguida de
provas de habilidades” (SPINELLI, 2010, p. 62).
A sequência prescrita de ritualidades presentes no
interior do Brasil ainda se pode ver dramatização da luta
entre mouros e cristãos. O evento costuma ocorrer por
ocasião das festas juninas ou da Festa do Divino, é
precedido de missa e procissão, e concluído com jogos
de equitação, confraternização e fogos de artifício. Às
vezes recebe o nome de “chegança” ou “mourama”, e
em geral participa do que se convencionou chamar de
“cavalhadas”. O ritual participa das tradições folclóricas
de todas as áreas rurais, menos a Amazônica. Há
registros a seu respeito em Goiás, Mato Grosso, Minas
Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e, sobretudo,
nos Estados do Nordeste (MACEDO, p. 1. 2000).
Precedia a realização da Cavalhada em Cáceres com os seus
preparativos. Com aproximadamente dois meses de antecedência, os era
iniciado pelo patrônomo da festa, recolhendo donativos e coordenando o
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treinamento dos cavaleiros. Assim, a
Cavalhada era uma festa religiosa, que acontecia a
cavalo. Os treinamentos a cavalo eram realizados vários
dias antes da festa. Os cavalos eram todos
ornamentados. Na Cavalhada havia a rainha da festa
que durante a festa era roubada pelos mouros. A festa
acontecia aqui na praça [Barão do rio Branco] e no final
da praça tinha um coreto, um palanquinho, onde as
rainhas se escondiam (JOSÉ DA LAPA, 2012).
De acordo com Marta Baptista (2005, p. 81), em Cáceres a ampliação
de participação nas festividades da Cavalhada, fez com fosse transferido da
5
praza Barão do Rio Branco para o Largo da Cavalhada, assim, nomeando o
bairro e o local de realização (a praça).
O largo da Cavalhada, no início do século XX, encontrava-se em
extensa área desocupada de atividades agropostoris, compondo a planície do
rio Paraguai, alagadiça anualmente, e que para se chegar lá, teriam que
atravessar o córrego Sangradouro, que até a década de 60, era fundo e
caudaloso, impondo alguma dificuldade aos transeuntes.
Figura 1 - Treinamento para a realização da Cavalhada. Fonte Museu Histórico
5
Segundo a interpretação local, seria espaço sem dono, de uso comum.
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de Cáceres. Datação desconhecida.
Para Mendes (apud BAPTISTA, 2005) as festas até 1940 eram mais
fácies de se produzir, pois Cáceres “era uma grande família”, então todos se
ajudavam anualmente realizar e, durante os três dias havia muita dança e
comida. Ajuda que se estendida na sua preparação, sendo o largo enfeitado,
na rua de chegada era colocado palanques nas laterais e no meio era
tracejada uma linha pintada de cal, onde aconteceriam as batalhas a cavalo.
Participavam
da
festa
“pessoas
das
melhores
famílias
cacerenses”
(SENATORE, 2002), ou seja, uma festa da elite com participação popular.
Figura 02 – Rainha da Cavalhada. Fonte Museu Histórico de Cáceres. Datação
desconhecida
Os cavaleiros eram divididos entre mouros, que usavam roupas de
cetim azul, e cristãos, que usavam roupas de cetim vermelho, ambos com
chapéus ornamentados com plumas, e nas cintas iam-se as espadas e lanças
(JOSE DA LAPA, 2012).
De modo em geral a encenação da Cavalhada assemelha ao descrito
por Spinelli, da seguinte forma, a
cavalhada corresponde a uma sequência ritual prescrita,
anualmente repetida. Ao longo de três tardes, os
cavaleiros põem em cena a representação de uma luta
que remete às históricas batalhas medievais entre
mouros e cristãos, seguida de provas de habilidades. A
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A festa da Cavalhada em Cáceres
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dramatização da luta ocorre nos dois primeiros dias, que
são considerados “de guerra” e convergem para a
invariável vitória cristã, com o batismo dos mouros. No
terceiro dia, realiza-se um conjunto de provas de
destreza, momento de “confraternização” entre os
cavaleiros (SPINELLI, p. 62, 2010).
A confraternização entre os cavaleiros no ritual das Cavalhadas foi
confirmada por José da Lapa (2012), declarando que participara da Festa
desde seus 12 anos e, presente no jogo das argolinhas, onde todos os
cavaleiros participavam (mouros e cristãos) mostrando suas habilidades
hípicas ao retirar a argolinha (geralmente de prata) com a ponta de sua lança,
montado a cavalo e a galope. A argolinha era posicionada no trajeto de corrida
a cavalo, suspensa por um arame (de cerca). A realização de tal atividade
exigia grande habilidade do cavaleiro e da sua montaria, tornando assim, uma
prova de difícil realização, que segundo José da Lapa (2012), eram poucos
cavaleiros que conseguiam realizar tal feito. Os cavaleiros que conseguiam
realizar a prova da argolinha além do reconhecimento de sua destreza pelo
público presente, eram homenageados com o recebimento de presentes
entregue por autoridades patrocinadoras da Festa.
Figura 03 – Lanceiros e seus escudeiros. Fonte Museu Histórico de Cáceres.
Datação desconhecida.
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A intensa influência dos patrocinadores, significou
às cavalhadas, [...] o processo de degenerescência da
instituição da cavalaria. Esta teria perdido sua função
social primordial, de cunho militar, para manter apenas
certos traços visuais em espetáculos de caráter popular,
como o jogo de argolinhas, o jogo de canas e jogos de
alcanzias, geralmente incluídos nas cavalhadas. Quanto
ao Brasil, admite a transferência de dois modelos
diferenciados. O primeiro seria resultante da
transplantação de práticas da nobreza e das classes
sociais elevadas, correspondendo ao tipo de diversões,
recreações e jogos habitualmente praticado por aqueles
grupos em Portugal. O segundo modelo de transmissão,
no qual está inserido o tema dos mouros e cristãos, teria
sido introduzido ‘pelas populações de menor nível
cultural, e, portanto, apresentam características menos
evoluídas, tendo-se fixado em diversas áreas
especialmente adaptadas à criação de gado e à prática
de exercícios hípicos’. Este constituiria um tipo de
cavalhadas caracteristicamente medieval que se mantém
através dos tempos sem grandes alterações, pelo menos
em sua essência. Deste modo Cavalhada podem ser
compreendidos como rito privilegiado de socialização, de
trocas, de exposição pública (ALVES, p. 19, 2000).
Deste modo, o
rito tece diferentes planos de significação, que se
sobrepõem ao longo dos três dias de encenação,
constituindo um complexo e polifônico sistema
comunicativo. No universo simbólico evocado destaca-se
o reforço ao catolicismo. Trata-se de um rito integrador:
no plano das relações interpessoais, reencontra-se na
arena amigos e conhecidos de longa data; no plano
ideológico, encena-se a supressão da alteridade e a
harmonia entre iguais, que se supõe resultante do teatro
e cuja obtenção legitima a própria “guerra”. Através do
batismo, a dominação belicosa é ressignificada sob o
viés de uma vitória coletiva, capaz de positivar a derrota
dos mouros: ao fim, entende-se que todos são vitoriosos
porque todos são cristãos (SPINELLI, p. 63, 2010).
A vitória coletiva poderia ser traduzida como um rito integrador entre
as pessoas: no plano das relações interpessoais entre amigos e conhecidos
tendendo a expandir a harmonia entre iguais, produzida pela vitória coletiva,
onde todos são vitoriosos uma vez que todos são cristãos. Todavia, as
ritualidades das Cavalhadas foram suspensas até o instante, aspecto que nos
deteremos a seguir.
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‘DECLÍNIO’ DAS CAVALHADAS
Há muitas versões em relação ao término desta grandiosa Festa em
Cáceres. Dentre elas assinalamos influências de circunstâncias financeiras e
de violência. Ambas situações parecem influir na realização das festividades
em diversos municípios brasileiros, apresentaremos a seguir uma breve
caracterização que parecem coincidir com os relatos orais de nossos
entrevistados.
Segundo José da Lapa (2012), no início da década de 1940 a
população da cidade cresceu e, a festa tornou-se muito cara e, a elite
(aristocrática) não quisera arcar com as despesas. Ao que pode ser notado, é
que os encarregados e financiadores da festividade integrarem a aristocracia
local, ceifando a participação popular e; a eles reservando espaço participativo
entre os mouros ora os restringindo a plateia. Schipanski (2009) relaciona a
suspenção da Festa a situação de crise econômica:
a última cavalhada realizada e vinculada à programação
dos festejos em louvor à Padroeira da cidade. De 1942
até 1966, as cavalhadas não forma realizadas, tendo em
vista a crise econômica gerada pela segunda guerra
mundial e também pelas transformações políticas e
econômicas que Guarapuava estava passando. As
fazendas de criação de gado e a lida do cavaleiro
começaram a entrar em declínio, dando início as
atividades de extração da erva mate e da madeira (2009,
p.176).
Para Baptista (2005) atribui o declino das festividades da Cavalhada a
perca de espaço para as touradas. A Autora argumenta que as touradas
tratavam-se de festas profanas e, mais empolgantes, com cenas violetas de
batalhas entre homens e touros, ganhando, assim, muitos espectadores.
Implicava as Cavalhadas, a presença marcante de bêbados, quais
produziam desordem e tornavam difícil o controle dos seus atos de violência,
levando a Administração municipal em não autorizar a realização das
festividades (BAPTISTA, 2005).
Com o declínio das Cavalhadas em Cáceres, torna hoje, vaga
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lembrança do que outrora significou. O largo que abrigara a Festa,
posteriormente foi urbanizado seguindo o modelo rural de ordenamento
contendo quadra com desenhos geométricos não uniformes, bem diferenciado
do centro da Cidade, a região próxima da Catedral São Luis (formatado em
quadras retangulares, conforme os padrões romanos de urbanização). A festa
da Cavalhada imprimiu seu nome, seja a Praça, sejam em Bairros da cidade
(Cavalhada I, II e III), sendo todos originários de locais destinados ao pastoreio
e confinamento dos animais durante as festividades da Cavalhada.
FONTE ORAL
José da Lapa. 2012.
Adilson Reis. 2013.
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Francisco das Neves (org). Brasil 2000 - anos do processo
colonizatório: continuidades e rupturas. Rio Grande, RS: Fundação
Universidade Federal do Rio Grande - FURG, 2000.
BAPTISTA, Marta. Cantos de amor e Saudade: a história de Cáceres contada
através das lembranças da vó Estella. Cuiabá-MT: Entrelinhas, 2005.
LEITE, Luis-Philippe Pereira. Vila Maria dos meus maiores.
Histórico e Geográfico de Mato Grosso, 1978.
Do Instituto
MENDES, Natalino Ferreira. Memória Cacerense. Cáceres-MT, 1998.
SENATORE, Antônio Miguel F. Transcrição e compilação do material sobre
a Cavalhada. Cáceres, 2002.
SCHIPANSKI, Carlos Eduardo. Cavalhadas de Guarapuava: história e
morfologia de uma festa campeira. Tese de doutorado. Rio de Janeiro: UFF
– 2009.
CONTINS, Marcia & GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Entre o Divino e
os homens: a arte nas festas do Divino Espírito Santo. Horizontes
Antropológicos, nº 29: 67-94. 2008.
SPINELLI, Céline. Cavalhadas em Pirenópolis: tradições e sociabilidade no
interior de Goiás. Relig. soc. [online]. 2010, vol.30, n.2.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
31
POUTERIA GLOMERATA (LARANINHA DE PACÚ): ELEMENTO BIOCULTURAL DA
CIDADE DE CÁCERES, M ATO GROSSO
1
Drielly Monise Carvalho Messias
2
Keyson Luis de Souza
Dr. Aguinel Messias de Lima3
A presença marcante da laranjinha de pacú nas ruas e quintais de
bairros da cidade de Cáceres-MT, demonstrando a importância da planta,
levando o seu cultivo doméstico em quintais por moradores, apesar encontrarse na mata ciliar do rio Paraguai, em extensão do Pantanal. Neste sentido
despontou a iniciativa de pesquisa, com o objetivo de investigar o motivo e a
finalidade do cultivo da espécie fora do ambiente natural. Para investigação
desta pesquisa, fazem-se os seguintes questionamentos: quais os bairros ou
pontos da cidade em que se encontram a laranjinha de pacu? Porque estas
foram e está sendo cultivadas nos determinados locais? Quem cultiva? Como
e quando é realizado o manejo? Quando florescem?
Os objetivos da pesquisa foram mapear a localização e a distribuição
geográfica da laranjinha de pacú (A P. glomerata) nos quintais dos bairros;
descrever parte do conhecimento biocultural dos moradores em relação às
formas de uso, do cultivo e do manejo e reprodução da espécie nos quintais do
perímetro urbano de Cáceres.
A P. glomerata possui uma ampla distribuição nas Américas. No Brasil
está presente na região de habitat nativo do Cerrado, do Pantanal e da
Amazônia (POTT el al. (2009); LOPES, (2014). Geralmente encontrada em
locais de solos úmidos ou argilosos, nas margens de rio, característico na mata
ciliar.
Para Pott; Pott (1994, p. 264), o nome científico Pouteria significa
“árvore”
na
Guiana;
glomerata
denomina
“aglomerada”
que
designa
inflorescência. O arbusto varia de 1 a 8 metros de altura, ramificada até o solo,
1
2
3
Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Onze de Março.
Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Onze de Março.
Professor de Biologia da Escola Estadual Onze de Março.. [email protected]
Pouteria glomerata (laraninha de pacú): elemento biocultural... ISBN 978-85-86422-59-1
floresce entre setembro a dezembro, frutifica entre janeiro e agosto. A espécie
é abundante na mata ciliar e mata alagável, em solos argilosos ou siltosos. É
pioneira no avanço da mata ciliar sobre o campo e não são invasoras porque
não avança longe do rio.
O nome da etnoespécie “laranjinha de pacú” originou-se pelas
semelhanças de químicas (sabor azedo) e a destinação do fruto na pescaria.
Assim, a denominação popular deu-se em função do fruto ter aparência de
sabor azedo ao da laranja, e por este ser o de preferência alimentar do peixe
do pacú. Em outras regiões é conhecida como “moranguinha” ou “parada”.
A planta tem fisionomia parecida com frutos (laranja, poncã ou
tangerina), a diferença é que o fruto não contém o formato tão arredondado e
sua polpa não dividida em gomos. (LOPES, 2014). Para Morais & Silva (2009,
p.199), a P. glomerata é conhecida popularmente como “parada” pelos
moradores da região de Estirão Comprido Barão de Melgaço, Mato Grosso. O
fruto é comestível e utilizado no preparo de sucos e geleias, e geralmente é
utilizado pela população local nas atividades de pesca pelo fato do pacu ser
um peixe de preferência dos pescadores. Para Pott; Pott (1994, p. 264) e
Castrillon et al (2003), o fruto serve para alimentar peixes e apreciado como
isca de pacú. Os pescadores procuram esta isca por ser um dos alimentos
preferido do pacú do rio Paraguai e seus afluentes da região. Este peixe é um
dos principais alimentos da preferência da população cacerense usado no
preparo de comidas típicas da região.
O fruto possui um sabor azedo acentuado, com baixa percepção de
açúcar, sendo comparado ao fruto do tamarindo. O odor é agradável e de
suave (BATISTA, 2013). Para Batista (2013), o fruto possui uma atividade
antioxidante muito forte, rico em diversos nutrientes minerais (ferro, cobre) e
vitamina C, dentre outros. A espécie chega a ter mais ferro do que um pedaço
de bife de fígado bovino, e possui uma concentração maior em vitamina C do
que frutas como goiaba, kiwi, caju.
De acordo com POTT et al ( 1994 ) foi encontrado no fruto uma
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Pouteria glomerata (laraninha de pacú): elemento biocultural... ISBN 978-85-86422-59-1
grande concentração em tanino que ressecam queimaduras e tecidos da
derme (pele) de feridos. Para BATISTA (2013, p. 20), o tanino atua em
“processo de cura de feridas, de queimaduras e inflamações”.
Para Queirós e Carneiro (pg. 36), a espécie floresce e frutifica o ano
todo. A época da floração ocorre entre setembro a dezembro, e da frutificação
da espécie é no período de maio à junho ou de janeiro a agosto, mas
dependendo da frequência da chuva pode se estender sua produção. Em
algumas regiões chega a reproduzirem grande quantidade de janeiro à agosto.
MATERIAL E MÉTODO DE PESQUISA
Esta pesquisa foi realizada na cidade de Cáceres e está localizada na
mesorregião Centro-Sul do Estado de Mato Grosso. O município possui mais
de 87.942 habitantes (IBGE, 2010). A principal atividade econômica da cidade
é a pecuária, as atrações turísticas e históricas, a pescaria esportiva e
profissional, o Festival Internacional de Pesca (FIP).
No primeiro momento, entre os dias 14/04/2015 e 04/05/2015, foram
identificados 18 alunos distribuídos entre 6 turmas (04 alunos do 1º ano do
curso técnico em informática (TI), 05 alunos do 1º e 2º anos , e do 7º
semestre do curso Técnico em Meio Ambiente (TeMA); 04 alunos do 3º ano e
05 alunos do 2º ano do Ensino Médio Inovador (EMI) da Escola Estadual
“Onze de Março” .
Nesta ocasião, foi exibida a todos os estudantes em cada sala de
aula, uma fotografia da planta inteira, de amostra de parte da planta (ramos e
frutos in natura verdes e maduros), em seguida, foram realizadas explicações
aos estudantes sobre as características anatômicas do objeto de estudo em
questão. Após o reconhecimento do objeto, o pesquisador indagou-se quais os
estudantes possuem a referida planta em sua residência, ou se, os mesmos
tem informações da e conhecem a existência da mesma em outros locais ou
ponto do bairro cidade para localização geográfica na cidade. Esta primeira
coleta de dados foram necessárias para identificação de 19 pontos (17 com
moradores e 2 terreno sem residência) distribuídos entre 12 bairros que
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Pouteria glomerata (laraninha de pacú): elemento biocultural... ISBN 978-85-86422-59-1
cultivam a laranjinha. Estas informações foram anotadas no caderno de campo
para serem utilizados na segunda fase de coleta de dados (observação e
entrevistas in loco).
Posteriormente, entre os dias 11/05/2015 e 20/05/2015, foram feitas
observações in loco em 19 pontos (17 com moradores e 2 sem residências) e
17 entrevistas, com uso de roteiro de perguntas abertas e fechadas, aos
moradores de 12 bairros que foram indicados pelos estudantes no primeiro
momento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os entrevistados, 9 são mães, 5 pais e 3 são filhos
(as), perfazendo um total de 17 entrevistados, sendo uma pessoa de cada
residência (pai ou mãe ou filho) e em maioria
mulheres. A idade dos
entrevistados variou entre 14 e 80 anos e com predominância de 31 a 40 anos.
Os entrevistados exercem diferentes atividades profissionais na cidade e
pratica a pesca amadora (ribeirinha) para alimentação. Somente um exerce o
pesca profissional filiado à colônia de pescadores (Z 2) de Cáceres.
Os dados revelaram que os parentescos dos familiares (mãe, marido,
irmãos, cunhados, genro, filho (a), tio, sogro) possuem uma relação com a
planta e com prática da pesca no rio da cidade. Os parentescos dos
entrevistados exercem a atividade pesqueira e utilizam o fruto da laranjinha
para este fim. E, isto possivelmente é a justificativa para necessidade de
cultivo da espécie nos quintais das residências identificados na pesquisa. Os
pais, mães e filhos fizeram o plantio em seus quintais. Seus avôs e tios (dos
entrevistados) obtiveram o conhecimento sobre o fruto e optaram pelo plantio
em sua nova residência. Os moradores, anteriores aos dos entrevistados,
encontraram a planta no quintal e deram continuidade ao cultivo.
A cidade de Cáceres é banhada pelo rio Paraguai e ainda preserva a
prática cultural da pesca profissional e para subsistência, em razão da mesma,
ser reconhecida pelo evento “Festival Internacional de Pesca- FIP”. Estes
utilizam diversas iscas, desde origem vegetal e animal. Frutos são usados em
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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grande medida para a pescaria, para comercialização com os pescadores
locais e com turistas que praticam a pesca no local. A prática cultural da
atividade pesqueira ribeirinha justifica afeição pelo cultiva da etnoespécie em
seus respectivos quintais.
Foram identificadas e observadas setenta (70) plantas distribuídas em
19 pontos distribuídos entre doze (12) bairros da cidade. Os bairros
identificados com maior número de indivíduos: o Maracanãzinho e Jardim
Paraíso, com 12 indivíduos em cada; Cavalhada I, com 11; Jardim Cidade
Nova, com 10; e Marajoara, com 09. Os principais locais de maior
predominância de plantio de indivíduos ocupa espaço geográfico situado à
frente do lote da residência. Porém, pode observar na lateral esquerdo e
direito, no fundo do quintal e nas calçadas, defronte às ruas e difuso nos
quintais sem moradores.
Os dados biométricos (a idade e a altura) da espécie foram de 2, 2;
3,0; 4,0; 5,0 e 6,0 metros de altura aproximadamente. A idade e tempo de
cultivo dos indivíduos variaram entre 3 a 20 anos, com predominância entre 6 a
7 anos. Alguns dos entrevistados (as) não souberam estimar a biometria pelo
fato da planta ser cultivada pelo morador anterior, e por estarem residindo no
local há pouco tempo.
A época de floração (fenologia do vegetal) ocorre em torno de
novembro a maio do ano subsequente, ou seja, entre o período do início até
final do período chuvoso. A presença da planta na mata ciliar é dependente
das condições do ciclo das cheias para seu crescimento, floração e
frutificação. Estima-se que a produção do fruto inicia a partir de 03 anos do
plantio. O crescimento, a floração e a frutificação do vegetal está adaptação as
condições fisiológicas, de umidade e tipo de solo, da quantidade de luz solar e
água e forma manejo das espécies. Esta sobrevive em áreas inundáveis da
mata ciliar de transição ambiente terrestre e alagável e requer maior demanda
da chuva para sobrevivência.
O manejo da planta ocorre por meio da poda (corte dos galhos ou
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Pouteria glomerata (laraninha de pacú): elemento biocultural... ISBN 978-85-86422-59-1
ramos), da irrigação e da adubação do solo. A prática da irrigação acontece
nas primeiras semanas de plantio, até que a mesma se adapte ao solo e
proporciona o seu crescimento. A planta é mais bem adaptada em locais com
solo úmidos, o que justifica a sua presença nestes ambientes. Estas práticas
de manejo são realizadas como garantia do crescimento, da floração e
produção de frutos e sementes.
Há presença de inseto, espécie de “abelha” amarela, que perfura e
deposita os ovos no interior da polpa da laranjinha, e que posteriormente,
desenvolvem larvas que nutrem da polpa, e assim destroem o fruto. Há dois
métodos para destruição ou controle das larvas parasitas e proteção: a
pulverização de produto (barragem) ou uso de armadilha confeccionada pela
garrafa PET.
A sua semente necessita de cerca de 6 a 7 meses para germinação.
Para plantio, as mudas são adquiridas diretamente de outras plantas
cultivadas. Para participante, há necessidade do cultivo em quintais a fim de
garantir a preservação, e, por conseguinte, manter a produtividade do fruto
para iscas utilizada na pescaria e da alimentação do peixe pacú no rio ambiente natural, e bem como, para comercialização e sombreamento em
quintais.
Os entrevistados destacaram os motivos pelos quais os moradores
cultivam a etnoespécie nos quintais, dente eles, a redução do número de
indivíduos causados pela existência de queimadas e de falta de cuidados das
pessoas que transitam e usam determinados locais do rio e ambiente. Outra
razão foi justificada pelo fato de que produção de frutos em ambiente natural
(na mata) ocorrem, exclusivamente, no período das chuvaradas (das águas), o
que venha dificultar a coleta ao longo do ano. Relatavam que os cuidados com
o plantio no quintal através da irrigação pela manhã e final da tarde garante a
produção do fruto anual. O fruto contém a casca externa que libera uma
substancia líquida de cor branca semelhante a uma cola, e no seu interior,
apresenta uma polpa ácida e azeda (com massa de cor laranja) e a semente.
E destacam que a espécime produz fruto o ano todo quanto é cultivado e
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
38
Pouteria glomerata (laraninha de pacú): elemento biocultural... ISBN 978-85-86422-59-1
manejado nos quintais das residências. Enquanto, na mata ciliar, a
produtividade fica dependente do ciclo das cheias no período das chuvas.
Os moradores que cultivam a planta alimentam-se da polpa do fruto in
natura presente nos quintais, ou por pescadores nas margens do rio. O suco
do fruto é pouco utilizado para suco em razão da acidez apresentado na fruta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O nome do popular da etnoespécie é justificado pelas semelhanças do
paladar azedo do fruto da laranja (citrus), e pela finalidade de uso para pesca
do peixe pacú. O cultivo da P. glomerata em diferentes bairros foram
motivados pela função sociocultural e ecológica da planta entre moradores
pescadores.
Foram identificados moradores que possuem hábito do cultivo da
laranjinha em quintais de suas residências. Esta experiência dos moradores
com o uso e prática do manejo da planta nas residências e com a pescaria no
rio, poderá contribuir para aquisição e transmissão do conhecimento dos
aspectos culturais, sociais e ecológicas. Os moradores que cultivam a planta e
residem um tempo mais duradouro, nestes quintais, poderão ter maior afeição
com a laranjinha, e, por conseguinte, demonstram maior preocupação com a
conservação da planta, tanto na residência, bem como, na mata ciliar ou
ambiente natural.
Há necessidade de outras pesquisas para identificação de novos
moradores e pontos de cultivos, de novas formas de uso e manejo, e
inclusive, da indagação sobre a continuidade do conhecimento cultural da
pesca e do cultivo da planta de modo intrafamiliar e transgeracional entre dos
pais e avôs aos filhos.
BIBLIOGRAFIA
BATISTA, L. C. L. Laranjinha de pacu: Qualidade nutricional e atividade
antioxidante da laranjinha de pacu. MS: Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul, 2013.
LOPES, L. Receita da nutricionista. São Paulo: EDUSP, 2014.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
39
Pouteria glomerata (laraninha de pacú): elemento biocultural... ISBN 978-85-86422-59-1
MORAIS, F. F. & SILVA, C. J. Conhecimento ecológico tradicional sobre
fruteiras para pesca na Comunidade de Estirão Comprido, Barão de Melgaço Pantanal Mato-grossense. Biotaneotropica, 2009.
POTT, A; POTT, V.J. Plantas do Pantanal: Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, Centro de Agropecuária do Pantanal. Corumbá: Embrapa, 1994.
POTT, A.; POTT, V. J.; DAMASCENO JUNIOR, G. A. Fitogeografia do
Pantanal. III CLAE e IXCEB, 10 a 17 de Setembro de 2009, São Lourenço –
MG, 2009.
QUEIROZ, C. A. C e CARNEIRO, C. E. Estudos Taxonômicos de Pouteria
Aublet (Sapotaceae) para o Estado da Bahia, Brasil. Universidade Federal
de Feira de Santana.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
40
AS MUDANÇAS NA AVENIDA SETE DE SETEMBRO EM CÁCERES-MT
1
Amanda Viera
2
Msc. Leandro de Almeida
Nas últimas décadas o estudo das cidades tem se tornado um dos
principais interesses de pesquisadores principalmente no tocante aos usos que
os moradores fazem destes espaços. Nesta perspectiva a cidade é um espaço
privilegiado de pesquisa, pois a mesma apresenta em suas ruas, prédios
públicos, lojas, repartições, ou seja, uma infinidade de memórias marcadas por
acontecimentos que a constitui historicamente.
Utiliza-se como meio para compreensão de transformações ocorridas
no espaço mato-grossense, especificamente, na cidade de Cáceres,
reportagens, revistas, bibliografia, monografias que tratam especificamente
dessas mudanças ocorridas na cidade. Assim nos utilizamos das fontes
escritas, iconográficas e orais de alguns personagens que vivenciaram de
forma mais direta esta parte da cidade.
Dentre as fontes escritas podemos destacar a revista do Bicentenário
da cidade ocorrido no ano de 1978 na qual apresenta alguns indicativos do
desenvolvimento da cidade no final desta década e que foi muito importante
para as reflexões deste artigo.
Quanto às fontes Iconográficas, estas foram muito importantes para
mostrar ao leitor alguns dos principais pontos comerciais da avenida ao
mesmo tempo em que serviram de suporte para muitas de nossas reflexões.
Assim na busca pela compreensão deste objeto encontra-se algumas questões
que estão relacionadas à ideia de progresso, porém vou me limitar apenas em
tentar reproduzir as transformações ocorridas nesse espaço tão frequentadas
por usuários na cidade de Cáceres, buscaremos apresentar como essas
mudanças influenciaram o imaginário da população cacerense da época.
1
Aluna do curso técnico em meio ambiente da Escola Onze de Março.
Professor orientador, mestre e articulador de projetos da Escola Onze de Março.
[email protected] .
2
As mudanças na Avenida Sete de Setembro...
ISBN 978-85-86422-59-1
Partindo desta ideia, Cáceres, em seus 235 anos, apresenta alguns
espaços no seu traçado urbano que vão além de sua materialidade exterior
como a Avenida Sete de Setembro. Esta, ao longo de sua existência sofreu
inúmeras transformações em seu traçado e em sua organização e, sobretudo,
nos usos que os moradores da cidade fazem dela. O que era um antigo
caminho que levava os moradores ao Cemitério São João Batista, da segunda
metade do século XIX aos dias de hoje, transformou-se em movimentada
avenida com lojas, postos de gasolina, um hospital e até a antiga rodoviária da
cidade.
Essas mudanças ocorridas neste espaço constituem o tema deste
trabalho. O objetivo é mapear estas transformações ligando-as a outros
acontecimentos que, em nossa interpretação, foram fundamentais para que
tais
mudanças ocorressem. Adjacente a esta preocupação, faremos um
percurso pelas principais transformações que ocorreram na avenida,
concentrando nossas atenções na questão da arborização que se tem ao
longo de toda a Avenida.
O presente artigo está desenvolvido em dois momentos. No primeiro,
destacamos o surgimento e desenvolvimento da avenida como um espaço
social e econômico da cidade. Nesse sentido, historicizamos a constituição
deste
espaço
desde
as
primeiras
referências
documentais
até
os
estabelecimentos da avenida como parte integrante da zona comercial da
cidade, além de importante elo de ligação entre as zonas Leste-Oeste da
Cidade. Como isso, procuramos estabelecer um paralelo entre um lugar de
referência comercial e o próprio desenvolvimento da cidade. Uma importante
referência para esta reflexão foi a dissertação de mestrado de Arruda (2003) e
Carlos (2004) Novos escritos sobre a Cidade. Os trabalhos que analisamos
trabalham a questão das cidades nos quais procuram percebê-las como
espaços constituídos por seus habitantes.
No segundo momento abordamos as mudanças ocorridas ao longo do
seu traçado, investigando como os seus “frequentadores” imaginam o lugar.
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As mudanças na Avenida Sete de Setembro...
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Cabe destaque inicial ao fato de que a atual Avenida Sete de
Setembro há muito tempo tem sido um espaço de comercialização de
produtos, sobretudo, dos pequenos produtores da região que se estabeleciam
sazonalmente na avenida para comercializar os seus produtos e que atraíam
inclusive pessoas de outras localidades próximas para comprarem víveres e
outras necessidades.
AVENIDA SETE DE SETEMBRO EM CÁCERES: DIVERSOS OLHARES
Para falarmos da Avenida Sete de Setembro, com seu traçado
retilíneo e espaçoso, é importante ressaltar que desde a fundação da cidade
de Cáceres, quando Capitão General da Capitania de Mato Grosso, Luiz
Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, em 1778, ordenou a edificação da
cidade, que recebeu o nome de Vila Maria do Paraguai, em homenagem à
rainha de Portugal D. Maria I, na qual foram colocados todos os preceitos
racionais de construção de cidades portuguesas da época. Ou seja, privilegiouse formas retilíneas às ruas principais (sentido norte-sul) e às secundárias
(sentido leste-oeste), tendo como centro uma praça onde se localizaria o
centro religioso (igreja Matriz) e prefeitura Municipal, centro do poder espiritual
e político. Segundo Adson de Arruda:
Ao elegermos a cidade como objeto de estudo, nos
aproximamos da historiografia especializada que afirma
serem as cidades ‘espaços’ que ligam os indivíduos e os
grupos e em suas práticas sociais. Esses ‘espaços’, por
sua vez, não podem ser concebidos apenas a partir de
conceitos urbanísticos ou políticos, mas como o lugar da
pluralidade das diferenças sociais (ARRUDA, p. 124,
1998) .
Dessa forma, o nosso estudo pretende percorrer esses “espaços” da
cidade, mas exclusivamente os espaços da Avenida Sete de Setembro e
observar as transformações e a pluralidade das diferenças sociais na cidade.
Ainda, segundo o mesmo autor:
As relações sociais desenvolvidas nas cidades são
historicamente determinadas, capazes de fornecer
elementos para a compreensão das atitudes, desejos e
projetos de homens e mulheres em épocas distintas.
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As mudanças na Avenida Sete de Setembro...
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Captar e investigar as práticas sociais e comportamentos
dos moradores de uma cidade implica em dar visibilidade
aos vários projetos que colocam em curso, tais como os
modos de viver, de morar, de lutar, de trabalhar e se
divertir dos moradores (ARRUDA, 1998).
Isso quer dizer que através das relações desenvolvidas na avenida,
sejam elas sociais, culturais e até mesmo estruturais, é possível fornecer
elementos para a compreensão das atitudes das pessoas que se interligam
com a avenida. A cidade e suas transformações fornecem elementos para a
compreensão do cotidiano e das transformações e práticas que são uma
constante nesses espaços.
Figura 1- Pavimentação com bloquetes na Avenida Sete de Setembro. Fonte
Museu Municipal de Cáceres-MT. SD.
Através de uma entrevista realizada no mês de maio, deste ano de
2013, com Miguel Samattore, um senhor de 63 anos, morador há mais de 50
anos na cidade de Cáceres, argumenta que que participou do processo de
urbanização da cidade de Cáceres e, que a o espaço da Avenida Sete de
Setembro teve grande papel para o crescimento e fortalecimento da economia
de Cáceres.
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As mudanças na Avenida Sete de Setembro...
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Figura 2- A Avenida Sete de Setembro na Década de 70 – Cáceres/MT, Fonte:
Adilson Reis. SD.
Samattore nos informou que as pistas laterais não existiam. Havia
somente uma espécie de pátio, onde possuia um mínimo de acessos aos
pouquíssimos prédios que eram percorridos através de passagens de pontes e
3
tijolos sobre as valas e pinguelas
(sobre as valas maiores). Com a
pavimentação da avenida, houve um incremento nas práticas comerciais de
produtos. Os principais produtos comercializados na década de 70 eram
oriundos da agricultura na região da grande Cáceres. Na avenida, os
comerciantes comercializavam produtos como: arroz, feijão, carne, milho,
galinhas entre outros. O que era produzido na zona rural, os agricultores
traziam para vender ou trocar na cidade.
Cáceres, com o tempo, passou a ser considerada um polo comercial
para as regiões vizinhas. Os municípios desmembrados: Mirassol D´Oeste,
São José dos Quatro Marcos, Rio Branco entre outros, recorriam a cidade de
Cáceres para fazerem suas compras e procurarem recursos médicos. O
senhor Rosalvo Carneiro (2013), outro entrevistado afirma que “naquela época
as compras eram feitas em sua grande maioria aqui mesmo no município de
Cáceres. Deste modo, as atividades mercantis, tornaram o fluxo comercial
3
Ponte improvisada utilizada por pedestres, geralmente composta de um tronco de madeira, apoiada
nas extremidades da depressão a ser transposta.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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As mudanças na Avenida Sete de Setembro...
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mais intenso e bem mais concorrido na década de 1980 que atualmente” .
Em 1950, no lado direito da avenida já existia a igreja Perpétuo
Socorro e os salões utilizados por atividades escolares e, também a residência
do pecuarista Nestor Silva. No lado esquerdo da Avenida o hospital São Luís.
O Hospital pode ser considerado o prédio mais antigo da avenida e de grande
importância para cidade em si. Atualmente o hospital é um prédio imponente
4
no coração da Cidade .
No ano de 1940, a área que dera lugar ao Hospital São Luiz, foi
ocupado por duas casas de adobes (tijolo de barro não queimado) e o único
posto de gasolina da cidade (pertencente ao senhor Jair de Oliveira Garcia).
As dependências do posto consistia por um casebre, uma bomba de gasolina e
quase sempre filas de uns dez a quinze tambores de aço, latas, aguardando o
combustível que dificilmente chegava em Cáceres.
Pela Avenida, na década de 1940, era pequeno o movimento de
veículos, apesar de ser a saída para a capital. Frequentemente via-se transitar
carros de bois ou carros de burros, conduzidos por pessoas que traziam
produtos tais como: arroz, feijão, milho, galinha, carne de boi, vindo da
Morraria.
4
Faz frente com as lojas Destak Confecções, Casa do Alumínio e Brasil América.
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Figura 3 - Meios de transporte urbano na cidade de Cáceres. Fonte: Museu
Municipal de Cáceres-MT. SD.
O pecuarista Nestor Silva nos informou que na década de 60, era
muito difícil a comercialização de produtos na cidade de Cáceres, pois a sua
economia encontrava-se em fase inicial de crescimento. Os produtos
agropecuários consumidos na cidade eram trazidos da região de Morraria,
sendo-os
em
parte
considerável
eram
trocados
por
mercadorias
industrializadas e outras vendidas ao comércio varejista. Um dos exemplos
que podemos destacar dessa relação é dos produtores de arroz que trocavam
seus produtos por outros alimentos de sua necessidade. Na maioria das vezes
esses produtos eram trazidos de carroça, um dos principais meios de
locomoção utilizados pelos comerciantes da época. Com a pavimentação da
Avenida Sete de Setembro produtores e comerciantes de produtos agrícolas
ampliaram suas vendas, com maior fluxo de circulação de produtos.
Na porção esquerda da Avenida, foi posicionado o cemitério São João
Batista, desde o início daquele século. Em sua fase inicial, tratava-se de
apenas um caminho que ligava a área urbana da cidade ao Cemitério. Com o
tempo e crescimento da Cidade, o Cemitério foi incorporado ao perímetro
urbano, e o caminho ganha status de avenida dado a crescente práticas
comerciais em seu trajeto.
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Nas décadas sucessivas à 1980, a Cidade experimentou o
crescimento populacional, através de migrações internas vindas das regiões
sudeste do país. Contribuíram também para o crescimento da Cidade a
construção e mudança da capital nacional para a região Centro Oeste do país
(Brasília), bem como a construção da ponte Marechal Rondon (sobre o rio
Paraguai, na década de 50). Crescimento que implicou em melhorias no
aeroporto Manoel Cuiabano, a construção do Terminal Rodoviário no Centro.
Melhorias que podem ter influenciados positivamente na reorganização de
práticas e relações comerciais na Avenida Sete de Setembro.
Mudanças incrementadas no centro urbano de Cáceres, implicando
em um novo visual, inspirada no planejamento urbano de Brasília, a
configuração da avenida, e posicionada com duas pistas duplicadas (e largas),
pavimentadas com asfalto, jardinadas e arborizada com palmeiras imperiais,
simbolizando o progresso.
Utilizando-se das representações que Chartier discorre sobre as
cidades, segundo Arruda, da seguinte forma:
Os vários discursos sobre a cidade, portanto, não podem
ser pensados como referências verdadeiras que se
impõem de forma natural, porque são ‘produtos das
relações sociais desenvolvidas na cidade que em última
análise, acabam por definir e delinear a paisagem
urbana, a imagem da cidade’. Desse modo, as relações
sociais desenvolvidas nas cidades são historicamente
determinadas, capazes de fornecer elementos para a
compreensão das atitudes, desejos e projetos de
homens e mulheres em épocas distintas. Captar e
investigar as práticas sociais e comportamentos dos
moradores de uma cidade implica em dar visibilidade aos
vários projetos que colocam em curso, tais como os
modos de viver, de morar, de lutar, de trabalhar e se
divertir dos moradores (ARRUDA, p. 6, 1998).
Ao observar esses espaços urbanos, nas multiplicidades das relações
sociais que são desenvolvidas na cidade, podemos pensar a avenida em
destaque como um local de práticas e comportamentos distintos. A avenida,
não por acaso, é localizada nas proximidades do centro de poder político, a
qual serve de suporte ao projeto capital de segmentos da sociedade local.
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Implementar o projeto capital, significou considerar inovações nas
práticas de comércio ao longo da Avenida. Implemento que considerou os
avanços tecnológicos utilizados pelas lojas comerciais, além de ampliar os
gêneros e serviços comercializados, também significou a ampliação dos
estabelecimentos comerciais; iniciou-se uma nova fase de relações comerciais
no município de Cáceres, incorporando outras práticas no quotidiano dos
empresários locais. Quanto aos consumidores estes tiveram que se adaptar ao
novo sistema de compra e venda em que, segundo Sibília (2003), predomina
uma tendência generalizada de abstração e virtualização dos valores.
O novo lugar agora com traços de modernidade simboliza, para a
população de Cáceres, um importante local para as suas compras, pois o
comércio da atual Avenida Sete de Setembro é constituído de farmácias,
supermercado, posto de gasolina, lojas de móveis, lojas de roupas, entre
outros ramos de atividades comerciais. Assim, ao longo da Avenida pode ser
localizando inúmeros produtos e servidos que adenda a população local e da
região circunvizinha. Deste modo, o fluxo de pessoas é contagiante nos dias
de semana quando as pessoas estão em horários de trabalho e compras. A
agitação toma conta dos comércios, que circulam pelas margens da avenida.
A construção e/ou reformulação dos prédios é bastante acentuado,
assim como a adoção de espaços, onde os comerciantes vêm cuidando e
ganhando direito de fixar placas luminosas de seu comércio, tornando-a mais
bela, inclusive a maior concentração popular da cidade são realizadas ali,
através de eventos políticos e culturais. Como exemplo, podemos citar as
realizações de comemorações cívicas do calendário nacional e municipal,
como outras manifestações públicas.
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As mudanças na Avenida Sete de Setembro...
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Figura 4 - Reestruturação do comércio em torno da Avenida. Fonte: Vieira,
2013.
As mudanças ocorridas no espaço social da Avenida Sete de
Setembro é um cenário das modificações socioculturais ocorridas no município
de Cáceres. As atividades comerciais ganham outro modelo, com vistas agora
a atender as necessidades do mercado, com novas relações entre os
trabalhadores e as novas tecnologias exigidas pelo mundo atual.
Observamos ao longo da avenida em um dia de semana a agitação
que os transeuntes ocupam cada espaço do coração financeiro da cidade.
Transeuntes dos mais diferentes transitam pelas calçadas, observam as lojas,
procuram informações e estabelecem relações que desafiam a capacidade de
penetrar esse universo envolto em cada espaço dessa parte importante da
cidade.
A AVENIDA SETE DE SETEMBRO: COMÉRCIO E CONSUMIDORES
A partir da Revolução Industrial do século XIX, com a produção em
série, o consumo de mercadorias no mundo inteiro cresce exponencialmente.
Nas últimas décadas, como nos alerta Sibília, o capitalismo cumpriu seu
destino já previsto por Karl Marx em O Capital sobre a mercantilização geral da
sociedade.
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As mudanças na Avenida Sete de Setembro...
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Há mais de um século depois da sua formulação, nesta
época de ágeis mudanças o diagnóstico de Karl Marx a
respeito do capitalismo parece estar atingindo o seu
ápice, numa era em que o consumo rege todos os
hábitos sócio-culturais (SIBILIA, p. 36, 2003).
Cremos que a Avenida Sete de Setembro reflete bem esta afirmação,
pois se nós olharmos em traçado retilíneo perceberemos que o seu entorno
está completamente tomado por empresas comerciais. Sendo assim, nesse
capítulo tenho como objetivo analisar as mudanças que favoreceram a
instalação destas empresas no referido local.
Em cada época o comércio, segundo uma lógica própria, se concentra
nos lugares onde as pessoas transitam no seu dia-a-dia. No início do século
XX, por exemplo, se situavam nos espaços compreendidos em torno da atual
Praça Barão do Rio Branco e ao longo da margem do Rio Paraguai. Conforme
Arruda, nas três primeiras décadas do século XX:
percebe-se que as ruas, a praça e seus arredores não
era apenas um lugar publico, cuja função era a
circulação e o lazer dos habitantes da cidade, ou seja, os
usuários não se limitavam apenas em cumprir o papel de
passantes, ao desempenharem os rituais diários de
deslocamentos em direção aos armazéns, ao porto, ou
outros lugares menos “formais”, construíam uma
espacialidade marcada por uma tensão entre normas e
desvios (ARRUDA, p. 89, 2002).
Com o crescimento da cidade nas décadas de 1970 e 1980, a Sete de
Setembro passou a fazer o papel de elo de ligação entre a “Grande
Cavalhada” e bairros adjacentes – zona norte da cidade – e a região sul,
constituindo-se assim num importante ponto de passagem de trabalhadores,
estudantes, viajantes, etc.
Outro evento importante foi a pavimentação da avenida na década de
1970 o que propiciou um espaço importante para a instalação de lojas.
5
Conforme João Batista (2003) vendedor de “churrasquinho” há mais de vinte
anos na avenida relata:
5
Entrevista realizada em março de 2013.
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Desde que comecei vender espetinho aqui nessa área
da Avenida, me lembro de quando as pessoas vinham
das regiões vizinhas para efetuarem suas compras
reclamavam da distancia que tinham que percorrer até o
centro, onde se encontrava quase todo o comercio da
cidade achavam muito longe. Segundo ele com os
avanços que tivemos com relação ao asfaltamento,
fizeram com que outros comércios se deslocasse para a
avenida.
As modificações que presenciamos na cidade de Cáceres na década
de 1970, representam todo um envolvimento de ações que contribuíram para o
crescimento e fortalecimento da economia local, não obstante, podemos
destacar que nesse período vamos ter também a construção da rodoviária no
centro da cidade, na rua lateral esquerda à avenida.
Destarte foi possível, perceber que com o passar do tempo a
construção e/ou reformulação dos prédios foi bastante acentuado, assim como
a adoção de espaços, onde os comerciantes vêm cuidando e ganhando direito
de fixar placas luminosas de seu comércio. Vale ressaltar que inclusive a maior
concentração popular da cidade são realizadas na Avenida, segundo Adilson
Reis (2003), destaca que os principais eventos políticos e culturais da cidade
são realizados no traçado da avenida, como exemplo, podemos citar as
realizações de comemorações cívicas do calendário nacional e municipal,
como outras manifestações públicas.
Com o conjunto de prédios erguidos as margens da Avenida Sete de
Setembro, encontramos diferentes pontos comerciais. Dentre os quais
podemos destacar: Hospital, lojas de confecções, drogarias, lojas de calçados,
postos de combustíveis e vendedores ambulantes camelôs. O corre-corre das
pessoas pelas calçadas da avenida se mistura a correria do comércio e das
atividades de um mundo marcado pela agitação das pessoas. Jacques Le Goff
fazendo um estudo sobre a cidade medieval apontou alguns elementos que
julgamos interessantes para nossa reflexão. Trata-se dos chamados de
“pontos quentes”. Para ele “o que estrutura a cidade é um certo número de
lugares (...) que determinam até certo ponto (...) a circulação” (LE GOFF, p. 34,
1992).
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Ao observar esses espaços urbanos bem como as multiplicidades das
relações sociais que são desenvolvidas na Cidade, podemos pensar a avenida
em destaque como o local de práticas e comportamentos distintos. A avenida,
não por acaso, é localizada no centro da cidade podendo ser considerada
como um ponto de referência comercial.
Um dado interessante que se pode constatar é a utilização maciça de
upgrade tecnológico que grande parte das lojas tiveram que fazer para, ao
mesmo tempo, racionalizar o tempo dos trabalhadores e atrair mais clientes.
Segundo Ana Maria de Moraes6 trabalhadora há mais de vinte anos no
comércio, salienta que a loja de confecções “Casa São Paulo” fez um
investimento na área da informática, no layout da empresa, nas placas
luminosas com o objetivo de torná-la mais atraente para o público.
A entrevistada argumenta que a loja teve que se enquadrar nos
avanços tecnológicos utilizados pelas lojas comerciais de grandes centros.
Portanto iniciou-se assim uma nova etapa na concorrência entre as empresas
comerciais no município de Cáceres, incorporando outras praticas no cotidiano
dos empresário locais.
Quanto aos consumidores, estes tiveram acesso ao novo sistema de
compra e venda da loja em que os cartões de credito e debito. Segundo
7
Marisol Melgar dos Santos (2003) estas novas tecnologias que tem por
objetivo facilitar as transações comerciais e proporcionar maior segurança ao
empresário terminam por estabelecer um novo aparelho de controle do qual é
difícil escapar.
Podemos constatar que o comércio em Cáceres-MT, atualmente está
na malha desse capitalismo moderno ou pós-industrial a qual alude Sibilia
8
onde predomina a virtualização dos valores Capitalismo este que, conforme já
afirmamos anteriormente, atingiu seu ápice na sociedade atual em que o
consumo rege todos os hábitos socioculturais, com o domínio absoluto do
6
7
8
Entrevista realizada em abril de 2013
Santos, Marisol Melgar dos, Op. Cit. Capitulo Primeiro
SIBÍLIA, Paula.Op.cit. p. 25.
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mercado em todas as esferas da sociedade.
Durante a pesquisa sobre a movimentação comercial da Avenida Sete
de Setembro um dos entrevistados, proprietário de três lojas de confecções,
nos relatou que atualmente o comércio da avenida está estagnado. Segundo
ele seria preciso fazer uma parceria entre o poder publico e o privado para o
fortalecimento do comércio da avenida, pois segundo o mesmo Cáceres
precisa de parceira entre esses dois órgãos para consolidar a sua economia
local crescente.
Pensar nessa parceria dos órgãos públicos com o comércio na
Avenida Sete de Setembro em Cáceres é pensar o modelo capitalista e sua
relação com o Estado. Historicamente a burguesia por mais que aderisse em
massa ao liberalismo, prescindiu da ajuda estatal para criar mecanismos
legais, institucionais e logísticos para ampliar a acumulação de capital.
Por outro lado, a inserção dos trabalhadores nesse capitalismo a que
referimos anteriormente, é bastante problemática. Este tende a ser cada vez
mais como uma peça descartável. Como qualquer outra mercadoria e isto
atinge de uma maneira ou de outra praticamente todas as camadas sociais.
Sobre esse ponto Sibília afirma que
As modalidades de trabalho também mudam e se
expandem, tanto no espaço quanto no tempo.
Abandonando o esquema dos horários fixos e das
jornadas de trabalho estritamente delimitadas em rígidas
coordenadas espaço-temporais, hoje surgem novos
hábitos com ênfase nos contratos a curto prazo, na
execução de projetos e na flexibilidade (SIBILIA, p. 36,
2003).
Quando
perguntamos
sobre
o
aperfeiçoamento
deles
para
trabalharem no comércio, é visível a cobrança para constantemente estarem
buscando cada vez mais esse aperfeiçoamento através de cursos de
capacitação. Sennet (2006) aponta, da mesma forma que Sibília (2003), que
há uma tendência ao trabalho temporário, de curto prazo, superar o
trabalhador fixo, sobretudo no comércio varejista.
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Vale lembrar que encontramos casos de comerciários que dedicam
boa parte do seu tempo para satisfazer às necessidades desse capitalismo
abordado por Sibília. A dedicação quase que integral às demandas exigidas
pelo
constante
aperfeiçoamento
transformam
estes
indivíduos
em
frequentadores assíduos de cursos de capacitação e, o que é mais
interessante é que eles acreditam integralmente que este é o caminho correto.
Porém, nem mesmo diante desta possibilidade o trabalhador não está seguro,
uma vez que a concorrência é muito acirrada.
A Avenida Sete de Setembro nesse contexto transforma-se em uma
grande
referência para o estudo das relações que envolvem a sociedade
atual. Por meio das novas tecnologias de comunicação e informação nada
escapa de um controle intenso sobre o consumidor e, ainda mais sobre o
trabalhador.
Vale ressaltar que devido a esses fatos, a avenida tornou-se hoje, um
dos espaços, no meio urbano, mais usados pelos moradores da cidade, pois
ali se encontra uma grande quantidade de prédios, que em sua maioria, é
comercial, nos mais variados ramos de atividades. O fluxo de pedestres é
contagiante nos dias de semana quando as pessoas estão em horários de
trabalho e compras. O movimento toma conta dos comércios, agora em grande
número pelas margens da avenida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Interpretar como as cidades criam espaços saturados de significações
acumuladas através do tempo (BRESCIANNI, 2001) significou a realização de
pesquisa, com foco na Avenida Sete de Setembro, significou o olhar diferente
para as relações que permeiam as pessoas e os lugares desse espaço no
centro da Cidade. O olhar sobre os acontecimentos e transformações ao longo
do tempo nesse espaço urbano de modo a identificar as mudanças na sua
estrutura física e social.
O desejo pela pesquisa surgiu através das discussões realizadas em
sala de aula, e também pelo interesse de conhecer mais sobre essas
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55
As mudanças na Avenida Sete de Setembro...
ISBN 978-85-86422-59-1
transformações no espaço da Avenida. A reconstrução dos fatos que
marcaram o desenvolvimento da Avenida Sete de Setembro nos possibilitou
uma reflexão sobre a mesma, por isso ao olharmos essas mudanças não
podemos deixar de refletir sobre o modo como vive a sociedade que a
construiu, e assim discutir as novas formas de organização social que surgem
com o avanço tecnológico.
Nesse sentido o comércio da Avenida Sete de Setembro atualmente
possui essas características de modernidade que, ao longo do trabalho, e com
as leituras dos autores consultados, pudemos os identificar e os relatar. O que
há alguns anos era um caminho que levava ao cemitério e que poderia ser
visualizado como um caminho para uma outra vida, hoje já não se é
contemplada dessa forma. Na atualidade o que se nota é uma agitação que
revela uma sociedade compenetrada em seus afazeres. A avenida tem as
suas histórias e seus trajetos cheios de acontecimentos que podem ser
problematizados de diferentes olhares.
A intenção do trabalho foi identificar algumas das transformações que
aconteceram ao longo da história da avenida pela apropriação social,
econômico e cultural. Transformações continuaram a acontecer e deverão ser
problematizadas com outros olhares e em outras situações.
REFERÊNCIAS
FONTES ORAIS
Adilson Reis
Ana Maria de Moraes
Miguel Senatore
BIBLIOGRAFIA
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1989
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primeiras décadas do século XX (1900-1930). Dissertação de Mestrado.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
56
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ISBN 978-85-86422-59-1
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BRESCIANI, Maria Stella. História e historiografia das cidades, um
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Mendes, Natalino Ferreira. Efemérides Cacerenses. Vol I E II. Brasília:
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SENNET, Richard. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record,
2006.
SIBILIA, Paula. O homem pós-orgânico: corpo, subjetividade
tecnologias digitais. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
e
57
QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS DECORRENTES DOS SEPULTAMENTOS DO
CEMITÉRIO SÃO JOÃO B ATISTA, C ÁCERES-MT
1
Renan Nascimento de Moura
2
Esp. Johny Dias Marinho
3
Dr. José Carlos Soares
Os
cemitérios
antigos
em
atividade,
podem
conter
histórico
questionável diante de possíveis danos socioambientais. O estudo tem como
objetivo verificar como o cemitério São João Batista afeta o meio ambiente e
possíveis riscos à saúde dos moradores que residem ao seu entorno. Do ponto
de vista metodológico, o estudo foi realizado mediante revisões literárias,
observações in loco no cemitério (e proximidades) e entrevistas com
moradores. Observa-se que os 47,14% dos moradores, afirmam que o
cemitério pode causar danos ao ambiente e as pessoas, tais como: infecção
de
pele
com bactérias
e fungos,
odor juntamente com problemas
gastrointestinais; e que 30,76% dos entrevistados afirmam que é possível
prever estes riscos, e os mesmos optam pela desativação do cemitério. Neste
sentido, o presente estudo aborda a questão da decomposição de cadáveres
humano, denominada necrochorume, sendo-os capazes de produzir perigo
poluente ao meio ambiente de contato (solo, lençol freático dentre outros).
O cemitério São João Batista, localizado no município de Cáceres-MT,
fundado no século XIX, na época foi construído em área mais afastada da
populacional e hoje encontra-se circulado por grande número de residências
(vide fig. 01). Diante disso este trabalho aborda uma analise de resultados
preliminares referente à percepção ambiental dos moradores ao entorno do
cemitério São João Batista em Cáceres, Mato Grosso. Neste sentido avalia
também uma possível contaminação ambiental causada pelas sepulturas
1
Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Onze de Março.
[email protected]
2
Professor Orientador, Especialista em Gestão Ambiental Graduado em Ciências Biológicas, pela
Universidade do Estado de Mato Grosso UNEMAT, Campos de Cáceres – MT, e-mail de contato:
[email protected].
3
Professor Co-orientador e Dr. em Geografia pela Universidade Federal Fluminense – Rio de Janeiro, e-mail de
contato: [email protected]
Questões socioambientais decorrentes dos sepultamentos...
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existente no cemitério.
O município de Cáceres situa-se a sudoeste do Estado de Mato
Grosso, na microrregião do Alto Pantanal e mesorregião do centro-sul matogrossense, com uma área territorial de 24.796,8 km² (IBGE, 2000). A cidade de
Cáceres (sede do município) encontra-se a 215 km da capital do Estado
(Cuiabá). De acordo com Santos et al (2012), a área urbana da cidade de
Cáceres se encontra à margem esquerda do Rio Paraguai. Entre as
coordenadas geográficas entre 16º 00’ 50”- 16º 07’ 50” latitude Sul e, 57º 37’
10”- 57º 43’ 10”, longitude Oeste.
Figura 01 - Mapa de Localização da Área de Estudo. Fonte: Rosestolato Filho
(2006, apud SANTOS 2011).
O cemitério São João Batista está localizado mais precisamente no
centro dentro da cidade de Cáceres-MT, limitando-se ao Sul com as ruas
Marechal Deodoro, ao Norte com a Avenida 07 de setembro com o bairro
Cidade Alta e a Oeste com a Praça da Bíblia (também conhecida como Praça
da Polícia Militar). Deste modo, a área de estudo está inserida em área
totalmente urbanizada, determinada por um retângulo aproximado de 800 m²
de área.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Questões socioambientais decorrentes dos sepultamentos...
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O termo cemitério originou-se da palavra grega
koumetèrian,
que
significa dormitório; e a palavra cadáver, de origem latina, significa “carne dada
aos vermes”.
A partir no século XVIII, o cemitério começou a ter o sentido atual,
sendo que no ano de 1737, uma comissão de médicos Franceses recomendou
mais cuidado nos sepultamentos dos corpos. Na ocasião, o príncipe regente D.
João VI proibiu os sepultamentos nas igrejas incluindo todas as colônias de
Portugal, como Brasil (WILLIAN, 2009),
Os sepultamentos vêm desde a idade média, algumas civilizações
cristãs acreditavam que o solo da igreja era sagrado então sepultavam os seus
mortos em suas mediações para que os maus espíritos não apoderarem-se
dos das almas dos mortos, (WILLIAN, 2009).
Os cadáveres, dependendo das condições do ambiente, podem sofrer
processos destrutivos, como autólise e putrefação. Na autólise, as células do
corpo são dissolvidas por enzimas do próprio corpo; e na putrefação ocorre a
decomposição dos órgãos e tecidos por microrganismos, ocorrendo liberação
de gás sulfídrico, dióxido de carbono, metano, amônia, enxofre, fosfina,
cadaverina e putrescina, responsáveis pelo cheiro de carne podre. Se a
umidade do solo for alta, pode ocorrer a saponificação, que é um processo que
retarda a decomposição do cadáver (MORAES, 2014).
Observando o necrochorume e os riscos dos cemitérios, Silva &
Crisipin (2006), assinala a existência no Brasil mais de 600 cemitérios em
situação de irregularidade. Assinala, ainda, que em entorno de 75% dos
cemitérios públicos apresentam problemas de contaminação ambiental,
enquanto que nos particulares o índice é de 25%. Estes fatos ocorrem pela
falta de cuidado com o sepultamento dos cadáveres e localização em terrenos
inapropriados. Os cemitérios mais antigos correspondem a maior parte dos
cemitérios públicos que foram construídos sem um planejamento de impacto
ambiental, esses cemitérios tradicionais favorecem a contaminação das águas
subterrâneas e do solo.
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Questões socioambientais decorrentes dos sepultamentos...
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Segundo Almeida & Macedo (2005 apud CARNEIRO, 2014), a
decomposição das substâncias orgânicas do corpo pode produzir diaminas,
como a cadaverina (C5H14N2) e a putrescina (C4H12N2), que ao serem
4+
degradados geram amônio NH , substância que apresenta toxicidade em altas
concentrações. A cadaverina e putrescina são danosas também por serem
responsáveis pela transmissão de doenças infectocontagiosas, como a
hepatite e a febre tifóide. Essas substâncias podem proliferar-se em um raio
superior a 400 metros de distância do cemitério, a depender da geologia da
região (CARNEIRO, 2014).
Neste mesmo sentido, a Organização Mundial da Saúde - OMS
(WHO, 1998), menciona que a composição média do corpo de um adulto de 70
kg costuma ter 16.000g de carbono, 1.800g de nitrogênio, 1.100g de cálcio,
500g de fósforo, 140g de enxofre, 140g de potássio, 100g de sódio, 95g de
cloreto (CARNEIRO, 2014).
Conforme Klein (1998), a decomposição dos corpos resulta em uma
substância liquida viscosa de cor castanho-acinzentada, com 60% de água,
30% de sais minerais e 10% de matéria orgânica degradáveis.
Sob tais
condições, apresenta auto poder de transmissão de doenças patogênica
devido à possibilidades de presença de bactérias, vírus e outros.
A questão se agrava, de acordo com Morais (2014), quando o
necrochorume apresenta formaldeído e metanol, usados no embalsamento dos
corpos, metais pesados (nos adereços dos caixões) e resíduos hospitalares,
como medicamentos. De modo geral, para o Autor, para cada quilo de massa
corporal, é gerado em torno de 0,6 litros de necrochorume e, ainda, para cada
70 kg de massa corporal, é gerado em torno de 6 litros de necrochorume.
(MORAIS, 2014). Substância gerada no processo final de decomposição dos
corpos surge a substancia liquida viscosa de cor castanho-acizentada que é
composta por 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substancia
orgânica degradáveis denominada de Necrochorume (COSTA & MALAGUTTI,
2012).
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Segundo Silva & Crispin (2006), os cemitérios podem atuar como
fontes geradoras de impactos ambientais quando sua localização e manejo
são inadequados. Podendo, ainda, provocar a contaminação dos solos e
mananciais
hídricos
por
micro-organismos.
Micro-organismos
que
se
proliferam no processo de decomposição dos corpos sepultados. Dentre os
elementos que produzem danos ambientais mediante a contaminação do solo
e das águas subterrâneas destacam-se a falta de projetos geoambientais e
hidrogeográficos reforçados pela falta de políticas de manutenção e
fiscalização nestes locais.
ANAPPAS (2006), afirma que,
Os cemitérios podem ser comparados a aterros
controlados
para
lixos
domésticos
(composto
basicamente por matéria orgânica) mais com um
agravante, é um “aterro” com muito “lixo hospitalar”
misturado e a maioria das “matérias orgânicas”
enterradas carregam consigo bactérias e vírus de todas
as espécies e que foram, provavelmente, a causa mortis.
Além disso, é importante considerar que metais pesados,
advindo de próteses, materiais das urnas e outros, vão
dar também, sua contribuição poluidora, visto que os
ácidos orgânicos gerados na composição cadavérica irão
reagir com esses metais (p. 11, 2006).
Smith & Andahl (1957 apud SOARES 2009), ilustra que as unidades
de solo não ocorrem ao acaso na paisagem, mas possuem um padrão de
distribuição relacionado à forma do terreno, à influência da vegetação, ao
tempo e à maneira pela qual o homem as tem utilizado. Neste sentido,
sobressai ainda que o tipo e a composição do solo podem influenciar também
diretamente na intensidade de drenagem e forma de percolação da água em
um terreno.
O instrumento legal que disciplina a instalação e funcionamento de
cemitérios estão presentes nos planos diretores ou nos códigos de postura do
município. No âmbito Federativo a legislação explicitada na Resolução do
CONAMA nº 335 de 03 de abril de 2003, que dispõe sobre o licenciamento
ambiental de cemitérios (BRASIL, 2003). No âmbito do Estado de Mato
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Grosso, a instalação de cemitérios requer o licenciamento ambiental, sendo
regulamentado pela Lei Estadual nº 7007 do ano de 2007, diz que todas as
entidades, e estabelecimento que podem gerar poluições ambientais
necessitam de licenciamento ambiental. Neste sentido, para a construção e a
instalação de cemitério exige licenciamento ambienta.
Ao observar a constituição histórica de nosso objeto de estudo, de
acordo com Mendes (2009), o município de Cáceres por nome de Vila Maria
do Paraguai foi fundado em 06 de outubro de 1778, pelo governador e capitãogeneral Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres.
Albuquerque passa à ação. Incumbe o tenente de
Dragões Antonio pinto do Rego e Carvalho, de oficializar
o Arraial já existente á margem esquerda do rio
Paraguai, entre Vila Bela e Cuiabá, fundando nesse
ponto “uma povoação civilizada aonde se congregasse
todo o maior número de moradores possível...” (1),
dando-lhe a denominação de VILA MARIA do Paraguai,
“em obsequio ao real nome de Sua Majestade a Rainha
de Portugal”, D. Maria I. (MENDES, p. 30, 2009).
Assim, Cáceres foi fundado pela visão do estadista de Albuquerque.
Fundação atribuída ás riquezas naturais e a questões geopolíticas da época; e,
o nome do povoado Vila Maria do Paraguai, em homenagem a Rainha de
Portugal (MENDES, 2009).
Sobre contexto da formação sócio espacial da cidade de Cáceres,
Ferreira (2001) descreve que além dos fatores de ordem geopolíticos, as
riquezas naturais da região, dentre as quais a fertilidade do solo, as pastagens
naturais e a rede hidrográfica oportunizada pelos afluentes do rio Paraguai
(estradas fluviais) influíram significativamente no processo de povoamento, de
ocupação econômica e de constituição territorial do Município.
No contexto específico do cemitério São João Batista, Mendes (2009)
afirma que este é sem dúvida um dos monumentos mais antigos de todo o
município e cidade de Cáceres, sendo iniciado no ano de 1860.
Por ocasião do delineamento cemitério, realizado mediante despacho
de representante da Igreja Católica local, o Bispo. Assim, o despachado da
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solicitação de autorização, emitida em 1881, é direcionada à Câmara Municipal
de vereadores; sendo naquela data aprovada a doação da érea do cemitério
ao poder público pela família Pereira Leite, com ressalva de que uma parte de
sua área ficasse reservada a aquela família. Assim, Mendes (1998) descreve o
ocorrido:
Finalmente, reunida no dia 09 de fevereiro de 1881, a
Câmara de Vereadores da já cidade de São Luiz de
Cáceres, declara aceita a doação do cemitério de São
João Batista feita através do ofício do 1º testamenteiro
do Major João Carlos Pereira Leite, que falecera em
1880 com a reserva da área, que se constitui em
privilégio da família, e assim é respeitada até hoje (1998,
p.77).
É pertinente lembrar que na época, essa escolha de local próprio
estava mais relacionada a parâmetros estabelecidos pela Igreja Católica (e
oligarquia local), uma vez que a sua administração era da responsabilidade da
igreja Católica. Nesse sentido, a preocupação com as questões ambientais e
problemas relacionados ao necrochorume, por exemplo, não era a causa
determinante da escolha. Assim, é possível deduzir que a escolha do local se
deu mais por fatores relacionados à distância em relação ao centro da cidade e
possibilidade de acesso, do que por preocupações ambientais. Bem como, por
ocasião da escolha do local, pois a área não se posicionava no perímetro
urbano da Vila, sendo esta incorporada na medida de sua expansão nos anos
seguintes, como demonstrado no mapa seguinte (figura 02).
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Figura 02 - Desenvolvimento Urbano de Cáceres/MT de 1953 a 1989.
Organização: Prefeitura Municipal de Cáceres (2004).
O Clima da região ocorre em sazonais bem definidas na distribuição
do volume pluviométrico. No local, os meses mais chuvosos são dezembro,
janeiro e fevereiro, apresentando totais acima de 300 mm mensais e totais
mínimos e máximos variam entre 1200 a 1400 mm anual. Os quatro meses
mais secos compreendem os meses de junho, julho, agosto e setembro
(SOARES, 2009) e (CAMARGO, 2011).
Deve-se observar ainda que, geologicamente, a formação pantanal
definida por OLIVEIRA & LEONARDOS (1943 in SCHOBBNHAUS, 1984), é
constituída por arenitos e argilas de formação geológica recente, e
correspondem a terraços constituídos por sedimentos argilo-arenosos com
algum cascalho disperso.
Brasil (1982) indica a formação de solo arenoso no Local. Solo
formado, principalmente, a partir de sedimentos sendo então caracterizados
pela alta relação textural, acompanhada de alta relação silte/argila e baixo grau
de floculação e presença de areias quartzosas, hidromórficas. Este tipo de solo
está localizado nas áreas mais próximas do leito de rio Paraguai, influenciado
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pela acumulação de sedimentos do período Cenozóico.
A vegetação de acordo com o, o aspecto fitogeográfico do lugar varia
de floresta aluvial, de região de floresta estacional semidecidual, a savana
arbórea aberta sem floresta de galeria, típica de região de cerrado. No local, à
margem de um dos afluentes do Córrego Sangradouro, ocorrem pequenas
manchas remanescentes de vegetação aluvial.
Esta vegetação, segundo caracterização do RADAMBRASIL (1982), é
uma formação florestal ribeirinha que ocupa as acumulações fluviais
quaternárias. Assemelha-se à Floresta Ciliar de todos os rios, diferindo apenas
no seu aspecto florístico. Assim, suas principais características variam de
acordo com a posição geográfica em que está inserida. No entanto, as árvores
caducifólias são os exemplos marcantes dessa formação, pois obedecem ao
ritmo climático da região caracterizado por uma estação de seca e outra com
chuvas concentradas.
Influiu na transformação do meio ambiente o modo com que as
realidades ambientais foram compostas pelo modo que as percepções de
realidades ambientais foram se moldando. Percepções compostas a partir de
olhares das pessoas que vivenciam o local no dia a dia (NASCIMENTO et al.,
2011).
Para Tuan (apud NASCIMENTO et al, 2011), a compreensão da
preferência ambiental de uma pessoa depende de sua herança biológica,
criação, educação, trabalho e os arredores físicos. Assim, entendemos que a
percepção ambiental depende das experiências cultuais, sendo-as biológicas e
sociais. Neste mesmo sentido, a
Percepção é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos
externos, como a atividade proposital, na qual certos
fenômenos são claramente registrados, enquanto outros
retrocedem para a sombra ou são bloqueados. Muito do
que percebemos tem valor para nós, para a
sobrevivência biológica, e para propiciar algumas
satisfações que estão enraizadas na cultura (TUAN,
1980, p. 4).
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Portanto, torna-se indispensável averiguar com os moradores do
entorno do Cemitério com maior tempo de residência.
MATERIAL E MÉTODO DE PESQUISA
Para a efetivação da pesquisa, contou-se com revisões literárias sobre
a temática, com observações in loco no cemitério São João Batista e em suas
proximidades. Foram feitas entrevistas de maneira aleatória com os moradores
que moram em seu entorno, realizando entrevistas com residentes a rua
Marechal Teodoro, travessa Jose Wilson, rua Seis de Outubro, travessa entre
as ruas Marechal Teodoro e a Sete de Setembro (não existente no mapa
urbano do Município).
As visitas informais ocorrem antes da realização das entrevistas, com
máximo de moradores do entorno da área de estudo, sendo realizadas 13
entrevistas, conforme demostramos na imagem a seguir.
Figura 03 - Imagem de satélite demonstrando a área do entorno do Cemitério.
Fonte: Google Earth, em 27/01/2014.
Para analise dos resultados aplicamos estatística básica. Demonstrou
que a média de idade dos entrevistados é de 47 anos e, que o tempo de
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moradia foi agrupado em 6 classes [de 0 a 5 anos; de 5 a 10 anos, de 15 a 20,
de 20 a 25 e acima de 25 anos], tendo uma maior ocorrência de 69,23% para a
classe acima de 25 anos (vide quadro n° 01).
RESULTADO E DISCUSSÃO
A análise preliminar dos dados demonstram situações quanto aos
motivos que levaram a ocupação do entorno do Cemitério e, dos efeitos
socioambientais decorrentes de suas condições atuais no meio urbano, quais
serão demonstrado em síntese a seguir.
Diante das indagações: [O que levou a morar neste local?] e o [quais
os motivos que levaram o senhor (a) a continuar morando neste local?]. As
respostas demonstraram: Herança familiar 61,52%; e, facilidade de acesso ao
centro da cidade 30,76%. Entendendo-se assim que, mais da metade moram
no local por transferência hereditária. Vejamos dados ampliados apresentados
no quadro a seguir.
Questionamento
Nº médio de
pessoas por
residência
Tempo de
residência no
local
Motivo de
residência no
local
Resultado e ou / respostas frequentes
4,8 pessoas por residência
Até 05 anos
05 a 10 anos
15,38 %
7,69 %
Herança de
família e não
tinha outra
opção
53,84 %
Motivos de
permanência no
local
A cidade é
hospitaleira
Local
desprestigiado
imobiliariamente
e fácil aquisição
na época
15,38 %
Boa localização
10 a 20 anos
7,69%
Necessidade de
residência urbana e
fácil aquisição do local
por ser local
desprestigiado
imobiliariamente na
época
15,38 %
Tranquilidade, boa
localização e sentese bem no local.
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Acima de
25 anos
69,23%
Facilidade
de acesso ao
centro da
cidade
15,38%
Proximidade
da família e
relação de
afetividade
ao local
69
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7,69%
38,45 %
ISBN 978-85-86422-59-1
23, 07%
30,76%
Quadro 01 – Situação dos residentes.
Quando os indagamos [na época da chuva sente algum odor
diferente?], obtivemos afirmativas, bem como a confirmada em observações in
loco, nos revelando que em época da seca à ocorrência de um odor forte, que
pode estar assoada a matéria orgânica em decomposição de cadáveres e ou
de esgoto doméstico nas proximidades do Cemitério.
Ao observarmos em bibliográficas consultadas, em que os cemitérios
são considerados como fonte confirmada de risco para a saúde da população
tais como as seguintes enfermidades por veiculação hídrica: hepatite,
leptospirose, febre tifóide e cólera entre outras, levou-nos a seguinte pergunta
aos entrevistados [conhece os riscos de viver perto de um cemitério?]. Os
dados revelaram a frequência de 46,14% para as seguintes respostas:
bactérias (indefinidas), doenças de pele (indefinidas), odor e problemas no
estômago. Outra resposta dada aos tipos de riscos existentes foi no sentido
dos alagamentos nos períodos de chuva intensas chuvas, onde uma parte dos
entrevistados apontou esse fato como “incômodo”.
No tocante a questão dos alagamentos, estudos do solo e clima do
Município ajudam-nos a um melhor entendimento. No geral, os solos como das
proximidades do cemitério (próximos de um córrego) são:
sedimentos do cenozóico, a cerosidade está ausente,
sendo então caracterizados pela alta relação textural,
acompanhada de alta relação silte/argila e baixo grau de
floculação (...) O Glei solo pouco Húmico Eutrófico,
associa-se aos terrenos com argila de baixa atividade e
textura indiscriminada e presença de areia quartzosas,
hidromórficas (RADAMBRASIL (1982), folha Cuiabá
SD.21).
Os solos, expostos a condições dos alagamentos sazonais, ocorrem
em função de estarem posicionados em área plana e aluvial do rio Paraguai
(Pantanal Matogrossense), aspecto que traz sérias complicações ao Cemitério,
principalmente nas ocasiões de enchentes (aspecto comum ao ambiente
citado).
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Questões socioambientais decorrentes dos sepultamentos...
ISBN 978-85-86422-59-1
Percebe-se, ainda, que os solos do local contem baixa concentração
de silte/argila e, alta concentração de areia (deposição aluvial do rio Paraguai),
fator que pode facilitar a dispersão do necrochorume, atingindo-se então o
lençol freático e cursos de água nas proximidades.
Ao indagarmos os entrevistados no tocante a questões relacionadas
aos ricos à saúde e enfermidades, identificamos que: 15,38% positivas,
84,59% para as respostas negativas, da pergunta [você ou alguém da sua
família já vivenciou algum tipo de riscos (males) á saúde, pelo fato de viver nas
proximidades do cemitério?] e 99.97% responderam negativamente para [você
ou alguém da sua família sofre de alguma enfermidade (doença)?]. Vejamos:
Quadro 2 – Riscos à saúde e enfermidades.
Obtivemos respostas afirmativas sobre os riscos de morar próximos
ao cemitério perguntamos também [no seu entendimento, é possível prevenir
estes riscos?], 30,76% responderam que sim 69,21% que não, sendo que
perante as respostas afirmativas 100% delas foram ao tocante de desativação
do cemitério.
Nas últimas décadas, com a expansão da malha urbana o Cemitério
passou a localizar-se praticamente na área central da cidade.
Esse fato
alterou o cenário e, juntamente com o fato de muitos moradores já ter
habituado ao local por convivência familiar, a proximidade com o centro da
cidade e o acesso aos serviços urbanos influencia na opinião das pessoas no
sentido da fixação.
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Questões socioambientais decorrentes dos sepultamentos...
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se no estudo pelo tipo de solo e pela proximidade de corpo de
água próximo e o lençol freático aflorar durante o período de chuva e
permanecer baixo no período de seca, e pela dinâmica de acomodação dos
corpos nos túmulos danificados por meio de comparação referencial
bibliográfico, há possibilidades de contaminação do solo e da água.
Verificou-se em visitas em locus que o cemitério São João Batista não
atende as legislações atuais vigentes, os moradores afirmam que sentem
odores oriundos do cemitério e que os mesmo em 46,14% entendem que o
cemitério é um risco para a sua saúde.
Constatamos também que o cemitério não possuem poços de
monitoramento do lençol freático (apesar da exigência da legislação atual).
Ainda que, em duas das casas visitadas, seus residentes alegaram que
possuíam cisternas de água, as quais encontravam-se desativadas por
ocorrência de odor desagradável na água.
Com dados preliminares, é preciso aprofundar mais o estudo com
base em exames laboratoriais físico-químicos de graxas, gorduras, demanda
química de oxigênio DQO, demanda biológica de oxigênio DBO e coliformes
fecais e demais patológicos correlacionados com os parâmetros determinados
pela CONAMA.
Sabe-se que os cemitérios são fontes potenciais de contaminação,
sendo assim, torna-se preciso continuar o estudo verificando os níveis de
contaminação do solo e do lençol freático, e a origem real dos odores, se esse
pode ser um risco a saúde. Sendo preciso ainda um olhar mais atento para os
animais considerados “pragas urbanas” que podem ter trânsito entre
residências e cemitério, tornando assim um possível vetor de doenças.
Elementos que sugerem estudos posteriores.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Questões socioambientais decorrentes dos sepultamentos...
ISBN 978-85-86422-59-1
BIBLIOGRAFIA
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<http://www.anppas.org.br/novosite/index.php>. Acessado em 30 de julho.
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Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
74
VEGETAÇÃO ARBÓREA DA MATA CILIAR, BAIRRO JARDIM PARAISO,
CÁCERES-MT
1
Eber Camilo Paz Duarte
2
Dr. Aguinel Messias de Lima
A vegetação do Pantanal é composta de florestas de galeria, matas
ripárias, pântanos, brejos. Para Salis e Mattos (2010), a flora do Pantanal é
composta por espécies de biomas circundantes, com maior influencia do
Cerrado, mas há espécies da Floresta Amazônica, Atlântica, Chaco e Floresta
Chiquitana da Bolívia que ocorrem na região do Pantanal.
Nas áreas naturais dos biomas, com matas ciliares, área de proteção
ambiental (APP), devem ser mantidas intactas, no sentido de garantir a
preservação dos recursos hídricos (nascentes, córregos, lagoas, baias, rios),
da estabilidade geológica e da biodiversidade, assim como, o fornecimento do
oxigênio, procedente do processo da fotossíntese, e o bem-estar das
populações humanas.
As plantas são recursos naturais utilizados no cotidiano pelos
humanos para melhorar a qualidade de vida. Deste modo, as interações dos
humanos, com os vegetais, são importantes para diversas culturas e
manifestadas pelas formas de uso na alimentação, medicinal, construção de
civil, fabricação de roupas, outros.
Para Fernandes (1998), as árvores são vegetais lenhosos dotados de
tronco robusto, em regra com um sistema de ramos diversificados de primeira
ordem, a partir de um determinado nível, de onde se dispõem as ramificações
da copa, atingindo todo o corpo vegetativo. Para esse autor, as arbóreas são
classificadas como: grande, acima de 20m de altura; medianas entre 10-20m;
e as pequenas ou arvoretas, entre 5-10m.
1
Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Onze de Março.
[email protected]
2
Professor de Biologia da Escola Estadual Onze de Março. [email protected]
Vegetação arbórea da mata ciliar...
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Para Maciel (2005), nos “grandes centros urbanos, as árvores são de
caráter indispensável para a manutenção da qualidade de vida, pois,
proporcionam inúmeros benefícios para a comunidade existente”, como:
melhoria da qualidade do ar, fornecimento de sombra e amenizam as altas
temperaturas, servem como barreiras acústicas urbanas; de habitats, abrigos e
para produção de alimento aos animais; para melhoria das condições do solo,
para valorização de imóveis do ponto de vista estético e ambiental
proporcionada pelas belezas naturais nas cidades, representam valores
culturais da memória histórica das cidades.
Esta pesquisa surgiu em função das constantes visitas ao local e da
curiosidade de conhecer as plantas de grande porte. Deste modo, surgiu a
necessidade em adquirir maiores conhecimentos a respeito da diversidade de
arbóreas encontrado no local de estudo. Nesse sentido, o estudo
disponibilizará novos conhecimentos aos transeuntes da área da APP. E ainda,
subsidiarão as futuras pesquisas a serem realizadas pelos professores e
estudantes do Ensino Médio Integrado da Educação Profissional (EMIEP) e do
Ensino Médio Inovador (EMI) da escola “Onze de Março”.
O estudo teve como objetivo identificar as espécies arbóreas
existentes no interior da APP. Posteriormente, descrever um banco de dados
sobre as informações das características das plantas arbóreas para melhor
conhecimento da mesma na referida área do estudo.
A presente pesquisa foi realizada em 2011, na Área de Preservação
(APP), situada no bairro Jardins das Oliveiras (antigo EMPA). Este local foi
doado para Escola Estadual “Onze de Março” pela a Prefeitura Municipal de
Cáceres-Mato Grosso. O local é margeado pelo rio Paraguai com coordenadas
geográficas Sul 16°05`54.76” e Oeste 57°43`01.71”, tendo 116 metros de
altitude. A área é constituída de vegetação com espécies arbóreas (grande
porte), arbustivas (médio porte) e gramíneas (vegetação rasteiras) em
ambientes terrestres e aquáticos (aguapés).
A pesquisa é do tipo qualitativo, realizando interpretação de dados
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Vegetação arbórea da mata ciliar...
ISBN 978-85-86422-59-1
descritivos componentes da botânica. O local selecionado para observações in
loco das arbóreas de grande porte (figura 01) estão localizadas no interior da
mata ciliar, e que aconteceram em 05 incursões no entorno das trilhas usadas
pelos transeuntes na área da APP. Cada coleta de dados durou em média 5
horas no período matutino. A identificação das arbóreas foi realizada com
auxilio de um especialista da botânica, e que consistiu em observação direta
dos aspectos morfológicos (caule, folhas, floração, frutos, sementes) e
odoríferos das plantas, e uso de um guia de identificação “árvores brasileiras”.
As plantas foram identificadas por meio de nomes populares (etnoespécies) e
científicos, e bem como, a descrição das características botânicas e
importância para o humano e o ambiente.
Figura 01: Delimitação da APP e, no seu interior, trilha para pedestres
(indicado pela linha pontilhada). Fonte: Google Earth, 2012.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram destacados 20 etnoespécies arbóreas com os nomes
populares no interior da mata, porém, somente 10 espécies foram identificadas
pela nomenclatura científica, conforme o quadro 01:
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Vegetação arbórea da mata ciliar...
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Nome
popular
Nome
científico
Características
Importância
econômica e
ecológica
Angico
Anadenanth
era
macrocarpa
(Benth)
Brenan.
Altura de 8-20 metros,
folha caducifólia, floração
de junho a novembro,
madeira, dura, resistente,
durável; mata seca
Construção
de
móveis, curral e
carrocerias; uso
para lenha; uso
medicinal.
Combretum
leprosum
Mart.
3-10m de altura, copa
larga; Flor odorosa e
floração de agosto e
dezembro, de mata ciliar
alagável, capões e mata
não alagáveis, solos
argilosos e siltosos.
Potencial
ornamental
e
apícola.
Colonizadora de
beira de estrada.
Spondias
mombin L.
5-20m
de
altura,
caducifólia. Flor creme
de outubro a novembro
fruta de fevereiro a abril;
madeira leve, branca,
macia.
Alimentação
(refresco, geléia,
doce,
sorvete,
suco
licor);
apícola;
confecção
de
canoas. Medicinal
(diurética e contra
diarreia).
Guazuma
ulmifolia
Lam.
5-10m de altura, flor
perfumada de maio a
outubro; folha forrageira;
frutificação
frequente;
presente na mata não
inundável
e
solos
arenosos.
Medicinal
(emagrecimento,
resfriado, asma,
queda de cabelo e
piolho);
alimentação
(gado,
bugio);
apícola;
confecção
de
caixa e barriu.
Carne-devaca
Cajá
Chico
Magro
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Vegetação arbórea da mata ciliar...
Salacia
elliptica
(Mart) Peyr.
3-8 m de altura, flor de
maio a outubro; frutifica
de agosto a janeiro;
presente na mata ciliar
inundável; beira de rio e
corixos, solos arenosos
ou argilosos.
Alimentação
(peixe pacú
humano)
Cecropia
pachystachy
a Trec.
Ereta, de 5-15 m de
altura, madeira leve,
copa aberta, ramos
horizontais, caule ocos;
presença de formigas;
raízes-escora; floração e
fruto quase o ano todo;
reprodução de sexos
separados. Presente no
Pantanal
Medicinal (tosse e
asma,
diabete,
diarreia
e
corrimento);
apícola (pólen);
fabricação
de
lápis, brinquedos,
palito de fósforo
e
pólvoras;
indicadoras
de
água.
Sapindus
saponaria L.
Tronco reto, de 3-12m
de altura, flores de junho
a julho e fruto de
setembro a dezembro.
Aumenta
em
áreas
mexidas
Medicinal
(hemorragia
uterina,
sarna,
tosse,
reumatismo,
picadas de cobra;
ferroadas
de
arraia); fabricação
de
sabão;
inseticida
(semente);
construção.
Seputá
Embaúba
Sabonetei
ra
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e
Frutificação entre
agosto e janeiro,
beira de rios e
corixos.
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Vegetação arbórea da mata ciliar...
Pitomba
Pente-deMacaco
Carijó
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Talisia
esculenta
(St.
Hill)
Radik.
6-12m de altura; fruto
drupa, globosa amarela,
poupa carnosa e doce;
madeira pesada e dura.
Alimentação;
medicinal (folha
erisipela),
construção civil
(forro, assoalho);
carpintaria
e
caixotarias.
Apeiba
tibourbou
Aubl.
10-15m de altura, folhas
ásperas, flores solitárias,
fruto (espinhos moles);
madeira leve, macia e
baixa
durabilidade
natural.
Ornamental;
reflorestamemto,
matériaprima
para confecção
de cordas;
Physocalym
ma
scaberrimu
m Pohl.
5-10m de altura; copa
alongada;
madeira
pesada e dura; textura
grossa e resistente.
Construção civil e
externa (postes,
moirões, estacas,
carrocerias);
ornamental;
reflorestamento.
Quadro 01: Arbóreas da mata ciliar e área de APP no bairro Jardim das Oliveiras,
Cáceres, MT, 2012.
A maioria das arbóreas identificadas de hábitats de não-alagável, e
outras de região alagável. Estas plantas são nativas de área da mata ciliar
próxima a baia do rio Paraguai.
A oferta da madeira e dos frutos proporcionada pelo grande porte
destas arbóreas constitui nos valores econômicos para sociedade local. As
partes usadas foram à raiz, o caule, as folhas, frutos e semente. As
vegetações possuem valores ecológicos como: componente da cadeia
alimentar de herbívoros/frugívoros (aves, de peixes e mamíferos, outros
animais); pastagens apícolas para abelhas, reflorestamento para recuperação
de áreas degradadas outros; e valores sociais e econômicos, como: uso
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
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Vegetação arbórea da mata ciliar...
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medicinal para tratamento de doenças humanas, o uso para construção civil de
casas, na confecção de estrutura rural (curral, cerca, barracões), de produtos e
utensílios domésticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A catalogação da flora da APP significou além da composição de
banco de dados sobre as espécies vegetais a serem utilizadas em atividades
de ensino, também contribuíram para a fixação de placas de identificação
como nome popular e cientifico (gênero espécies) das 10 arbóreas, trazendo
informações taxionômicas destas espécies botânicas direcionadas às pessoas
transeuntes e estudantes em visita de estudos, e bem como, aos interessados
que busca o conhecimento da vegetação da área, podendo assim contribuir
com as futuras gerações em relação à conservação do ambiente local.
BIBLIOGRAFIA
FERNANDES, A. Fitogeografia Brasileira. Fortaleza: Multigraf, 1998. 340p.
LORENZE, H. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e cultivo de
plantas arbóreas do Brasil, Vol. 2.2. Ed. SP: Instituto Plantarum, 2002.
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MARIANA GIRALDI; NATALIA HANAZAKI. Uso e conhecimento tradicional
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www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/DOC110.pdf acesso (19/04/2012).
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
81
FESTIVAL LITERÁRIO NA ESCOLA ONZE DE M ARÇO
1
Luisy Gonzaga
Msc. Hélio Inácio Santana2
FAÇA ALGUMA COISA
Se é pra sonhar
Que sonhe com o futuro
Entenda o passado
E correndo atrás, sem olhar pra trás.
Fazendo grandes descobertas
Tendo grandes perspectivas
Estudando ate o fim do dia,
Enchendo a mente de positividade.
Buscando uma nova vida,
Lendo um novo livro,
Plantando uma semente,
Dando para o mundo uma árvore.
Cuide da sua mente,
Cuide do seu ambiente,
Ame o ensinamento,
E tudo aquilo que traz conhecimento.
Não precisa fazer sentido,
Se você entender, tá valendo.
Use sua inteligência,
Pra salvar o futuro das novas gerações.
O projeto Festival Literário na Escola Onze de Março – FLEOM é fruto
da iniciativa dos professores em estimular os estudantes ao envolvimento da
produção de textos, poemas ou poesias e movimentar a escola com atividades
culturais, artísticos e educacionais. Nutre a inciativa, o acreditar em
potencialidades dos estudantes, oportunizando-os a produção e expressão do
1
Estudante do curso Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Onze de Março.
Professor de Filosofia, Mestrado em Educação. Artista e Educador. [email protected]
2
Festival Literário na Escola ...
ISBN 978-85-86422-59-1
pensamento, aspectos indispensáveis à autonomia dos sujeitos.
Neste sentido, buscamos oportunizar a manifestação e a criação
literária em prol do desenvolvimento intelectual e cultural dos estudantes.
Desenvolvimento pautado em atividades educacionais que sensibilizem e
estimulem o sentimento de pertencimento socioambiental, cuidados e
responsabilidades com a escola, com a cidade, com a cultura e o planeta.
Assim, indagando-nos: Qual é a escola que queremos? Qual a sociedade que
queremos? Que cultura estamos produzindo? Onde moro realmente? Qual a
importância do Planeta Terra em minha Vida? Como eu quero que seja minha
cidade?
Na intenção de promover reflexões e discussão sobre o ‘lugar’ do ser
humano no planeta, a ideia desse projeto é ser uma ocasião de manifestação
artística, no intuito de envolver os estudantes na busca da compreensão da
condição humana em suas multiplicidades de relações. Assim, o trabalho foi
produzido em experiências de sala de aula, mediante leituras e produções de
ideias com os alunos, nas aulas de Filosofia e Língua Portuguesa, realizada na
Escola Estadual Onze de Março, em Cáceres, Mato Grosso, vale ressaltar que
os educadores desta instituição de ensino, prestam serviço a sociedade
cacerense há mais de 66 anos, trazendo a esperança de mantermos espaços
dedicados às artes no currículo escolar.
Em síntese, acreditamos que, para construirmos um mundo melhor,
tem necessariamente de haver uma transformação individual. E essa
transformação pessoal, depende em grande parte, do trabalho que a leitura e a
escrita desempenham na vida de cada estudante cidadão e cidadã dessa
Pátria Terra.
Despertar o prazer da leitura é um dos maiores bens que podemos
fazer para a atual geração de crianças, adolescentes e jovens do nosso tempo.
Por fim, fica a dica do grande escritor Monteiro Lobato:
“Um país se faz com gente e com livros”.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
84
Agradecimentos
Adilson Reis
Ana Maria de Moraes
Antonio Miguel Senatore
Antonio Eustâquio de Moura
José da Lapa (in memoriam)
José Carlos Soares
Luciano Pereira da Silva
Luzeni de Oliveira Pinheiro
Tereza A. Longo Job
COMO CITAR OS TRABALHOS NESTA OBRA
Texto 01:
SANTOS, Igor Matheus Pereira dos & SILVA, Mauricélia Medeiros Silva.
Percepção de alguns moradores ao processo de uso e ocupação no entorno
da igreja matriz São Luiz em Cáceres/MT. In PAGEL, Marco Antonio (org.).
Práticas de pesquisa no Ensino Médio: cultura, ambiente e tecnologia.
Cáceres/MT: Print, 2016.
Texto 02:
VALENTIN, Isnayra Michelle Cristine Delmondes (et all). A festa da
Cavalhada em Cáceres. In PAGEL, Marco Antonio (org.). Práticas de
pesquisa no Ensino Médio: cultura, ambiente e tecnologia. Cáceres/MT:
Print, 2016.
PAGEL, Marco Antonio (org.). Práticas de pesquisa no Ensino Médio:
cultura, ambiente e tecnologia. Cáceres/MT: Print, 2016.
Texto 03:
MESSIAS, Drielly Monise Carvalho (et all). Pouteria glomerata (laraninha de
pacú): elemento biocultural da cidade de Cáceres, Mato Grosso. In PAGEL,
Marco Antonio (org.). Práticas de pesquisa no Ensino Médio: cultura,
ambiente e tecnologia. Cáceres/MT: Print, 2016.
Texto 04:
VIERA, Amanda & ALMEIDA, Leandro de. As mudanças na Avenida Sete de
Setembro em Cáceres-MT. In PAGEL, Marco Antonio (org.). Práticas de
pesquisa no Ensino Médio: cultura, ambiente e tecnologia. Cáceres/MT:
Print, 2016.
Texto 05:
MOURA, Renan Nascimento de (et all). Questões socioambientais decorrentes
dos sepultamentos do cemitério São João Batista, Cáceres-MT. In PAGEL,
Marco Antonio (org.). Práticas de pesquisa no Ensino Médio: cultura,
ambiente e tecnologia. Cáceres/MT: Print, 2016.
Texto 06:
DUARTE, Eber Camilo Paz & LIMA, Aguinel Messias de. Vegetação arbórea
da mata ciliar, bairro Jardim Paraiso, Cáceres-MT. In PAGEL, Marco Antonio
(org.). Práticas de pesquisa no Ensino Médio: cultura, ambiente e
tecnologia. Cáceres/MT: Print, 2016.
Práticas de Pesquisa no ensino Médio: Cultura, Ambiente e Tecnologia
87
Texto 07:
GONZAGA, Luisy & SANTANA, Hélio Inácio. Faça alguma coisa. Festival
Literário na Escola Onze de Março. In PAGEL, Marco Antonio (org.). Práticas
de pesquisa no Ensino Médio: cultura, ambiente e tecnologia. Cáceres/MT:
Print, 2016.
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88
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